sábado, 29 de fevereiro de 2020

CRESCIMENTO ECONÔMICO: RELAÇÕES COM CONSUMO, INVESTIMENTO, RENDA E JUROS.



CRESCIMENTO ECONÔMICO: RELAÇÕES COM CONSUMO, INVESTIMENTO, RENDA E JUROS.

Já é sabido que não há taxa de juros, mesmo que negativa (+ i - % inflação = - i), capaz de fazer crescimento sustentado e reanimar uma economia. A taxa de juro é apenas uma variável das mais importantes, necessária, mas não o suficiente. Existe a inércia inflacionária (conhecida pelos brasileiros) e a de preços (tipo uma inflação retardada, diferente da reprimida). A inflação afeta o câmbio antes de afetar os preços internos (inflação e câmbio são efeitos, são gêmeos, um afeta o outro). Não existe inflação que perdure sem expansão monetária e demanda que a sustente. 

EXPANSÃO MONETÁRIA: nos países que não emitem moeda conversível (reserva) a expansão monetária acima do PIB potencial é causa de inflação. Nunca aconteceu um processo inflacionário sem expansão monetária e demanda que o sustentasse. A expansão monetária é causa de inflação dependendo de cada país (e da conjuntura dos mesmos). O que aprendemos de novo é que a expansão monetária sozinha não provoca crescimento nem inflação em país que emite moeda reserva mundial (basta que a aceitação da moeda se expanda para outros países).

POLÍTICA MONETÁRIA E CRESCIMENTO SUSTENTADO:

A experiência demonstrou que a política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas. A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.  

COMENTÁRIO SOBRE CRESCIMENTO ECONÔMICO:

Uma adequada Distribuição de Rendas, a existência de Fatores de Produção (recursos naturais, capital, trabalho, tecnologia), a Segurança Institucional do capital investido, uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação, vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas, judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem segurança), um Sistema Financeiro compatível que proporcione Segurança para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do Consumo e dos Investimentos, um sistema previdenciário que estimule a formação de poupanças e que não permita privilégios, contas públicas transparentes com publicações de balancetes mensais analíticos, gastos públicos improdutivos (atividades meio) sejam o menor possível, são fatores importantes e que devem ser analisados.

CRESCIMENTO ECONÔMICO CAUSAS:

 a) existindo capacidade instalada ociosa, estoques, fatores de produção não utilizados ou evolução tecnológica que permita aumento de produção (produtividade), o aumento da liquidez pode provocar aumento do PIB sem ocorrer inflação. Os monetaristas (e liberais) aconselham que a moeda deve ter um crescimento conhecido e ter por limite de crescimento o PIB POTENCIAL conhecido;

b) a melhoria da Distribuição da Renda aumenta o Consumo (nível de atividades) e motiva investimentos, mas pode causar inflação se não ocorrer aumento de produção (ou de importação);

c) taxas de juros de mercado menor que a natural, ou taxa básica menor do que a de equilíbrio ou neutra eleva a demanda sem causar inflação se existir capacidade de produção não utilizada (fatores de produção livres);

d) emissão de moedas para fazer face a gastos produtivos e necessários, aumenta a capacidade de produção;

e) entrada de divisas estrangeiras com conversão para moeda local aumenta a liquidez (pode causar inflação);

f) aumento da procura global com aumento da oferta global;

g) aumento de exportações;  

h) FATORES DE PRODUÇÃO (pleno emprego) - Não existindo pleno emprego dos fatores de produção (trabalho, capital, recursos naturais, tecnologia), o aumento dos GASTOS DO GOVERNO (G) e dos Meios de Pagamentos, direcionados a Investimentos eficazes e de maturação de médio prazo, podem ser uma medida benéfica e de estímulo à economia (estimula a procura global, os investimentos e a produção).

