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PROCESSO INFLACIONÁRIO ESTÁ RETORNANDO?
Os IPCAs de jul., ago., set. e out. foram: 0,36%; 0,24%;
0,64% e 0,86%. ANUALIZANDO OS 4 MESES TEREMOS 6,48% ANO (projeção). ANUALIZANDO
APENAS SET. e OUT. TEREMOS 9,38% ANO (projeção). As duas opções podem ser
consideradas indício de retorno do processo inflacionário. Considerando os
efeitos negativos das paralizações causadas pelo COVID-19 para as atividades
econômicas (a favor a correta distribuição de renda, incorreta por ser sem controle),
os aumentos absurdos do IGPM (já estando atingindo os IPCs), é um sinal de risco
desnecessário (a fase preventiva e a tempestiva da política monetária já
ultrapassadas). Todos os indicadores indicam que o crescimento será retomado
(as atividades deverão retornar em V após as vacinas).
A taxa básica abaixo da adequada já provocou: a desvalorização
da moeda pátria e a consequente queda do poder de compra, da qualidade de vida
e aumentos absurdos dos IGPs (já atingindo os IPCs). É uma transferência de
renda (artificial) dos fundos de poupanças para complementação de aposentadorias
e das poupanças das classes mais baixas para as atividades que têm seus preços
dolarizados (commodities), para os exportadores e algumas indústrias. Os
importadores e os consumidores de produtos importados (e exportados que sofrem
influência em seus preços por causa das exportações) perdem muito. O Balanço Comercial
reduz importações e aumenta exportações. No geral o Balanço de Pagamentos
melhora, mas o Fluxo Cambial Financeiro fica muito negativo (fuga da moeda
pátria para o dólar). O maior risco: A MOEDA PÁTRIA PERDER A FUNÇÃO DE RESERVA
DE VALOR (o que já aconteceu com Equador, Argentina e outros) E A SOBERANIA
MONETÁRIA FICAR AFETADA. A taxa básica perde efeitos sobre as expectativas de inflação (taxas muito altas passam a ser necessárias). A Argentina já perdeu a função de reserva de valor de sua moeda e a política monetária através de taxa básica exige custo muito alto. A parte da dívida corrigida por Selic abaixo da adequada reduz o
custo, mas as taxas de juros de LP aumentam (o custo de refinanciamento aumenta)
e o prazo médio da dívida fica mais curto (pode ser muito arriscado). O PIOR DE
TUDO: AFASTA INVESTIMENTOS EXTERNOS POR CAUSA DE PERDAS COM VALORIZAÇÕES DE
ATIVOS INTERNOS. A PRIMEIRA EXIGÊNCIA DE INVESTIMENTOS FICA SEVERAMENTE
AFETADA: A GARANTIA DO CAPITAL INVESTIDO (A DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA NACIONAL
AFASTA INVESTIDORES). Mesmo o Brasil sendo um país que cumpre contratos, mas
temos um passado de controle de preços e de lucros que ainda é lembrado (afeta
a garantia de lucros futuros).
Todo artificialismo em política monetária e fiscal (nossa
política fiscal passa insegurança) é negativo e se estendido além do aceitável termina
em crise e prejuízo. A Argentina já perdeu a função de reserva de valor de sua
moeda. 11/2020.