JURO ALTO NÃO DERRUBA
INFLAÇÃO. (???).
O
título da matéria (18/03/2014. As interrogações são minhas) é cópia da afirmação de um professor e diretor
de conceituada escola de economia de SP, administrador de empresas com mestrado
e doutorado na Cornell University, USA.
Defino
a afirmação do título como um entendimento embotado de política monetária e de macroeconomia,
ou então demagogia. O arrazoado utilizado no artigo é parcial e errado, pior do
que os analistas que utilizam conceitos reducionistas para fazer afirmações
genéricas (as equações quantitativas são reducionismos didáticos, já a teoria
quantitativa e a monetarista são genéricas e evoluem com o tempo). Bem verdade
que muitos articulistas de jornais (até economistas) não sabem (ou fingem não
saber) os efeitos das ações de medidas de política monetária. Consideram em
suas análises os efeitos dos aumentos da taxa básica de juro apenas para os
consumidores que compram a prazo e pagam juros (é uma análise reducionista e
errada). Consideram também o juro real como a diferença entre o nominal e a
inflação projetada no ano (uma enganação). A taxa básica tem o efeito de
aumentar os juros pagos pelos bancos aos poupadores (os que recebem renda
mensal, salários, etc., os que detêm poupanças, os que vendem ativos). O juro
considerado deve ser o real verdadeiro, ou seja, o nominal - IRF - inflação
projetada para os meses seguintes e para o ano. É o que os economistas pragmáticos
definem como juros ex-ante. Se o juro real ex-ante for considerado positivo os
agentes podem postergar os gastos (consumo ou investimento), se for negativo as
compras são estimuladas (é o que podemos chamar de política monetária
expansionista). A taxa de juro real de equilíbrio (neutra), por simples bom
senso não pode ser negativa, portanto seria um ponto da curva de juros de
mercado. Qual? Por pragmatismo e bom senso é o ponto mais negociado da curva (maior
volume), onde tomadores e doadores concentram as operações (os agentes que têm
valor em jogo e não teóricos curiosos). No Brasil tem sido a taxa de 1 ano (DI 360), nos USA gira entre o T-Note de 2 e de 5
anos (com preponderância para o de 2 anos). É simples entender que quanto maior
a taxa real de juros, maior também será a postergação dos gastos (redução das
atividades). O argumento de que a taxa básica não interfere nas altas dos
preços ocasionadas por fenômenos episódicos (secas, etc.) é absolutamente
errado. Com uma taxa de juro negativa a pressão da demanda é maior do que com
uma positiva e por extensão afetam os preços (puro bom senso). Taxa de juro
real negativa influencia também as expectativas, pois todos os agentes que têm
valores em jogo fogem da moeda que se desvaloriza para outros ativos ou consumo.
Os processos inflacionários começam sempre assim (contaminação generalizada dos
preços), os agentes param de confiar nos responsáveis pela condução da política
econômica (fiscal, monetária e
cambial).
Opções de políticas monetária (é função da
política monetária assegurar o poder de compra da moeda). Os Bancos Centrais podem
atuar através de:
1) Administração das taxas de juros ( básica x de mercado );
2) Depósitos compulsórios;
3) Compra ou venda de títulos públicos (afeta liquidez e por
extensão as taxas de juros);
4) Compra ou venda de moedas inclusive atuação em mercados
futuros;
5) I. O. F. = Imposto sobre Operações Financeiras.
A
opção pelo aumento da taxa básica para reverter as expectativas e o início de
um processo inflacionário, passou a ser o preferido pelos principais BCs do
mundo, por seu efeito ser maior, mais rápido e de mais fácil aplicação e
controle. O aumento da taxa básica atua imediatamente sobre os juros de mercado
de cp (por extensão nos de lp) para pagamento aos agentes. Os bancos, agentes
captadores, aplicam suas captações no BC (lucro pequeno, mas risco e custo
zero), reduzindo a liquidez e a pressão da demanda (as atividades reduzem). Claro
que se a taxa básica real for negativa e o aumento efetuado pelo BC colocá-la
ainda como negativa os efeitos serão pequenos. O mesmo acontece quando a taxa
fica positiva, mas em patamar pequeno e pouco seguro quanto ao longo prazo. O
efeito é maior quando a taxa básica é estabelecida acima do ponto neutro (no
Brasil o DI 360) e influencia as taxas longas de juros fazendo-as cair. A curva
de juros fica positiva (ascendente) no cp e negativa no lp (descendente). Claro
que uma política monetária considerada responsável irá fazer a moeda ser mais considerada
e respeitada valorizando-a em relação a outras menos respeitadas. A valorização
ocorre mesmo contra o dólar, moeda reserva e meio de pagamento mundial, pela
desvalorização excessiva ocorrida no momento anterior de política monetária
considerada irresponsável. É o início do ciclo favorável aos negócios, a
previsibilidade aumenta, as atividades e os investimentos também. MAG 03/2014.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQuando a taxa de juro real ex-post (a taxa realizada) fica negativa (e a real ex-ante era considerada positiva) o processo inflacionário se agrava. .
ResponderExcluirINFLAÇÃO REPRIMIDA: será corrigida ao longo do tempo com taxa básica adequada (0,25% acima do DI 360, correção mais rápida com maior efeito sobre nível de atividades, ou 0,25% abaixo do DI 360, correção mais lenta, ficando mais dependente de fatores externos e da política fiscal).
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