i) EFEITO ENRIQUECIMENTO - Expectativas positivas e segurança quanto ao futuro podem aumentar o consumo e investimentos (pode provocar aumentos de preços caso inexista aumento de produção). A percepção de aumento de renda pessoal, provocada por valorizações de ativos, etc., provoca sensação de segurança e aumento de consumo;

j) EFEITO EMPOBRECIMENTO - Expectativas negativas, provocadas por desvalorizações de ativos (poupanças, bolsas, imóveis, etc., provoca percepção de empobrecimento), e por taxas de juros reais negativas (queda da renda de poupadores, de fundos de pensões, etc.), provocam insegurança quanto ao futuro e podem induzir a redução de consumo, de investimentos e queda de preços (paradoxo);

k) DESARMONIA ENTRE AS POLÍTICAS FISCAL E MONETÁRIA (incluso a cambial) - Déficits públicos acima do aceitável (política fiscal) puxam as taxas de juros de mercado para cima e exigem maior taxa básica por parte da política monetária (um puxa para um lado, o outro, para outro), influenciando negativamente as expectativas;

l) INSEGURANÇA NA MOEDA PÁTRIA: a perda de segurança no poder de compra da moeda (juros negativos provocam perdas nas poupanças e nos fundos para garantir aposentadorias e renda mensal) provoca redução de consumo para aplicações em outros ativos (que não a moeda pátria mais juros), podendo provocar bolhas nos preços de outros ativos. O furo da bolha provoca crise e perdas. A redução do consumo reduz a pressão inflacionária (paradoxo). Não tem sustentação a LP e provoca crise cambial e desvalorização da moeda pátria e inflação a seguir (no segundo momento);

m) gastos improdutivos (necessários e desnecessários) em percentual alto em relação à receita ou aos gastos produtivos necessários reduz o PIB. O inverso é verdadeiro.

CONSUMO: RELAÇÕES COM RENDA, JUROS E INFLAÇÃO. 04/2012

1) KEYNES: para Keynes o consumo subiria de acordo com a renda. Maior a renda maior o consumo total, mas menor em relação à renda.

2) IRVING FISHER: para Fisher o consumo dependia da expectativa de renda e de vida.

3) MILTON FRIEDMAN: para Friedman o consumo dependia da renda permanente (a renda que os agentes têm segurança de que receberão).

4) MODIGLIANI: para Modigliani o consumo é função da riqueza e da renda em relação à expectativa de vida.

5) MELHORIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: a melhoria na distribuição de renda (redução da concentração da renda) aumenta o consumo no curto e no médio prazo (ou enquanto houver espaço para ela ocorrer). O aumento do consumo induz o aumento dos investimentos (é o crescimento da renda total = PIB).

6) O CONSUMO, A TAXA BÁSICA DE JURO, A LIQUIDEZ (QUANTIDADE DE MOEDA) E A INFLAÇÃO: os monetaristas defendem o princípio de que o aumento da liquidez (moeda) em proporção maior do que o crescimento potencial do PIB provoca um aumento da demanda (C + I) no CP, das expectativas de inflação e da inflação no médio ou longo prazo. Recomendam que a liquidez tenha um aumento constante, não superior à capacidade de crescimento do PIB (PIB potencial). Desaconselham altos e baixos no crescimento da moeda, pois isto traz insegurança aos agentes e reduz a previsibilidade e os investimentos. A taxa básica é a ferramenta mais eficaz dos BCs na redução do excesso de liquidez (moeda) do mercado, por consequência reduz também as expectativas de inflação (no processo a taxa básica será reduzida no segundo momento). Uma taxa básica abaixo da adequada permitirá um aumento das expectativas de inflação e necessidade de uma taxa maior no futuro para combater os aumentos dos preços. Se a autoridade monetária deixar que a liquidez aumente seguidamente em relação ao PIB potencial o processo inflacionário instala-se.

7) CRISES: em um processo de aumento de liquidez agravado com taxa de juro real ex-post negativa (a taxa real ex-post fica menor do que a ex-ante, a inflação projetada fica sempre menor do que a ocorrida), instala-se o processo inflacionário e a fuga da moeda mais juros para ativos que não moeda (imóveis, moedas estrangeiras, ações, ouro, etc.). Esta conjuntura artificial (aumento desproporcional de liquidez e juros negativos) caminha para o processo de insegurança e furo da bolha dos preços dos ativos que não moeda, trazendo redução da Previsibilidade para o mercado, instalando-se um cenário que começa com a Desaceleração do Crescimento do PIB provocada pela redução da riqueza (desvalorizações de ativos), passando para a recessão, podendo chegar à depressão se não combatido adequadamente. O combate à crise que se instala resume-se em impedir a quebra dos bancos, a redução da liquidez (não confundir com aumentos excessivos), complementada por política fiscal (aumento de gastos públicos não constantes e melhoria de distribuição de renda). MAG 04/2012.

