terça-feira, 27 de dezembro de 2022

OS JUROS BÁSICOS NOVAMENTE?

 

 

 

OS JUROS BÁSICOS NOVAMENTE?


 COMENTÁRIO RÁPIDO SOBRE PARTES:

 1)     DÍVIDA PÚBLICA: a aceitação da dívida pública mobiliária como % do PIB depende da moeda emitida (se é aceita interna e externamente. Algumas não são aceitas nem internamente para poupanças, reserva de valor). Países que emitem moedas reservas mundiais ou com aceitação externa e que não têm histórico de calotes (reais ou através de inflação) podem ter uma relação dívida PIB maior. O valor da dívida mobiliária bruta emitida pelo TN deve ser reduzido das reservas (BC) e do valor em caixa (e bancos) do TN para definição da dívida líquida. O conhecimento aceito pela teoria monetária e pelo mercado é que uma taxa básica abaixo da adequada faz os juros nominais de mercado de longo prazo subirem acompanhando as expectativas de inflação (a curva de juros fica ascendente). Uma taxa básica adequada (os juros de curto prazo a acompanham) faz os juros nominais de mercado de longo prazo cederem (a curva de juros muda de ascendente para descendente). A previsão racional de que Lula venceria e as falas leigas ou demagogas sobre política fiscal e monetária aumentaram a insegurança e a volatilidade (e isto exige taxa básica mais alta). A dívida pública é o resultado de déficits públicos passados. Gastos públicos podem provocar inflação (se improdutivos pior ainda);

                    

2)     A TAXA BÁSICA: é aceito por todo o mundo econômico que a taxa básica é a mais forte e eficaz ferramenta de política monetária para combater um processo inflacionário. Seu efeito (e sua magnitude) dependerá da conjuntura, das expectativas, da credibilidade das autoridades monetárias e do governo. No caso atual os aumentos iniciaram com a taxa básica em 2%, IGPM e IPAM altíssimos prevendo o repasse nos momentos a seguir para os IPCs e o dólar valorizando muito acima do IPCA e empobrecendo a todos os brasileiros. A inflação prevista era de 6%. Uma taxa básica positiva (líquida de IRRF) teria que ser de 8% (menos 20% de IRRF = 6,4%). Acontece que o período dos aumentos da taxa básica de 2% para 8% pelo processo de gradualismo (ao invés de tratamento de choque) demorou, com aumentos de 0,5% a cada reunião do COPOM 540 dias = 12 aumentos de 0,5% x 45 dias. Neste interregno a inflação só iniciou a descendência dos aumentos quando a taxa básica atingiu perto de 6% (neste interregno a previsão da inflação subiu para acima de 6%). O BC (COPOM) para que a inflação retrocedesse optou por aumentar a Selic para 13,75% (a inflação que iria subir para mais de 10% retrocedeu, com a ajuda da redução dos tributos e preços da energia). A máxima, uma taxa básica alta, mas abaixo da adequada não fará a inflação retroceder (entrar no processo descendente), é semelhante a altas doses de antibióticos, mas abaixo da necessária, poderá fazer mais mal do que bem. Com uma inflação prevista de 6% a taxa básica mínima deve ser de 10% (10% menos 20% de IRRF = 8%. Taxa básica positiva em 2%), mas como a meta de inflação é abaixo de 6% o COMPOM elevou-a para 13,75% (pese nisto um novo governo com o presidente falando contra os conhecimentos acumulados aceitos pela maioria dos BCs do mundo civilizado, e pior, ministros da Fazenda e Planejamento leigos em economia e finanças em alto nível (e um histórico de Mensalão, Petrolão e a maior recessão já vivida em tempos normais). Em teoria econômica e monetária não existe a variável rentista, mas poupadores (pessoas com renda mensal acima de R$3.000,00). Os bancos são repassadores (meio de campo) das captações das aplicações financeiras dos poupadores e repassam para empréstimos ao mercado privado e para compras de títulos públicos. Quando o mercado fica inseguro sobre as previsões de LP preferem aplicar em Selic do que em taxa fixa de LP. O TN também prefere captar em Selic do que pagar as altas taxas de LP (prevendo queda da inflação e da Selic). Análises econômicas estáticas são para facilitar o ensino a iniciantes (e amadorismo em análises econômicas). O mercado trabalha com conhecimentos acumulados e análises racionais dinâmicas;

 

3)     GASTOS PRODUTIVOS E IMPRODUTIVOS: sabemos, por bom senso, que os gastos produtivos fazem o PIB crescer com sustentação (no CP e no LP) e que os improdutivos podem fazer crescer no CP (mas seus efeitos no LP, na maioria das vezes por abusos, não têm sustentação).   MAG 27/12/2022

 


sábado, 10 de dezembro de 2022

A ESQUERDA E A DIREITA (repetição necessária).

 

A ESQUERDA E A DIREITA:

A ESQERDA CONTROLA PREÇOS, PRODUÇÃO, COMÉRCIO, PROPRIEDADE, HERANÇA E O LUCRO (origem dos investimentos). O ESTADO REGULA E OPERA (ESTATAIS), A TRIBUTAÇÃO É MÁXIMA. É CONTRA O DIREITO DE IR E VIR, A LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE IMPRENSA E POLÍTICA (DITADURAS). AS ESTATAIS SÃO CONTROLADAS PELA ELITE BUROCRÁTICA E MILITAR. SÃO ANTROS DE CORRUPÇÃO E INEFICIÊNCIA. A PRODUTIVIDADE É BAIXA EM RELAÇÃO AS ECONOMIAS LIBERAIS DE MERCADO ONDE A CONCORRÊNCIA (A LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA) MOTIVA AS MELHORIAS CONTÍNUAS, OS GANHOS DE PRODUTIVIDADE E AS INOVAÇÕES. AS RELIGIÕES SÃO SUPORTADAS, MAS CONTROLADAS E SEM LIBERDADES.

