AS
CAUSAS DA RECESSÃO ATUAL.
Definir
a causa primeira e principal de um fenômeno (acontecimento, conjuntura passada,
presente, futura) econômico é essencial. Sabemos que todo fenômeno econômico é
complexo e tem várias causas. Todo efeito passa a ser uma causa de acontecimentos
futuros, mas confundir causa e efeito é imperdoável em análise econômica. A
recessão atual já foi considerada pelo BCB (em declarações) e pelo governo (ao
convidar Levy) como efeito de erro da política apelidada “nova matriz econômica”.
Em 1998 publiquei o resumo abaixo em que explicava o ambiente econômico onde o
crescimento e o desenvolvimento econômico ocorrem melhor. Este texto é uma
tentativa de resumir as principais causas da atual recessão econômica.
Um
bom resumo seria: a aversão ao lucro e a desconfiança passada pela equipe
econômica e presidente na estabilidade das regras do jogo amedrontou
investimentos.
Se
a correta política monetária e fiscal são condições necessárias, mas não o
suficiente, para o crescimento econômico, podemos responsabilizá-las como
causas principais. Pela máxima, errando na taxa básica errou em tudo, podemos
também defini-la como uma das causas principais. A análise errada do BCB da
conjuntura prospectiva ao fixar a Selic abaixo da correta por tempo elevado, cedendo
à pressão política de “desenvolvimentistas” que dominavam o governo também.
A
qualidade (eficiência e eficácia) dos gastos públicos é fundamental para o
crescimento econômico (contestado por Keynes que advogava furar e tampar
buracos).
A
manifesta rejeição à vitoriosa política econômica implantada por Armínio Fraga
(governo FHC) denominada de tripé, superávit primário, meta de inflação e
câmbio flutuante, também passou insegurança a novos investimentos. A inflação
segura através de preços reprimidos, inclusive câmbio (através de operações mensais
continuadas e crescentes de swaps cambiais), passou um ambiente de insegurança. É sabido por
todos (pragmáticos e economistas racionais) que câmbio administrado se controla
apenas por um período, não tem sustentação no tempo.
A
falsa riqueza (uma bolha) passada através do câmbio administrado, preços reprimidos,
juros básico abaixo do adequado, liquidez crescendo há mais de 10 anos acima do PIB potencial real, colocou
a economia rodando em um nível superior
ao sustentável no tempo. A demanda crescia em velocidade superior à oferta,
ocasionando déficits nas contas externas, Comercial, Serviços, Transações Correntes,
insustentáveis no tempo.
Se
a economia rodava em um nível superior ao sustentável (a bolha), claro que o
ajuste ocasionaria a queda do PIB (recessão, furo da bolha). A riqueza virtual acabou, a bolha furou.
Era quebrar ou adequar-se ao sustentável, à realidade. Os erros de política
econômica (ou eleitoral) foram imensos e os custos (e sofrimentos) também o serão.
CRESCIMENTO
E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (AMBIENTES). 10/1998.
O
crescimento e o desenvolvimento econômico ocorrem melhor em AMBIENTES
onde:
a)
POUPANÇAS E OS INVESTIMENTOS são respeitados e estimulados;
b)
TAXA DE JURO (BÁSICA) seja a menor possível, sem desestabilizar a MOEDA e
preservando sua função de RESERVA DE VALOR;
c) GASTOS
IMPRODUTIVOS DO GOVERNO são o menor possível (privilegiar as atividades fins em
relação às atividades meio);
d)
JUDICIÁRIO é eficiente (tem credibilidade por parte dos agentes
econômicos) e eficaz (ágil e correto);
e) SISTEMA
DE ENSINO atende a toda a população;
f) SISTEMA
PREVIDENCIÁRIO estimula a formação de
poupança e não permite privilégios;
g) CONTAS
PÚBLICAS - exista transparência com publicações de balancetes mensais
analíticos;
h) LEGISLATIVO
seja eleito democraticamente;
i) EMPREENDEDORES
sejam estimulados;
j) A
RELAÇÃO CAPITAL X TRABALHO coexista em ambiente de respeito a direitos
pactuados;
k) A
PRODUTIVIDADE é estimulada;
l) FATOR
DE PRODUÇÃO TECNOLOGIA - existam estímulos para os investimentos que
objetivem ganhos de PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO;
m)
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA - exista legislação que promova e proteja uma justa
DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.
Um
bom resumo seria: o respeito à propriedade privada; aos contratos juridicamente
perfeitos; à estabilidade das regras do jogo (que devem ser o mais simples
possível).
10/1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário