CRISE:
MINSKI (HIMAN PHILIP) X LIBERAIS-MONETARISTAS
Mesmo após K. S. Rogoff e
Carmen M. Reinhart terem publicado “OITO
SÉCULOS DE DELÍRIOS FINANCEIROS. DESTA VEZ É DIFERENTE”, os heterodoxos e os
keynesianos procuram uma causa diferente do que até os leigos, por simples bom
senso e racionalidade, sabem, as crises têm como causa principal (e necessária,
pois não acontece sem ela) inadequada política monetária e/ou fiscal
(irresponsabilidades, demagogias, excessos, quebras de limites). Inicialmente
usaram e abusaram do argumento simplista (sem especificar nada) da
desregulamentação neoliberal como a culpada (no Brasil a ignorância escrevia que
os neoliberais eram contra todo tipo de regulamentação). Nos USA onde os
leitores são mais informados e racionais, colocaram a culpa na
desregulamentação do sistema bancário que culminou com o fim da Glass-Steagall
em 1999 (de fato foi uma adequação das normas às necessidades do momento.).
A crítica principal foi sobre a permissão para os bancos poderem revender
seus empréstimos hipotecários (os tais pacotes empurrados aos fundos hedge e
gananciosos). De fato empurraram a crise para a frente na ilusão do tempo esvazia-la.
É bom esclarecer que os liberais e os monetaristas não são e nunca foram contra
normas prudenciais (estabelecimento de limites de risco), controladorias e
auditorias (muito pelo contrário). O consenso de Washington no item que versava
sobre a desregulamentação queria dizer o a seguir:
“A desregulamentação é a simplificação das regras e de regulamentações
governamentais que dificultam a operação do mercado (a eliminação dos excessos
que facilitam a venda de facilidades por burocratas do governo). Desregulamentação
não significa a eliminação de leis contra fraude, mas eliminação ou redução do
controle governamental de como os negócios são conduzidos, caminhando em
direção a um mercado com mais concorrência.” O
afrouxamento das leis econômicas e trabalhistas. As regulamentações devem estabelecer as
regras do jogo, defender os interesses dos consumidores e dos mais fracos,
estabelecer limites prudenciais, punições. Enfim defender os interesses dos
consumidores e o livre mercado (a concorrência justa e honesta). A flexibilidade
da relação capital x trabalho como a validação de acordos entre sindicatos dos
trabalhadores e de empresas e também entre sindicato e empresa
(individualmente).
Minsk (Himan Philip) – economista
americano (keynesiano), falecido em 1996, escreveu defendendo a tese da HIPÓTESE
DA INSTABILIDADE FINANCEIRA onde o equilíbrio levava ao desequilíbrio, a
estabilidade à instabilidade. A estrutura do mercado financeiro no capitalismo
é frágil, sujeita a crises, mesmo com os mercados funcionando dentro da
normalidade. Uma fase prolongada de expansão e os consequentes ganhos
decorrentes estimula a ganância por mais lucros e por posições mais alavancadas
(euforia) resultando em posições mais arriscadas (maior exposição ao
risco). Euforia leva à maior exposição
ao risco e a seguir à crise (aversão ao risco). Conseguiu descrever o meio do
caminho, não enxergou a causa original.
Em linguagem monetarista,
política monetária (e/ou fiscal) inadequada (excessivamente expansionista)
estimula a procura por ativos que não moeda, formando bolhas (preços dos ativos
sobem acima dos IPCs, formando uma irreal sensação de riqueza). A política
econômica (monetária ou fiscal) que não cumpre a sua função de defender o poder
de compra da moeda é a causa (a origem, o resto é meio do caminho) da crise. A
política monetária inadequadamente expansionista leva à valorização dos ativos
que não moeda acima dos IPCs, formando uma irreal sensação de riqueza e de
ganhos fáceis (levando à euforia, véspera do furo da bolha). O furo da bolha
desvaloriza os ativos numa rapidez superior à valorização, modificando a
sensação de riqueza para a de empobrecimento. Isto provoca uma crise de
solvência, a seguir de liquidez e de crédito (aversão ao risco). Os juros sobem
para os títulos considerados de maior risco e caem para os de menor risco. Se o
BC ficar estático acontece o empoçamento monetário (todos preferem a garantia
da moeda ao risco dos bancos ou títulos). Foi o que aconteceu na crise de 30, a
quantidade de moeda caiu em um terço (Milton Friedman).
Suponhamos uma economia com
os dados a seguir: PIB 100; Quantidade de Moeda 100; PIB potencial crescimento
de 6%; Crescimento da quantidade de moeda 3%. ISTO SERIA UMA POLÍTICA MONETÁRIA
CONTRACIONISTA. A leitura da conjuntura prospectiva é que é difícil. Uma medida
de monitoramento é o acompanhamento da tendência da inflação, se ascendente ou
descendente. O correto seria a quantidade de moeda crescer em 6% (a busca do
equilíbrio). Em uma conjuntura prospectiva negativa a quantidade de moeda
poderia crescer acima de 6% (a medida seria a inflação acima ou abaixo de 3%,
teto máximo para o crescimento sustentável). Um dos motivos da economia
brasileira não ter crescimento sustentável é a alta carga tributária, a relação
gastos improdutivos/produtivos ser mais alta do que o aceitável e a meta de
inflação de 4,5% (e ainda ser desavergonhadamente desrespeitada).
NÃO
EXISTE CRESCIMENTO SUSTENTADO COM:
a)
carga tributária de 38%;
b)
relação gastos improdutivos/produtivos que impede os investimentos para a
infraestrutura necessária para fazer face ao crescimento;
c) meta
de inflação de 4,5%;
d) desvalorização
artificial do câmbio.
NÃO EXISTE SAÍDA DE CRISE
SEM SOFRIMENTO: a perda das riquezas virtuais (os ativos valorizados pelo
efeito bolha), a eliminação das irresponsabilidades. MAG 01/2013.
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