segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CRISE: MINSKI (HIMAN PHILIP) X LIBERAIS-MONETARISTAS.


CRISE: MINSKI (HIMAN PHILIP) X LIBERAIS-MONETARISTAS

Mesmo após K. S. Rogoff e Carmen M. Reinhart terem publicado  “OITO SÉCULOS DE DELÍRIOS FINANCEIROS. DESTA VEZ É DIFERENTE”, os heterodoxos e os keynesianos procuram uma causa diferente do que até os leigos, por simples bom senso e racionalidade, sabem, as crises têm como causa principal (e necessária, pois não acontece sem ela) inadequada política monetária e/ou fiscal (irresponsabilidades, demagogias, excessos, quebras de limites). Inicialmente usaram e abusaram do argumento simplista (sem especificar nada) da desregulamentação neoliberal como a culpada (no Brasil a ignorância escrevia que os neoliberais eram contra todo tipo de regulamentação). Nos USA onde os leitores são mais informados e racionais, colocaram a culpa na desregulamentação do sistema bancário que culminou com o fim da Glass-Steagall em 1999 (de fato foi uma adequação das normas às necessidades do momento.).  A crítica principal foi sobre a permissão para os bancos poderem revender seus empréstimos hipotecários (os tais pacotes empurrados aos fundos hedge e gananciosos). De fato empurraram a crise para a frente na ilusão do tempo esvazia-la. É bom esclarecer que os liberais e os monetaristas não são e nunca foram contra normas prudenciais (estabelecimento de limites de risco), controladorias e auditorias (muito pelo contrário). O consenso de Washington no item que versava sobre a desregulamentação queria dizer o a seguir:
A desregulamentação é a simplificação das regras e de regulamentações governamentais que dificultam a operação do mercado (a eliminação dos excessos que facilitam a venda de facilidades por burocratas do governo). Desregulamentação não significa a eliminação de leis contra fraude, mas eliminação ou redução do controle governamental de como os negócios são conduzidos, caminhando em direção a um mercado com mais concorrência.” O afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas. As regulamentações devem estabelecer as regras do jogo, defender os interesses dos consumidores e dos mais fracos, estabelecer limites prudenciais, punições. Enfim defender os interesses dos consumidores e o livre mercado (a concorrência justa e honesta). A flexibilidade da relação capital x trabalho como a validação de acordos entre sindicatos dos trabalhadores e de empresas e também entre sindicato e empresa (individualmente).
Minsk (Himan Philip) – economista americano (keynesiano), falecido em 1996, escreveu defendendo a tese da HIPÓTESE DA INSTABILIDADE FINANCEIRA onde o equilíbrio levava ao desequilíbrio, a estabilidade à instabilidade. A estrutura do mercado financeiro no capitalismo é frágil, sujeita a crises, mesmo com os mercados funcionando dentro da normalidade. Uma fase prolongada de expansão e os consequentes ganhos decorrentes estimula a ganância por mais lucros e por posições mais alavancadas (euforia) resultando em posições mais arriscadas (maior exposição ao risco).  Euforia leva à maior exposição ao risco e a seguir à crise (aversão ao risco). Conseguiu descrever o meio do caminho, não enxergou a causa original.
Em linguagem monetarista, política monetária (e/ou fiscal) inadequada (excessivamente expansionista) estimula a procura por ativos que não moeda, formando bolhas (preços dos ativos sobem acima dos IPCs, formando uma irreal sensação de riqueza). A política econômica (monetária ou fiscal) que não cumpre a sua função de defender o poder de compra da moeda é a causa (a origem, o resto é meio do caminho) da crise. A política monetária inadequadamente expansionista leva à valorização dos ativos que não moeda acima dos IPCs, formando uma irreal sensação de riqueza e de ganhos fáceis (levando à euforia, véspera do furo da bolha). O furo da bolha desvaloriza os ativos numa rapidez superior à valorização, modificando a sensação de riqueza para a de empobrecimento. Isto provoca uma crise de solvência, a seguir de liquidez e de crédito (aversão ao risco). Os juros sobem para os títulos considerados de maior risco e caem para os de menor risco. Se o BC ficar estático acontece o empoçamento monetário (todos preferem a garantia da moeda ao risco dos bancos ou títulos). Foi o que aconteceu na crise de 30, a quantidade de moeda caiu em um terço (Milton Friedman). 
Suponhamos uma economia com os dados a seguir: PIB 100; Quantidade de Moeda 100; PIB potencial crescimento de 6%; Crescimento da quantidade de moeda 3%. ISTO SERIA UMA POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA. A leitura da conjuntura prospectiva é que é difícil. Uma medida de monitoramento é o acompanhamento da tendência da inflação, se ascendente ou descendente. O correto seria a quantidade de moeda crescer em 6% (a busca do equilíbrio). Em uma conjuntura prospectiva negativa a quantidade de moeda poderia crescer acima de 6% (a medida seria a inflação acima ou abaixo de 3%, teto máximo para o crescimento sustentável). Um dos motivos da economia brasileira não ter crescimento sustentável é a alta carga tributária, a relação gastos improdutivos/produtivos ser mais alta do que o aceitável e a meta de inflação de 4,5% (e ainda ser desavergonhadamente desrespeitada).