O RISCO DA EXAUSTÃO TECNOLÓGICA (depreciações aceleradas, perda de capacidade de concorrência da produção): o hiato do produto (diferença positiva entre PIB potencial e o efetivo) = capacidade de produção instalada não utilizada, e a capacidade de produção podem perder as condições de concorrer se acontecer uma modernização acentuada de software, hardware ou de sistema de produção. Exemplos: os teares antigos exigiam 1 funcionário por tear para funcionar, os modernos exigiam 1 para controlar 50 teares. Os motores (e outros componentes) a diesel tinham que ser revisados a cada 150.000 km, os modernos passaram a durar 1 milhão de km. Na área de informática as inovações destrutivas ocorrem a cada dois anos. Isto significa que uma crise que dure alguns anos torna a capacidade de produção da economia sem condições de concorrer.

A DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL: outro fator positivo por um lado e negativo por outro é a desvalorização cambial. Por um lado, reduz o preço em dólar da produção interna exportável e sobe o das importações.  As commodities exportáveis prefixadas em dólar apenas aumentam os lucros dos produtores internos (e pressionam os preços internos), já as importadas aumentam os preços internos em real. A desvalorização cambial sobe os preços de importações de fatores de produção (maquinários, software, sistemas e partes reexportáveis). Pode fazer a indústria nacional perder capacidade concorrência.    

A MÁGICA DO CRESCIMENTO SUSTENTADO: taxa básica adequada, câmbio flutuante, gastos improdutivos pequenos em relação aos produtivos, regulamentação que não iniba o ambiente de negócios (que facilite e motive), um sistema financeiro sólido e seguro, linhas de financiamento de LP, facilidade de importações de tecnologias e de fatores de produção (maquinários, sistemas e partes para reexportar). 
FORMAÇÃO DE EXPECTATIVAS POSITIVAS: instituições políticas (legislativo e executivo) que passem segurança e previsibilidade, Banco Central e Ministério da Economia e Planejamento que passem segurança e previsibilidade, mídia propositiva positiva (a mídia negativa dificulta a formação de expectativas positivas). Segurança cambial para investidores externos. O medo de perda cambial afasta investimentos. Tributação adequada a concorrer com principais concorrentes externos na captação de investimentos. 29/02/2020.  




quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

SOCIALISMO DEMOCRÁTICO EXISTE? A UTOPIA QUE CUSTOU VIDAS E SOFRIMENTOS.


SOCIALISMO DEMOCRÁTICO EXISTE?
A UTOPIA QUE CUSTOU VIDAS E SOFRIMENTOS.

Carl Marx denominou sua teoria de Socialismo Científico e os outros autores de sua época de Socialistas Utópicos.
Para ele a evolução da sociedade ocorreria como a seguir:

     a)    o COMUNISMO PRIMITIVO inicial das tribos (propriedade comum) evoluiu para o FEUDALISMO (direito de propriedade, do lucro e proteção de profissões);

     b)    o feudalismo evoluiu para o CAPITALISMO (economia de mercado com concorrência). O capitalismo levaria à uma bem-sucedida evolução do Proletariado;

     c)    o Proletariado iria impor o SOCIALISMOE o COMUNISMO seria a evolução do final do SOCIALISMO, uma utopia, onde a propriedade voltaria a ser comum e a democracia adotada, abandonando-se a ditadura política do socialismo.