AS EXPERIÊNCIAS ACONTECIDAS PROVOCARAM PERDA DE QUALIDADE DE VIDA (e liberdades), POBREZA E PRODUÇÃO COM QUALIDADE INFERIOR EM RELAÇÃO ÀS ECONOMIAS LIBERAIS (economias de mercado). A URRS (dissolvida pela pobreza produzida) E OS PAÍSES DA EUROPA ORIENTAL REGREDIRAM EM RELAÇÃO AOS PAÍSES DA EUROPA OCIDENTAL. AS DUAS ALEMANHAS, AS DUAS COREIAS, A CHINA CONTINENTAL X TAIWAN, X JAPÃO, X SINGAPURA X MALÁSIA. A CHINA COMUNISTA X A CHINA CAPITALISTA DE DENG XIAOPING. ALÉM DA POBREZA FORAM REGIMES AUTOCRATAS, CENTRALIZADORES QUE PRATICARAM PERSEGUIÇÕES E ASSASSINATOS (as ditaduras sempre se mantêm limitando as liberdades).   

 

A DIREITA (LIBERALISMO) É A FAVOR DE LIBERDADE DE MERCADO, CONCORRÊNCIA, PREÇOS, PRODUÇÃO E COMÉRCIO LIVRES (MERCADO, A CONCORRÊNCIA CONTROLA). DEFENDE A PROPRIEDADE PRIVADA, O DIREITO DE HERANÇA E O LUCRO. COM A LIBERDADE DE MERCADO (CONCORRÊNCIA) MOTIVA AS MELHORIAS CONTÍNUAS, OS GANHOS DE PRODUTIVIDADE E AS INOVAÇÕES.

O CENTRO: demagogia política, ignorância, indecisão sobre o caminho a seguir.

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ROMA E A TENTATIVA DE GOVERNO SOCIALISTA DE DIOCLECIANO.

PARA OS ECONOMISTAS QUE ACREDITAM NO PENSAMENTO MÁGICO DE QUE GASTOS (MESMO QUE IMPRODUTIVOS) PRODUZ RIQUEZAS (TEM TEMPO DE DURAÇÃO, A SEGUIR, NO PROCESSO, VEM A POBREZA).

Em 276 os exércitos romanos escolheram MARCO AURÉLIO PROBO como Imperador (íntegro e corajoso. Reinou 6 anos). Expulsou os germanos da Gália, os vândalos da Ilíria, construiu uma muralha entre os rios Reno e o Danúbio, amedrontou os persas apenas com a firmeza de suas palavras e implantou a paz no Império. Reduziu os gastos com os exércitos e implantou o reino das leis. Colocou o exército para drenar pântanos, derrubar florestas e trabalhar em obras públicas. Foi assassinado pelo exército (que depois arrependeu-se e ergueu um monumento em sua memória).

Para sucedê-lo o escolhido foi DIOCLECIANO (reinou 21 anos) um Imperador com grande habilidade política. Conseguiu pacificar as correntes políticas e organizar o governo. Estabeleceu a sede do governo em Nicomédia na Ásia Menor (atual Izmir a sudeste de Bizâncio, depois Constantinopla, hoje Istambul). O Senado se reunia em Roma. Organizou um estado com administração centralizada. A ditadura era uma necessidade das guerras. Foi bem-sucedido nas guerras.

Nos anos de paz enfrentou uma CRISE ECONÔMICA (declínio). Para enfrentar a carestia implantou a ECONOMIA DIRIGIDA. Estabeleceu um regime monetário sadio (garantiu a pureza e o peso das moedas que dizem ter perdurado até 1453), mas tabelou preços, distribuiu alimentos pela metade dos preços e empreendeu grandes obras públicas para dar trabalho aos desempregados. Estabeleceu controle estatal sobre vários segmentos de atividades (inclusive estatizou a importação de trigo). Proibiu a exportação de sal, ferro, ouro, vinho, cereais e óleo da Itália e regulou com rigor a importação destes bens. As regulamentações eram minuciosas e entravaram as negociações. As vendas de facilidades e de privilégios (pela burocracia do governo) passaram a ser rotina. Com a desorganização dos mercados que a tentativa de organização centralizada provocou (os mercados substituídos pelo estado e regulamentações minuciosas), a solução foi tabelar preços e culpar os açambarcadores. Foi uma das tentativas de substituir as leis de mercado (oferta e procura) por dirigismo estatal. O fracasso foi total e instantâneo (tipo governos socialistas, os governos militares do Brasil e o plano cruzado e seus tabelamentos de Sarney). A carestia aumentou, mercadorias essenciais deixaram de existir. O Édito (lei socialista) teve de ser afrouxado (Constantino o revogou). O custo da administração dirigida foi uma das fraquezas do regime de Diocleciano. Para sustentar tal burocracia (dizem ter chegado à metade da mão de obra) as taxas foram aumentadas. Para evitar o recebimento de tributos com moeda depreciada começaram a receber com produtos. A fiscalização empregava até tortura. Muitas cidades deixaram de existir pois as populações passaram a buscar refúgio entre os bárbaros. Outros absurdos aconteceram (até a escravidão por dívidas com o estado). Mesmo com este exemplo a humanidade repetiu e ainda tenta repetir os mesmos erros.

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EM 1776 ADAM SMITH ESCREVEU O TEXTO ABAIXO (trecho do capítulo III do livro "A RIQUEZA DAS NAÇÕES").

GASTOS IMPRODUTIVOS NÃO PRODUZEM RIQUEZA E SE ACIMA DE UM PERCENTUAL DA RENDA NACIONAL PRODUZIRÁ QUEDA DO PIB, POBREZA. AS CORPORAÇÕES QUE DEFENDEM PRIVILÉGIOS TÊM QUE ENTENDER QUE GASTOS IMPRODUTIVOS NÃO TÊM SUSTENTAÇÃO, TÊM TEMPO DEDURAÇÃO.

A RIQUEZA DAS NAÇÕES, ADAM SMITH (1776).