NÃO EXISTE CRESCIMENTO SUSTENTADO COM:
a) carga tributária de 38%;
b) relação gastos improdutivos/produtivos que impede os investimentos para a infraestrutura necessária para fazer face ao crescimento;
c) meta de inflação de 4,5%;
d) desvalorização artificial do câmbio.

NÃO EXISTE SAÍDA DE CRISE SEM SOFRIMENTO: a perda das riquezas virtuais (os ativos valorizados pelo efeito bolha), a eliminação das irresponsabilidades. MAG 01/2013. 


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

POLÍTICA ECONÔMICA E RECESSÃO (DEFLAÇÃO).


POLÍTICA ECONÔMICA E RECESSÃO (DEFLAÇÃO).

PALAVRAS QUE FAZEM PENSAR: CONJUNTURA PASSADA, PRESENTE E PROSPECTIVA, EXPECTATIVAS DO MERCADO, AMBIENTE INSTITUCIONAL SEGURO OU INSEGURO, TRANSPARÊNCIA, AUTORIDADES MONETÁRIAS PREVISÍVEIS E QUE PASSAM CREDIBILIDADE, INFLAÇÃO (BOLHAS) DE ATIVOS QUE NÃO A MOEDA PÁTRIA, FUGA DA MOEDA PÁTRIA, POLÍTICA MONETÁRIA (expansionista, contracionista, neutra), POLÍTICA FISCAL RESPONSÁVEL (expansionista ou contracionista), OU IRRESPONSÁVEL (contracionista ou expansionista), CAMBIO FLUTUANTE OU ADMINISTRADO (artificialismos), MONETIZAÇÃO (liquidez, empréstimos) ADEQUADA OU INADEQUADA, PAÍS EMISSOR (e não emissor) DE MOEDA CONVERSÍVEL E DE RESERVA MUNDIAL, CRESCIMENTO SUSTENTADO.

CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTADO, MOEDA E INFLAÇÃO:

J. M. KEYNES: “Não existe meio mais sutil e mais seguro de subverter a base existente da sociedade do que pela desmoralização da moeda.” "Os regimes autoritários contemporâneos parecem resolver o problema do emprego à custa da eficiência e da liberdade."

LÊNIN: “A melhor maneira de destruir um sistema capitalista é destruir a sua moeda.”
ADAM SMITH (21 anos antes de publicar A Riqueza das Nações): “Para retirar um estado do mais baixo nível de pobreza e elevá-lo à riqueza bastam três coisas: a paz, impostos módicos e uma boa administração da justiça. O resto virá por consequência.”

MILTON FRIEDMAN - CÂMBIO: “A instabilidade das taxas de câmbio é um sintoma da instabilidade da estrutura econômica subjacente. A eliminação de tais sintomas pelo estabelecimento administrativo das taxas cambiais não corrige nenhuma das dificuldades subjacentes e só torna o ajustamento a elas ainda mais penoso.” Substituir a ordem natural, espontânea e complexa dos mercados (infinitos interesses pessoais) pelas limitações do planejamento centralizado, dirigido por burocratas de governos (totalitários e autocráticos, onde a corrupção é facilitada), é o caminho do empobrecimento. 

BANCO CENTRAL DO BRASIL – Missão: assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente.

A análise econômica para ter consistência deverá considerar o ambiente, o tempo (passado, presente e futuro), as relações (causas e efeitos) entre as variáveis (de cp e de lp) e os agentes (a conjuntura), as variáveis controláveis (e não controláveis). Deve considerar também que a economia (os mercados) é dinâmica, sempre um processo em movimento, e que suas leis ou postulados são enunciados de tendências (o equilíbrio, ou desequilíbrio em movimento, um processo.).