SOCIALISMO significa economia de planejamento centralizado, poucas pessoas no comando (a elite burocrática). Como o planejamento centralizado é feito por poucas pessoas adotaram a ditadura (comando de poucos) e partido único, o que inviabiliza a democracia (a adoção do termo socialismo democrático é demagogia política, engana eleitores). Proíbem a propriedade privada, o lucro, a herança, controlam a produção, tabelam preços, controlam a mídia e informações (a imprensa é do governo) e até o direito de ir e vir.
É o inverso do LIBERALISMO, economia de mercado, produção, preços, mídia e direito de ir e vir livres. A propriedade privada é permitida. A iniciativa privada opera e os governos legislam, tributam e julgam (3 poderes independentes = democracia). O fundamento do pensamento liberal é: se funciona sem norma / regulamento, não normatize / regulamente, o poder é da lei e não da autoridade (as leis devem limitar o poder discricionário das autoridades), as normas/regulamentos devem proteger a concorrência (sem concorrência não existe liberalismo). É a concorrência e a busca do lucro que estimula a luta pela sobrevivência, a melhoria contínua, os ganhos de produtividade e as inovações. Foi isto que derrotou o socialismo: a comparação do enriquecimento das economias de mercado (capitalismo liberal) com o empobrecimento das economias de planejamento centralizado (capitalismo de estado, socialismo).  
Como terminou? Em milhões de mortes e pobreza generalizada das nações que adotaram o sistema socialista. A máxima, maior o poder maior a corrupção, aconteceu em todas as nações que adotaram o Socialismo.

Nikita Krushev antecipou o fim do Socialismo com a famosa frase: que sistema bom é este que temos que construir muros para que não fujam. Se fosse bom estaríamos construindo muros para que não entrassem.  Gorbachev e Yeltsin redemocratizaram a Rússia (acabaram com a URSS), eliminaram o totalitarismo e o sofrimento do povo. 

SOCIALISMO E SOCIAL DEMOCRACIA (o uso político e demagógico dos termos).

A utilização política eleitoral (indevida, demagógica ou ignorante) dos nomes:

    a)    SOCIAL DEMOCRACIA, de fato é economia de mercado, liberalismo econômico. Foi utilizado politicamente na Europa (substituindo o nome liberal) para combater o SOCIALISMO (na época em que a esquerda ameaçava ganhar eleições);

    b)    SOCIALISMO: com a queda do muro de Berlim, a dissolução da URSS, a Europa oriental abandonando o socialismo e as nações que ainda teimam em manter ou adotar o socialismo (Venezuela, Cuba, Coreia do Norte) empobrecerem (perderem PIB e a maioria do povo viver na pobreza), começam a inventar termos demagógicos para enganar os eleitores menos informados, como SOCIALISMO DEMOCRÁTICO (isto não existe, pois é contra os fundamentos da ideologia socialista). Bernie Sanders, candidato a candidato a presidente dos USA pelo PD, definia-se como SOCIALISTA, agora demagogicamente define-se como socialista democrata (é o que dizem). Não sabe a definição correta do termo socialista (ignorância) ou é demagogia eleitoral? Se ganhar o que vais prevalecer? A definição correta de socialismo ou a demagógica (que ninguém sabe o que é)? E analistas políticos (e alguns econômicos) aceitam e incorrem no mesmo erro. Um economista ganhador do prêmio Nobel passando por cima da declaração de Bernie Sanders afirma que o mesmo não socialista e sim social democrata. Então Sanders é ignorante ou demagogo?        

Adequação de texto de 2012. 20/02/2020.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

A DEMAGOGIA DO LOBBY DO CÂMBIO. 30/08/2012 e 17/02/2020.


A DEMAGOGIA DO LOBBY DO CÂMBIO. 30/08/2012 e 17/02/2020.

30/08/2012. COMENTÁRIOS QUE RECEBI DE UM EXCELENTE JORNALISTA DE ECONOMIA E FINANÇAS:
O câmbio alto e o juro baixo são uma política de Estado agora!
O governo vai defender isso de todas as formas, não importando as distorções que venha causar.
Acho ruim, pois o governo faz uma tremenda transferência de renda da população para o setor industrial, que nem sempre responde de forma “justa” a essas benesses do governo.

PAULO BUTORI – presidente do SINDIPEÇAS (Valor de 28/08/12).
Para recuperar a competitividade perdida, a indústria necessita de uma cotação de pelo menos R$2,60 por dólar.

