AS DESVALORIZAÇÕES DAS PRINCIPAIS MOEDAS DESDE A ANTIGUIDADE. SEMELHANTE
A UMA MORATÓRIA MODERNA.
As moedas metálicas tinham
o seu valor baseado no seu peso e pureza (ouro, prata).
Os romanos para financiar suas guerras de conquistas reduziam o peso e
a pureza do ouro contido nas moedas (era um tipo de inflação ou desvalorização
da moeda).
Os governos imperiais e monárquicos achavam-se no direito de
falsificar a moeda da mesma maneira que os romanos. Nos tempos mais
contemporâneos muitas nações deixaram de honrar o compromisso com sua moeda.
Podemos enumerar os
prejuízos (tipo de moratória ou quebra) que deram:
a) a Inglaterra deixou de honrar a conversibilidade da Libra esterlina em ouro na
primeira guerra mundial. Após a guerra, em 1925, retornou para a
conversibilidade à paridade de antes da guerra. Foi semelhante a um tiro no
peito;
b) em 1931 a França resolveu transformar toda a sua reserva em ouro. A Inglaterra não
tendo como honrar suspendeu a conversibilidade da Libra esterlina (foi o início
do fim da Libra como moeda reserva mundial);
c) em 1944, na conferência de Bretton
Woods, os USA comprometeram-se
a garantir a conversibilidade do dólar em ouro ao preço de US$35,00 por
onça-troy. Em 1968 os USA estabeleceu dois preços para o
ouro, um oficial apenas para os bancos centrais, outro livre para outros
agentes econômicos (foi o início do cano);
d) em 15/08/1971, os USA, abandonam totalmente a conversibilidade do dólar em ouro. Em março
de 1973 os países industrializados abandonam a paridade fixa com o dólar,
deixando suas moedas flutuarem em relação ao mesmo enterrando de vez o sistema
de Bretton Woods; e) em 1979 os principais países da Europa decidiram criar um
sistema monetário regional (o EURO). O ouro chegou a valer mais de US$800,00
(1980), caindo para US$300,00 em 1985 (as negociações ou especulações como
alguns definem alcançaram uma intensidade de movimentação imprevisível). Na
primeira década do século 21 o dólar passa a ter circulação muito maior do que
a economia dos USA (na verdade os USA passam a viver de emitir
moeda). O regime de câmbio fixo só se justificaria se o dólar fosse
conversível em ouro a uma paridade fixa (Bretton Woods). Se o dólar é apenas
uma moeda escritural, seu valor dependerá da política monetária e da economia
americana (a capacidade dos USA oferecer alguma riqueza real em troca dos
dólares). O capital (direitos de receber dividendos, juros, retorno de capitais
investidos no exterior) de residentes nos USA no exterior deve ser considerado
nesta análise.
e) o caso Alemão 1948: Sexta-feira,
18 de junho de 1948. Os alemães (e o mundo) ouviram no rádio: "A primeira
lei da reforma do sistema financeiro alemão foi anunciada pelos governos
militares do Reino Unido, Estados Unidos e França, a entrar em vigor em 20 de
junho. A moeda alemã válida até hoje será tirada de circulação por essa lei. O
novo dinheiro se chamará marco alemão".
As pessoas do mundo inteiro que haviam comprado marco alemão e guardado,
confiando na capacidade alemã de soerguer, perderam tudo (foi uma espécie de
cano).
f) A
VANTAGEM DE QUEM EMITE A MOEDA RESERVA MUNDIAL: tem as
menores taxas de juros do mundo. Quanto mais emite maior é a procura por seus
títulos (aversão ao risco dos outros países) e menores as taxas de juros (são
os títulos mais seguros). Pode comprar (fatores de produção) e investir à vontade no exterior (a contrapartida são juros e lucros, além do poder da
propriedade). Pode suportar déficits em Transações Correntes com o exterior por
anos, assim como na política fiscal. O mundo fica a seus pés.
marco aurélio garcia,
03/2011.
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