sexta-feira, 30 de setembro de 2011

COPOM 18 e 19/10/2011 – SELIC E CURVA DE JUROS

COPOM 18 e 19/10/2011 – SELIC E CURVA DE JUROS

Sempre que se estuda fixar uma taxa básica (Selic) devemos olhar: 
a) a inclinação da curva de juros na parte curta e na longa (muito ou pouco ascendente ou descendente); 
b) se o ponto mais negociado está acima ou abaixo de 1 ano; 
c) se o maior volume negociado está acima ou abaixo de 1 ano; 
d) a tendência dos juros e da curva no tempo (os juros estão com tendência de alta ou de baixa); 
e) se a taxa básica ex-post líquida de IRF está positiva ou negativa. No momento atual (30/09/2011) os juros estão andando de lado, após um período de queda. O ponto mais negociado com vencimento em jan./2013, 10,46% (abaixo da Selic 12%). O volume mais negociado acima de 1 ano, mas pouca diferença, as taxas curtas maiores do que as longas.

Destes dados podemos ler que: 
a) o mercado financeiro (agentes que colocam dinheiro em jogo) está prevendo queda das atividades e da inflação (as taxas longas caíram e estão menores do que as curtas), conjuntura prospectiva em queda; 
b) a taxa neutra (ponto mais negociado da curva) está menor do que a Selic (10,46% para 12%), significando que a política monetária ainda está contracionista; 
c) o maior volume negociado está acima de 1 ano, mas muito pouco, significando que os agentes ainda estão pouco seguros e com previsibilidade de longo prazo baixa.  Se o mercado (os que colocam dinheiro em jogo) está prevendo queda das atividades, não há o que justifica uma Selic (12%) maior do que o ponto mais negociado da curva de juros (10,46%).  Considerando o cenário ainda confuso e nebuloso uma queda de apenas 0,5% é o mais aconselhável.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

DERIVATIVOS FINANCEIROS: CAMBIAIS, DE JUROS, DE ÍNDICES, DE CRÉDITO.

DERIVATIVOS FINANCEIROS: CAMBIAIS, DE JUROS, DE ÍNDICES, DE CRÉDITO.   
Derivativos Financeiros: operações para empresas que buscam proteção (de câmbio, juros, índices, entre outros). Quatro modalidades de contratos existem: “termo”, “futuro”, “opções” e “swaps”. Os derivativos podem ser negociados em bolsas organizadas, com registro das operações, ou no mercado de balcão (geralmente instituições, sem divulgação de preços e não seguem regras específicas).
É uma operação com duas partes, uma ganha outra perde. Uma empresa que tem créditos de exportações em dólares faz derivativos para fazer face às suas despesas em reais, se perder não prejudica sua operação (não leva risco à economia). O risco acontece quando empresas ou bancos aventuram-se em operações superiores às suas necessidades e capacidade de suportar perdas (é o jogo).  Resumindo: um derivativo não passa de uma aposta em um evento futuro.
Os derivativos de créditos quando feitos em pacotes sem responsabilidades das instituições originárias que concederam os créditos e sem análises do crédito destas, se em grande volume, podem ser considerados riscos de crise (é semelhante ao comerciante que vendeu a prazo, não recebeu e falou, mas vendi caro.).
Os CDS (credit default swap = swap de risco de crédito) foram utilizados pelos bancos americanos para pulverizar riscos (na verdade estavam pulverizando perdas, vendendo micos para desavisados ou gananciosos).  Os grandes bancos fizeram isto, no passado, com os títulos argentinos (repassando-os para os aposentados italianos). Quase todos sabiam que a Argentina estava insolvente, mesmo assim era considerada um risco menor do que o Brasil. E a Grécia hoje? Insolvente (sabido por todos). A solução é uma perda transparente (perdão de parte da dívida) ou alongamento sustentado pelo BCE.  A Espanha não é insolvente, basta ter um suporte. A Itália apesar de financeiramente insolvente tem economia para suportar um aperto de vários anos e sair da crise.
Os BCs devem fazer operações de derivativos? Se é responsabilidade deles normatizar, fiscalizar e arbitrar, como ser isento para participar da jogatina? Normalmente os BCs operam fazendo o mercado ficar artificial (aí vira uma bola de neve). Não podem parar, pois têm que salvar os perdedores, ou tentar fazer o mercado voltar à normalidade.
A obrigação dos BCs é estabelecer limites de operações e de riscos para os bancos (boas normas prudenciais).  MAG 09/2011.