CRISES (RECESSÃO E DEFLAÇÃO): quase sempre resultado de demagogia (irresponsabilidade) ou ignorância em política monetária (inadequadamente expansionista ou contracionista), fiscal (déficits excessivos) ou cambial (artificialismos).  As crises têm sempre um fundo monetário, desrespeito à moeda e à suas funções (unidade de medida, meio de pagamento e reserva de valor). A economia pode ser medida em quantidades (unidades, peso, quilos) ou em valor (moeda). Uma moeda que se desvaloriza deixa de atender as funções de unidade de medida e de reserva de valor. Normalmente a taxa de juro nominal (o aumento) tenta corrigir esta deficiência da moeda (a desvalorização). Se o BC (autoridade monetária) permite que a moeda perca a sua função de reserva de valor (excessiva monetização e desvalorização) com juros reais ex-ante (taxa líquida de IRF e da inflação prevista) abaixo da taxa neutra, e a ex-post (taxa nominal – IRF – inflação ocorrida) abaixo do ex-ante (nominal – IRF – inflação prevista), ou negativa, inicia-se a formação de bolhas nos ativos que não a moeda pátria (imóveis, bolsas, ouro, outras moedas, etc.).
A CRISE: ocorre sempre quando a bolha fura com a desvalorização muito rápida dos ativos que antes se valorizavam (o monitoramento é muito difícil). As desvalorizações dos ativos (redução de riquezas) provocam perdas de capacidade de pagamento, a percepção de empobrecimento, insegurança, insolvência, redução de crédito e de liquidez (empoçamento). A solução monetarista estudada e proposta por Milton Friedman para enfrentar a crise é o BC não permitir a redução da quantidade de moeda (liquidez e créditos) em circulação. Impedir a redução da quantidade de moeda não impede todo o sofrimento, já que os ajustes das valorizações excessivas dos ativos ocorrerão naturalmente, alem da necessária eliminação das inadequações (na verdade demagogias e irresponsabilidades) na política fiscal e na monetária. O que se consegue é evitar a recessão e a deflação, com política fiscal (o déficit possível) e monetária adequadas e responsáveis (taxa básica e de redesconto o mais baixa possível). Risco sistêmico também deve ser evitado não permitindo-se a quebra de bancos (não significa salvar acionistas, diretores e aplicações duvidosas e com taxas excessivas. É correto adequar-se as taxas a um mínimo, se necessário.).

PAÍS EMISSOR DE MOEDA RESERVA MUNDIAL: o país emissor de moeda reserva mundial tem a vantagem de na hora da crise e da aversão ao risco, diferentemente dos países que não emitem, ter seus títulos procurados como refúgio contra perda do capital, e as taxas de juros em queda. O inverso ocorre com os países que não emitem moeda reserva e têm dívidas que provocam dúvidas quanto a sua liquidez. O país emissor de moeda reserva mundial pode reduzir sua taxa básica alem da adequada para os países não emissores, que não provocará inflação (sua moeda flui para o mundo todo, não monetizando apenas sua economia). A possível desvalorização de sua moeda significa redução de sua dívida (é uma forma legal de dar o cano em parte da dívida), mas também de queda do poder aquisitivo de seu povo (é uma faca de dois gumes). Os países que acumulam reservas nesta moeda serão os perdedores.   

POLÍTICA MONETÁRIA E CONJUNTURA PASSADA, PRESENTE E FUTURA: com uma conjuntura passada e presente com inflação acima de 3%, ascendente e com preços artificialmente reprimidos, com a taxa básica real de juro ex-ante maior do que a real ex-post (e esta ainda negativa), com conjuntura futura sem risco de deflação, ao contrário, com pressões inflacionárias desestabilizantes, é absurdo o BC manter uma taxa básica real líquida (de IRF e de inflação) negativa. É a opção por desestabilizar a economia como um todo desnecessariamente.     MAG 01/2013.

sábado, 19 de janeiro de 2013

TAXA REAL DE JURO DE MERCADO NEGATIVA PROVOCA CRESCIMENTO?


