sábado, 29 de fevereiro de 2020

CRESCIMENTO ECONÔMICO: RELAÇÕES COM CONSUMO, INVESTIMENTO, RENDA E JUROS.



CRESCIMENTO ECONÔMICO: RELAÇÕES COM CONSUMO, INVESTIMENTO, RENDA E JUROS.

Já é sabido que não há taxa de juros, mesmo que negativa (+ i - % inflação = - i), capaz de fazer crescimento sustentado e reanimar uma economia. A taxa de juro é apenas uma variável das mais importantes, necessária, mas não o suficiente. Existe a inércia inflacionária (conhecida pelos brasileiros) e a de preços (tipo uma inflação retardada, diferente da reprimida). A inflação afeta o câmbio antes de afetar os preços internos (inflação e câmbio são efeitos, são gêmeos, um afeta o outro). Não existe inflação que perdure sem expansão monetária e demanda que a sustente. 

EXPANSÃO MONETÁRIA: nos países que não emitem moeda conversível (reserva) a expansão monetária acima do PIB potencial é causa de inflação. Nunca aconteceu um processo inflacionário sem expansão monetária e demanda que o sustentasse. A expansão monetária é causa de inflação dependendo de cada país (e da conjuntura dos mesmos). O que aprendemos de novo é que a expansão monetária sozinha não provoca crescimento nem inflação em país que emite moeda reserva mundial (basta que a aceitação da moeda se expanda para outros países).

POLÍTICA MONETÁRIA E CRESCIMENTO SUSTENTADO:

A experiência demonstrou que a política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas. A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.  

COMENTÁRIO SOBRE CRESCIMENTO ECONÔMICO:

Uma adequada Distribuição de Rendas, a existência de Fatores de Produção (recursos naturais, capital, trabalho, tecnologia), a Segurança Institucional do capital investido, uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação, vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas, judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem segurança), um Sistema Financeiro compatível que proporcione Segurança para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do Consumo e dos Investimentos, um sistema previdenciário que estimule a formação de poupanças e que não permita privilégios, contas públicas transparentes com publicações de balancetes mensais analíticos, gastos públicos improdutivos (atividades meio) sejam o menor possível, são fatores importantes e que devem ser analisados.

CRESCIMENTO ECONÔMICO CAUSAS:

 a) existindo capacidade instalada ociosa, estoques, fatores de produção não utilizados ou evolução tecnológica que permita aumento de produção (produtividade), o aumento da liquidez pode provocar aumento do PIB sem ocorrer inflação. Os monetaristas (e liberais) aconselham que a moeda deve ter um crescimento conhecido e ter por limite de crescimento o PIB POTENCIAL conhecido;

b) a melhoria da Distribuição da Renda aumenta o Consumo (nível de atividades) e motiva investimentos, mas pode causar inflação se não ocorrer aumento de produção (ou de importação);

c) taxas de juros de mercado menor que a natural, ou taxa básica menor do que a de equilíbrio ou neutra eleva a demanda sem causar inflação se existir capacidade de produção não utilizada (fatores de produção livres);

d) emissão de moedas para fazer face a gastos produtivos e necessários, aumenta a capacidade de produção;

e) entrada de divisas estrangeiras com conversão para moeda local aumenta a liquidez (pode causar inflação);

f) aumento da procura global com aumento da oferta global;

g) aumento de exportações;  

h) FATORES DE PRODUÇÃO (pleno emprego) - Não existindo pleno emprego dos fatores de produção (trabalho, capital, recursos naturais, tecnologia), o aumento dos GASTOS DO GOVERNO (G) e dos Meios de Pagamentos, direcionados a Investimentos eficazes e de maturação de médio prazo, podem ser uma medida benéfica e de estímulo à economia (estimula a procura global, os investimentos e a produção).

i) EFEITO ENRIQUECIMENTO - Expectativas positivas e segurança quanto ao futuro podem aumentar o consumo e investimentos (pode provocar aumentos de preços caso inexista aumento de produção). A percepção de aumento de renda pessoal, provocada por valorizações de ativos, etc., provoca sensação de segurança e aumento de consumo;

j) EFEITO EMPOBRECIMENTO - Expectativas negativas, provocadas por desvalorizações de ativos (poupanças, bolsas, imóveis, etc., provoca percepção de empobrecimento), e por taxas de juros reais negativas (queda da renda de poupadores, de fundos de pensões, etc.), provocam insegurança quanto ao futuro e podem induzir a redução de consumo, de investimentos e queda de preços (paradoxo);

k) DESARMONIA ENTRE AS POLÍTICAS FISCAL E MONETÁRIA (incluso a cambial) - Déficits públicos acima do aceitável (política fiscal) puxam as taxas de juros de mercado para cima e exigem maior taxa básica por parte da política monetária (um puxa para um lado, o outro, para outro), influenciando negativamente as expectativas;

l) INSEGURANÇA NA MOEDA PÁTRIA: a perda de segurança no poder de compra da moeda (juros negativos provocam perdas nas poupanças e nos fundos para garantir aposentadorias e renda mensal) provoca redução de consumo para aplicações em outros ativos (que não a moeda pátria mais juros), podendo provocar bolhas nos preços de outros ativos. O furo da bolha provoca crise e perdas. A redução do consumo reduz a pressão inflacionária (paradoxo). Não tem sustentação a LP e provoca crise cambial e desvalorização da moeda pátria e inflação a seguir (no segundo momento);

m) gastos improdutivos (necessários e desnecessários) em percentual alto em relação à receita ou aos gastos produtivos necessários reduz o PIB. O inverso é verdadeiro.