POLÍTICA MONETÁRIA: OBJETIVO ÚNICO?


POLÍTICA  MONETÁRIA: OBJETIVO ÚNICO?

A política monetária deve ter como objetivo único manter o poder aquisitivo da moeda?
Considerando que a estabilidade monetária é condição necessária, mas não o suficiente, para o desenvolvimento econômico (por extensão para o emprego), seria redundante outro objetivo. Considerando ainda que no regime de metas de inflação a eficácia da política monetária depende em grande medida da sua credibilidade, que uma comunicação eficaz e o compromisso com a transparência são fundamentais, que a coordenação das expectativas exige explicações racionais e consistentes por parte do BC e que este determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (taxa básica, Selic), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que estas não são controladas pela autoridade monetária, colocar outros objetivos (redundantes, portanto desnecessários) pode transmitir dúvidas sobre o comprometimento do BC em manter o poder de compra da moeda. Pode afetar a confiança dos agentes (expectativas) no compromisso do BC com o poder de compra da moeda (mortal no combate à inflação). 
Poderá também servir para demagogos (ou incompetentes) criticarem a política monetária responsável com a estabilidade do poder de compra da moeda.


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A PROTEÇÃO A UMA INDÚSTRIA OLIGOPOLISTA E ATRASADA – A AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA

A PROTEÇÃO A UMA INDÚSTRIA OLIGOPOLISTA E ATRASADA – A AUTOMOBILÍSTICA BRASILEIRA
É correta a proteção? Genericamente e como medida por tempo indeterminado não. Considerando a importância da indústria para o país, a conjuntura, e como medida temporária sim. Pode ser comparada com evitar a quebra de um banco para evitar risco sistêmico.
Claro que o governo deve fazer exigências de modernizações e ganhos de produtividade (inclusive nos preços).
O OLIGOPÓLIO MUNDIAL MORDIDO PELAS BEIRADAS PELOS CHINESES E COREANOS.
A indústria brasileira não sofria a concorrência dos modelos fabricados no exterior (das matrizes e filiais). A falta de concorrência fez a nossa indústria evoluir mais lentamente que outras expostas à luta pela sobrevivência (concorrência).

Qual o principal motivo da valorização do dólar?


Qual o principal motivo da valorização do dólar?

1) A queda da selic? Não
2) O fluxo cambial? Não
3) Política monetária brasileira muito expansionista? Não. Na verdade a política monetária com selic a 12,5% poderia ser considerada expansionista (o DI 360 estava acima de 12,5%). Quando a selic caiu para 12% o DI 360 já estava abaixo de 12% com tendência de queda, portanto, expansionista (com análise rigorosa até contracionista), mas muito pouco (apesar da crítica generalizada).
4) Motivo externo? Sim. Qual? A queda da liquidez na Europa (já socorrido pelo Fed). Faltou dólar aqui no Brasil? Não. O fluxo foi positivo. Então o que fez o dólar valorizar? Expectativas (visão e medo do futuro). O fluxo apesar de positivo influenciou menos do que o medo de faltar no futuro (expectativas negativas).

5) Esta é uma análise a posteriori (mais fácil). É a minha visão de que o que de fato influencia as operações cambiais (e a variação) é a visão da conjuntura prospectiva (expectativas, visão de futuro). E o que forma a visão de futuro? Em cada momento uma variável, um acontecimento (político ou não), insegurança.   

Movimentos adequados de taxa selic não influenciam o câmbio inadequadamente. Uma selic muito baixa ou muito alta pode afetar o câmbio, mas nem sempre.  

