sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

CRESCIMENTO DO PIB: EFEITOS DAS VARIÁVEIS E DO AMBIENTE.



Pelo sistema padronizado de contas nacionais originado em Keynes (Teoria Geral), iniciado e organizado por Simon Kusnetz e aperfeiçoado por Richard Stone temos que (a ideia de equilíbrio presume o desequilíbrio):

PIB = C + I + G + E – M, onde C = consumo; I = investimentos; G = gastos do governo; E = exportações e M = importações.

PNB = PIB + Rec. – Rem. = RNB = S + L + J + A, onde S = rendimento do trabalho; L = lucros; J = juros e A = aluguéis. Rec. = recebimentos do exterior; Rem. = remessas para o exterior.

Identidade básica entre Produto, Renda e Despesa. PNB = RNB = DNB.
OBS: Não são incluídos no cálculo do PNB os pagamentos de transferências e  de rendas que não resultem das atividades produtivas, como aposentadorias, pensões e juros da dívida pública.

Se as taxas de juros de mercado caem por expectativas negativas e insegurança (imprevisibilidade) quanto a lucros futuros, claro que teremos queda de crescimento do PIB (ou até redução). Duas variáveis importantes da renda nacional caem, L  e J, influenciando a queda das outras, S e A. Apenas a queda dos juros de mercado conseguida com políticas monetária e fiscal adequadas é que influenciam positivamente o crescimento econômico sustentado. Demagogias, irresponsabilidades, pensamentos mágicos e artificialismo não fazem crescimento econômico sustentado. Fazem é sofrimento.
 
Por bom senso e racionalidade podemos afirmar que os investidores só aplicarão seus recursos em ambientes que proporcionem segurança para o capital investido (boas instituições, judiciário, legislativo e executivo), previsibilidade e expectativas de lucros superiores às taxas de juros do mercado. Claro que um executivo e autoridades econômicas que passem instabilidade e insegurança são fatores negativos para o crescimento econômico.
Em ambientes onde existam fatores de produção (trabalho, capital e recursos naturais), estando a capacidade de produção toda ocupada, necessários novos investimentos para aumento da oferta para que não ocorra inflação (claro que inexistindo poupança interna, necessário utilização de poupança externa, idem recursos naturais e tecnologias, através de importações). As economias desenvolvidas importam até mão de obra (trabalho).
POUPANÇA INTERNA: Para que exista é necessário um Banco Central que pratique políticas monetária e cambial racionais e consistentes, sem demagogias, passando confiança para os agentes econômicos (previsibilidade). Não existem poupanças em ambientes inseguros. Previsibilidade é necessária (para isto acontecer é necessário que a equipe econômica e o governo passem credibilidade e segurança). 
POUPADORES: Agentes econômicos da sociedade (trabalhadores, empresários, capitalistas). O sistema previdenciário deveria ser o maior poupador de toda a sociedade. Na China a falta de um sistema previdenciário, estimulou o povo a poupar (40%). No Brasil o sistema previdenciário do INSS dilapidou as poupanças. O sistema de aposentadorias dos funcionários públicos garante (ou garantiu) PRIVILÉGIOS de APOSENTADORIAS INTEGRAIS, com correções acima da inflação, sem teto máximo. O estoque de aposentadorias inviabiliza a geração atual e algumas futuras. Poucos sabem que o pagamento de uma aposentadoria pressupõe a existência de uma poupança. Não existindo poupança gasta-se a renda atual, impedindo-se a formação de poupanças para o futuro (é como se existisse uma poupança virtual).
Gastos (G) do governo com proporção grande em relação ao PIB e percentual de gastos improdutivos inadequados em relação aos produtivos, investimentos do governo de má qualidade ou insuficientes, e privilégios previdenciários insustentáveis (para minorias) são os principais fatores de pobreza das nações (e de seu povo). A política monetária inadequada é também um fator que influencia a pobreza das nações. A adequada, que mantém o poder de compra da moeda, é apenas necessária, mas insuficiente para o crescimento e a riqueza.
Se um país não tem tecnologia tem que facilitar as importações. Se não tem poupança interna suficiente tem que utilizar a externa (importações de maquinários, tecnologias). 

Privilegiar minorias através de financiamentos e capitalizações (duvidosos) do BNDES é receita velha e negativa para o crescimento econômico. Privilegiar um parque industrial não competitivo com desvalorização cambial (reduzir o poder de compras de todos = reduzir demanda, para proteger minorias) é inconcebível para uma democracia liberal.

POPULAÇÃO, PRODUTIVIDADE E CRESCIMENTO: as populações dos países crescem por nascimentos superiores a mortes e através de imigração. Isto é um fator que quase sempre provoca um crescimento natural. A migração da população de atividades rurais para outras mais produtivas ou que produzam maior riqueza é também um fator de crescimento. Mas o fator que provoca crescimento sem aumento de população é a melhoria contínua da produtividade e as inovações.
Considerando que o número de filhos por casal no Brasil eram 10, passando para 5 em uma geração apenas, a seguir para 3 e hoje abaixo de 2, teremos o crescimento econômico originado pelo aumento da população não mais acontecendo. O que fará (e fez) o crescimento continuar acontecendo é a melhoria contínua da produtividade (melhoria da produção com a mesma quantidade de trabalhadores). A disputa entre a economia de mercado (capitalismo e liberal democracia) e a economia com planejamento centralizado (comunismo e socialismo) teve um desfecho fortemente favorável ao primeiro. O principal motivo da vitória das economias que adotaram o capitalismo-liberal (defesa da concorrência, regras do jogo estabelecidas e normas para limitar o poder discricionário de autoridades) é a luta pela sobrevivência e pelo lucro. A busca do lucro faz com que o atendimento dos desejos dos consumidores (as inovações criam novos desejos) motive a melhoria contínua. A qualidade de vida e a riqueza aumentam. Neste sentido, proteger empresas que não têm condições de competitividade, e nunca terão, pois sobrevivem através de privilégios, não pela luta para a sobrevivência é impedir o crescimento e a melhoria da qualidade de vida. O mercado deve ser conquistado pela melhor qualidade e preço, atender e conquistar a vontade dos consumidores.    
MAG 12/2012.


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