sexta-feira, 28 de setembro de 2018

POLÍTICA MONETÁRIA: TAXA BÁSICA DE JURO OU CONTROLE DA QUANTIDADE DE MOEDA? CASO ARGENTINA.



POLÍTICA MONETÁRIA: TAXA BÁSICA DE JURO OU CONTROLE DA QUANTIDADE DE MOEDA? CASO ARGENTINA.

FUNÇÕES DA MOEDA.

A política monetária  (gerenciamento da moeda)  deve ter como missão respeitar as funções da moeda (preservar o poder de compra, manter inflação controlada):
a) RESERVA DE VALOR:  permite formação de mercados de poupanças,  empréstimos e investimentos (a longo prazo), em consequência o desenvolvimento sustentado. A inflação reduz ou até elimina esta função.
b) UNIDADE DE MEDIDA: permite ao mercado precificar o valor dos bens e serviços, facilitando negócios e o desenvolvimento. A inflação reduz a eficácia desta função.   
c) MEIO DE PAGAMENTO (instrumento de troca): facilita negociações permitindo que se formem mercados e em consequência ocorra o desenvolvimento (crescimento).

POLÍTICA MONETÁRIA

 É função da política monetária assegurar o poder de compra da moeda. A utilização da taxa básica demonstrou ser a melhor ferramenta para evitar processos inflacionários e controlar a liquidez (e demanda, atividades. Adequar a velocidade de crescimento da demanda e oferta, harmonizá-las) em seu conceito amplo (todos os ativos com liquidez abaixo de 30 dias, não apenas M0 a M4). Esta política perde sua eficácia nos casos de dominância fiscal (a insegurança passada pela política fiscal reduz os efeitos da taxa básica) e nos países onde a função de reserva de valor da moeda pátria deixa de existir e perde sua credibilidade. Os negócios de ativos reais e as poupanças são feitas em sua maioria em moedas consideradas reservas (caso da Argentina).

O Banco Central pode atuar através de (nos países onde a função de reserva de valor da moeda ainda é respeitada):
 1) Administração das taxas de juros (básica x de mercado);
 2) Depósitos compulsórios;
 3) Compra ou venda de títulos públicos;
 4) Compra ou venda de moedas inclusive atuação em mercados futuros;
 5) I. O. F. = Imposto sobre Operações Financeiras.

Nos países onde a função de reserva de valor da moeda não existe mais e a política fiscal não pode ser ajustada (superávits primários adequados) a utilização da taxa básica perde a eficácia e pode ser desaconselhada.

COMENTÁRIOS:

 a) MOEDA SUPERAVALIADA (câmbio valorizado)- Contribui para o combate a inflação (artificialmente), abala a confiança na estabilidade cambial (crença de  não sustentabilidade), afasta a entrada e estimula a saída de capital estrangeiro, dificulta exportações. 
 b) MOEDA  SUB AVALIADA (câmbio desvalorizado) -  Favorece a abolição de controles, agrava a inflação, facilita a entrada de capitais, favorece as exportações. 
c) MOVIMENTO DE CAPITAIS -  O ideal, se a economia suportar, é deixar livre. Aceita-se alguns controles, o menos possível, em situações de comprovada necessidade (dificuldades com o Balanço de Pagamentos). Se dificulta-se a saída de capitais a entrada seca,
 d) REGIME DE CÂMBIO IDEAL - É a Taxa Flutuante (a que exige menos medidas artificiais e os consequentes desequilíbrios), quando suportada pela economia (Balanço de Pagamentos).

POLÍTICA FISCAL - 

Se faz através do plano orçamentário e de sua execução. Aumento ou redução de tributos. Aumento ou redução de gastos públicos (custeio ou investimentos, produtivos ou improdutivos). Estimular ou desestimular as atividades econômicas.    

REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:

a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes antecipam mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.

POLÍTICA MONETÁRIA – EFICÁCIA (INFLAÇÃO E CRESCIMENTO). 01/2007.  