LIBERALISMO (NEOLIBERALISMO), A VERDADE


LIBERALISMO (NEOLIBERALISMO), A VERDADE.

O liberalismo nasceu combatendo o absolutismo monárquico, o direito divino dos reis (a hereditariedade dos governantes), os privilégios da corte, dos militares e o sistema de religião oficial. Os liberais acreditam que substituir a ordem natural, espontânea e complexa dos mercados (infinitos interesses pessoais) pelas limitações do planejamento centralizado, dirigido por burocratas de governos (totalitários e autocráticos, onde a corrupção é facilitada), é o caminho do empobrecimento. O pensamento liberal tem como princípio fundamental NORMAS PARA LIMITAR O PODER DISCRICIONÁRIO de autoridades e do mais forte sobre o mais fraco, para DEFENDER A CONCORRÊNCIA e os interesses dos consumidores (não existe liberalismo sem concorrência). Resumindo: a menor presença estatal possível, a maior quando necessária. O liberalismo pode ser definido como uma corrente de pensamento que defende a liberdade individual (os direitos individuais e civis), a livre iniciativa, o governo democrático (baseado no livre consentimento dos governados e estabelecido com base em eleições livres), a liberdade de expressão, a defesa da concorrência, instituições que obedeçam a lei igual para todos, a transparência, o lucro e o direito de propriedade. Ao contrário do que escrevem, Milton Friedman (o pai do liberalismo moderno) defendia a normatização, sabedor que a falta de regras do jogo é o retorno à barbárie. Inclusive em seu livro “Capitalismo e Liberdade” escreve um capítulo cujo título é: “O governo como legislador e árbitro”, e outro “Normas em vez de autoridades”. É populismo, demagogia ou ignorância escreverem que o liberalismo (ou neoliberalismo) prega a eliminação da regulação (alguns chegam a escrever a total eliminação da regulação). O que o liberalismo prega é a redução do poder discricionário dos governantes, é a obediência de todos às regras pré-estabelecidas (enfim regras do jogo estabelecidas e que defendam a concorrência). A economia liberal concorda com as frases: se for ruim para os consumidores não é bom para a economia como um todo; o câmbio de equilíbrio é aquele que for bom para a maioria, nunca será bom para todos.

AUTORES LIBERAIS (alguns): 

Adam Smith, A Riqueza das Nações (1776); 
Friedrich August Von Hayek, Caminho da Servidão (1944); 
Milton Friedman, Capitalismo e Liberdade (1962); 
Karl R. Popper, A Sociedade Aberta e seus Inimigos
Douglass North, Entendendo o Processo de Mudança Econômica
Norberto Bobbio, Liberalismo e Democracia
José Guilherme Merquior , A Natureza do Processo
Roberto Campos. Lanterna na Popa.


Marco Aurélio Garcia, BH, Economista. 2011.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A SELIC E A RELAÇÃO COM A CONJUNTURA PROSPECTIVA (cenário), COM A CURVA DE JURO DE MERCADO E COM O DI 360.

A SELIC E A RELAÇÃO COM A CONJUNTURA PROSPECTIVA (cenário), COM A CURVA DE JURO DE MERCADO E COM O DI 360. (www.magconsultoria.uaivip.com.br).   
Lembrando Wicksell e Fisher (teoria):
2.2) WICKSELL - FISHER:  Wicksell disse que um processo inflacionário se constata quando a taxa natural de juros (neutra, de equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao natural (neutro ou de equilíbrio). Fisher complementa o raciocínio introduzindo o conceito de comparação entre os juros de mercado (nominal, ex-ante, fruto das expectativas de inflação, efetivamente planejado.), com o juro acontecido (real, ex-post, efetivamente realizado.). Se as expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o pior dos mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a expectativa de que os preços continuarão a subir.

