A CRISE ECONÔMICA COVID - 19 (03/2020) E
DIFERENÇAS COM ANTERIORES.
As crises econômicas têm causas em barbeiragens (ou
demagogias eleitorais) na política monetária, fiscal e cambial (pode ser em uma
isoladamente, mas sempre as três são atingidas). Normalmente são excessos de
déficits públicos (acima dos aceitáveis pelos agentes econômicos internos e
externos), política monetária expansionista acima do PIB potencial por tempo acima
do aceitável (potencial de crescimento da economia sem provocar inflação), política
cambial artificial (para valorizar ou desvalorizar o câmbio). As barbeiragens
atingem o máximo de negatividade na economia quando provocam crise cambial
externa (falta de recursos para efetuar pagamentos podendo faltar até para
compras de rotina. A rica Argentina passou por isto). O caso argentino difere
do brasileiro por sua moeda ter perdido a função de reserva de valor (os
argentinos em sua maioria poupam em dólares), é muito mais grave. No Brasil ainda
se poupa na moeda pátria (até quando?) e a maioria dos ativos são valorizados
em reais (na Argentina quase todos são valorizados em dólares). A função
reserva de valor da moeda pátria facilita e potencializa a política monetária. Então
vemos que a maioria das crises são monetárias (se expandem para o câmbio e
contas públicas), ativos que não moeda se valorizam acima dos preços aos
consumidores, formando bolhas até que estourem. O estouro se dá quando os
agentes racionais começam a fugir dos ativos super valorizados e estes perdem
liquidez (a desvalorização se dá mais rapidamente do que a valorização). Na
valorização (formação das bolhas) acontece o efeito riqueza virtual (a liquidez
dos ativos fica quase imediata = moeda), no furo da bolha acontece o inverso, o
efeito empobrecimento (a liquidez cai a quase zero, reduzindo a capacidade demanda
e atividades). Os BCs aprenderam que nas crises não podem deixar a liquidez
cair, faltar crédito nem banco quebrar. Normalmente as crises passam (claro que
alguns sofrimentos acontecem) e a economia volta ao normal aos poucos. As
crises de solvência (segmentos da economia ficam insolventes) exigem maiores
sacrifícios (absorver as perdas). O Brasil absorveu as perdas de quebras de
bancos (a maioria dos estados), dos saldos devedores dos financiamentos do BNH.
Os USA salvaram bancos na crise dos títulos subprime (hipotecas sem condições
de liquidez). Existem também as crises por problemas atmosféricos (terremotos)
e guerras. São soluções adequadas a cada situação.
A CRISE ATUAL (COVID -19): é uma crise com origem (causa
inicial) diferente da monetária. Uma redução forçada das atividades (isolamento
social para evitar contaminações e mortes) com efeitos na renda das pessoas e
empresas, que se transmite para desvalorizações dos ativos e da moeda pátria,
reduz a liquidez e o crédito (o medo das insolvências), e chega até aos bancos.
O BC está agindo correta e rapidamente fornecendo liquidez aos bancos e
evitando crise bancária. Um certo empoçamento da liquidez (do crédito) sempre
acontece. O normal seria o BC fornecer liquidez com finalidade específica para os
bancos emprestarem ou financiarem. A política cambial deve se limitar a
fornecer liquidez para o funcionamento normal do mercado (pagamentos de financiamentos
e de importações). O BC não deve atuar contra a tendência normal do mercado (é
remar contra a maré). Os swaps devem se manter nos limites anteriores à crise
(as vendas à vista têm por limite a existência de moeda).
ABAIXO PEQUENA PARTE DA PUBLICAÇÃO DE 01 / 2007
(baseado em texto de 1998, atualizado com gráficos posteriores que confirmam a
tese) publicada no site www.magconsultoria.uaivip.com.br
.
1) POLÍTICA MONETÁRIA: RELAÇÕES ENTRE A TAXA
BÁSICA E A TAXA DE MERCADO. 01/2007 (baseado em texto de 1998, atualizado com
gráficos posteriores que confirmam a tese).
