sexta-feira, 26 de setembro de 2014

ESTUDO: DEMANDA X OFERTA X CRESCIMENTO X TAXA BÁSICA X INVESTIMENTOS (I) X POUPANÇAS X GASTOS DO GOVERNO (G). 10/2006.

MOTIVO: artigos escritos por diversos economistas e jornalistas receitando queda da Selic (taxa básica de juro) para reduzir importações.

Considerando as definições aceitas pela macroeconomia:

PIB = Produto Interno Bruto = Y = C + I + G + E – M = Consumo + Investimentos  + Gastos do Governo + Exportações – Importações
PNB = PRODUTO NACIONAL BRUTO = PIB + Rec.- Rem   
Rec = Recebimentos do exterior; Rem = Remessas para o exterior.
DEMANDA = C + I + G + E = Y + M = OFERTA
CONSUMO = D - (I + G + E) = OF – (I + G + E) = Y + M – (I + G + E) = Y - (I + G + E - M)   
A ideia de equilíbrio presume o desequilíbrio. Sistema Padronizado de Contas Nacionais originado em Keynes (Teoria Geral), iniciado e organizado por Simon Kuznets, aperfeiçoado por Richard Stone (USA).
Apenas para fins de estudos vamos dar destaque nas importações (M) e nas exportações (contrariando o conceito padrão e matemático de DEMANDA = C + I + G + E), que de fato são demanda (E = exportações = demanda externa, M = importações = demanda interna atendida por oferta externa):
Dint. = C + I + G + M = DEMANDA INTERNA (dando destaque a M e considerando as importações como não computadas em C + I + G).
Dext. = E = exportações = DEMANDA EXTERNA
Dint. + Dext. = C + I + G + M + E
OFint. = C + I + G  + M = OFERTA PARA O MERCADO INTERNO.
OFext. = E = OFERTA PARA O MERCADO EXTERNO.  
OFint. + OFext. = C + I + G + M + E

PIB E CAPITAL (PATRIMÔNIO): não entra no cálculo do PNB e do PIB a propriedade de ativos, internos ou externos, entram apenas os bens econômicos produzidos para o mercado (que utilizam o patrimônio).
PATRIMÔNIO: não entra no PNB a propriedade de bens intelectuais (os ativos protegidos por registros), o capital de empresas no exterior, o capital emprestado ao exterior, a propriedade de qualquer ativo no exterior. Apesar de não entrar no cálculo do PNB, seus rendimentos (lucros, aluguéis, juros, royalties) entram. Semelhante aos aluguéis das casas residenciais. O ativo casa não entra, mas é representado pelo valor do aluguel que é semelhante a uma renda (renda = produto). Melhores as residências maiores os aluguéis e o PIB. Da mesma maneira a propriedade de ativos no exterior é representada no PNB pelas suas rendas (lucros, juros, royalties, etc.).

PIB E QUALIDADE DE VIDA: apesar do crescimento do PIB ser uma causa importante na melhoria da qualidade de vida não tem uma relação simétrica. A melhoria da qualidade de vida independe do crescimento do PIB, outros fatores têm influências importantes como avanços tecnológicos, sociais, etc. 

O EFEITO DA TAXA BÁSICA NAS IMPORTAÇÕES: Este conceito de demanda (C + I + G + E + M) permite ver com clareza os efeitos de uma taxa básica (baixa ou alta) nas importações (M, que de fato atende a demanda). O aumento da taxa básica reduz as atividades econômicas (a demanda = C + I G + E + M) e a pressão sobre os preços (inflação), aumentando, por outro lado, a propensão a poupar (o aumento da taxa de juro estimula a poupança, reduz a necessidade do imediatismo das compras, o medo da desvalorização da moeda pátria cai). O equilíbrio se dá no encontro das curvas da Demanda e da Oferta. Ocorrendo pressão de demanda, estoques baixos e não existindo capacidade de produção ociosa, os preços tenderão a subir (inflação). A velocidade de crescimento da oferta e da demanda são efeitos da política monetária (expansionista, contracionista, neutra). ENTÃO PODEMOS CONCLUIR QUE SE A TAXA BÁSICA EXPANSIONISTA (básica menor do que ponto neutro) AUMENTA A DEMANDA (C + I + G + E + M) FAZ AS IMPORTAÇÕES (M) CRESCEREM.