Trecho do capítulo III:

As grandes nações nunca empobrecem devido ao esbanjamento ou à imprudência de particulares, embora empobreçam às vezes em consequência do esbanjamento e da imprudência cometidos pela administração pública. Toda ou quase toda renda pública é empregada, na maioria dos países, em manter cidadãos improdutivos. Tais pessoas constituem uma corte numerosa e esplêndida, um grande estabelecimento eclesiástico, grandes esquadras e exércitos, que em tempos de paz nada produzem, e em tempos de guerra nada adquirem que possa compensar os gastos de sua manutenção, mesmo enquanto perdura a guerra. Essas pessoas que nada produzem, são mantidas pela produção do trabalho de terceiros. Quando, portanto, esse contingente è multiplicado além do necessário, em determinado ano ele pode consumir uma parcela tão grande da produção anual, a ponto de não deixar o suficiente para manter os trabalhadores produtivos, que reproduziriam, no ano vindouro, o que foi gasto neste. Em consequência, a produção do ano seguinte será menor do que a do precedente e se a mesma situação confusa continuar, a produção do terceiro ano será ainda inferior à do segundo. Os cidadãos improdutivos, que deveriam ser mantidos apenas por uma parcela da renda economizada pelo povo, podem chegar a consumir parte tão relevante da renda total, e com isso obrigar tão grande número de pessoas a interferir em seu capital, nos fundos destinados à manutenção de mão de obra produtiva, que toda a frugalidade e a boa administração dos indivíduos podem ser incapazes de compensar o desperdício e aviltamento da produção, gerados por essa intromissão violenta e forçada.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

O PENSAMENTO LIBERAL E DIREITA.

 

O PENSAMENTO LIBERAL E DIREITA.

A demonização do termo liberal que a esquerda brasileira havia conseguido fazer dominando as universidades federais (com apostilas toscas cópias de outras semelhantes) e a maioria dos jornalistas, mal formados nessas faculdades e patrulhados se não se declarassem de esquerda, semelhante ao mundo artístico, por escritos com definições erradas sobre o liberalismo (muitas das vezes escrevendo como liberal o inverso do pensamento) demonstrando a ignorância (ou má fé) de quem escrevia (até famosos economistas, sociólogos e professores universitários). Felizmente acabou em sua maioria. Os escritos estão nas mídias e nas apostilas que devem envergonhar seus autores.

Agora as críticas sobrevivem para o termo direita. Alguns profissionais de nível superior (e os antigos críticos do pensamento liberal) definem-se como liberais, mas não direita (todo liberal é de direita). Alguns, inclusive políticos, definem-se como liberais e centro (indefinição = ignorância do caminho a seguir) ou centro direita (liberal é direita). Outros definem-se como socialistas democratas (socialistas defendem planejamento centralizado em economia e ditadura em política). Democracia é o pensamento inverso de socialismo e das antigas monarquias absolutistas (as ditaduras aproximam-se das monarquias absolutistas). A China liberou sua economia (economia de mercado = liberalismo), mas manteve o regime político de ditadura, que denominam comunismo (mas comunismo é o inverso de economia de mercado). Deng Xiaoping líder das reformas econômicas da China (implantando a economia de mercado), amenizou a ditadura implantando o máximo de dois mandatos (agora revertido por Xi Jinping), mas mantendo o termo comunista (uma maneira encontrada para convencer a elite que dominava o poder).   24/10/2022.

Mais informações em:

https://mageconomia.blogspot.com/2020/10/linhas-de-pensamento-economico-1994.html

https://mageconomia.blogspot.com/2020/12/direita-liberais-conservadores-centro-e.html

https://mageconomia.blogspot.com/2021/04/concorrencia-pura-e-perfeita-e.html

https://mageconomia.blogspot.com/2021/09/o-pensamento-liberal-092015.html

 

 

 

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

BALANÇO DE PAGAMENTOS DE MAIO 2022 (jan. a mai.). US$ mi.

 

BALANÇO DE PAGAMENTOS DE MAIO 2022 (jan. a mai.). US$ mi.

 

SALDO EM TRANSAÇÕES CORRENTES   -3506 (-15.541)

Balanço Comercial 3.446 (18.628)

  Exportações 30.049 (132.751)

  Importações 26.603 (114.123)

Serviços       -2.376 (-10.071)

Rendas        -4.928 (-25.525). Obs: Juros -711 (-7.937); Lucros e Dividendos. -4.209 (-17.609)

Tansf. Unilaterais 352 (1.427)

Conta Capital -43 (65)

Conta Financeira -2.644 (-15.264).

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INVESTIMENTO DIRETO NO EXTERIOR 3.081 (13.387)

INVESTIMENTO DIRETO NO PAÍS 4.483 (39.710)

DÍVIDA EXTERNA 669.890 (Operações entre empresas 246.011), (Títulos da dívida interna em poder de estrangeiros 98.190).

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FLUXO CAMBIAL JUN. (JAN. JUN.)

SALDO COMERCIAL 10.148 (27.670);

SALDO FINANCEIRO -3.665 (-8.535);

SALDO GERAL 6.483 (19.135).

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RESERVAS INTERNACIONAIS 29/07/2022.  346.403.

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quarta-feira, 3 de agosto de 2022

POLÍTICA MONETÁRIA: RELAÇÕES ENTRE A TAXA BÁSICA E A TAXA DE MERCADO. 01/2007 (baseado em texto de 1998, atualizado com gráficos posteriores que confirmam a tese).

 

POLÍTICA MONETÁRIA: RELAÇÕES ENTRE A TAXA BÁSICA E A TAXA DE MERCADO. 01/2007 (baseado em texto de 1998, atualizado com gráficos posteriores que confirmam a tese).

 MOTIVO: artigos escritos (inclusive por economistas) explicando erradamente os efeitos da taxa básica.

INTRÓITO - estamos considerando uma economia aberta e modelos dinâmicos. O tempo influenciando nas variáveis (endógenas, as que influenciam e são influenciadas pelo modelo e, exógenas, as que influenciam mas não são influenciadas). A variável controlável é a SELIC (as taxas de juros de mercado não são controláveis). INTERDEPENDÊNCIA: A mudança em variável controlável afeta diversas outras pelo efeito da contaminação (os efeitos acontecem sucessivamente, em momentos sequenciais). Os efeitos no curto prazo podem ser diferentes do longo prazo (os juros de cp podem subir e os de lp caírem), no primeiro momento ser diferente dos seguintes. As leis econômicas são dinâmicas, sempre um processo em movimento. Leis ou postulados econômicos são enunciados de tendências.