TAXA REAL DE JURO DE MERCADO NEGATIVA PROVOCA CRESCIMENTO?
PALAVRAS CHAVES: AMBIENTE, SEGURANÇA, CREDIBILIDADE, EXPECTATIVAS, TAXA DE JURO DE MERCADO, NATURAL, BÁSICA, NOMINAL E REAL (EX-ANTE E EX-POST), INFLAÇÃO E CRESCIMENTO.
O estudo dos efeitos das taxas de juros deve considerar: a) a taxa de juro de mercado (sua curva e evolução no tempo), a natural (de equilíbrio ou neutra) e a básica; b) a nominal e a real, para os aplicadores (poupadores) e para tomadores (investidores e consumidores); c) a conjuntura passada, a presente e a prospectiva. A política monetária analisa a taxa de mercado para os aplicadores (poupadores), a ex-ante (livre de IRF e da inflação prevista) e a ex-post (livre de IRF e da inflação ocorrida). Se a taxa real de mercado ex-post for negativa ou significativamente inferior à ex-ante, o risco de retorno do processo inflacionário é considerável, com tendência de caminhar para ESTAGFLAÇÃO.
Sabemos que em um ambiente considerado seguro (instituições e autoridades), com previsibilidade e expectativas positivas, as taxas de juros de mercado serão resultantes da relação, liquidez x expectativas de demanda e de lucros. Com expectativas positivas a taxa de juro de mercado terá tendência de alta em relação a natural (a economia é dinâmica, sempre um processo em movimento, em equilíbrio ou desequilíbrio – ou caminhando para). Sem inflação ascendente, o BC deve facilitar a monetização da economia (reduzindo a taxa básica ou o depósito compulsório). Com expectativa de inflação ascendente o BC deve subir a taxa básica acima da natural. A TAXA BÁSICA DEVE SEMPRE SER FIXADA ANALISANDO-SE A RELAÇÃO TAXA NATURAL (neutra ou de equilíbrio) COM A CONJUNTURA PROSPECTIVA. A taxa neutra de lp é o melhor indicador para servir de base para a fixação da taxa básica: no Brasil o DI 360; nos USA O T-Note de 2 ou de 5 anos, sempre dependendo de uma boa leitura da conjuntura prospectiva.   
Já em um ambiente inseguro (instituições e autoridades), com previsibilidade baixa e expectativas negativas, a demanda, os lucros e as taxas de juros de mercado terão tendência de baixa. Neste caso o BC deverá facilitar a monetização e reduzir a taxa básica, mas não permitindo uma conjuntura com inflação ascendente (saber monitorar). A taxa básica real ex-ante deverá ser positiva. Se a taxa básica real ex-post der negativa, o BC deverá iniciar imediatamente o movimento de alta.
EFEITO EMPOBRECIMENTO - Expectativas negativas, provocadas por desvalorizações de ativos (poupanças, bolsas, imóveis) e por taxas de juros reais negativas, ex-ante ou ex-post  (queda da renda de poupadores, de fundos de pensões), provoca percepção de empobrecimento, insegurança quanto ao futuro e podem induzir a redução da demanda, dos investimentos  e do crescimento  potencial.
TAXA REAL DE JURO DE MERCADO NEGATIVA PROVOCA CRESCIMENTO? NÃO. MAG – 01/2013 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

POLÍTICA MONETÁRIA – EFICÁCIA (INFLAÇÃO E CRESCIMENTO).



MOTIVO: tentar explicar que o crescimento conseguido através de taxa básica expansionista e imprudente não tem sustentação.
1) A experiência demonstrou que a política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas (Anatole Murad desenvolveu um estudo interessante sobre o assunto). A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.  
       2) Uma adequada distribuição de rendas, a existência de fatores de produção (recursos naturais, capital, trabalho, tecnologia), a segurança institucional do capital investido, uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação, vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas, judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem segurança), um sistema financeiro compatível que proporcione segurança para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do consumo e dos investimentos, um sistema previdenciário que estimule a formação de poupanças e que não permita privilégios, contas públicas transparentes com publicações de balancetes mensais analíticos, gastos públicos improdutivos (atividades meio) sejam o menor possível, são fatores importantes e que devem ser analisados.
OBS: este texto foi baseado em material didático de 1967 (A MOEDA, Paul  Hugon).