1) A experiência demonstrou que a política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas (Anatole Murad desenvolveu um estudo interessante sobre o assunto). A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.  
2) Uma adequada distribuição de rendas, a existência de fatores de produção (recursos naturais, capital, trabalho, tecnologia), a segurança institucional do capital investido, uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação, vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas, judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem segurança), um sistema financeiro compatível que proporcione segurança para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do consumo e dos investimentos, um sistema previdenciário que estimule a formação de poupanças e que não permita privilégios, contas públicas transparentes com publicações de balancetes mensais analíticos, gastos públicos improdutivos (atividades meio) sejam o menor possível, são fatores importantes e que devem ser analisados.


1) Considerando os conceitos:
1.1) INFLAÇÃO: Aumento generalizado e contínuo dos preços dos bens e serviços (do nível geral dos preços).
1.2) INÉRCIA INFLACIONÁRIA -  A inflação presente e futura é efeito (função) da causa indexação passada. Aumentos dos preços provocados por contratos com cláusulas de correção por índices de preços, por decisões judiciais, por memória inflacionária e por aumentos de salários (consumidores consideram normais os aumentos dos preços). A correção monetária (indexação) alimenta a inflação indefinidamente (vira uma espiral inflacionária);
1.3) CONTAMINAÇÃO, PREÇOS RELATIVOS – O aumento do preço de um produto com influência sobre os custos de outras mercadorias e serviços (petróleo, insumos, produtos oligopolizados), pode CONTAMINAR o nível geral de preços (ao invés de apenas os preços relativos) se a política monetária não for eficaz (expectativas dos agentes econômicos formadores de preços).
1.4) INFLAÇÃO DE CUSTOS - Ocorre quando o nível de demanda agregada permanece o mesmo, mas os custos de produção aumentam, diminuindo a oferta agregada. Também chamada de inflação de oferta.

AS  PALAVRAS DE DELFIM NETTO A RESPEITO DE INFLAÇÃO DE CUSTOS (entrevista dada ao jornal VALOR em 30/09/2005, caderno EU):
“O Dênio (Dênio Nogueira, primeiro presidente do Bacen) trouxe do governo Castelo Branco uma política monetária extremamente dura. Cheguei lá (quando assumiu o Ministério da Fazenda no governo Costa e Silva, em 1967), e começamos a INVENTAR UMA TEORIA, de que havia INFLAÇÃO DE CUSTOS, não de demanda. O Campos e o Dr. Bulhões (Roberto Campos e Otávio Gouvêa de Bulhões, ministros do planejamento e da fazenda do governo Castelo Branco) ficavam furiosos. Então, se era inflação de custos, vamos atacar custos. Claro que eu sabia que era um jogo  de palavras, porque se não tiver inflação de demanda a outra não se sustenta. Mas é permissível uma pequena manipulação." 

Considerando o problema provocado pelo uso do conceito de inflação de custos para combater a política monetária (sempre abortar um processo no meio do caminho). ACEITAR O CONCEITO DE INFLAÇÃO DE CUSTOS É ACEITAR RECEITAS DIFERENTES PARA COMBATER UM PROCESSO INFLACIONÁRIO (heterodoxia e monetarismo). NÃO PODEMOS CONFUNDIR AUMENTO DE PREÇO DE PRODUTO OLIGOPOLIZADO (aumentar participação no PIB e nos preços relativos) COM PROCESSO INFLACIONÁRIO. Os oligopólios têm mais condições de se defender em um ambiente com processo inflacionário (garantir ou aumentar sua participação na renda nacional). 06/2006.


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

O PENSAMENTO LIBERAL.



O PENSAMENTO LIBERAL. 27/09/2015.

No Brasil o nome liberal (e o pensamento) foi demonizado por conceitos errados ensinados nas escolas, pelo fato do PFL (partido da frente liberal) ser um grupo de ocupantes de cargos públicos (inclusive para toda a família), base de apoio de um regime autoritário (quase ditadura), o PL (partido liberal) defender ideias contrárias ao pensamento e liberais extremistas e radicais defenderem os excessos de liberdade (que na prática e no tempo a eliminam). Os excessos (ou entendimento extremo do termo): 

1) LIVRE MERCADO. Na verdade o liberalismo defende normas que defendam o mercado e a concorrência, pois não existe livre mercado nem liberalismo sem concorrência. O pensamento liberal defende os mercados e a concorrência. O livre mercado e a livre concorrência não se sustentam no tempo sem normas que os defendam. Os liberais são a favor de mercados (livres para todos que quiserem participar) e de concorrência (não existe livre mercado nem livre concorrência sem normas que os defendam);