1) CONCEITOS BÁSICOS.

Taxa Básica de juro (é uma taxa de curto prazo fixada pela autoridade monetária) = ib = Selic (Brasil) = Fed. Funds. (USA).

Taxa de juro de mercado de longo prazo = imlp.

a) TAXA DE JURO DE MERCADO DE LONGO PRAZO (imlp):

É a estabelecida pelo livre mercado (oferta e demanda). São as diversas taxas que em um dado momento e para vários prazos formam a curva da taxa de juro. Em um ambiente econômico-financeiro de livre mercado, sem crise de confiança (principalmente com expectativas positivas, neutras e ou racionais), a taxa de longo prazo é a melhor medida (diretriz) para definir-se a taxa de equilíbrio (estamos falando em conceitos dinâmicos). A taxa de equilíbrio (neutra) é o ponto mais negociado da taxa de longo prazo (imlp). A taxa de juro de longo prazo é a variável pela qual os agentes que têm valores em jogo precificam a inflação futura e a remuneração pelo capital financeiro (é o preço aceito pelos dois lados). Com inflação estável e abaixo de 3% a curva de juro fica ascendente sem excessos (os juros mais longos ficam maiores do que os mais curtos, mas sem excessos, é a preferência pela liquidez). É importante estudar a tendência da curva da imlp (se ascendente ou descendente) e a sua evolução no tempo (se ascendente ou descendente). A inclinação da curva de juros de mercado mais vertical indica taxa básica baixa (expansionista). Quanto menos vertical a curva (juros longos caindo), tendendo para plana (mas não plana), indica que a taxa básica está próxima do correto. A imlp é a base para a tomada de decisão na fixação da ib. A imlp é maior em países com déficit nominal e má qualidade na gestão dos gastos públicos (poupança e investimentos públicos pequenos em relação ao PIB). A credibilidade e confiança passadas pela autoridade monetária (e governo) também influencia a curva de juros. Uma oposição política forte e com propostas demagógicas influencia negativamente a curva de juros de mercado. Maior as expectativas de inflação maior a inclinação ascendente da curva de juros. 

b) TAXA BÁSICA (ib):

É a taxa (de curto prazo) pela qual a autoridade monetária (Banco Central) remunera as sobras de moedas no mercado (através dos bancos), estimulando ou desestimulando a monetização da economia. Teoricamente a taxa básica de juro (de curto prazo) deveria oscilar em torno da taxa de equilíbrio (+ - 0,25%). Evidentemente, se houver ameaça inflacionária, o BC coloca, temporariamente, a taxa básica acima desse nível de equilíbrio para fazer com que essa ameaça seja debelada. O inverso vale quando há ameaça de deflação e de recessão (ou desaceleração indesejada).

c) PONTO NEUTRO OU DE EQUILÍBRIO:

A definição prática mais aceitável para o ponto de equilíbrio (ou neutro) é a taxa de juro mais negociada acima de 360 dias (no Brasil o DI 360, nos USA o T-Note de 2 ou de 5 anos). A taxa de juro de equilíbrio de longo prazo depende de vários fatores, entre os quais a situação fiscal (mais ou menos déficit) e o endividamento público, a credibilidade do BC (segurança), a taxa de investimento, o grau de abertura da economia, a eficiência do sistema financeiro etc. É a taxa onde as forças da oferta e da demanda se encontram e se equilibram, atingindo o máximo produto e utilização dos fatores de produção (inclusive o trabalho) sem provocar inflação (nas crises, o efeito manada, distorce a taxa). Essa taxa, teoricamente, é aquela em que a economia atinge a sua mínima taxa de desemprego sem inflação.

 2) POLÍTICA MONETÁRIA:

A política monetária pode classificar-se como:

 a) EXPANSIONISTA quando a taxa básica fica abaixo da de equilíbrio (os agentes econômicos não têm motivação para aplicar suas poupanças no BC, dirigindo-as para o mercado, não acontece retirada moeda do mercado);

 b) CONTRACIONISTA quando a taxa básica fica acima da taxa de equilíbrio (estando a taxa básica acima da de mercado, os agentes econômicos ficam motivados a aplicar suas poupanças no BC, retirando moeda do mercado.);

 c) NEUTRA quando a taxa básica é fixada igual à taxa de equilíbrio.

 Pode também ser classificada como:

 a) CAUTELOSA E TEMPESTIVA;

 b) CAUTELOSA E QUE SE ANTECIPA (PREVENTIVA);

 c) PRUDENTE;

 d) IMPRUDENTE (frouxa).

 A política monetária expansionista apesar de ser atraente (defendida pelos economistas mágicos ou autodenominados desenvolvimentistas), pois provoca um crescimento artificial no início (maior quantidade de moeda no mercado), que agrada a todos (não é sustentável nem consistente no tempo, pois forma bolhas, aumentos de preços dos ativos maior do que a inflação), causa males profundos e que exigem ações corretivas sempre radicais e que causam grandes sofrimentos. Além da inflação, do desequilíbrio dos preços relativos, da redução do poder de compra dos salários, do aumento dos juros reais, pode valorizar alguns ativos artificialmente (quando a correção vem pode provocar quebras, crise de crédito, de liquidez e de solvência). O crescimento da demanda ocorre em velocidade maior que o da oferta. A política monetária neutra ou contracionista, menos atraente no início, por ser mais realista, tem como grande atrativo o crescimento consistente e sustentável, sem inflação, com preços relativos equilibrados, as valorizações dos ativos não são artificiais (são reais), o poder de compra dos salários não diminui, até aumenta. Com os ganhos de produtividade os preços podem cair e os salários aumentar (relativos). A velocidade do crescimento da demanda e da oferta são equilibradas. A distância da taxa básica para a de equilíbrio é que motiva mais ou menos os agentes econômicos a aplicarem suas poupanças com o BC (retira moeda do mercado).

Relação déficit público x taxa de juro básica x taxa de juro de mercado: o déficit público influencia as taxas de juro de mercado através da demanda por crédito pelo estado ou da monetização da economia, por extensão a taxa básica.

