terça-feira, 27 de novembro de 2012

KRUGMAN E O DÉFICIT FISCAL DOS USA


KRUGMAN E O DÉFICIT FISCAL DOS USA
Krugman em seu artigo “Críticas sobre o déficit fiscal norte-americano não passam de falácias,” aconselha a continuidade da política de déficit público enquanto perdurar o risco de recessão. Refuta os argumentos de risco de perda de crédito, de fuga dos títulos americanos com o consequente aumento das taxas de juros. Para ele isto só ocorre com países com dívida denominada em moeda estrangeira. Como a dívida americana é denominada em dólar o risco de não pagamento é nulo. Sobre o risco de emissões gerar inflação afirma que isto não acontecerá enquanto a economia estiver em recessão. Sobre a possível desvalorização do dólar afirma que será benéfica para o país, pois as empresa e famílias ficarão desencorajadas de ficar entesourando moeda, optando por gastos, e os preços dos produtos para exportar ficariam mais competitivos. Resumindo, não acredita em crise de crédito, nem para venda dos títulos do tesouro americano (significa que o mercado não acredita neste tipo de crise), aconselhando a continuidade do déficit público enquanto perdurar o risco de recessão. Critica o partido republicano por defender a eliminação do déficit.
COMENTO: o artigo só analisa uma parte dos argumentos, os pontos positivos, calando-se sobre os pontos negativos, evitando o contraditório, que relacionaremos a seguir. De fato o país emissor de moeda reserva mundial tem muitas facilidades, desde que aja com responsabilidade e o mercado acredite (neste sentido é a responsabilidade do partido republicano que dá crédito ao país.). Não especifica também que tipo de gasto público deve ser feito, produtivo, improdutivo, constante ou temporário. Para Adam Smith uma relação inadequada entre gastos produtivos e improdutivos provoca queda da riqueza (do produto). A desvalorização da moeda trará como consequência perda do poder de compra de todos os americanos em relação ao resto do mundo (traduzindo, isto é empobrecimento). O aumento dos custos das matérias primas importadas será um contraponto à desvalorização da moeda.
Os poupadores procurarão ativos que não moeda para refugiar-se e estes subirão acima da inflação formando as famosas bolhas (no momento o ouro está sendo o preferido). No longo prazo o juro nominal subirá e a seguir o i real. A taxa básica terá que subir para evitar o retorno do processo inflacionário e neste momento as bolhas estouram provocando perdas de riqueza e a crise retorna.
DÉFICITS PÚBLICOS - EFEITOS
POSITIVOS
NEGATIVOS
Desvaloriza a moeda e aumenta a competitividade das exportações
Aumenta custos de matérias primas (commodities) importadas e custos de produção
Desvaloriza a dívida pública
A longo prazo os juros subirão

Reduz poder de compra da moeda (empobrece a todos os americanos)



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

QE = QUANTITATIVE EASING X CRESCIMENTO


QE = QUANTITATIVE EASING X CRESCIMENTO
QE, quantitative easing, cujo significado pode ser alívio (flexibilização, facilidade, afrouxamento) quantitativo monetário, é uma forma ensinada e defendida por Milton Friedman para evitar a queda da liquidez (queda da quantidade de moeda) em períodos de crise. Importante diferenciar quantitative easing quando a liquidez está em queda (dificultando as atividades) e em alta. O QE aconselhado por Milton Friedman é para economias com queda (dificuldades) de liquidez. Aumentar a liquidez quando não há necessidade fará inflação e trará insegurança.  Devemos também diferenciar QE para países que emitem moedas conversíveis, as consideradas meio de pagamento e reserva de valor mundial, dos que emitem moedas não conversíveis. Os países que emitem moedas conversíveis (USA) enfrentam o problema de fuga da sua moeda para outras economias, o que não ocorre para os emissores de moedas não conversíveis (Brasil). O QE normalmente é feito através de compras pelos BCs de títulos do mercado, aumentando a monetização e a liquidez. As taxas de juros que já estavam baixas por queda das atividades e das baixas expectativas de lucros caem mais ainda no primeiro momento, podendo estimular as atividades. Importante ressaltar que Milton Friedman não receitou o QE como forma de política monetária para crescimento, mas apenas para enfrentar crises, sempre causadas por irresponsabilidades em políticas fiscais (quantitativa ou qualitativa, excessos de gastos improdutivos e privilégios para minorias), monetárias ou cambiais (o câmbio administrado é uma tentação para os detentores do poder discricionário). Abro um parêntese para esclarecer que os liberais monetaristas são contra o poder discricionário nas mãos do estado ou de autoridades (o poder deve ser da norma), a favor são os desenvolvimentistas neokeynesianos (por justiça devo esclarecer que Keynes defendia o câmbio flutuante). Enfim uma política monetária responsável (monetarista) prescreve que a quantidade de moeda deve ter um crescimento transparente, constante (sem subidas e descidas imprevisíveis), tendo por limite a capacidade de crescimento do produto (entre 3 e 6%). Nas crises existe fuga da moeda para outros ativos (quando se formam as bolhas).  Nos momentos de maior aversão ao risco os títulos norte-americanos se mostraram um refúgio seguro para o mercado, mesmo com taxas de juros negativas (fazendo cair a liquidez). Enfim QE e política monetária frouxa (irresponsável) não são receitas de crescimento sustentado. A política monetária correta, que não tem como efeito a inflação, é uma condição necessária para o crescimento econômico, mas não o suficiente. Uma política fiscal responsável, com a relação gastos públicos (consumo e investimentos) produtivos/improdutivos adequada, é condição também necessária. Privilégios para minorias, como aposentadorias sem sustentação atuarial, são bombas armadas como causas de crises. Investimentos improdutivos ou com baixa produtividade (desnecessários ou com relação custo/benefício baixa) também podem ser causas de crises, se elevados relativamente. MAG