2) ELIMINAÇÃO DE NORMAS E REGULAMENTOS. Na verdade o pensamento liberal nasceu defendendo normas que limitassem os poderes das autoridades e dos reis. O pensamento liberal é a favor de normas e regulamentos que defendam a concorrência e a liberdade. É contra o excesso de normas e de regulamentos, contra as que aumentam o poder discricionário das autoridades. O poder deve ser da lei e não da autoridade;

3) O ESTADO. Os liberais são a favor da menor presença estatal possível, mas também a favor da maior quando necessária. Os governos não devem exercer funções que as atividades privadas consigam fazer para poder fazer bem as de sua obrigação e competência. É FUNÇÃO DO ESTADO REGULAR E NÃO OPERAR;

4) REGULAR. os liberais não são contra os governos regularem. Regular é a principal função do estado (mas sem excessos e sem dificultar a iniciativa privada e sem tolher a liberdade). Se funciona sem regulamento, não regulamente;
 
5) ECONOMIA. Na economia o pensamento liberal defende a iniciativa privada, a concorrência, preços livres, impostos baixos, o direito de propriedade e a herança.

UMA DEFINIÇÃO: O Liberalismo é uma corrente de pensamento que defende a liberdade individual (os direitos individuais e civis), a livre iniciativa, o governo democrático (baseado no livre consentimento dos governados e estabelecido com base em eleições livres), a liberdade de expressão, a defesa da concorrência, instituições que obedeçam a lei igual para todos, a transparência, o direito de propriedade. O liberalismo nasceu combatendo o direito divino dos reis (e a hereditariedade), os privilégios da corte, dos militares e o sistema de religião oficial.
Não confundir o pensamento liberal com a ANARQUIA (de Bakhunin, pensador russo), nem com o LIBERTARISMO (escola austríaca?), que critica os liberais por defenderem o estado regulador (não operador). Os libertários são contra Bancos Centrais e o monopólio na emissão da moeda e criticam até Milton Friedman.
MAG 27/09/2015.

MILTON FRIEDMAN E O Fed (Banco Central americano).


Milton Friedman deu entrevista respondendo sobre o que achava da atuação do Fed hoje (na época). Respondeu que podia fechar. Ele foi um crítico rigoroso da atuação do Fed, inclusive responsabilizando-o pela crise de 29/30 (pela atuação errada). Relacionou todos os erros cometidos pelo Fed. Foi de fato um crítico severo (e correto nas críticas). Mas em seu livro “Capitalismo e Liberdade” escreveu: “Convém que usemos o governo para fornecer uma estrutura monetária estável à economia livre – isto é parte da função de propiciar uma estrutura legal estável”. Rendeu-se à realidade.
ESCREVEU CONTRA A INDEPENDÊNCIA DO BANCO CENTRAL: “É um mau sistema para os que acreditam na liberdade justamente porque dá a poucos homens um poder tão grande sem que seja exercido nenhum controle efetivo pelo corpo político – este é o argumento chave político contra um BC independente.”
COMENTO:
Hoje o BC tem que atender a uma meta de inflação (estabilidade do poder de compra da moeda), com câmbio flutuante, que funcionam como um redutor do poder discricionário. Estas limitações do poder discricionário justificam a independência do BC para evitar as pressões políticas em anos de eleição. 2002.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

CAGED 2015 A AGO/2018. EMPREGOS COM CARTEIRA (ADMITIDOS E DEMITIDOS)