 2.1) MOEDA X OUTROS ATIVOS (FORMAÇÃO DE BOLHAS): A escolha dos agentes econômicos (consumidores, investidores e poupadores) entre a Moeda e outros Ativos financeiros ou não é fundamental (isto é aceito por todos, keynesianos e clássicos).  Se a Moeda pátria não é aceita como Reserva de Valor (Moeda mais Juros) a turma foge para outros ativos (bolsa, imóveis, moedas estrangeiras etc.), podendo formar bolhas (véspera da crise). Não existe nada pior para uma economia do que a desmoralização de sua moeda (bom senso). A combinação taxa básica expansionista e negativa (menor do que a inflação) é a receita para formação de bolhas (é o que podemos definir como política monetária expansionista e imprudente, o pior dos mundos).

 2.2) WICKSELL - FISHER: 

Wicksell disse que um processo inflacionário se constata quando a taxa natural de juros (neutra, de equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao natural (neutro ou de equilíbrio).

Fisher complementa o raciocínio introduzindo o conceito de comparação entre os juros de mercado (nominal, ex-ante, fruto das expectativas de inflação, efetivamente planejado.), com o juro acontecido (real, ex-post, efetivamente realizado.). Se as expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o pior dos mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a expectativa de que os preços continuarão a subir.

 2.3) JURO FIXO X SELIC X ÍNDICES: o detentor de poupança ao fazer uma aplicação financeira tem de escolher entre: a) juro fixo nominal; b) juro nominal mais um índice de correção; c) um percentual do CDI ou da Selic diária. Ao fazer a escolha o poupador (consciente ou inconscientemente) está comparando o juro obtido (efetivamente pactuado) com a inflação prevista (planejada) e com a evolução das taxas de juros. Um título corrigido por CDI, Selic ou índice, é como comprar um seguro contra a inflação futura e movimentos (evolução) das taxas de juros. Um título com taxa pré-fixa corre o risco das taxas de mercado subirem, neste caso o valor de mercado do mesmo ficará abaixo do nominal - de face - (o inverso é verdadeiro, queda nas taxas fixas fazem o valor de mercado do título ficar acima do de face, o nominal).   

 A ESCOLHA DOS POUPADORES: MOEDA PÁTRIA X OUTROS ATIVOS

 ATIVO

RISCOS

RENDA DOS POUPADORES

DESTINO, FINALIDADE

MOEDA (preferência pela liquidez)

Guarda

Evita perda com deflação,

desvalorizações de títulos e insolvências.

Entesourar moeda (reduz a liquidez).

APLIC. FINANC. Renda Fixa Pré

Inflação, Juros subirem (cai valor títulos)

Juros (- Inflação - IRF).

Financiamentos (empresas e pessoas).

APLIC. FINANC. CM, Índices

A parte de juros subir (cai valor títulos)

Juros + CM - IRF

Financiamentos (empresas e pessoas).

BOLSA

Desvalorizações

Dividendos. + - Variações no valor

Aumento de Capital, Transferências.

IMÓVEIS, TERRENOS, AMPLIAÇÕES

Liquidez, desvalorizações

Alugueis + ou -  Variações no Valor

Locatários (empresas e pessoas).

ESTOQUES, MAQUINÁRIOS

Depreciações tecnológicas (inovações)

Valorizações

Consumo futuro.

OUTRAS MOEDAS

Desvalorizações

Juros + - Variações Cambiais

Câmbio.

OURO

Desvalorizações

Valorizações

Entesourar

 

 O FLUXO DE CRIAÇÃO DA MOEDA

 

EMISSÃO DE MOEDA

100

CRIA DEPÓSITO

97

CRIA EMPRÉSTIMO

90

CRIA DEPÓSITO

87

CRIA EMPRESTIMO

80

CRIA DEPÓSITO

77

E ASSIM SUCESSIVAMENTE. PARA CADA 100 DE EMISSÃO DE MOEDA SÃO CRIADAS MAIS, DE 700 A 1100 NOVAS MOEDAS (CHAMADAS FIDUCIÁRIAS OU BANCÁRIAS).

 MATRIZ RESUMIDA DAS TENDÊNCIAS DE VARIÁVEIS A PARTIR DE MUDANÇAS NA TAXA BÁSICA (SELIC).

 

ib e imlp

CP/LP

ib

imcp

imlp

PIB

Cons.

Invest.

INFL.

Poup.

EXP.

IMP.

PIB

ib >  imlp

Contração  Monetária

CP

+

+

-

-

-

-

-

+

+

-

Redução atividades

ib >  imlp

Contração  Monetária

LP

-

-

-

+

+

+

-

+

+

-

Cresc. Sustentado

ib <  imlp

Expansão Monetária

CP

+

-

+

+

+

+

+

-

.

+

Cresc. Não Sust.

ib <  imlp

Expansão Monetária

LP

+

+

+

-

-

-

+

-

.

+

Bolha


CP (curto prazo) = primeiro momento; LP (longo prazo) = segundo momento; imlp = juro de mercado de equilíbrio de lp; imcp = juro de mercado de curto prazo.

 CURVAS DE JUROS ASCENDENTES E DESCENDENTES.

SELIC 14,25% (curva descendente). O TN consegue captar a prazos longos com juros menores.

 


 Selic 8,5% (curva ascendente). Os juros longos maiores que Selic. Se a Selic fosse tabelada em 9,5% os juros longos poderiam ceder.

SELIC 14,25% AINDA SEM CONSEGUIR FAZER EFEITOS. Curva ascendente, juros longos maiores que Selic

 


a) COM A ECONOMIA EM EXPANSÃO (conjuntura prospectiva de crescimento, expansionista): a taxa básica fixada acima da taxa neutra tem efeito contracionista; fixada abaixo da taxa neutra provoca inflação e bolha (preços dos ativos sobem acima dos IPCs) ao invés de mais crescimento. Com os preços subindo acima da meta o BC deve fixar a taxa básica acima da de equilíbrio (ou neutra). Os agentes fazem aplicações no BC (através dos bancos) = retirada de moeda do mercado (contração monetária, retração de empréstimos). Se o BC, ao contrário, fixar a taxa básica abaixo da neutra o efeito expansionista será imediato e absurdo provocando inflação e bolha (preços dos ativos sobem acima dos IPCs). Retirando moeda do mercado ele reduz os depósitos bancários, reduzindo por consequência os empréstimos e assim sucessivamente, desestimulando as atividades (a demanda e a inflação).