Voltando aos dias de hoje:
1) BOM SENSO: os agentes (os mais leigos e os mais experts) detentores de recursos (renda mensal ou poupança) fazem a conta expectativa de inflação com os juros oferecidos para suas aplicações. Neste processo de decisão olham também o passado, comparando o rendimento de suas aplicações com a inflação ocorrida (juro real ex-post). Se o juro real ex-post dá um resultado negativo a tentação de buscar refúgio em outros ativos ou consumo é enorme (demanda = consumo ou investimentos). Bolhas podem se formar, principalmente em imóveis ou moedas reservas (no caso atual com a desmoralização do dólar e do euro refugiaram-se no ouro).
2) TAXA DE JURO DE EQUILÍBRIO (achismo ou um conceito racional): por bom senso temos que concordar que a taxa de juros de equilíbrio tem que estar contida em um ponto da curva de juros de mercado (fora da curva seria o máximo de artificialismo e achismo, o que chamo de pensamento mágico). Ainda por bom senso temos que concordar que o ponto da curva de juro de mercado mais negociado (maior volume de dinheiro colocado em jogo pelos agentes) é o mais próximo da taxa de equilíbrio (neutra). No Brasil nos últimos anos esta taxa está sempre próxima dos DI 360 (taxa de 1 ano).
3) TAXA BÁSICA: ainda por bom senso e seguindo o conceito de utilização da taxa básica (reduzir o excesso de liquidez do mercado, retirar moeda de circulação), temos que concordar que com uma conjuntura prospectiva internacional com grande possibilidade de crescimento do PIB menor do que o da população (PIB per capta negativo), com o principal segmento industrial nacional (automobilístico) dando férias coletivas por excesso de estoque, o mais correto seria uma taxa básica menor do que a de equilíbrio (no caso atual brasileiro o DI 360). Se o BC fixar uma taxa básica maior do que a taxa de mercado de 1 ano o mercado aplicará suas rendas e sobras (poupanças) nele (se paga mais e é o mais seguro?). Isto é igual a reduzir a quantidade de moeda do mercado (o que Milton Friedman condenou, definindo como o caminho para a recessão e depressão). Claro que com conjuntura com crescimento acima do potencial (inflação ascendente) a taxa básica deve ser fixada acima do ponto neutro.
4) JUROS REAIS EX-POST 2010 E 2011: em 2010 a taxa básica selic (critério CDI - 20% de IRF – IGPM) ficou negativa 10 meses (apenas dois meses positiva). Como retirar moeda do mercado? Claro que a inflação iria entrar em processo ascendente. Já em 2011 os CDIs 360 ficaram negativos apenas em jan. e fev., mudando para positivo de mar. a ago. (veja tabelas e gráficos abaixo). Como a imprensa e economistas do mercado falam que a Selic (taxa básica ex-ante) está positiva acima de 6% a.a (claro que erram na previsão da inflação e desconsideram o IRF) caímos no que Fisher definiu como o pior para o controle dos preços, ou seja inflação ocorrida maior do que a esperada (projetada). Selic (juro real ex-ante) noticiado de 6% a.a e o juro real ex-post negativo (os agentes consideram efetivamente o líquido recebido). O que de fato antecipa a demanda é a comparação do juro líquido recebido com a inflação projetada e com a ocorrida (se negativa há vários meses, os agentes refugiam-se em outros ativos ou no consumo).  
5) COPOM 31/08/2011: a Selic foi reduzida para 12%. o i real IGPM novamente positivo. O DI 360 caiu para 11,22%, 0,78% menor do que a Selic (é igual política monetária contracionista).
6) REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:
a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes antecipam mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.
PERGUNTO: onde está o compromisso do COPOM em avisar aos bancos sobre a taxa básica futura? Apenas quando publica o viés existe este compromisso. Portanto o BC não errou por este critério. É bem verdade que o COPOM agiu preventivamente quando até esta decisão vinha agindo tempestivamente.  

