quinta-feira, 9 de abril de 2020

A CRISE ECONÔMICA COVID - 19 (03/2020) E DIFERENÇAS COM ANTERIORES.


A CRISE ECONÔMICA COVID - 19 (03/2020) E DIFERENÇAS COM ANTERIORES.

As crises econômicas têm causas em barbeiragens (ou demagogias eleitorais) na política monetária, fiscal e cambial (pode ser em uma isoladamente, mas sempre as três são atingidas). Normalmente são excessos de déficits públicos (acima dos aceitáveis pelos agentes econômicos internos e externos), política monetária expansionista acima do PIB potencial por tempo acima do aceitável (potencial de crescimento da economia sem provocar inflação), política cambial artificial (para valorizar ou desvalorizar o câmbio). As barbeiragens atingem o máximo de negatividade na economia quando provocam crise cambial externa (falta de recursos para efetuar pagamentos podendo faltar até para compras de rotina. A rica Argentina passou por isto). O caso argentino difere do brasileiro por sua moeda ter perdido a função de reserva de valor (os argentinos em sua maioria poupam em dólares), é muito mais grave. No Brasil ainda se poupa na moeda pátria (até quando?) e a maioria dos ativos são valorizados em reais (na Argentina quase todos são valorizados em dólares). A função reserva de valor da moeda pátria facilita e potencializa a política monetária. Então vemos que a maioria das crises são monetárias (se expandem para o câmbio e contas públicas), ativos que não moeda se valorizam acima dos preços aos consumidores, formando bolhas até que estourem. O estouro se dá quando os agentes racionais começam a fugir dos ativos super valorizados e estes perdem liquidez (a desvalorização se dá mais rapidamente do que a valorização). Na valorização (formação das bolhas) acontece o efeito riqueza virtual (a liquidez dos ativos fica quase imediata = moeda), no furo da bolha acontece o inverso, o efeito empobrecimento (a liquidez cai a quase zero, reduzindo a capacidade demanda e atividades). Os BCs aprenderam que nas crises não podem deixar a liquidez cair, faltar crédito nem banco quebrar. Normalmente as crises passam (claro que alguns sofrimentos acontecem) e a economia volta ao normal aos poucos. As crises de solvência (segmentos da economia ficam insolventes) exigem maiores sacrifícios (absorver as perdas). O Brasil absorveu as perdas de quebras de bancos (a maioria dos estados), dos saldos devedores dos financiamentos do BNH. Os USA salvaram bancos na crise dos títulos subprime (hipotecas sem condições de liquidez). Existem também as crises por problemas atmosféricos (terremotos) e guerras. São soluções adequadas a cada situação.

A CRISE ATUAL (COVID -19): é uma crise com origem (causa inicial) diferente da monetária. Uma redução forçada das atividades (isolamento social para evitar contaminações e mortes) com efeitos na renda das pessoas e empresas, que se transmite para desvalorizações dos ativos e da moeda pátria, reduz a liquidez e o crédito (o medo das insolvências), e chega até aos bancos. O BC está agindo correta e rapidamente fornecendo liquidez aos bancos e evitando crise bancária. Um certo empoçamento da liquidez (do crédito) sempre acontece. O normal seria o BC fornecer liquidez com finalidade específica para os bancos emprestarem ou financiarem. A política cambial deve se limitar a fornecer liquidez para o funcionamento normal do mercado (pagamentos de financiamentos e de importações). O BC não deve atuar contra a tendência normal do mercado (é remar contra a maré). Os swaps devem se manter nos limites anteriores à crise (as vendas à vista têm por limite a existência de moeda).

ABAIXO PEQUENA PARTE DA PUBLICAÇÃO DE 01 / 2007 (baseado em texto de 1998, atualizado com gráficos posteriores que confirmam a tese) publicada no site www.magconsultoria.uaivip.com.br .  

1) POLÍTICA MONETÁRIA: RELAÇÕES ENTRE A TAXA BÁSICA E A TAXA DE MERCADO. 01/2007 (baseado em texto de 1998, atualizado com gráficos posteriores que confirmam a tese).

A TAXA BÁSICA FAZ MAIS EFEITOS CONTRACIONISTA DO QUE EXPANSIONISTA: a escolha dos agentes econômicos (consumidores, investidores e poupadores) entre a Moeda e outros Ativos Financeiros ou não é fundamental (isto é aceito por todos, keynesianos e clássicos).  Se a Moeda Pátria não é aceita como Reserva de Valor (Moeda mais Juros) a turma foge para outros ativos (bolsa, imóveis, moedas estrangeiras, etc.), podendo formar bolhas (véspera da crise). Não existe nada pior para uma economia do que a desmoralização de sua moeda (bom senso).
Relação déficit público x taxa de juro básica x taxa de juro de mercado: o déficit público influencia as taxas de juro de mercado através da demanda por crédito pelo estado ou da monetização da economia, por extensão a taxa básica;