Aplicações em títulos do TN = a moeda continua no mercado (o gasto acontece através do TN). Apenas se acontecer Superávit Público Nominal e o TN depositar o valor no BC é que é = a retirada de moeda do mercado. Se o Superávit for utilizado para pagar dívida do TN a moeda continua no mercado (o efeito imediato é a redução das taxas de juros de mercado, por extensão da taxa básica). A redução da demanda do estado (G) é compensada pelo aumento de recursos com a iniciativa privada. Os juros caem pela redução das captações pelo estado.

b) COM A ECONOMIA EM CONTRAÇÃO (ou conjuntura prospectiva contracionista): Neste caso o BC deve fixar a taxa básica abaixo da neutra. O efeito expansionista da taxa básica apesar de nulo para conseguir crescimento, evita mais contração. Os agentes continuam com suas aplicações no mercado (não acontece contração monetária), mas como a conjuntura já está recessiva continua da mesma maneira (mas com menos força). Estando a conjuntura em transição, saindo da recessão, com os preços aos consumidores subindo acima da meta e os dos ativos que não moeda evoluindo acima destes, a taxa básica sendo fixada abaixo do ponto neutro agravará o cenário. A história monetária e a prática têm demonstrado que o efeito expansionista da taxa básica (o efeito expansionista da moeda) atua mais nos preços dos Ativos que Não Moeda (financeiros ou não), formando Bolhas, do que no crescimento real da economia (acontece inflação ao invés de crescimento econômico). Estando a conjuntura em recessão os efeitos acontecem nos preços dos ativos (acima dos efeitos nos preços dos bens de consumo). A conjuntura recessiva continua, agravada pelo desequilíbrio nos preços relativos e pela redução nos salários reais. A correção da economia em desequilíbrio (preços relativos e bolhas) apenas atrasa. Para evitar contração a receita é aumento dos gastos públicos (déficit público de 3%, com máximo de 5% do PIB, até que as atividades e expectativas revertam para retorno da normalidade) e fixar a taxa básica abaixo da neutra.

 VARIÁVEIS A ANALISAR PARA FIXAÇÃO DA SELIC:

1) se a taxa Básica menos IRF está acima ou abaixo da inflação e da taxa de juro de equilíbrio (ponto mais negociado da curva de juro de LP.). Se a taxa básica (líquida de IRF) está positiva ou negativa frente a inflação (3 últimos meses e projeção);

2) a tendência e a evolução da curva de taxa de juros (se o ponto mais negociado está acima de 1 ano; se o maior volume negociado está acima de 1 ano);

3) a evolução dos índices dos preços (inclusive estratificação) aos consumidores, no atacado, dos ativos que não moeda (financeiros ou não);

4) o percentual de utilização dos fatores de produção (trabalho, capital, recursos naturais; tecnologia), inclusive estratificação (tendência da utilização da capacidade instalada, PIB potencial). O nível de utilização (e a tendência) da capacidade instalada (NUCI);

5) os estoques;

6) o fluxo cambial (inclusive o Bal. de Pagamentos), o câmbio (evolução e tendência), os preços das commodities;

7) a conjuntura: PIB negativo com tendência descendente = economia em recessão (expectativas dos agentes negativas e pessimistas) ou com tendência ascendente (saindo da recessão). PIB positivo com tendência ascendente = economia em expansão (expectativas dos agentes positivas e otimistas), ou com tendência descendente = economia desacelerando. A Volatilidade e a Previsibilidade;

8) contas públicas deficitárias ou superavitárias;

9) dívida pública e seu perfil.

 2.4) PARA REDUZIR A INFLAÇÃO: Fazer ib maior que imlp (contração monetária) - a redução da quantidade de moedas no mercado reduz as atividades econômicas, reduz a propensão a consumir (o consumo interno), reduzindo por extensão a demanda interna (consumo e investimentos) e a pressão sobre os preços (inflação), aumentando por outro lado a propensão a poupar. As taxas de juros pré fixos de lp caem acompanhando as expectativas da inflação. Uma taxa básica menor do que a neutra fará as expectativas de inflação e os juros de mercado de lp subirem.

Medidas complementares no combate à inflação: Depósitos compulsórios; Compra ou venda de títulos públicos; Compra ou venda de moedas inclusive atuação em mercados futuros; I. O. F. = Imposto sobre Operações Financeiras; reduzir prazos de financiamentos através de normas prudenciais.

 2.5) COM RECESSÃO E DEFLAÇÃO:

Fazer ib menor que imlp (expansão monetária) - pode aumentar a propensão a consumir, as atividades econômicas, a demanda interna (consumo e investimentos). A médio ou longo prazo aumenta a pressão sobre os preços (inflação), criando uma bolha de crescimento (não sustentável no tempo). Complementar com política fiscal (aumentar gastos públicos com investimentos e até correntes desde que temporários).

 2.6) DISTÂNCIA ENTRE a ib, a TAXA DE EQUILÍBRIO e a externa - É o AMBIENTE ECONÔMICO e a inflação desejada que definem em quanto a taxa básica deve ser fixada acima da taxa de equilíbrio. O GRAU DE CONFIANÇA E DE CREDIBILIDADE (AMBIENTE INTERNO) passado pelas autoridades (monetárias, governamentais, enfim pelas instituições), os números do país (reservas, saldos do balanço comercial, fiscal e em transações correntes, dívidas externa e interna) e a conjuntura (interna e externa), que definem a taxa de juro de equilíbrio interna, a de financiamentos externos para o Brasil (juros mais o risco Brasil) e a distância entre elas. No Brasil a taxa interna de equilíbrio é superior à externa (para o país), já no Japão e na Suíça acontece o inverso. A maior ou menor prudência reflete-se na distância entre a ib e a imlp. 