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O ENTERRO FINAL DO KEYNESIANISMO (2008 – 2011)

O ENTERRO FINAL DO KEYNESIANISMO (USA 2008 – 2011)

AS SOLUÇÕES DE MERCADO (OU CAPITALISTAS) PARA O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PODIAM SER DIVIDIDAS EM DUAS CORRENTES DE PENSAMENTO:
1) KEYNESIANOS (desenvolvimentistas, heterodoxos);
2) MONETARISTAS (ORTODOXOS, NEOCLÁSSICOS, LIBERAIS).

EM RESUMO AS GRANDES DIFERENÇAS SÃO:

A) KEINESIANISMO

a) DÉFICITS FISCAIS (na prática sempre acima do crescimento do PIB ). Não diferencia gasto improdutivo do produtivo; 
b) ABAIXAR A TAXA BÁSICA DE JUROS ATÉ QUE O PLENO EMPREGO SEJA ALCANÇADO (sempre abaixo da taxa de mercado de equilíbrio). A frase fatal: de Keynes: “O remédio para o auge não é portanto a alta, mas a baixa da taxa de juros; porque aquela pode fazer perdurar o chamado auge. O verdadeiro remédio para o ciclo econômico não consiste em evitar os auges e em manter assim uma semi depressão permanente, mas em evitar as depressões e manter deste modo um quase auge constante.” 
c) O ESTADO INTERVIR E PARTICIPAR DA ECONOMIA (ser além de regulador um agente econômico que participa do mercado); 
d) AUTORIDADE MONETÁRIA E ECONÔMICA UTILIZAR DE PODER DISCRICIONÁRIO.

B) MONETARISTAS – 

a) DÉFICITS FISCAIS EM TORNO DE 3% (os gastos produtivos devem preponderar sore os improdutivos); 
b) TAXA BÁSICA DE JURO ACIMA OU ABAIXO DA TAXA DE MERCADO DE EQUILÍBRIO DEPENDENDO DA CONJUNTURA PROSPECTIVA. EVITAR A QUEDA DA QUANTIDADE DE MOEDA (diferente de aumentar irresponsavelmente). A quantidade de moeda deve crescer no máximo 3% acima do PIB potencial (para reverter recessão); 
c) O ESTADO LIMITAR-SE A SER O AGENTE REGULADOR (intervir apenas onde a atividade privada não interesse); 
d) NORMAS DEVEM LIMITAR O PODER DISCRICIONÁRIO DO ESTADO E DO MAIS FORTE SOBRE O MAIS FRACO, DEFENDER A CONCORRÊNCIA; 
e) O CRESCIMENTO POTENCIAL MÁXIMO, SEM INFLAÇÃO E SEM FORMAÇÃO DE BOLHAS, OCORRERÁ SEMPRE COM UMA TAXA NATURAL DE DESEMPREGO (em torno de 6%, dependendo do país e da época).

C) PONTOS COMUNS – AMBOS ACREDITAM NO CÂMBIO FLUTUANTE E NO MALEFÍCIO DA INFLAÇÃO (o contrário dos keynesianos de araque).

D) OS ERROS ESSENCIAIS DE KEYNES: a redução da taxa de juro não ter limite. Investiu contra o que conceituou como economia clássica (a economia monetária já estava bastante avançada). Não previu a evolução do processo inflacionário para hiperinflação e estagflação ao final. Muitos de seus seguidores para evitar a evolução do processo inflacionário, passaram a adotar o tabelamento de preços, reprimindo-os, inclusive tabelando o câmbio, trazendo problemas nas contas externas.   

O ENTERRO FINAL DO KEYNESIANISMO (USA 2008 – 2011):

A política keynesiana de taxa básica perto de zero por longo tempo (monetização acima do crescimento do PIB) e de déficit fiscal acima de 3% (o déficit em 2009 foi de 10% e em 2010 de 8,9%) teve como efeito o aumento do endividamento em relação ao PIB (já que o PIB não cresceu como defendiam os neo-keynesianos).
Declaração de um keynesiano racional: “Não estou entendendo mais nada, os déficits, a taxa básica quase zero e a monetização não surtiram os efeitos defendidos por Keynes.”