CONSUMO: RELAÇÕES COM RENDA, JUROS E INFLAÇÃO. 04/2012

1) KEYNES: para Keynes o consumo subiria de acordo com a renda. Maior a renda maior o consumo total, mas menor em relação à renda.

2) IRVING FISHER: para Fisher o consumo dependia da expectativa de renda e de vida.

3) MILTON FRIEDMAN: para Friedman o consumo dependia da renda permanente (a renda que os agentes têm segurança de que receberão).

4) MODIGLIANI: para Modigliani o consumo é função da riqueza e da renda em relação à expectativa de vida.

5) MELHORIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: a melhoria na distribuição de renda (redução da concentração da renda) aumenta o consumo no curto e no médio prazo (ou enquanto houver espaço para ela ocorrer). O aumento do consumo induz o aumento dos investimentos (é o crescimento da renda total = PIB).

6) O CONSUMO, A TAXA BÁSICA DE JURO, A LIQUIDEZ (QUANTIDADE DE MOEDA) E A INFLAÇÃO: os monetaristas defendem o princípio de que o aumento da liquidez (moeda) em proporção maior do que o crescimento potencial do PIB provoca um aumento da demanda (C + I) no CP, das expectativas de inflação e da inflação no médio ou longo prazo. Recomendam que a liquidez tenha um aumento constante, não superior à capacidade de crescimento do PIB (PIB potencial). Desaconselham altos e baixos no crescimento da moeda, pois isto traz insegurança aos agentes e reduz a previsibilidade e os investimentos. A taxa básica é a ferramenta mais eficaz dos BCs na redução do excesso de liquidez (moeda) do mercado, por consequência reduz também as expectativas de inflação (no processo a taxa básica será reduzida no segundo momento). Uma taxa básica abaixo da adequada permitirá um aumento das expectativas de inflação e necessidade de uma taxa maior no futuro para combater os aumentos dos preços. Se a autoridade monetária deixar que a liquidez aumente seguidamente em relação ao PIB potencial o processo inflacionário instala-se.

7) CRISES: em um processo de aumento de liquidez agravado com taxa de juro real ex-post negativa (a taxa real ex-post fica menor do que a ex-ante, a inflação projetada fica sempre menor do que a ocorrida), instala-se o processo inflacionário e a fuga da moeda mais juros para ativos que não moeda (imóveis, moedas estrangeiras, ações, ouro, etc.). Esta conjuntura artificial (aumento desproporcional de liquidez e juros negativos) caminha para o processo de insegurança e furo da bolha dos preços dos ativos que não moeda, trazendo redução da Previsibilidade para o mercado, instalando-se um cenário que começa com a Desaceleração do Crescimento do PIB provocada pela redução da riqueza (desvalorizações de ativos), passando para a recessão, podendo chegar à depressão se não combatido adequadamente. O combate à crise que se instala resume-se em impedir a quebra dos bancos, a redução da liquidez (não confundir com aumentos excessivos), complementada por política fiscal (aumento de gastos públicos não constantes e melhoria de distribuição de renda). MAG 04/2012.

O RISCO DA EXAUSTÃO TECNOLÓGICA (depreciações aceleradas, perda de capacidade de concorrência da produção): o hiato do produto (diferença positiva entre PIB potencial e o efetivo) = capacidade de produção instalada não utilizada, e a capacidade de produção podem perder as condições de concorrer se acontecer uma modernização acentuada de software, hardware ou de sistema de produção. Exemplos: os teares antigos exigiam 1 funcionário por tear para funcionar, os modernos exigiam 1 para controlar 50 teares. Os motores (e outros componentes) a diesel tinham que ser revisados a cada 150.000 km, os modernos passaram a durar 1 milhão de km. Na área de informática as inovações destrutivas ocorrem a cada dois anos. Isto significa que uma crise que dure alguns anos torna a capacidade de produção da economia sem condições de concorrer.

A DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL: outro fator positivo por um lado e negativo por outro é a desvalorização cambial. Por um lado, reduz o preço em dólar da produção interna exportável e sobe o das importações.  As commodities exportáveis prefixadas em dólar apenas aumentam os lucros dos produtores internos (e pressionam os preços internos), já as importadas aumentam os preços internos em real. A desvalorização cambial sobe os preços de importações de fatores de produção (maquinários, software, sistemas e partes reexportáveis). Pode fazer a indústria nacional perder capacidade concorrência.    

A MÁGICA DO CRESCIMENTO SUSTENTADO: taxa básica adequada, câmbio flutuante, gastos improdutivos pequenos em relação aos produtivos, regulamentação que não iniba o ambiente de negócios (que facilite e motive), um sistema financeiro sólido e seguro, linhas de financiamento de LP, facilidade de importações de tecnologias e de fatores de produção (maquinários, sistemas e partes para reexportar). 
FORMAÇÃO DE EXPECTATIVAS POSITIVAS: instituições políticas (legislativo e executivo) que passem segurança e previsibilidade, Banco Central e Ministério da Economia e Planejamento que passem segurança e previsibilidade, mídia propositiva positiva (a mídia negativa dificulta a formação de expectativas positivas). Segurança cambial para investidores externos. O medo de perda cambial afasta investimentos. Tributação adequada a concorrer com principais concorrentes externos na captação de investimentos. 29/02/2020.  




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