2.7) EFEITOS DA TAXA BÁSICA (SELIC) –

a) NO BALANÇO COMERCIAL E NO CÂMBIO - A taxa básica muito acima da de equilíbrio diminui a demanda interna, motiva as empresas para as exportações (demanda externa) e reduz as importações. O aumento das exportações e a redução das importações podem fazer a relação cambial ficar favorável à moeda pátria, que se valoriza. Nos países com demandas não satisfeitas ou reprimidas, principalmente os em desenvolvimento, a taxa básica pode ser fixada acima da taxa de equilíbrio em um patamar que provoque o aumento das exportações, mantém a inflação em um nível considerado aceitável e aumenta as importações (é o caso do Brasil no momento). A taxa básica fixada abaixo da de equilíbrio aumenta o consumo interno e reduz a motivação para as exportações (aumenta as importações).

b) NA TAXA DE JURO LONGO PRAZO – Se a autoridade monetária fixar uma taxa básica que passe insegurança, fará com que os agentes econômicos fiquem inseguros quanto ao futuro e subam a taxa de juro de longo prazo (prevendo aumento da inflação). Neste sentido a fixação de uma taxa básica muito baixa provoca efeito reverso (sobe a taxa de juro de longo prazo). A fixação correta da taxa básica (quando objetiva-se a redução da inflação) faz a taxa de juro de longo prazo cair. A curva dos DI 360, ao longo dos dias ficará descendente (a curva, do dia, dos juros de mercado de lp, reduzirá a tendência ascendente, podendo até ficar descendente).

“Ao longo dos anos 90, fiquei muito impressionado com a facilidade com que passamos a influenciar, com a política monetária, a taxa de juros de longo prazo. Ficou mais fácil cumprir a missão.” Alan Greenspan.

 

RELAÇÕES TAXA BÁSICA X CURVA DA TAXA DE JUROS (TAXA DE 1 DIA; TAXA DE 1 ANO; PONTO MAIS NEGOCIADO; TAXA MAIS LONGA; VOLUMES NEGOCIADOS.).

 VARIÁVEIS IMPORTANTES NO ESTUDO DA FIXAÇÃO DA TAXA BÁSICA: a) taxa de juros de 1 dia; b) taxa de juros de 1 ano; c) ponto mais negociado da curva de juros; d) taxa mais longa; e) maiores volumes negociados; f) inflação ascendente ou descendente; g) juros longos da curva ascendentes ou descendentes; h) percentual de itens de preços pesquisados subindo (se maior do que 45%, é o início do processo inflacionário). Estes pontos da curva da taxa de juros de mercado são variáveis importantes da conjuntura presente e prospectiva (expectativas). É a visão que os agentes do mercado que colocam valores em jogo têm do presente e do futuro (suas expectativas). São avisos importantíssimos para o analista econômico-financeiro. Quem não entende isto não entende de política monetária.   

PONTO MAIS NEGOCIADO: se abaixo de 1 ano significa que a taxa básica está muito baixa. O ponto mais negociado deve estar sempre acima de 1 ano.

VOLUMES NEGOCIADOS: Se o maior volume estiver abaixo de 1 ano significa que a taxa básica está muito baixa. O maior volume deve estar sempre acima de 1 ano. Se os volumes negociados da curva de juros estiverem migrando de prazos longos para curtos, significa que os agentes estão com expectativas inflacionárias ascendentes e considerando a política monetária inadequada (frouxa).

A TAXA BÁSICA (taxa que o BC paga para reduzir a monetização da economia) pode ser fixada nos intervalos:

a) Menor do que a taxa de 1 dia: neste caso a atuação do BC fica inócua, pois sendo menor do que a taxa de mercado de 1 dia, os agentes não aplicarão com o BC, portanto não acontecerá contração monetária;

b) Maior do que a taxa de 1 dia, mas menor do que a taxa de 1 ano e que o ponto mais negociado da curva: neste caso a atuação do BC será inócua (com a liquidez nas negociações dos títulos do TN, o mercado paga mais). Somente se o BC tiver credibilidade e demonstrar que o viés da taxa básica será de alta (ou as expectativas forem de baixa na inflação) é que conseguirá os primeiros efeitos positivos;

c) Maior do que a taxa de 1 ano, mas menor do que o ponto mais negociado. Se o BC tiver credibilidade e o mercado acreditar que a taxa básica irá subir (ou que a inflação irá cair) os primeiros efeitos acontecerão;

d) Acima do ponto mais negociado. Neste caso a taxa básica terá um efeito contracionista e a inflação será contida.

PIB POTENCIAL: curva da inflação ascendente significa que o PIB POTENCIAL já foi ultrapassado.

 3) GRÁFICO 1 – RELAÇÃO SELIC (taxa básica = ib) X TAXA DE MERCADO de lp (imlp).   

O eixo das ordenadas (vertical) mede a taxa de juro Selic. O eixo das abscissas (horizontal) mede a taxa de mercado (imlp). No ponto ibn = 5, encontro das duas curvas, dar-se-ia o ponto de equilíbrio (ponto neutro). Fazendo ib1 = 1, menor do que ibn = 5, teremos im1 = 9, maior do que ib1 = 1. A taxa básica menor do que o ponto neutro = 5, faz a taxa de longo prazo subir (expectativas de inflação). Fazendo ib2 = 9, maior do que ibn = 5, teremos im2 = 1, menor do que ib2 = 9. A taxa básica maior do que o ponto neutro = 5, faz a taxa de longo prazo cair. Quanto maior a Selic, menor a imlp; quanto menor maior a imlp.