COMENTO:
     1)    e a perda de poder de compra da moeda brasileira (perda de poder de compra de todos, pessoas e empresas)? Perda de poder de compra = redução do tamanho do mercado = redução do PIB.
     2)    e o aumento da inflação?
     3)    e o aumento da dívida das empresas que devem em dólar?
     4)    e o aumento do custo da produção?
     5)    e o aumento do custo dos aluguéis e das compras de equipamentos, de tecnologias e de inovações?  
     6)    e o custo para sustentar uma cotação artificial do câmbio?
30/08/2012

17/02/2020. A DIFERENÇA.
Em 2012 existia uma inflação com tendência ascendente e risco cambial maior.
Hoje o risco cambial é pequeno e a inflação na meta e pouco risco de ficar ascendente com controle difícil. Mas o BC não deve correr riscos de perda cambial (swaps ou vendas de dólares à vista) para evitar tendência de desvalorização (remar contra a maré).

DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL, FLUXO, SWAPS E VENDA DE DÓLAR.
a)    Quando a desvalorização cambial ocorre com Fluxo Cambial Financeiro negativo (ou positivo) e total positivo, o BC pode utilizar swaps cambiais (e utiliza corretamente, mas tem limites), se o sistema bancário não conseguir atender o mercado;

b)    Quando a desvalorização ocorre com Fluxo Cambial Total negativo (a pressão é no câmbio à vista) o BC deve oferecer moeda e swaps se o sistema bancário não conseguir atender.

Como combater se o processo inflacionário voltar a se instalar e ficar ascendente? O menor custo é a taxa básica adequada (nunca negativa).
Taxa básica negativa é fábrica de bolhas (e elas sempre furam e criam crises), desarmoniza a formação de poupanças pela população. Cria uma sensação de perda e risco muito alto com suas poupanças, acontecendo também insegurança com a redução de renda de suas poupanças e isto afeta a demanda (e atividades). E é sabido que valorização ou desvalorização artificial de câmbio tem tempo de duração e perdas às vezes irreparáveis (nosso passado é repleto de exemplos).  17/02/2020.

 A RENDA NACIONAL, OS GASTOS IMPRODUTIVOS E O CRESCIMENTO.
10/08/2019.

PNB (produto nacional bruto) = RNB (renda nacional bruta).
RNB = RT + L + J + A; onde RT = renda do trabalho assalariado da iniciativa privada e do governo, autônomo e outros; l = lucros; J = juros; A aluguéis.
Existe uma relação entre a RNB e o PNB (são iguais). Se a renda não sobe o PNB também não sobe. A demanda é efeito da renda das famílias (renda do trabalho, juros, lucros e aluguéis).  Existe também uma relação entre gastos produtivos e improdutivos. Não se inclui no cálculo do PNB: serviços domésticos da dona de casa, pagamentos de renda que não resultem de atividades produtivas (aposentadorias, juros da dívida pública) e atividades ilegais (não socialmente úteis, como contrabando, etc.).
Como a renda do trabalho das atividades privadas sobe pouco o efeito sobre as atividades é também pequeno. Apenas a renda dos trabalhadores dos governos subiu acima da inflação (a renda é alta, mas são poucos em relação à população). Sem renda sem demanda (sem consumo). Sem demanda, lucros baixos. Com pouca atividade a demanda por empréstimos e financiamentos também é baixa, tendo como efeito juros nominais de mercado baixos (reduz renda das famílias que têm aplicações pequenas). A renda baixa das poupanças das famílias traz insegurança quanto ao futuro e reduz demanda (em um segundo momento a demanda por ativos que não moeda subirá).
Como subir a renda das famílias? Com empregos. Como subir empregos? Com investimentos produtivos por parte do governo. Mesmo produzindo déficits? Para dar um impulso inicial sim, mas com responsabilidade. 
REDUZIR GASTOS IMPRODUTIVOS DOS GOVERNOS. 10/08/2019

  

  

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

GASTOS PÚBLICOS, CONCEITOS E RELAÇÕES COM PIB, RECEITA E DÍVIDA PÚBLICAS.


GASTOS PÚBLICOS, CONCEITOS E RELAÇÕES COM PIB, RECEITA E DÍVIDA PÚBLICAS.