EM AGO/2018 FORAM CRIADOS 110.431 EMPREGOS.
UF 2015 2016 2017 07/2018 
Brasil -1.625.551 -1.371.363 -123.429 501.807
Norte -115.603 -89.322 -11.021 17.908
 Rondônia -17.995 -13.867 119 2.159
 Acre -2.646 -2.894 -996 -527
 Amazonas -39.912 -19.934 -947 2.091
 Roraima -1.062 -688 1.797 -458
 Pará -44.576 -43.448 -11.443 10.757
 Amapá -4.941 -3.862 -925 1.118
 Tocantins -4.471 -4.629 1.374 2.768
Nordeste -276.285 -248.741 -39.596 16.765
 Maranhão -16.586 -20.634 -2.825 8.060
 Piauí -4.844 -13.516 1.873 2.640
 Ceará -35.842 -36.901 -5.306 12.833
 Rio Grande do Norte -14.955 -16.286 -1.761 793
 Paraíba -17.039 -12.952 -3.853 2.069
 Pernambuco -92.100 -52.949 -13.067 -9.983
 Alagoas -5.487 -10.649 -8.324 -17.146
 Sergipe -6.356 -15.450 -2.427 -4.847
 Bahia -83.076 -69.404 -3.906 22.346
Sudeste -906.715 -805.035 -113.397 281.436
 Minas gerais -203.546 -123.767 15.438 100.164
 Espírito Santo -46.391 -38.135 -4.547 10.542
 Rio de Janeiro -178.822 -241.581 -100.254 -8.755
 São Paulo -477.956 -401.552 -24.034 179.485
Sul -234.427 -149.767 22.151 97.481
 Paraná -77.143 -59.495 7.740 43.095
 Santa Catarina -60.139 -33.006 26.780 36.111
 Rio Grande do Sul -97.145 -57.266 -12.369 18.275
Centro-Oeste -92.521 -78.498 18.434 88.217
 Mato Grosso do Sul -14.611 -2.422 -6.561 7.815
 Mato Grosso -19.310 -20.504 12.153 30.502
 Goiás -38.646 -27.045 16.236 37.095
 Distrito Federal -19.954 -28.527 -3.394 12.805
Fonte:  MTb/SPPE/DER/CGCIPE - CAGED Lei 4.923/65

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

OS CANDIDATOS A PRESIDENTE DO BRASIL E SUAS LINHAS DE PENSAMENTO.


OS CANDIDATOS A PRESIDENTE DO BRASIL E SUAS LINHAS DE PENSAMENTO. 

PARA OS LEITORES DOS 20 PAÍSES QUE VISITAM O BLOG.

DIREITA (46% nas pesquisas):

JAIR BOLSONARO - PSL (Partido Social Liberal): pró-mercado, liberal em economia e conservador em costumes. Tem experiência legislativa, mas não tem em gestão, nem no executivo. Lidera apesar de não ter tempo na TV e ter a menor verba pública. Tem excelente economista. NÃO É O RISCO QUE A THE ECONOMIST PUBLICOU. É  apenas inexperiente em cargos de gestão executiva, mas muito experiente no legislativo e conseguiu ser o representante dos anseios de grande parte dos eleitores brasileiros. 

GERALDO ALCKIMIN - PSDB: o partido (FHC) que sempre liderou os votos da direita, mas não decolou neste pleito.

HENRIQUE MEIRELLES (MDB), ÁLVARO DIAS (PODEMOS) E JOÃO AMOEDO (NOVO).

ESQUERDA (38%):

FERNANDO HADDAD (PT, partido de Lula que apesar de se dizer de esquerda, é um amontoado de interesses): o prestígio é de Lula (mais na região NE, a mais pobre), condenado por unanimidade em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro a 12 anos e 1 mês. É réu em mais 4 processos. O STF - Supremo Tribunal Federal utilizou o termo ORCRIM - organização criminosa referindo-se à quantidade de condenados do partido por crimes de corrupção e outros. HADDAD lidera pela esquerda.

CIRO GOMES (PDT): político experiente, foi do PSDB, e a cada eleição se candidata por um partido. O discurso é populista de acordo com o eleitorado que pensa conquistar. Por ser do do Ceará, NE, é bem votado na região, mas perde para o candidato de Lula. De fato ele é de direita, mas nesta eleição busca eleitores de esquerda. Metade dos eleitores de Ciro devem migrar para a direita.

MARINA SILVA (REDE) sua origem é o PT, mas fundou um partido com programa e economistas liberais, mas a maioria de seus eleitores são de esquerda. Metade dos eleitores de Marina devem migrar para a direita. 

EXTREMA ESQUERDA DEMAGÓGICA (PC do B. PSOL) com 1%. 
09/2018