OPERAÇÕES DE CRÉDITO DO SISTEMA FINANCEIRO (BRASIL). 
ANO
GOV.
INDUST.
HABIT.
RURAL
COMERC.
P. FÍS.
OUTROS
TOTAL
VAR. %
i real
PIB
IPCA
IGPM
12
meses
Ano
12/2007
18,8
213,8
45,8
89,2
97,6
314,3
156,3
935,97
X
X
0,174
5,4
4,46
7,75
12/2008
27,2
296,4
63,3
106,4
124,8
389,5
219,6
1227,5
31,14
31,14
9,624
5,1
5,9
9,81
12/2009
58,974
304,745
91,862
112,266
136,306
462,506
247,687
1414,34
15,22
15,22
- 3,52
-0,6
4,31
-1,72
12/2010
67,805
361,051
138,784
123,902
172,559
548,777
292,403
1705,28
20,57
20,57
-3,52
7,5
5,91
11,32
12/2011
81,671
417,385
200,506
141,134
208,415
633,758
347,483
2030,05
19,02
19,02
4,18
2,7
6,50
5,10
09/2012
105,96
445,206
256,420
155,840
217,769
679,365
376,687
2237,25
15
10,2
-1,818
X
3,77
7,09
FONTE BCB - MAG


MEIOS DE PAGAM. X PAPEL MOEDA EM PODER DO PÚBLICO X DEP. À VISTA
(saldo fim período). 
DATA
Meios Pag.
EVOL. %
P. Moeda
Poder. Públ.
EVOL. %
Dep. Vista
EVOL. %
i real
IGPM
PIB
IPCA
IGPM
ano
12 meses
ano
12 meses
ano
12 meses
12/2007
231430
x
x
82251
x
x
149179
x
x
0,174
5,4
4,46
7,75
01/2008
190279
-17,8
x
73199
-11,0
x
117080
-21,5
x
x
x
x
x
09/2008
194785
-15,8
x
77658
-5,58
x
117127
x
x
x
x
x
x
12/2008
223440
-3,45
-3,45
92378
12,31
12,31
131061
-12,1
12,1
9,624
5,1
5,9
9,81
01/2009
196088
-12,2
3,05
83060
-10,0
13,47
113029
-13,7
9,6
x
x
x
x
12/2009
250234
-27,6
11,99
105801
14,5
14,5
144433
10,2
10,2
-3,52
-0,6
4,31
-1,72
01/2010
227475
-9,09
16,00
96685
-8,6
16,4
130790
-9,44
15,7
x
x
x
x
12/2010
281876
12,64
12,64
121981
15,3
15,3
159895
10,7
10,7
-0,10
7,5
5,91
11,32
01/2011
257449
-8,7
13,2
109456
-11,4
13,2
147994
-7,44
13,2
x
x
x
x
12/2011
285377
1,2
1,2
131741
8,0
8,0
153636
-3,9
-3,9
4,18
2,7
6,50
5,10
01/2012
259833
-9,0
0,9
118529
-10,0
8,3
141305
-8,0
-4,5
0,462
x
0,56
0,25
09/2012
273948
-4,00
7,4
128974
-2,10
14,4
144973
-5,63
1,9
-1,82
x
3,77
7,09
FONTE BCB, TABELA MAG.