Em 2012 a teimosia de querer fazer crescimento através de mágica, sem trabalho e esforço, continuou. Com uma conjuntura global favorável ao controle da inflação, juros nominais e reais cadentes, conseguiram fazer o processo inflacionário bater às portas, reprimir a inflação (horrível para a economia), através de retardamento irresponsável de  correções de preços, causando prejuízos enormes às empresas e dificultando (na verdade amedrontando e colocando todos em compasso de espera para ver como é que vai ficar) a execução dos investimentos (planejamentos estratégicos). A taxa de juros de mercado já estava caindo, o que permitia a queda responsável da selic e da inflação (a meta nunca foi tão fácil de ser alcançada). Fizeram tantos artificialismos desnecessários (política monetária, selic, câmbio, política fiscal, BNDES e CEF beirando chave de cadeia), deixando no ar que o tripé (vitorioso e acreditado por todos) iria ser desmontado aos poucos, que conseguiram ser mais desacreditados do que já eram. OS INVESTIMENTOS PARARAM POR MEDO DO GOVERNO FAZENDO TUDO PARA MOSTRAR-SE INCOMPETENTE.    
Não havia necessidade de agredir a política cambial, a monetária (leitura inadequada ou demagógica da conjuntura prospectiva) e de concentrar financiamentos em protegidos. Isto apesar de uma normatização do BC desnecessariamente complexa e cara para ser cumprida pelos bancos (são calhamaços). Inúmeros bancos quebraram (e tardiamente impedidos de operar), um conseguiu vender 50% de seu capital para a CEF mesmo estando totalmente insolvente (de graça seria caro), e está ficando por isto mesmo (teria que dar cadeia).
Esta turma de pensamento mágico acha que apenas monetizando a economia e permitindo uma taxa de juro negativa (livre de IRF e de inflação) conseguirá fazer crescimento sustentado? Não conseguirá. Não conseguiram fazer nem o crescimento demagógico de tão desacreditado que ficaram (e insegurança que passam).  Em 1967 já ensinavam isto nas escolas. Pagamos caro por desacreditar. Agora vamos repetir o mesmo erro? MAG 01/2013. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

CRISE USA (2008) X DESREGULAMENTAÇÃO


CRISE USA (2008) X DESREGULAMENTAÇÃO
Alguns economistas (geralmente contra as ideias liberais e monetaristas) culpam a desregulamentação como a causa principal da crise denominada de subprime. No Brasil chegaram ao absurdo de escrever que os liberais eram contra toda forma de regulamentação. Ignorância ou desonestidade intelectual acadêmica (método utilizado na academia pela esquerda - repetir a mentira.). Os iniciados sabem que o pensamento liberal tem como um dos princípios fundamentais a existência de normas para estabelecer as regras do jogo (mercado) e limitar o poder discricionário das autoridades e dos mais fortes. O poder deve ser da norma e não da autoridade. Os liberais são contra os excessos de normas (as que criam dificuldades para oportunizar a venda de facilidades), as que burocratizam e dificultam a vida das pessoas e das empresas. Os ultrapassados nacional-desenvolvimentistas (keynesianos e viúvas do socialismo derrotado, da queda do muro) abraçaram a argumentação de que os neoliberais foram os culpados pela crise com a eliminação de regulamentos. As atividades privilegiadas com CONCESSÕES, AUTORIZAÇÕES ou PERMISSÕES, são regulamentadas na origem (o privilégio exige um regulamento). No Brasil nunca explicaram que parte do regulamento eliminado causou a crise (apenas repetiam, semelhante a papagaios, a ignorância). Nos USA, onde os leitores são mais informados e racionais, colocaram a culpa na desregulamentação do sistema bancário que culminou com o fim da Glass –Steagall em 1999 (de fato foi uma adequação e modernização das normas).  A crítica principal foi sobre a permissão dos bancos poderem revender seus empréstimos. É bom esclarecer que os liberais e os monetaristas não são e nunca foram contra normas prudenciais (estabelecimento de limites de risco), controladorias e auditorias (muito pelo contrário). O argumento de que a autorização para os bancos poderem revender seus títulos foi a causa principal da crise é tão errado quanto a ignorância de escrever que os liberais são contra todas as normas (chega a ser infantil). Grandes empresas não financeiras, triplo A, também faliram (ENRON, etc.). No Brasil onde escrevem que as regulamentações são boas, inúmeros bancos quebraram. Chegamos ao ponto do governo ter que capitalizar o BB e a CEF para que não quebrassem. A CEF comprou 50% do Pan-Americano quando o mesmo já estava falido e insolvente (de graça seria caro). Quer dizer que as auditorias internas, as externas e os órgãos de fiscalização do governo, todos falharam (intencional ou não).  A permissão do governo (USA) para que os bancos pudessem revender seus títulos foi apenas uma ampliação da forma de operar, semelhante a uma captação. Prorrogou e deu um tempo para que a crise fosse solucionada (foi agravada).
A CAUSA PRIMEIRA E VERDADEIRA DA CRISE: irresponsabilidade, barbeiragem, excessos e afrouxamentos quantitativos, ou que nome queiram dar a erros na política monetária. Vejamos: em ago/2000 a taxa básica americana chegou a 6,5% (o T- note de 5 anos atingiu 6,06%). Em jan./2002 a básica foi para 1,73% (o T-Note 5 anos 4,34%); em jun./2004 a básica estava em 1,03% e o T-Note em 3,93%.
Os preços dos imóveis subiam e eram garantias hipotecárias reais consideradas seguras (uma tradição americana). Juros baixos fizeram a bolha dos ativos que não moeda (os preços dos imóveis subiram formando a bolha). Entre 2006 e 2007 a básica foi elevada inicialmente para mais de 4%, chegando a 5,26%. A bolha dos imóveis começou a furar. Os bancos tentaram passar o mico das hipotecas para frente (para os mais gananciosos, sempre foi assim). A crise de solvência virou de liquidez.  A quebra do LB (banco) globalizou a crise.

