segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

CRISE: MINSKI (HIMAN PHILIP) X LIBERAIS-MONETARISTAS.


CRISE: MINSKI (HIMAN PHILIP) X LIBERAIS-MONETARISTAS

Mesmo após K. S. Rogoff e Carmen M. Reinhart terem publicado  “OITO SÉCULOS DE DELÍRIOS FINANCEIROS. DESTA VEZ É DIFERENTE”, os heterodoxos e os keynesianos procuram uma causa diferente do que até os leigos, por simples bom senso e racionalidade, sabem, as crises têm como causa principal (e necessária, pois não acontece sem ela) inadequada política monetária e/ou fiscal (irresponsabilidades, demagogias, excessos, quebras de limites). Inicialmente usaram e abusaram do argumento simplista (sem especificar nada) da desregulamentação neoliberal como a culpada (no Brasil a ignorância escrevia que os neoliberais eram contra todo tipo de regulamentação). Nos USA onde os leitores são mais informados e racionais, colocaram a culpa na desregulamentação do sistema bancário que culminou com o fim da Glass-Steagall em 1999 (de fato foi uma adequação das normas às necessidades do momento.).  A crítica principal foi sobre a permissão para os bancos poderem revender seus empréstimos hipotecários (os tais pacotes empurrados aos fundos hedge e gananciosos). De fato empurraram a crise para a frente na ilusão do tempo esvazia-la. É bom esclarecer que os liberais e os monetaristas não são e nunca foram contra normas prudenciais (estabelecimento de limites de risco), controladorias e auditorias (muito pelo contrário). O consenso de Washington no item que versava sobre a desregulamentação queria dizer o a seguir:
A desregulamentação é a simplificação das regras e de regulamentações governamentais que dificultam a operação do mercado (a eliminação dos excessos que facilitam a venda de facilidades por burocratas do governo). Desregulamentação não significa a eliminação de leis contra fraude, mas eliminação ou redução do controle governamental de como os negócios são conduzidos, caminhando em direção a um mercado com mais concorrência.” O afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas. As regulamentações devem estabelecer as regras do jogo, defender os interesses dos consumidores e dos mais fracos, estabelecer limites prudenciais, punições. Enfim defender os interesses dos consumidores e o livre mercado (a concorrência justa e honesta). A flexibilidade da relação capital x trabalho como a validação de acordos entre sindicatos dos trabalhadores e de empresas e também entre sindicato e empresa (individualmente).
Minsk (Himan Philip) – economista americano (keynesiano), falecido em 1996, escreveu defendendo a tese da HIPÓTESE DA INSTABILIDADE FINANCEIRA onde o equilíbrio levava ao desequilíbrio, a estabilidade à instabilidade. A estrutura do mercado financeiro no capitalismo é frágil, sujeita a crises, mesmo com os mercados funcionando dentro da normalidade. Uma fase prolongada de expansão e os consequentes ganhos decorrentes estimula a ganância por mais lucros e por posições mais alavancadas (euforia) resultando em posições mais arriscadas (maior exposição ao risco).  Euforia leva à maior exposição ao risco e a seguir à crise (aversão ao risco). Conseguiu descrever o meio do caminho, não enxergou a causa original.
Em linguagem monetarista, política monetária (e/ou fiscal) inadequada (excessivamente expansionista) estimula a procura por ativos que não moeda, formando bolhas (preços dos ativos sobem acima dos IPCs, formando uma irreal sensação de riqueza). A política econômica (monetária ou fiscal) que não cumpre a sua função de defender o poder de compra da moeda é a causa (a origem, o resto é meio do caminho) da crise. A política monetária inadequadamente expansionista leva à valorização dos ativos que não moeda acima dos IPCs, formando uma irreal sensação de riqueza e de ganhos fáceis (levando à euforia, véspera do furo da bolha). O furo da bolha desvaloriza os ativos numa rapidez superior à valorização, modificando a sensação de riqueza para a de empobrecimento. Isto provoca uma crise de solvência, a seguir de liquidez e de crédito (aversão ao risco). Os juros sobem para os títulos considerados de maior risco e caem para os de menor risco. Se o BC ficar estático acontece o empoçamento monetário (todos preferem a garantia da moeda ao risco dos bancos ou títulos). Foi o que aconteceu na crise de 30, a quantidade de moeda caiu em um terço (Milton Friedman). 
Suponhamos uma economia com os dados a seguir: PIB 100; Quantidade de Moeda 100; PIB potencial crescimento de 6%; Crescimento da quantidade de moeda 3%. ISTO SERIA UMA POLÍTICA MONETÁRIA CONTRACIONISTA. A leitura da conjuntura prospectiva é que é difícil. Uma medida de monitoramento é o acompanhamento da tendência da inflação, se ascendente ou descendente. O correto seria a quantidade de moeda crescer em 6% (a busca do equilíbrio). Em uma conjuntura prospectiva negativa a quantidade de moeda poderia crescer acima de 6% (a medida seria a inflação acima ou abaixo de 3%, teto máximo para o crescimento sustentável). Um dos motivos da economia brasileira não ter crescimento sustentável é a alta carga tributária, a relação gastos improdutivos/produtivos ser mais alta do que o aceitável e a meta de inflação de 4,5% (e ainda ser desavergonhadamente desrespeitada).

NÃO EXISTE CRESCIMENTO SUSTENTADO COM:
a) carga tributária de 38%;
b) relação gastos improdutivos/produtivos que impede os investimentos para a infraestrutura necessária para fazer face ao crescimento;
c) meta de inflação de 4,5%;
d) desvalorização artificial do câmbio.

NÃO EXISTE SAÍDA DE CRISE SEM SOFRIMENTO: a perda das riquezas virtuais (os ativos valorizados pelo efeito bolha), a eliminação das irresponsabilidades. MAG 01/2013. 


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