COMENTO: os efeitos foram o aumento da dívida em relação ao PIB, a monetização do mundo (não necessariamente o mercado interno americano) em dólar, a inflação das commodities básicas e industriais e o desequilíbrio nas Contas Correntes. A CRISE NÃO FOI RESOLVIDA E A SOLUÇÃO APESAR DE POSTERGADA TERÁ UM CUSTO MAIOR E MAIS LONGO. COMO A CARGA FISCAL AMERICANA É BAIXA (carga/PIB) EM RELAÇÃO AOS PAÍSES EUROPEUS E AO BRASIL, NO FUTURO PODERÃO SUBI-LA POR TEMPO LIMITADO. 05/09/2011

A CRISE AMERICANA 08/2011


A CRISE AMERICANA 08/2011.

A relação  Fed Funds  com os T Note de 5 anos (a comparação melhor seria com os T Note de 2 anos), claro que deve levar em consideração a conjuntura do momento e a prospectiva (cenários, expectativas do momento), demonstrada nas tabelas abaixo, chama a atenção para alguns pontos que merecem análise mais profunda. Resumidamente:
2001: Fed Funds dez. 1,82%; T note 5 anos 4,39% ( a diferença foi muito agressiva. Política monetária excessivamente expansionista).
2002; 2003; 2004: déficits públicos aumentados, dentro do aceitável, mas Fed Funds muito menores do que os T Note de 5 anos (política monetária muito expansionista). A inflação interna foi contida com importações de tudo do mundo todo, mas os ativos que não moeda subiram vertiginosamente (um desequilíbrio artificial = bolha de ativos).
2005; 2006; 2007: déficits públicos reduzidos e Fed Funds aumentados de 0,98% (dez./2003) para 5,24% (dez./2006). A bolha começou a ser furada (com muita rapidez, deveria ter sido mais lentamente).
2007: a dúvida era se a crise seria aguda ou suave e demorada. Os Fed Funds foram reduzidos muito lentamente de 5,25% em jan. para 4,24% em dez. (o T Note de 5 anos caiu para 3,49%). A queda deveria ter sido para 3,25% (0,25% abaixo dos T Note). Em 12/2008 o Fed Fund já estava em 0,25% ( T Note 1,52%). A pior conjuntura possível foi fabricada: moeda e ativos que não moeda se desvalorizando. A fuga foi para commodities, outras moedas, ouro (que não era considerado ativo reserva há anos).
2009, 2010: as receitas fiscais caíram de 18,5% do PIB para 14,9%. As despesas subiram de 19,6% do PIB para 25%. Fed Funds fixados entre 0 e 0,25% (em muitos momentos perto de zero). O déficit fiscal que deveria ter ido para 5% do PIB foi para 10% (além disto monetizaram a economia em excesso, podemos dizer irresponsavelmente). O que originou crise não combate crise. Tudo tem limites. A taxa básica americana (Fed Funds) deveria ter ficado no máximo 0,75% abaixo dos T Notes (e por tempo muito pequeno, 6 meses). O correto seria um déficit de 5% do PIB, básica entre 0,25% e 0,5% abaixo dos T Notes (no Brasil por causa do histórico da inflação deve haver mais rigor). Esta seria a receita de um pouso mais suave (mais longo na verdade). Os japoneses tentaram de tudo (até distribuir renda para cada pessoa e não conseguiram nada melhor). Se uma crise foi fabricada a saída será sempre com sofrimento (muito ou pouco dependendo do timoneiro).
Sobre salvar bancos: é correto e tem de ser feito (evitar crise sistêmica em cima de crise). Mas os acionistas e dirigentes não devem ser salvos (o banco sim).
ENSINAMENTO A TIRAR: LIMITES, EXCESSOS NÃO SALVAM EXCESSOS.
ORIGEM DAS CRISES: IRRESPONSABILIDADES FISCAIS OU MONETÁRIAS OU AS DUAS (exceção para guerras, terremotos etc.).
Ver tabelas na postagem sobre a crise americana de 2008.