 O BRASIL: “Por isso não dá para por abaixo de uma vez o tripé que reelegeu Lula com facilidade.” “Mas aos poucos a turma desenvolvimentista que é maioria no governo irá limitando o superávit primário, impedindo a redução da meta de inflação (de fato flexibilizando para o teto máximo) e acabando com o câmbio flutuante.  O IOF sobre entradas de capital é um início, a construção de um sistema de metas mais flexíveis é a tarefa a que se propõem com urgência.” De um economista que se diz neokeynesiano em 04/2008 (Valor). Conseguiram fazer inflação e reduzir o crescimento (2011 e 2012).
Keynes era a favor do câmbio flutuante e contra a inflação (esta turma que se diz neo-keynesiana não sabe disto): “Não existe meio mais sutil e mais seguro de subverter a base existente da sociedade do que pela desmoralização da moeda.” "Os regimes autoritários contemporâneos parecem resolver o problema do emprego à custa da eficiência e da liberdade." J. M. KEYNES.
No endereço a seguir conseguirá a tabela  dos Fed Funds (básica americana) em comparação com os T-Note de 5 anos, entre 2000 e 2008: http://www.magconsultoria.uaivip.com.br/artigos.htm 15) A CRISE AMERICANA - CORRELAÇÃO COM A POLÍTICA MONETÁRIA.  MAG 01/2013.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

PIB, PNB, GASTOS PÚBLICOS (G), DÍVIDA PÚBLICA E QUANTIDADE MOEDA (M).


PIB, PNB, GASTOS PÚBLICOS (G), DÍVIDA PÚBLICA E QUANTIDADE MOEDA (M).

Considerando um acréscimo G1 no PIB, teremos: PIB = C + I + G + G1 + E - M, onde G1 pode ser destinado a:
a) despesas de custeio ou investimentos com emissão de moeda;
b) despesas de custeio ou investimentos com emissão de títulos públicos;
c) investimentos com emissão de títulos públicos;
d) investimentos com emissão de moedas.
Os reflexos na economia serão diferentes em cada caso, inclusive condicionados à existência ou não de capacidade instalada ociosa, fatores de produção não utilizados ou evolução tecnológica que permita ganhos de produtividade. 
A boa ou má QUALIDADE do GASTO PÚBLICO - G -  (necessários, desnecessários, produtivos, improdutivos, meio ou fim, benéficos, maléficos, honestos ou desonestos), é fator condicionante do crescimento e do desenvolvimento econômico e social (qualidade de vida). Neste sentido podemos afirmar que o subdesenvolvimento (a pobreza) é consequência da má qualidade da gestão dos gastos públicos.
Se o G1 for financiado através da venda de títulos públicos, i poderá subir. É o governo aumentando os seus gastos, mas retirando poder de compra do setor privado.
Se G1 for financiado através de emissão de moeda teremos aumento de M que deverá ter por limite o potencial de crescimento da economia (se ultrapassar provocará inflação).
Se o crescimento da quantidade de moeda for superior ao potencial de crescimento da economia o BC se verá obrigado a subir a taxa básica de juros (ou aumentar o depósito compulsório ou outra medida que reduza M). A experiência dos últimos anos tem demonstrado que o adequado controle da taxa básica é a medida mais eficaz e com menores efeitos colaterais.  

Se a poupança interna for insuficiente para financiar o crescimento necessário, a solução será a importação de recursos externos. Claro que estas poupanças externas devem ser direcionadas a importações de maquinários, tecnologias, partes complementares à produção e matérias primas. É o caso do PNB = PIB + recebimentos – remessas de valores.

