sábado, 24 de junho de 2017

RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA MONETÁRIA, FISCAL, CAMBIAL e TQM.



RELAÇÃO ENTRE POLÍTICA MONETÁRIA, FISCAL, CAMBIAL e TQM.

A Política Monetária (executada pelo BC) deve ser harmônica com a Política Fiscal (executada pelo executivo), pois uma complementa a outra (são indissociáveis): 
a) estando a economia em DEPRESSÃO (queda de preços e redução das atividades econômicas) é recomendável que o executivo aumente os Gastos Públicos e o BC reduza a Taxa Básica de Juro (um pouco abaixo da de equilíbrio) e não permita que a liquidez caia (CONCEITO AMPLO);
b) estando a economia com INFLAÇÃO é recomendável que o BC aumente a Taxa Básica de Juro para um nível um pouco acima da taxa de equilíbrio (a menor taxa possível). Neste caso as taxas de juros de mercado de longo prazo (a curva de juros) devem reverter a tendência de ascendentes para descendentes, reduzindo o custo de captação do TN (é o inverso do que muitos escrevem). Uma taxa básica alta, mas não a adequada é semelhante a uma dose alta de antibiótico, mas insuficiente (faz mais mal do que bem);
c) países em desenvolvimento, onde a infraestrutura e os serviços básicos são ainda deficientes, é aceitável, como medida benéfica, que antecipa o bem estar da população, um déficit público até o nível do crescimento do PIB;
d) Câmbio: em 15/08/1971, os USA, abandonam totalmente a conversibilidade do dólar em ouro. Em março de 1973 os países industrializados abandonam a paridade fixa com o dólar, deixando suas moedas flutuarem em relação ao mesmo enterrando de vez o sistema de Bretton Woods. A partir desta data o sistema de câmbio flutuante passa a ser o racional.

REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO (CREDIBILIDADE, COMUNICAÇÃO, TRANSPARÊNCIA, EXPECTATIVAS):
a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE (das autoridades monetárias);
b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio DAS TAXAS DE MERCADO EM DIFERENTES HORIZONTES, que não são controladas pela autoridade monetária;
e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes antecipam mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE;
f) o sistema cambial deve ser o flutuante.

LIQUIDEZ E TQM (teoria quantitativa da moeda):
A Moeda (uma das maiores criações da humanidade) tem como Funções:
a) Meio de Pagamento;
b) Unidade de Medida;
c) Reserva de Valor. 
Para cumprir suas Funções ela precisa ser estável, não ter inflação nem deflação que a invalide como Unidade Medida e Reserva de Valor. Como utilizar um metro que está sempre mudando o seu comprimento, ou um peso que sempre muda? A moeda é semelhante.
CARACTERÍSTICA ESSENCIAL da moeda: ACEITAÇÃO (natural e curso forçado).
A aceitação define uma moeda como de curso mundial (aceitação como meio de pagamento e reserva) ou apenas doméstico.
Os ativos (estoque de riqueza de um país) e a produção (PIB) são medidos em unidades de moeda. É a unidade de medida que permite registrar (Contabilidade Nacional, PIB, PNB) quantidades (peso, metros) diferentes e apresentar balancetes e balanços únicos em valores. A moeda permite a escrituração única de quilos de ouro, de aço e de trigo (as estatísticas quantitativas complementam).

TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA E EQUAÇÕES QUANTITATIVAS: as equações quantitativas são expressões matemáticas da teoria. Como todo modelo econômico é uma REPRESENTAÇÃO SIMPLIFICADA da realidade e como tal deve ser entendido. É um REDUCIONISMO. A teoria quantitativa é ampla e desenvolveu-se (e desenvolve-se) no tempo, não tendo as limitações das equações quantitativas.  A quantidade de moeda deve ser medida da maneira mais ampla e comparada com o AMBIENTE (a conjuntura):
M0 = Base Monetária = Moeda corrente + Reservas;
M1 = Meio de Pagamento = Oferta Monetária = Moeda Corrente + Dep. a Vista;
M2 = M1 + dep. investimentos + poupança;
M3 = M2 + fundos investimentos + operações compromissadas;
M4 = M3 + títulos federais Selic.
A teoria absorveu o estudo de inúmeras variáveis e seus efeitos no cp e no lp, no primeiro momento e nos sequenciais (o processo econômico, a evolução dinâmica). CONCEITOS COMO A CURVA DE JUROS E SUA EVOLUÇÃO NO TEMPO, a taxa básica e seus efeitos na parte curta e na longa da curva, no primeiro e no segundo momentos, nos preços de consumo e nos dos ativos financeiros e reais. A criação de moeda fiduciária, a quase moeda, as crises (bolhas e seus furos), as expectativas (positivas, negativas), o Banco Central, a liquidez, a política monetária, etc.

A LIQUIDEZ (semelhante à quantidade de moeda): a TQM deve ser entendida considerando a LIQUIDEZ e seus movimentos como a quantidade de moeda. Em um sistema financeiro moderno e complexo a simples medida das quantidades de moeda passaram a ser informações necessárias, mas não suficientes para análises racionais e consistentes.  
A liquidez de ativos que não moeda deve ser considerada como quantidade de moeda na análise de conjunturas inflacionárias e recessivas.