 


 4) GRÁFICO 2: RELAÇÃO TAXA DE JURO (i) X POUPANÇA (S) E INVESTIMENTO (I). Sabemos que em um dado momento (na fotografia, em um mercado fechado) poupança e investimentos são sempre iguais (a curva I e a curva S são iguais, formam a curva IS). Se Y = C + I (produto = renda = consumo + investimentos), temos que I = Y - C (investimentos = renda - consumo). Se S = Y - C (poupança = renda - consumo) temos que I = S (poupança = investimentos). Fazendo in = 5 (ponto neutro), teremos poupanças e investimentos iguais a 5 (equilíbrio). Fazendo im1 = 1, menor do que in = 5, teremos S 1 = 1, menor do que  I 1 = 9 (investimentos maior do que poupanças). Fazendo im2 = 9, maior do que in = 5, teremos S 1 = 9, maior do que I 2 = 1 (investimentos menor do que poupanças). Quanto maior a taxa de juro maior o estímulo a poupar (no primeiro momento) e menor o a investir; quanto menor a taxa de juro menor o estímulo a poupar e maior o a investir (a falta de poupança interna é coberta por importadas, o excesso é exportado). Na prática a taxa de juro de mercado deve ser um pouco menor do que as expectativas da relação lucros/investimentos, mas positivos para evitar desequilíbrio entre demanda e oferta.

 


 5) GRÁFICO 3 – RELAÇÃO ENTRE A TAXA DE JURO NATURAL (in) X E A TAXA DE JURO MERCADO (im).

A correlação acima, taxa básica x taxas de mercado de lp, fundamenta-se no estudo da correlação entre a taxa de juro natural (a taxa de equilíbrio ideal, virtual, mas não real) e a taxa de juro de mercado (real, formada pelo mercado, expectativas, oferta e procura), conforme gráfico abaixo.

Se in é maior do que im, teremos: expansão monetária, expansão de crédito, elevação de demanda, de preços e inflação (sucessiva e cumulativamente). OBS: se o BC coloca a ib igual ou maior do que a in ele inverte os efeitos, pois teremos uma taxa de juro real (a básica) influenciando as tendências e produzindo efeitos contrários (no lugar da natural, que é apenas a taxa ideal de equilíbrio, mas apenas virtual). 

Se in é menor do que im, teremos: contração monetária (maior oferta de crédito e menor procura), redução de demanda e de preços (deflação). OBS: raciocínio inverso acontecerá se a básica for fixada no lugar da natural (é o BC colocando uma taxa real no lugar da ideal, mas virtual).   

 


 

6) GRÁFICO 4 - RELAÇÃO TAXA BÁSICA (ib) X TAXA DE MERCADO (im).

Se ib menor que im, teremos: expansão monetária, expansão de crédito, elevação de demanda, de preços e inflação (sucessiva e cumulativamente). OBS: raciocínio inverso ao da relação in x im.

Se ib maior que im, teremos: contração monetária (maior oferta de crédito e menor procura), redução de demanda e de preços (deflação). OBS: raciocínio inverso ao da relação in x im.

 


 

 7) QUADRO RESUMO DAS RELAÇÕES in x im e ib x im. 

A in é uma taxa de juro de equilíbrio ideal, mas VIRTUAL. A im é uma de juro real. O BC, para equilibrar o mercado, entra fixando a taxa básica (ib) o mais próximo possível da natural (in). A melhor medida para a taxa básica é a im de lp mais negociada acima de 360 dias. É o ponto definido pelas forças do mercado como o mais aceito pelos agentes econômicos. No Brasil considera-se o DI 360 ou a mais negociada acima deste ponto. Nos USA o T-Note de 2 anos, ou o ponto mais negociado acima deste ponto. Como os títulos americanos são considerados (ainda) refúgio para as reservas mundiais (inclusive privadas), deve-se analisar as taxas LIBOR e a Prime (a distância para os T-Note).

 

RELAÇÃO TAXA NATURAL (in) X TAXA DE MERCADO (im):

im é menor do que in, teremos: expansão monetária e inflação.

im é maior do que in, teremos: contração monetária e redução da inflação. 

RELAÇÃO TAXA BÁSICA (ib) X TAXA DE MERCADO:

ib é maior do que im, teremos: contração monetária e redução da inflação. 

ib é menor do que im, teremos: expansão monetária e inflação.

 

im < in : - Poupança; + C; + Lucros; + I; + Salários; + NUFP; + INFLAÇÃO.

im > in : + Poupança; - C; - Lucros; - I; - Salários; - NUFP; - INFLAÇÃO.

 

NUFP (nível de utilização dos fatores de produção).

Este texto baseou-se na teoria do juro e da moeda de Wicksell (Johan Gustaf Knut Wicksell, 1851, 1926), a mais bela construção teórica em economia monetária, pela simplicidade e bom senso (todos, após ele, nadaram em seus estudos).  01/2007.

Marco Aurélio Garcia; 01/2007.


A RESPEITO DE POLÍTICA MONETÁRIA:

1) Sozinha não resolve problemas microeconômicos, estruturais ou setoriais. A ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA (mas não suficiente) AO DESENVOLVIMENTO E AO CRESCIMENTO ECONÔMICO SUSTENTADO;

2) A moeda neutra permite que o equilíbrio nas relações tenha como efeito uma taxa de crescimento consistente e sustentável;

3) A emissão de moeda superior ao PIB potencial não provoca crescimento sustentado (provoca bolhas e crises);

4) A política monetária deve contribuir para um ambiente de ESTABILIDADE e de PREVISIBILIDADE, permitindo o alongamento do planejamento e das operações (das famílias e das empresas);

5) A estabilidade e a previsibilidade são condições para redução das taxas de juros reais e consequentemente do crescimento do PIB;

6) A TAXA BÁSICA DE JURO É O PRINCIPAL INSTRUMENTO DA POLÍTICA MONETÁRIA (errando nela errou em tudo);

7) A DETERMINAÇÃO DA TAXA BÁSICA IDEAL DEVE OBEDECER A AÇÃO IMPESSOAL DOS MERCADOS (um grande número de agentes, com interesses, gera resultados superiores aos alcançados pelo poder discricionário dos planejamentos centralizados). O PONTO DA CURVA DE JURO DE MERCADO MAIS NEGOCIADO É O MAIS PRÓXIMO DA TAXA NEUTRA (OU DE EQUILÍBRIO);

8) O REGIME DE TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE É NECESSÁRIO PARA QUE A POLÍTICA MONETÁRIA NÃO PROVOQUE DESEQUILÍBRIOS NO BALANÇO DE PAGAMENTOS.  08/2008.

 REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:

a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;

b) Uma COMUNICAÇÃO eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;

c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;

d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;

e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa Selic e as taxas de mercado, se os agentes antecipam mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.