EM RESUMO: IMPORTAR É NECESSÁRIO AO CRESCIMENTO SUSTENTADO, À CONCORRÊNCIA (QUE FORÇA A LUTA POR GANHOS CONTÍNUOS DE PRODUTIVIDADE NA LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA). Uma economia fechada à concorrência externa (protecionismo, artificialismos) está condenada a ser eternamente ineficiente em relação ao mundo cada vez mais globalizado. É a opção pela pobreza.  
MAG - 01/2013.



sábado, 5 de janeiro de 2013

FIZERAM TANTO QUE CONSEGUIRAM


FIZERAM TANTO QUE CONSEGUIRAM

Pois é fizeram tanto que desta vez conseguiram uma conjuntura sem crescimento e com inflação (muito pior do que inflação com crescimento). Pior ainda é que privilegiaram os protegidos do poder com financiamentos e participação societária perto de irrecuperáveis (BNDES, Marfrig; JBS, etc., CEF escândalo do Pan-Americano). O BB foi manchado com o mensalão (até diretor foi condenado com cadeia). Abandonaram o tripé, perderam credibilidade, amedrontaram o mercado, deixaram de influenciar as expectativas, isto em época de crise. Agora desavergonhadamente falam que não abandonaram o tripé. A imprensa é testemunha escrita e televisada através de declarações contra o câmbio flutuante. Desvalorizaram nossa moeda retirando poder de compra (qualidade de vida e modernizações tecnológicas produtivas, investimentos) de todos, para beneficiar lucros de minorias privilegiadas (com grande parte dos acionistas estrangeiros) sob o falso argumento de proteger nosso parque industrial. Protecionismo, seja ele qual for, retira a necessidade das empresas lutarem pela sobrevivência (para que? São protegidas.), aloca recursos em atividades onde não somos e não seremos competitivos, retirando das onde somos. Represaram preços retornando o país para o absurdo da política de inflação reprimida.
Este é o motivo da indignação da conceituada revista The Economist, corretamente, ter sugerido a substituição da equipe econômica. Se o ministro da economia escolhido pelo PT fosse o Meirelles a economia estaria muito melhor (preteriram o melhor pela turma do pensamento mágico).
A Selic não caiu por méritos deste governo, mas por demérito. As taxas de juros de mercado caíram por expectativas negativas (insegurança, queda de previsibilidade), insegurança do capital investido (executivo passa insegurança), queda da previsibilidade de lucros. A taxa selic apenas acompanhou a queda dos juros de mercado. Uma novidade foi a taxa ex-post de juro de mercado (negativa, quando deduzida de IRF e da inflação) ter caído abaixo da taxa natural de juro (isto é prova de política econômica errada ou governo ruim). A taxa ex-post real está vindo abaixo da ex-ante real prevista.   
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

A INFLAÇÃO DO DIA A DIA EM BH EM 2012 – IPEAD – UFMG
A inflação que de fato influencia a vida da classe média:
FEIJÃO 32,52%; ARROZ 30,25%; BATATA INGLESA 71,48%; PÃO FRANCÊS 14,71%; REFRIGERANTE EM SUPERMERCADO 9,23%; EMPREGADA DOMÉSTICA 14,13%; ÔNIBUS URBANO 7,64%; CONDOMÍNIO 8,06%.
MAG 01/2013 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

INTERVENCIONISMO E POPULISMO = PERDA DE CREDIBILIDADE, DE INVESTIMENTOS E DE PIB..