A TAXA BÁSICA FAZ MAIS EFEITOS CONTRACIONISTA
DO QUE EXPANSIONISTA: a escolha dos agentes econômicos
(consumidores, investidores e poupadores) entre a Moeda e outros Ativos Financeiros
ou não é fundamental (isto é aceito por todos, keynesianos e clássicos).
Se a Moeda Pátria não é aceita como Reserva de Valor (Moeda mais Juros) a
turma foge para outros ativos (bolsa, imóveis, moedas estrangeiras, etc.),
podendo formar bolhas (véspera da crise). Não existe nada pior para uma
economia do que a desmoralização de sua moeda (bom senso).
Relação déficit público x taxa de juro básica x taxa de
juro de mercado: o déficit público influencia as taxas de juro de mercado
através da demanda por crédito pelo estado ou da monetização da economia, por
extensão a taxa básica;
a) COM A ECONOMIA EM EXPANSÃO (conjuntura prospectiva de
crescimento, expansionista): a taxa básica fixada acima da taxa neutra tem
efeito contracionista; fixada abaixo da taxa neutra provoca inflação e bolha
(preços dos ativos sobem acima dos IPCs) ao invés de mais crescimento. Com
os preços subindo acima da meta o BC deve fixar a taxa básica acima da
de equilíbrio (ou neutra). Os agentes fazem aplicações no BC (através
dos bancos) = retirada de moeda do mercado (contração monetária, retração de
empréstimos). Se o BC, ao contrário, fixar a taxa básica abaixo da neutra o
efeito expansionista será imediato e absurdo provocando inflação e bolha
(preços dos ativos sobem acima dos IPCs). Retirando moeda do mercado ele
reduz os depósitos bancários, reduzindo por consequência os empréstimos e
assim sucessivamente, desestimulando as atividades (a demanda e a inflação).
Aplicações em
títulos do TN = a moeda continua no mercado (o gasto acontece através do TN).
Apenas se acontecer Superávit Público Nominal e o TN depositar o valor no BC
é que é = a retirada de moeda do mercado. Se o Superávit for utilizado para pagar
dívida do TN a moeda continua no mercado (o efeito imediato é a redução das
taxas de juros de mercado, por extensão da taxa básica). A redução da demanda
do estado (G) é compensada pelo aumento de recursos com a iniciativa privada.
Os juros caem pela redução das captações pelo estado;
b) COM A
ECONOMIA EM CONTRAÇÃO
(ou conjuntura prospectiva contracionista): Neste caso o BC deve fixar a
taxa básica abaixo da neutra. O efeito expansionista da taxa básica
apesar de nulo para conseguir crescimento, evita mais contração. Os
agentes continuam com suas aplicações no mercado (não acontece contração
monetária), mas como a conjuntura já está recessiva continua da mesma maneira
(mas com menos força). Estando a conjuntura em transição, saindo da recessão,
com os preços aos consumidores subindo acima da meta e os dos ativos que não
moeda evoluindo acima destes, a taxa básica sendo fixada abaixo do ponto
neutro agravará o cenário. A história monetária e a prática têm demonstrado
que o efeito expansionista da taxa básica (o efeito expansionista da moeda)
atua mais nos preços dos Ativos que Não Moeda (financeiros ou não), formando
Bolhas, do que no crescimento real da economia (acontece inflação ao invés de
crescimento econômico). Estando a conjuntura em recessão os efeitos acontecem
nos preços dos ativos (acima dos efeitos nos preços dos bens de consumo). A
conjuntura recessiva continua, agravada pelo desequilíbrio nos preços
relativos e pela redução nos salários reais. A correção da economia em
desequilíbrio (preços relativos e bolhas) apenas atrasa. Para evitar
contração a receita é aumento dos gastos públicos (déficit público de 3%, com
máximo de 5% do PIB, até que as atividades e expectativas revertam para
retorno da normalidade) e fixar a taxa básica abaixo da neutra. 04/2020.
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