A CRISE AMERICANA (SUBPRIME). 2008.


A CRISE AMERICANA (SUBPRIME).

O FEDERAL RESERVE (autoridade monetária americana) fixou a taxa básica, Fed Funds, excessivamentre expansionista (diferença Fed Fund x T Note 5) por tempo demasiado (2002 a 2004). Apesar disto a inflação não subiu pois o mundo absorveu o excesso de dólares (não aconteceu excesso de monetização interna). O aumento do consumo foi satisfeito por aumentos das importações (os preços não subiram). Mas o excesso de dólares no mundo provocou a inflação de demanda mundial (a China e outros tigres asiáticos seguraram a inflação de industrializados por algum tempo), que está sendo importada pelos USA somente agora. Como não era possível importar moradias e as taxas de juros estavam muito baixas, os preços dos imóveis subiram acima da inflação (a bolha se formou aí). Quando o FED subiu a taxa básica fixando-a muito acima das imlp (= 5,25%, também em excesso e por tempo demasiado, 06/2006 a 08/2007. Aparentemente a básica deveria ter ido apenas até 4%.), os efeitos se fizeram sentir nos preços dos imóveis que haviam subido mais do que a inflação (a taxa básica baixa provocou fuga da moeda que não conseguia cumprir sua função de reserva de valor, a bolha se formou em imóveis e outros ativos). Some-se a isto o efeito do aumento das taxas de juros nas prestações dos imóveis (a renda dos americanos não subiu). É uma crise de solvência que alastrou-se e transformou-se em crise de liquidez (isto foi distribuído para o mundo todo, afetando mais os mais ricos e os que aceitaram riscos maiores). Apesar da inflação mundial começar a ser importada somente agora pelos USA o FED foi obrigado a reduzir a taxa de redesconto e a básica para evitar um risco sistêmico (mesmo assim ela ainda está acima da imlp). O BC Europeu foi obrigado a socorrer seus bancos (afetados pela crise de liquidez). A crise poderá ter um curso suave, mas longo (redução do crescimento), ou mais grave (recessão). O Brasil será afetado pela redução da demanda mundial, que será afetada pela redução da americana. A Selic terá que ser fixada pelo menos 0,15% acima da imlp (portanto terá que subir) para que evitemos uma crise semelhante. O Real poderá sofrer um pequeno ajuste (adequar-se à nova realidade). Obs: Greenspan ficou no Fed de 1987 ao início de 2006, quando assumiu Ben Bernanke. MAG 23/12/2007.  

USA - SALDO FISCAL, Fed Funds e T Note de 5 anos (1º dia mês).


AnoEm % do PIBFed Funds
T Note
5 Years
PRES.
Rec.Desp.SaldoJan.Dez.Jan.Dez.
200020,818,42,45,436,46,585,17CLINTON
200119,518,21,35,981,824,864,39CLINTON
200217,519,0-1,51,731,244,343,03BUSH
200316,219,7-3,41,240,983,053,27BUSH
200416,119,6-3,51,02,163,123,60BUSH
200517,319,9-2,62,284,163,714,39BUSH
200618,019,9-1,94,295,244,354,53BUSH
200718,519,6-1,15,254,244,753,49BUSH
200817,520,7-3,22,980,252,981,52BUSH
200914,925,0-10,10,250,251,602,34BUSH
201014,923,8-8,90,250,252,482,03OBAMA
20110,252,02OBAMA


FED FUNDS (E = expansionista, N = neutra, C = contracionista) x T Note 5 years
MÊS/ANO