M1, M2, M3, M4
Data
M1
Meio
de pag.
M2
M3
M4
Variação % no ano
Ano
12
meses
Oper. Créd.
Sist. Financ.
i real
IGPM
PIB
IPCA
IGPM
2010
281876
1362389
2549739
3040495
16,7
16,7
20,57
-0,102
7,5
5,91
11,32
01/2011
257449
1348659
2554397
3044764
0,1
17,3
x
x
x
x
x
2011
285377
1617480
3030280
3550253
16,8
16,8
19,02
4,18
2,6
6,50
5,10
01/2012
259833
1591803
3085569
3599589
1,4
18,2
x
X
X
X
X
09/2012
273948
1701815
3421974
4018245
11,63
18,8
15,0
-1,818
X
3,77
7,09
M2 = M1 + dep. investimentos + poupança; M3 = M2 + fundos investimentos + operações compromissadas; M4 = M3 + títulos federais Selic



OFERTA MONETÁRIA X BASE MONETÁRIA - USA AGO./1929 X MAR./1933;
BRASIL SET./2008 X JUN./2009.
HISTÓRICO
USA
x
BRASIL
AGO./1929
MAR./1933
VAR. %
SET./2008
JUN./2009
Var. %
OFERTA MONET. (OM)
26,5
19,0
-28,3
x
215338
224493
4,25
Moeda Corrente (MC)
3,9
5,5
41
x
98211
103474
5,35
Dep. à Vista (DV)
22,6
13,5
-40,2
x
117127
121458
3,69
BASE MONET. (BM)
7,1
8,4
18,3
x
136936
139185
1,64
Moeda Corrente
3,9
5,5
41
x
98211
103474
5,35
Reservas (R)
3,2
2,9
-9,37
x
38725
35711
-7,78
MULT. MONET. (OM/BM)
3,7
2,3
x
x
1,57
1,613
x
Reservas/Dep.
0,14
0,21
x
x
0,33
0,294
x
Moeda Corr./ Dep.
0,17
0,41
x
x
0,838
0,852
x
FONTE: USA, MACROECONOMIA, N. GREGORY MANKIW (ADAPTADO DE MILTON FRIEDMAN, A MONETARY HISTORY OF THE USA). BRASIL, BCB.
OBS: A CORRETA ATUAÇÃO DO BCB IMPEDIU QUE A OFERTA MONETÁRIA CAÍSSE, AMENIZANDO OS EFEITOS DA CRISE AMERICANA (SET../2009) NO BRASIL (DIFERENTE DA ATUAÇÃO DA AUTORIDADE MONETÁRIA AMERICANA NA CRISE DE 1930).


SELIC x CDI x IPCA x IGPM x i real
OBS: letra E = Selic expansionista, amarelo; C = contracionista, azul. Em amarelo negativos.
2012
Jan.
Fev.
Mar.
Abr.
Mai.
Jun.
Jul.
Ago.
Set.
Out.
Nov.
Dez.
Ano
SELIC i ano
C 10,5
C 10,5
C 9,75
C9,0
C8,5
C8,5
C8,0
C7,50
C7,50
C7,25
x
x
x
DI 360 i ano
9,55
10,3
8,96
8,33
7,93
7,57
7,46
7,49
7,48
7,24
x
x
x
CDI i mês
0,89
0,74
0,82
0,70
0,73
0,64
0,68
0,69
0,54
0,61
x
x
7,24
CDI - IRF i mês
0,712
0,592
0,648
0,56
0,584
0,512
0,544
0,552
0,432
0,488
x
x
5,792
IPCA i mês
0,56
0,45
0,21
0,64
0,36
0,08
0,43
0,41
0,57
0,59
x
x
4,38
IGPM i mês
0,25
-0,06
0,43
0,85
1,02
0,66
1,34
1,43
0,97
0,02
x
x
7,12
US$ % mês
-7,3
-1,72
6,6
3,82
6,898
-0,049
1,419
-0,62
-0,325
0,034
x
x
8,29
i real CDI - IRF - IGPM mês
0,462
0,652
0,218
-0,29
-0,436
-0,148
-0,796
-0,878
-0,535
0,468
x
x
-1,328
i real CDI - IRF - IPCA mês
0,152
0,142
0,438
-0,08
0,224
0,432
0,114
0,142
-0,135
-0,104
x
x
1,412
MAG