TAXA
NATURAL, DE EQUILÍBRIO OU NEUTRA (BC UTILIZA ESTRUTURAL).
TAXA
NEUTRA: em 2001 tentei manter uma relação entre a taxa básica, a Selic e
as taxas de juros de mercado de médio e de longo prazo. Em 01/2007 publiquei em
meu site um resumo com o título: 1) POLÍTICA MONETÁRIA: RELAÇÕES ENTRE A TAXA BÁSICA E A
TAXA DE MERCADO. A seguir partes:
“1
c) PONTO NEUTRO OU DE EQUILÍBRIO: a definição prática mais aceitável para o
ponto de equilíbrio (ou neutro) é a taxa de juro mais negociada acima de 360
dias (no Brasil o DI 360, nos USA o T-Note de 2 ou de 5 anos). A taxa de juro de equilíbrio de longo prazo
depende de vários fatores, entre os quais a situação fiscal (mais ou menos
déficit) e o endividamento público, a credibilidade do BC (segurança), a taxa
de investimento, o grau de abertura da economia, a eficiência do sistema
financeiro, etc. É a taxa onde
as forças da oferta e da demanda se encontram e se equilibram, atingindo o
máximo produto e utilização dos fatores de produção (inclusive o trabalho) sem
provocar inflação (nas crises, o efeito manada, distorce a taxa). Essa taxa,
teoricamente, é aquela em que a economia atinge a sua mínima taxa de desemprego
sem inflação.”
“2)
POLÍTICA MONETÁRIA: a política monetária pode classificar-se como: a)
EXPANSIONISTA quando a taxa básica fica abaixo da de equilíbrio (os
agentes econômicos não têm motivação para aplicar suas poupanças no BC,
dirigindo-as para o mercado, não acontece retirada moeda do mercado); b)
CONTRACIONISTA quando a taxa básica fica acima da taxa de equilíbrio
(estando a taxa básica acima da de mercado, os agentes econômicos ficam
motivados a aplicar suas poupanças no BC, retirando moeda do mercado); c)
NEUTRA quando a taxa básica é fixada igual à taxa de equilíbrio. Pode
também ser classificada como: a) CAUTELOSA E TEMPESTIVA; b)
CAUTELOSA E QUE SE ANTECIPA (PREVENTIVA); c) PRUDENTE; d) IMPRUDENTE
(frouxa). A política monetária expansionista apesar de ser atraente
(defendida pelos economistas mágicos ou autodenominados desenvolvimentistas),
pois provoca um crescimento artificial no início (maior quantidade de moeda no
mercado), que agrada a todos (não é sustentável nem consistente no tempo, pois
forma bolhas, aumentos de preços dos ativos maior do que a inflação),
causa males profundos e que exigem ações corretivas sempre radicais e que
causam grandes sofrimentos. Além da inflação, do desequilíbrio dos preços
relativos, da redução do poder de compra dos salários, do aumento dos juros
reais, pode valorizar alguns ativos artificialmente (quando a correção vem pode
provocar quebras, crise de crédito, de liquidez e de solvência). O
crescimento da demanda ocorre em velocidade maior que o da oferta. A política
monetária neutra ou contracionista, menos atraente no início, por ser mais
realista, tem como grande atrativo o crescimento consistente e sustentável, sem
inflação, com preços relativos equilibrados, as valorizações dos ativos não são
artificiais (são reais), o poder de compra dos salários não diminui, até
aumenta. Com os ganhos de produtividade os preços podem cair e os salários
aumentar (relativos). A velocidade do crescimento da demanda e da oferta são
equilibradas. A distância da taxa básica para a de equilíbrio é que motiva mais
ou menos os agentes econômicos a aplicarem suas poupanças com o BC (retira
moeda do mercado). Relação déficit público x taxa de juro básica x
taxa de juro de mercado: o déficit público influencia as taxas de
juro de mercado através da demanda por crédito pelo estado ou da monetização da
economia, por extensão a taxa básica.
2.1)
MOEDA X OUTROS ATIVOS (FORMAÇÃO DE BOLHAS): A escolha dos agentes
econômicos (consumidores, investidores e poupadores) entre a Moeda e
outros Ativos financeiros ou não é fundamental (isto é aceito por todos,
keynesianos e clássicos). Se a Moeda pátria não é aceita como Reserva de
Valor (Moeda mais Juros) a turma foge para outros ativos (bolsa, imóveis,
moedas estrangeiras, etc.), podendo formar bolhas (véspera da crise). Não
existe nada pior para uma economia do que a desmoralização de sua moeda (bom
senso). A combinação taxa básica expansionista e negativa (menor do que a
inflação) é a receita para formação de bolhas (é o que podemos definir como
política monetária expansionista e imprudente, o pior dos mundos).
2.2) WICKSELL
- FISHER:
Wicksell disse
que um processo inflacionário se constata quando a taxa natural de juros
(neutra, de equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos
inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao natural (neutro ou
de equilíbrio).
Fisher
complementa o raciocínio introduzindo o conceito de comparação entre os juros
de mercado (nominal, ex-ante, fruto das expectativas de inflação, efetivamente
planejado), com o juro acontecido (real, ex-post, efetivamente realizado). Se
as expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o pior dos
mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a
expectativa de que os preços continuarão a subir.”
A
definição da taxa neutra (estrutural para o BC), com a reversão da inflação de
ascendente para descendente e a consequente queda responsável da Selic volta a
ser discutida. O BC (segundo o Valor, Alex Ribeiro) define como: é a que mantém a inflação estável na meta e
a economia operando em plena capacidade.
COMENTO:
a)
a economia não é estática (utiliza-se apenas para facilitar a didática) é dinâmica,
sempre um processo em movimento. Leis ou
postulados econômicos são enunciados de tendências. As previsões econômicas são
dependentes de ações políticas futuras (ou imprevisibilidades), motivo de
sempre virem acompanhadas da máxima, tudo o mais permanecendo constante;
b)
a taxa básica é uma variável controlável que a autoridade monetária utiliza
para obter efeitos sobre as expectativas de inflação e dos juros futuros de
mercado. Por extensão influencia também o câmbio se a política monetária
conseguir credibilidade e reduzir imprevisibilidades. Entretanto outras
variáveis também influenciam a relação causa e efeito. A taxa básica não é a
única variável que provoca efeitos (apesar de ser consistente e se bem administrada
a mais importante). Existe também um espaço de tempo entre a ação e os efeitos o
que deve ser considerado;
c)
em tese o ponto neutro teria uma inflação zero, ou em torno de zero, + ou - 2%,
no Brasil + ou – 3%. No caso brasileiro a taxa neutra seria aquela que manteria
a curva de juros constante sem oscilações bruscas ou mudança de tendência na
parte média ou longa. Uma taxa básica de 3,75% com inflação prevista de 3% e IRF
médio de 20% daria uma taxa real de zero (3% / 0,8 = 3,75%; 3,75% x 0,8 = 3% - 3%
= zero). Uma inflação prevista de 4%, IRF de 20% (1,0 - 0,2 = 0,8) e uma taxa real
ex-ante prevista de 3% exigiria uma taxa básica de: 3% = in x 0,8 – 4%; 3 + 4 =
in x 0,8; in = 7 / 0,8 = 8,75%. Explicando: uma taxa básica de 8,75% (com
inflação prevista de 4%) daria uma taxa nominal real ex-ante de 3%. Todo cuidado
é pouco. Inflação não é coisa para leigo ou sonhadores (pensamento mágico).
MAG
03/07/2017.
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