a) COM A ECONOMIA EM EXPANSÃO (conjuntura prospectiva de crescimento, expansionista): a taxa básica fixada acima da taxa neutra tem efeito contracionista; fixada abaixo da taxa neutra provoca inflação e bolha (preços dos ativos sobem acima dos IPCs) ao invés de mais crescimento. Com os preços subindo acima da meta o BC deve fixar a taxa básica acima da de equilíbrio (ou neutra). Os agentes fazem aplicações no BC (através dos bancos) = retirada de moeda do mercado (contração monetária, retração de empréstimos). Se o BC, ao contrário, fixar a taxa básica abaixo da neutra o efeito expansionista será imediato e absurdo provocando inflação e bolha (preços dos ativos sobem acima dos IPCs). Retirando moeda do mercado ele reduz os depósitos bancários, reduzindo por consequência os empréstimos e assim sucessivamente, desestimulando as atividades (a demanda e a inflação).
Aplicações em títulos do TN = a moeda continua no mercado (o gasto acontece através do TN). Apenas se acontecer Superávit Público Nominal e o TN depositar o valor no BC é que é = a retirada de moeda do mercado. Se o Superávit for utilizado para pagar dívida do TN a moeda continua no mercado (o efeito imediato é a redução das taxas de juros de mercado, por extensão da taxa básica). A redução da demanda do estado (G) é compensada pelo aumento de recursos com a iniciativa privada. Os juros caem pela redução das captações pelo estado;

b) COM A ECONOMIA EM CONTRAÇÃO (ou conjuntura prospectiva contracionista): Neste caso o BC deve fixar a taxa básica abaixo da neutra. O efeito expansionista da taxa básica apesar de nulo para conseguir crescimento, evita mais contração. Os agentes continuam com suas aplicações no mercado (não acontece contração monetária), mas como a conjuntura já está recessiva continua da mesma maneira (mas com menos força). Estando a conjuntura em transição, saindo da recessão, com os preços aos consumidores subindo acima da meta e os dos ativos que não moeda evoluindo acima destes, a taxa básica sendo fixada abaixo do ponto neutro agravará o cenário. A história monetária e a prática têm demonstrado que o efeito expansionista da taxa básica (o efeito expansionista da moeda) atua mais nos preços dos Ativos que Não Moeda (financeiros ou não), formando Bolhas, do que no crescimento real da economia (acontece inflação ao invés de crescimento econômico). Estando a conjuntura em recessão os efeitos acontecem nos preços dos ativos (acima dos efeitos nos preços dos bens de consumo). A conjuntura recessiva continua, agravada pelo desequilíbrio nos preços relativos e pela redução nos salários reais. A correção da economia em desequilíbrio (preços relativos e bolhas) apenas atrasa. Para evitar contração a receita é aumento dos gastos públicos (déficit público de 3%, com máximo de 5% do PIB, até que as atividades e expectativas revertam para retorno da normalidade) e fixar a taxa básica abaixo da neutra. 04/2020.







quarta-feira, 1 de abril de 2020

A TURMA DO PENSAMENTO MÁGICO TENTA REAPARECER.


A TURMA DO PENSAMENTO MÁGICO TENTA REAPARECER.

Após produzirem o retorno do processo inflacionário (conseguirem provocar motivos legais e políticos para o impeachment de DR), a maior recessão dos últimos anos (quase 10%), quase criarem uma crise cambial de difícil solução (a Argentina conseguiu quebrar duas vezes quase seguidas), e terem silenciado após o modelo liberal conseguir com racionalidade e responsabilidade:

1) controlar o processo inflacionário;
2) reduzir as taxas de juros de mercado e a seguir a taxa básica (sem artificialismo);
3) corrigir as barbeiragens (artificialismo) da política cambial e as contas externas;
4) corrigir os preços reprimidos do setor energia;
5) eliminar a corrupção generalizada em empresas e bancos públicos;
6) salvar a Petrobras;
7) aprovar a reforma da previdência;
8) encaminhar a solução das outras reformas (administrativa, tributária) com possibilidade de serem aprovadas;
9) enfim, praticarem uma política monetária, fiscal e cambial racional e responsável.

Aconteceu a crise do Coronavírus (COVID-19) com paralisação de indústrias, comércios, serviços, esportes e transportes, todos os segmentos perdendo receitas e condições de cumprirem com pagamentos, várias pessoas perdendo emprego (o seguro desemprego cobre) e a turma das atividades informais (inclusive trabalhadores sem registros) e autônomos em situação de vulnerabilidade social em razão da pandemia virótica que afeta pulmões e respiração, ocasionando uma anomalia econômica e social.

Os liberais sempre foram defensores da responsabilidade monetária, fiscal e cambial, mas também da Assistência Social aos mais necessitados (um dos princípios do liberalismo racional). Em situações anômalas (imprevisíveis), acima das perturbações aleatórias (previsto nos modelos macroeconômicos), é defendido pela política monetária, após Milton Friedman, não permitir que a liquidez caia e por extensão os gastos públicos, muito diferente do defendido por Keynes (1936) que é gastar (gastos produtivos ou improdutivos) contestando Adam Smith (1776) que defendeu que se a relação gastos improdutivos / produtivos subisse acima do aceitável (o aceitável dependeria da relação gastos públicos / PIB) os efeitos sobre a renda (PIB) seria negativo (reduziria a renda). É quando a maioria consome, mas não produz, desarmonizando a relação oferta e demanda.
A receita que está sendo adotada neste momento é a liberal monetarista na política monetária: impedir a queda da liquidez e dos empréstimos (evitar o empoçamento da liquidez); e na política fiscal: prover assistência social para quem perdeu renda, portanto nada da irresponsabilidade dos gastadores irresponsáveis, provocadores de hiperinflação e de recessão (apelidados de keynesianos). 31/03/2020.