Os gastos públicos podem ser definidos em:

     a)       PRODUTIVOS NECESSÁRIOS, materiais (uma estrada, ponte, etc.), imateriais, professores em sala de aula (produzem saber), médicos e enfermeiras (produzem saúde e capacidade de trabalho). Normalmente as atividades fins;

     b)      PRODUTIVOS DESNECESSÁRIOS, estrada ou ponte desnecessária no momento, excessos e trabalhos produtivos, mas desnecessários, ou não utilizados;

     c)     IMPRODUTIVOS NECESSÁRIOS, PESSOAL DA RF, FORÇAS ARMADAS, atividades meio em geral;

     d)      IMPRODUTIVOS DESNECESSÁRIOS, excesso de pessoal, burocracia que cria dificuldades às atividades produtivas ou para vender facilidades.

Existem relações que devem ser estudadas e analisadas com profundidade:
 a)       percentual da receita e da dívida pública em relação ao PIB;
  b)      percentual dos GASTOS IMPRODUTIVOS NECESSÁRIOS (atividades meio) em relação aos TOTAIS e aos PRODUTIVOS NECESSÁRIOS (atividades fim). As atividades meio têm que ser muito menor em relação às atividades fins, caso contrário DEVEM SER ELIMINADAS por serem desnecessárias.

Se a receita e a dívida pública forem em um percentual baixo em relação ao PIB (receita 20%; dívida 40%), que podem ser aumentadas sem reação negativa da sociedade, os GASTOS PÚBLICOS PRODUTIVOS podem ser feitos com aumento da dívida (em moeda pátria) ou emissão (déficit nominal negativo. Saldo negativo do TN). Se existir capacidade instalada de fatores de produção não utilizada (permite que o aumento da demanda seja atendido pela capacidade da oferta já instalada) não acontecerá pressão inflacionária. Se ocorrer poderá ser combatida com taxa básica de juros adequada. Atenção deve ser dada à taxa de câmbio (que deve ser flutuante).

Se a receita e a dívida pública estiverem em percentual alto, receita 40%; dívida em percentual considerado como risco elevado por financiadores (e as taxas de juros subirem acima da de equilíbrio), o governo deve praticar uma política de eliminação dos GASTOS IMPRODUTIVOS DESNECESSÁRIOS e dos PRIVILÉGIOS E SUBSÍDIOS se existirem. Normalmente existem nas aposentadorias e no funcionalismo público. Os subsídios são privilégios de setores com forte poder de pressão. Manter PRIVILÉGIOS E GASTOS IMPRODUTIVOS DESNECESSÁRIOS é política de pobreza.   


CAUSAS DE INFLAÇÃO:

a)  Aumento dos meios de pagamentos e das atividades econômicas sem contrapartida de aumento da produção, PIB (demanda sobe em desarmonia com oferta).  Existindo capacidade instalada ociosa, estoques, fatores de produção não utilizados ou evolução tecnológica que permita aumento de produção (produtividade), o aumento dos meios de pagamentos pode provocar aumento do PIB sem ocorrer inflação. Os monetaristas (e liberais) aconselham que a moeda deve ter um crescimento conhecido e ter por limite o crescimento potencial do PIB;
b)  A melhoria da distribuição da renda aumenta o consumo (nível de atividades) e pode causar inflação (se não ocorrer aumento de produção);
c)  Taxas de juros de mercado menor que a natural, ou taxa básica menor do que a de equilíbrio, ou neutra (eleva a demanda e os preços);
d)  Emissão de moedas para fazer face a gastos improdutivos e desnecessários (aumenta meios de pagamento e demanda);
e)  Entrada de divisas estrangeiras com conversão para moeda local;
f)  Aumento da procura global sem aumento da oferta global;
g)  Necessidade de aumentar as exportações para fazer face a pagamentos de dívidas externas (reduz oferta);
h)  Desvalorização da moeda para aumentar as exportações (aumenta internamente os preços de produtos e de insumos importados e exportados).