200020012002200320042005200620072008
Fed
Fund
T Note
5 years
Fed
Fund
T Note
5
Fed
Fund
T Note
5
Fed
Fund
T Note
5
Fed
Fund
T Note
5
Fed
Fund
T Note
5
Fed
Fund
T Note
5
Fed
Fund
T Note
5
Fed
Fund
T Note
5
JAN.5,45 E6,585,98 C4,861,73 E4,341,24 E3,051     E3,122,28 E3,714,29 E4,355,25 C4,753,94 E2,98
FEV.5,73 E6,685,49 C 4,891,74 E4,301,26 E2,901,01 E3,072,5  E3,774,49 E4,575,26 C4,712,612,78
MAR.5,85 E6,505,31 C4,641,73 E4,741,25 E2,781      E2,792,63 E4,174,59 E4,725,26 C4,482,61 C2,48
ABR.6,02 E6,264,8   C4,761,75 E4,651,26 E2,931      E3,392,79 E4,004,79 E4,905,25 C4,592,28 N2,84
MAI.6,27 E6,694,21 E4,931,75 E4,491,26 E2,521      E3,853      E3,854,94 E5,005,25 C4,671,98 E3,15
JUN.6,53 C6,303,97 E4,811,75 E 4,191,22 E 2,271,03 E3,933,04 E3,774,99 E5,075,25  C5,032      E3,49
JUL.6,54 C6,183,77 E4,761,73 E3,811,01 E2,871,26 E 3,693,26 E3,985,24 C5,045,26 C4,882,01 E3,30
AGO.6,5   C6,063,65 E4,571,74 E3,291,03 E3,371,43 E3,473,5   E4,125,25 C4,825,02 C4,432       E3,14
SET.6,52 C5,933,07 E4,121,75 E2,941,01 E3,181,61 E3,363,62 E4,015,25 C4,674,94 C4,202       E2,88
OUT.6,51 C5,782,49 E3,911,75 E2,951,01 E3,191,76 E3,353,78 E4,335,25 C4,694,76 C4,201       E2,73
NOV.6,51 C5,702,09 E3,971,34 E3,051      E3,291,93 E3,534     E4,455,25 C4,584,49 C3,671       E2,29
DEZ.6,4   C5,171,82 E4,391,24 E3,030,98 E3,272,16 E3,604,16 E4,395,24 C4,534,24 C3,490,25  E1,52

OBS: EM SET./2008 A CRISE AGRAVOU-SE E TRANSFORMOU-SE EM DE CONFIANÇA.


OFERTA MONETÁRIA X BASE MONET. - USA AGO./1929 X MAR./33; BRASIL SET./2008 X JUN./09.
HISTÓRICOUSAxxxxBRASIL
AGO./1929MAR./1933VAR. %SET./2008JUN./2009Var. %
OFERTA MONET. (OM)26,519,0-28,3xxxx2153382244934,25
Moeda Corrente (MC)3,95,541xxxx982111034745,35
Dep. à Vista (DV)22,613,5-40,2xxxx1171271214583,69
BASE MONET. (BM)7,18,418,3xxxx1369361391851,64
Moeda Corrente3,95,541xxxx982111034745,35
Reservas (R)3,22,9-9,37xxxx3872535711-7,78
MULT. MONET. (OM/BM)3,72,3xxxxx1,571,613x
Reservas/Dep.0,140,21xxxxx0,330,294x
Moeda Corr./ Dep.0,170,41xxxxx0,8380,852x
FONTE: USA, MACROECONOMIA, N. GREGORY MANKIW (ADAPTADO DE MILTON FRIEDMAN, A MONETARY HISTORY OF THE USA). BRASIL, BCB.
OBS: A CORRETA ATUAÇÃO DO BCB IMPEDIU QUE A OFERTA MONETÁRIA CAÍSSE, AMENIZANDO OS EFEITOS DA CRISE AMERICANA (SET../2009) NO BRASIL (DIFERENTE DA ATUAÇÃO DA AUTORIDADE MONETÁRIA AMERICANA NA CRISE DE 1930). DEVEMOS CONSIDERAR TAMBÉM A ATUAÇÃO DAS AUTORIDADES MONETÁRIAS DOS USA, NESTA CRISE (diferente de 1930) NÃO DEIXANDO A FALTA DE LIQUIDEZ ESTRANGULAR O SISTEMA. FINANCEIRO.