A LIQUIDEZ POR ORDEM:
1) MOEDA PÁTRIA;
1.1) Moeda corrente; 1.2 ) Dep. a vista;
2) APLICAÇÕES COM LIQUIDEZ IMEDIATA (que rendem juros);
2.1) aplicações financeiras com cláusulas de recompra; 2.2) Cad. de poupanças e títulos vincendos de cp e de lp com menos de 30 dias); 2.3) aplicações financeiras de médio e lp, com facilidade de negociação no mercado;
3) ATIVOS QUE NÃO A MOEDA PÁTRIA (com alta liquidez no mercado, venda abaixo de 30 dias). NOVA ÓTICA;
3.1) moedas reservas mundiais; 3.2) Ações da Bovespa e Ouro; 3.3) Imóveis residenciais, comerciais e industriais (maquinários); 3.4) Quadros, joias;
4) O CRÉDITO facilitado ou reprimido.

O AMBIENTE (A CONJUNTURA): muitos ainda estão sem entender o motivo pelo qual o aumento da quantidade de moeda no mundo (o dólar) não provocou inflação. No início por causa da crise. O furo da bolha reduziu a riqueza artificial (ativos que não moeda com alta liquidez) semelhante a liquidez (sensação de perda de riqueza, de empobrecimento). A seguir a aceitação do dólar (com avidez) por parte de quem perdeu com outros ativos (o efeito aversão favoreceu o dólar). O AMBIENTE acrescido de novos mercados (China e asiáticos, a extinta URSS  e antigos satélites) todos ávidos por poupar em dólar.  Os limites expandiram-se, mas tem limite e ele chegará.

MAG: resumo ampliado de publicações da década de 90 e de 2000 a 2010.



4 comentários:

  1. POLÍTICA MONETÁRIA E CRESCIMENTO.
    A experiência demonstrou que a política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades. A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.
    MAG. Resumo de escritos da década de 90

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  2. Em um processo inflacionário (inflação ascendente) a velocidade de crescimento da demanda fica sempre à frente à da oferta. A taxa básica harmoniza (equilibra) a oferta e a demanda (adequando as atividades ao possível).
    A prática também demonstrou ser impossível conviver com déficits fiscais, juros baixos e câmbio valorizado artificialmente. A crise cambial explode.
    A POLÍTICA MONETÁRIA exige que as autoridades responsáveis tenham credibilidade e passem confiança ao mercado além de uma correta comunicação. Economistas ou profissionais que não sejam considerados competentes e responsáveis fazem com que as taxas de juros de mercado aumentem (e exija taxa básica mais alta). É o inverso do que os leigos pensam: economistas heterodoxos ou incompetentes fazem subir as taxas de juros.

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  3. AS ESTATAIS E AS CORRUPÇÕES.

    A função do estado moderno (democracias liberais) é regular (diferente do que escrevem) e não operar. A Lava Jato e as Delações Premiadas escancararam aquilo que já sabíamos: a corrupção. A novidade foi a institucionalização e os volumes roubados (virou a casa da mãe Joana). A máxima do pensamento liberal "a menor presença estatal possível, a maior quando necessária" ainda é o caminho a perseguir. Como o estado poderá cumprir sua missão se tem falta de recursos e ainda gasta no que não é sua função? A CONTA A SEGUIR DEVE SER FEITA PELA TURMA QUE DEFENDE A ESTATIZAÇÃO: Dividendos, IR e Contribuição Social sobre o Lucro Recebido com a empresa estatal x aumento do IR e Contribuição Social com a privatização (o lucro sobe) mais os Juros sobre o Capital da venda da empresa.

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  4. AS CRISES ECONÔMICAS TÊM ORIGEM EM ERROS (INCOMPETÊNCIAS E/OU IRRESPONSABILIDADES FISCAIS, MONETÁRIAS E/OU CAMBIAIS, FRUTO DE DEMAGOGIAS POPULISTAS ELEITORAIS OU IDEOLÓGICAS). AS CRISES SEGUEM, QUASE SEMPRE, SEQUENCIALMENTE O CAMINHO: INFLAÇÃO, HIPERINFLAÇÃO, ESTAGFLAÇÃO, BOLHAS DE ATIVOS, UMA RIQUEZA VIRTUAL (fuga da moeda como reserva de valor para outros ativos), FURO DA BOLHA, PERDA DAS RIQUEZAS VIRTUAIS, SENSAÇÃO DE EMPOBRECIMENTO, QUEDA DE DEMANDA, RECESSÃO, DEPRESSÃO E DEFLAÇÃO (a fase final que mais sofrimentos provoca e mais difícil de ser debelada). OS AJUSTES, NA VERDADE SÃO CORREÇÕES DOS ERROS E IRRESPONSABILIDADES ANTERIORES, QUE PROVOCARAM UMA ILUSÓRIA SENSAÇÃO DE BEM ESTAR (ATIVIDADES EM NÍVEL SUSTENTADO POR DÉFICITS EXTERNOS, INSUSTENTÁVEL NO TEMPO). AS CORREÇÕES (AJUSTES) QUANDO TOMADAS NA FASE INICIAL DO INÍCIO DO AGRAVAMENTO DO PROCESSO INFLACIONÁRIO SÃO MAIS FÁCEIS E PROVOCAM MENORES SOFRIMENTOS, MAS ALGUNS SEMPRE OCORRERÃO, POIS O NÍVEL DE ATIVIDADES TERÁ QUE SER ADEQUADO AO POSSÍVEL.

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