O EFEITO DAS IMPORTAÇÕES NO PIB.
Se PIB = C + I + G + E – M, teremos: PIB = (C = 40 + I = 20 + G = 35 + E = 10 – M = 0) = 105.
Acrescentando importações M = 7, teremos (no caso faremos M = Bens de Consumo = 2; Bens de Capital = 5): PIB = C passa de 40 para 42; o I passa de 20 para 25; G e E permanecem inalterados, portanto, PIB = 42 + 25 + 35 + 10  - 7 = 105.  Como queríamos demonstrar (cqd).
Escrevo mais ainda: parte das importações são matérias primas que farão parte de produtos exportados (exemplo, automóveis).  Os Bens de Capital importados farão a produção aumentar e melhorar a produtividade, portanto, podemos concluir que as importações de Bens de Capital aumentam o PIB.

CRESCIMENTO DO PIB: em ambientes onde existam fatores de produção (trabalho, capital e recursos naturais), estando a capacidade de produção ocupada, necessários novos investimentos para aumento da oferta para que não ocorra inflação (claro que inexistindo poupança interna, necessário utilização de poupança externa, idem recursos naturais e tecnologias, através de importações). As economias desenvolvidas importam até mão de obra (trabalho).

POUPANÇA INTERNA: Para que exista é necessário um Banco Central que pratique políticas monetária e cambial racionais e consistentes, sem demagogias, passando confiança para os agentes econômicos (previsibilidade). Não existem poupanças em ambientes inseguros. Previsibilidade é necessária (para isto acontecer é necessário que a equipe econômica e o governo passem credibilidade e segurança). 

POUPADORES: Agentes econômicos da sociedade (trabalhadores, empresários, capitalistas). O sistema previdenciário deveria ser o maior poupador de toda sociedade. Na China a falta de um sistema previdenciário, estimulou o povo a poupar (40%). No Brasil o sistema previdenciário do INSS dilapidou as poupanças. O sistema de aposentadorias dos funcionários públicos garante (ou garantiu) PRIVILÉGIOS de APOSENTADORIAS INTEGRAIS, com correções acima da inflação, sem teto máximo (teto máximo não respeitado pelo judiciário). O estoque de aposentadorias inviabiliza a geração atual e algumas futuras. Poucos sabem que o pagamento de uma aposentadoria pressupõe a existência de uma poupança. Não existindo poupança gasta-se a renda atual, impedindo-se a formação de poupanças para o futuro (é como se existisse uma poupança virtual).

BRASIL – APOSENTADORIAS: Toda aposentadoria paga pelo INSS acima do teto máximo deveria ser congelada. As aposentadorias dos sistemas públicos, acima do teto máximo, deveriam ser congeladas. O TETO  MÁXIMO DEVERIA SER FIXADO EM UM VALOR COMPATÍVEL COM CÁLCULOS ATUARIAIS.

PRIVILÉGIOS: Uma das causas da pobreza e da má distribuição de renda das nações são os privilégios (vide Índia). O sistema de aposentadoria dos funcionários públicos privilegia minoria da população e é causa da má distribuição de renda.

TAXA DE JURO BÁSICO: Deve ser a menor possível, sem afetar o poder de compra da moeda (função de reserva de valor da moeda), e sem desestimular a poupança.

DÍVIDA PÚBLICA: Confiança, segurança e previsibilidade passadas por autoridades governamentais, monetárias e forças políticas de oposição (e no poder), proporcionam possibilidade de taxa de juro básico baixa e alongamento do perfil da dívida. Neste caso BC autônomo ou independente ajuda a fazer cair a taxa.  

GASTOS DOS GOVERNOS (O G do PIB): Se os gastos dos governos representam 42% do PIB (38,5% de carga tributária mais 3,5% de déficit nominal), se a parte deste gasto classificada como investimentos (considerando-se toda a discussão sobre o conceito de investimentos públicos) deve estar em torno de 2%, fica muito difícil fazer crescer o PIB (com consistência e sustentabilidade).   

O CAMINHO: Melhoria da gestão da qualidade dos gastos públicos (aumentar investimentos produtivos e reduzir custeios).
Marco Aurélio Garcia – BH – 10/2006


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