CRISE CAMBIAL:
      a)       ocorre quando a demanda por moeda conversível fica superior à oferta;
       b)      a moeda pátria não passe confiança (perde credibilidade) a investidores externos e internos (estes fogem para o exterior);
       c)       a taxa de juro interna mais juros fica menor que o dólar mais juros. A moeda forte é mais atraente e confiável (e é conversível). As moedas da Venezuela, Cuba, Equador (adotou o dólar, perdeu soberania monetária), Argentina não passam confiança e dificultam investimentos (externos e internos). A situação da Argentina, apesar de grave, é melhor que a da Venezuela e de Cuba (perderam a credibilidade totalmente).

CÂMBIO PREOCUPA? Sim, câmbio sempre preocupa, é um sinal para autoridades econômicas.
14/02/2020.

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Há 4 anos. CÂMBIO.
14 de fevereiro de 2016. Belo Horizonte, Minas Gerais.
CÂMBIO É MUITO COMPLEXO. DEPENDE DE FATORES EXTERNOS (principalmente do Fed) E INTERNOS (principalmente do BCB). AS POLÍTICAS FISCAIS, MONETÁRIAS E CAMBIAIS DOS PAÍSES SÃO IMPORTANTES NAS ANÁLISES.
Atualmente o BCB mantém US$ 108 bilhões em operações de swaps cambiais (estas operações são contratos onde o BCB aposta no real mais juros contra o US$ mais juros). O normal é quando o BCB não faz estas operações, mas não é errado fazê-las em épocas de volatilidades artificiais e passageiras. É ERRADO TENTAR EVITAR A DESVALORIZAÇÃO DO REAL UTILIZANDO SWAPS DA MANEIRA QUE O BCB FEZ ANTES DAS ELEIÇÕES (foi uma utilização eleitoral). SE O BCB NÃO RENOVAR OS SWAPS O REAL SE DESVALORIZA DE UMA VEZ SÓ (de 05/2013 até 01/2015 o BCB foi aumentando as operações de zero até US$ 118 bilhões, caindo para US$ 108 bi). Se o BCB não renovar os swaps o real desvaloriza, pressiona a inflação e a Selic tem que subir. A dúvida é se o BCB deve ir reduzindo as operações aos poucos ou não. Sustentar indefinidamente é errado, uma hora terá que ser feito. A desvalorização de nossa moeda significa mais empobrecimento, mas por outro lado o custo Brasil cai em dólar e nossas exportações sobem. E a inflação? Se combate com superávit ou Selic. O melhor momento para ir reduzindo as operações é enquanto o Fed não sobe a taxa básica americana. Depois o custo será muito maior.
Existe uma certa relação entre os preços das commodities e o dólar. Se o dólar valoriza as commodities desvalorizam (ou o inverso). Se o Fed sobe a taxa básica o dólar valoriza em um primeiro momento.

14/02/2020. COMENTO.
A diferença de agora para 4 anos atrás é que a inflação estava com tendência de alta e agora não. A crise do CORANAVÍRUS poderá afetar os preços das commodities (mercadorias com preços de referência mundiais) para baixo (já afetou, o que compensa a desvalorização do real). Eu prefiro uma política monetária PREVENTIVA (ANTECIPAR-SE), mas a TEMPESTIVA também é correta (quase sempre o custo sai maior).
A desvalorização da moeda pátria reduz o poder de compra (a qualidade de vida), o valor dos ativos internos, empobrecendo a todos, reduz a capacidade de consumir. Em compensação torna os preços da produção interna mais competitivos para exportar (e a importação mais cara). É uma forma de tentar proteger as empresas internas, mas a contrapartida é triste, empobrecer a todos no curto e médio prazo para um possível crescimento futuro. É ARTIFICIAL? Na minha opinião sim, mas a maioria dos keynesianos defende (a maioria dos liberais é contra permitir a desvalorização / valorização artificial do câmbio).
O RISCO? É a moeda pátria perder a confiança dos agentes econômicos (internos e externos), casos da Argentina, Venezuela, Equador, Cuba e muitos outros. É o mesmo que abrir mão da soberania monetária (é submeter-se a quem tem moeda acreditada). O pior efeito é a perda de poder de compra (de qualidade de vida), de poder comprar bens indispensáveis (uma época o Brasil teve de fornecer insulina para a Argentina que não tinha crédito para comprar, além de vacinas para outros).