FLUXO CAMBIAL E INTERVENÇÕES DO BC (desvalorização artificial do Real).
DATAS
1
SALDO
BAL.
COM.
2
SALDOS DO FLUXO CAMBIAL E INTERVENÇÕES BC DIFER.
5 - 9
RESERVAS POSIÇÃO
CÂMBIO
BANCOS
Compr. ou
Vendida
VAR.
CAMB.
%
US$
COM.
3
FINANC.
4
COM+FIN
5
INTERVENÇÕES DO BC
PRONTO
6
TERMO
7
OUTROS
8
TOTAL
9
US$ VAR.
Jan./12
-1291 381 6902 7283 x x x
x
7283 355075 3063 C5249 -7,287
Fev.
1715 3520 2185 5705 842 x 413 1255 4450 356330 1255 C10219 -1,72
Mar.
2019 6032 -291 5740 3024 7005 -1143 8886 -3146 365216 8886 C5794 6,61
Abr.
881 7527 -939 6588 7223 x 1834 9057 -2469 374325 9110 C5999 3,825
Mai.
2953 3636 -6327 -2691 63 x -1927 -1864 -827 372409 -1834 C2686 6,898
Jun. 807 -962 1280 318 x x 1501 1501 -1183 373910 1501 CC2287 -0,05
Jul. 2879 -400 1341 942 x x 2244 2244 -1302 376154 2244 C2679 1,41
Ago. 3893 -674 -222 -896 x x 1068 1068 -1964 377221 1068 C1881 -0,619
Set. 2577 -1739 1205 -534 x x 1504 1504 -2038 378726 1504 C897 -0,325
Out. 1662 -2285 -1537 -3823 x x -973 -973 -2850 377753 -973 V3658 0,034
Nov. -186 -2386 7262 4876 x x 807 807 4069 378560 807 C914 3,7463
Dez./12 2250 -4276 -23479 -6755 x x -5454 -5454 -1302 373191 -126 V6069 -3,03
2012
19438 8373 8380 16753 11152 7005 -126 18031 -1279 373191 21179 V6069 8,94
Obs: Intervenções do BC positivas = semelhante a compra de moeda pelo BC, negativas vendas.
DIFER. 5 - 9 = positivo mais dólar no mercado, negativo menos.
Pelo quadro acima podemos ver que as atuações inadequadas do BC (março e abril) e as declarações do MF deixando transparecer que o câmbio flutuante seria substituído pelo administrado, onde toda sorte de incompetências, demagogias e desvios podem acontecer (fazem parte de nossa história), conseguiu amedrontar o mercado e passar insegurança (isto desvaloriza artificialmente a moeda pátria). A leitura do cenário foi errada ou cederam ao lobby dos exportadores. Conseguiram tudo que é errado. Em maio mudaram de lado e cederam ao mercado US$1,864 bi., (felizmente reconheceram o erro.).  Em junho, julho e agosto voltaram a comprar dólares (coluna Outros). Estão mantendo artificialmente o Real abaixo de seu valor de mercado, retirando poder de compra de todos para beneficiar minorias (garantindo lucros de exportadores que não precisam de proteção e protegendo segmentos industriais que só se modernizarão sofrendo concorrência.). Com proteção nunca serão competitivos. Para que? Investimentos acontecem onde existem segurança e previsibilidade das regras do jogo. Câmbio desvalorizado artificialmente tira poder de compra e reduz PIB (é o inverso do que falam.). 
FIZERAM TANTOS ARTIFICIALISMOS QUE CONSEGUIRAM O QUE QUERIAM: AMEDRONTARAM O CAPITAL (externo e interno), EM ÉPOCA DE CRISE MUNDIAL (são de fato a turma do pensamento mágico). OS INVESTIDORES JÁ ASSUMEM OS RISCOS DO MERCADO. Tem lógica, pois são todos em busca de mercado, de lucro e de preservação do capital, existe racionalidade nas análises, a previsibilidade é possível. Tentar prever o que autoridades governamentais intervencionistas e populistas farão entra no rol de risco imprevisível (são cabeças com pensamento mágico, não aceitam e fogem da racionalidade.). Os investimentos entram em regime de espera.  O câmbio que lutavam para que não valorizasse, agora lutam para que não desvalorize.  AMEDRONTARAM E AFASTARAM O CAPITAL.     
CUSTO DA POUPANÇA  EXTERNA
2010
2011
11/2012
  1 - Juros
- 9682
- 9719
- 9642
  2 - Divid. e Lucros
- 30375
- 38166
-19729
  3 - Aluguel Equipamentos
- 13752
- 16669
-16895
  4 – TOTAL DO CUSTO
- 53809
- 64554
- 46266
  5 – CONTA CAPITAL E FINANC.
100102
111868
69038
  6 – DÍVIDA EXTERNA
350000
402000
435000
  7 - RESERVAS
288575
352073
378560
  8 – DÍVIDA LÍQUIDA
61425
49927
56440
  9 – SALDO TRANS. CORRENTES
- 47518
- 52612
- 45819
 OS INVESTIMENTOS PRODUTIVOS SÃO QUASE SEMPRE FEITOS À BASE DE 30% DE CAPITAL PRÓPRIO E 70% DE TERCEIROS. COMO AS TAXAS DE JUROS DE CURTO PRAZO ESTAVAM (e ainda estão) MUITO BAIXAS, A LIQUIDEZ INTERNACIONAL ALTA, ERA FÁCIL FINANCIAR-SE NO MERCADO E TOCAR OS PROJETOS. REPENTINAMENTE O GOVERNO MUDA AS REGRAS DO JOGO E FIXA UM IOF DE 6% PARA OS EMPRÉSTIMOS DE ATÉ 2 ANOS. OS INVESTIDORES VIRAM-SE OBRIGADOS A MUDAR A ESTRATÉGIA DE FINANCIAMENTOS. SE OPTASSEM PELAS TAXAS BAIXAS DE CP SERIAM PUNIDOS COM  6% DE IOF.  AS TAXAS ACIMA DE DOIS ANOS ERAM MAIORES E MAIOS DIFÍCEIS DE CONTRATAR. ALÉM DA MUDANÇA NA REGRA DO JOGO FORAM PUNIDOS COM A DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL ARTIFICIAL.