domingo, 7 de outubro de 2018

COMO VI AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS (1955 a 2018).



COMO VI AS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS (1955 a 2018).

1955: JK (governador de MG) PSD (o partido que dominava o cenário político tendo como principal adversário a UDN) vence com (PSD, PTB, PR, PTN, PST, PRT) 3.077.411 dos votos; 35,68%, Juarez Távora (UDN, PDC, PL, PSB) 2.610.462 dos votos; 30,27%, Adhemar de Barros (PSP, governador de SP) 2.222.725 dos votos; 25,77% dos votos. A oposição a JK tenta anular a eleição por causa de JK não ter conseguido a metade mais um dos votos válidos (a legislação na época não exigia). O General Lott, ministro da Guerra, abafa o golpe e garante a posse do eleito.
O GOVERNO: JK, como prometido, inicia e termina a construção da nova capital, Brasília. Na época imperava o entendimento de Keynes na economia (embora ainda existissem liberais defensores da responsabilidade fiscal e monetária. No Brasil E. Gudin e Octávio G. de Bulhões, ministros de Café Filho). A política econômica keynesiana teve como efeito imediato um crescimento da economia, mas o processo inflacionário se instalou. As críticas sobre corrupções originaram o nascimento de um líder populista demagogo, Jânio Quadros (a crença popular foi mais ou menos tipo Collor, Lula e Bolsonaro. Colocaram nos políticos qualidades que eles não tinham).

1960: a UDN maior partido de oposição apoia a candidatura de Jânio Quadros, do PTN, um político populista que fazia campanha contra corrupções (o símbolo era uma vassoura, para varrer a corrupção. O homem da vassoura vem aí). O resultado do pleito foi: Jânio Quadros (PTN/UDN/PR/PL/PDC) 5.636.623 dos votos; 48,26%; Henrique Teixeira Lott (ministro da guerra de JK) pela aliança PSD/PTB/PST/PSB/PRT; 3.846.825 dos votos; 32,94%; Adhemar de Barros (PSP) 2.195.709 dos votos; 18,79%. Foi uma eleição onde a insatisfação contra o poder político estabelecido prevaleceu. Era incompetente para o exercício da função, sabia criticar, mas não liderar uma federação complexa como a brasileira. Renunciou pensando que as forças armadas e o povo exigiriam seu retorno para evitar a posse de outro populista demagogo incompetente, o vice Jango. Errou, o povo até gostou da renúncia.    

1964: o golpe (ou revolução) militar que derrubou o governo Jango. Como vi e vivi o golpe.
O golpe militar de 1964 (apoiado pela maioria da sociedade civil, políticos, empresários e povo) na verdade foi um contragolpe, contra o risco do governo do fraco e incompetente presidente João Goulart ser dominado pela esquerda comunista e sindicalista (na verdade leigopatas e burropatas). O país estava dominado por agitadores e sem comando. Até a hierarquia militar estava sendo contestada e enfrentada. Os governadores de SP e MG apoiaram abertamente o golpe. João Goulart fugiu do país e não quis enfrentar os militares com o apoio de seu cunhado Brizola (um destemperado em que ele não confiava) governador do RS. Sabia que seria derrotado e não confiava nos apoiadores.
O congresso decretou o abandono da presidência por João Goulart e como não conseguiram acordo em torno de um nome civil aceitável por PSD, UDN e militares, elegeram o General Castelo Branco para presidente, tendo o mesmo se comprometido com JK que entregaria o poder aos civis no prazo constitucional. Castelo não só não cumpriu o acordado como cassou JK (líder do PSD) e Carlos Lacerda (líder da UDN). Foi um golpe dentro do golpe.
Acabaram com todos os partidos políticos e instalaram um bipartidarismo artificial (ARENA partido do governo e MDB oposição). Como a mídia era controlada o MDB quase não tinha votos. A solução foi permitir que cada partido pudesse lançar duas legendas (ARENA 1 e 2 e MDB 1 e 2) para que as eleições ocorressem (a maioria tinha medo ou não queria ser oposição a uma ditadura brutal que torturava e matava). Quem tortura é capaz de tudo, inclusive roubar.

AI 5: o ato institucional nº 5 foi a decretação da ditadura. O motivo foi a esquerda festiva motivar jovens despreparados (a leigopatia estudantil) a enfrentar o governo com atos de sabotagem (atos terroristas. Leigos sendo usados por espertalhões). Muitos morreram e foram torturados. Os atos e o fato da Câmara, corretamente, se recusar a punir um deputado (por ter feito um discurso) deram motivo para o AI 5.
A seguir um resumo dos absurdos do AI 5:
AI 5. Excluem-se de qualquer apreciação judicial todos os atos praticados de acordo com este Ato institucional........(O PODER ABSOLUTISTA DOS REIS E DITADORES).
AI 5. O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, (O CONGRESSO AMORDAÇADO).
AI 5. Art. 10 - Fica suspensa a garantia de habeas corpus (O POVO NAS MÃOS DE TORTURADORES).
AI 5. Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade.... (A JUSTIÇA AMORDAÇADA).

SOBRE CORRUPÇÃO: existiam ações e títulos ao portador (facilitava a corrupção). Foi Collor quem acabou com isto. Não existia a PGR (Procuradoria Geral da República) na forma que existe hoje. A PF era pequena e fraca (tinha medo dos ditadores e preferiu apoiá-los). A CGU (Controladoria Geral da União) não existia. Se o Congresso era dominado o TCU (Tribunal de Contas da União também era). Nada era feito sem passar pelas mãos dos ditadores (todos os ocupantes de cargos eram indicados por eles).
Foram 21 anos de poder total: com poder total não modernizaram as leis tributárias, trabalhistas (não acabaram com a picaretagem do imposto sindical obrigatório) e não eliminaram os privilégios da previdência. Atrasaram o país em informática com uma lei absurda nacional-desenvolvimentista (as importações de tecnologias eram dificultadas, na verdade impedidas). O modelo econômico adotado foi o nacional-desenvolvimentista (heterodoxia ou keynesianismo) que deixou de herança: hiperinflação e 15 anos de paralisia do crescimento. A mesma coisa que Dilma tentou fazer e colocou o país em dois anos e meio de recessão (a maior que o país já viveu).
Governaram com corruptos e deixaram de herança política: Andreazza, Maluf, Sarney, Eliseu Resende, Lula (PT), Brizola, Collor e a turma do NE e a do Sul.
NA HORA DE ENTREGAR O PODER FIZERAM A LEI DA ANISTIA AMPLA GERAL E IRRESTRITA: governaram sem respeitar o poder da justiça (como verdadeiros reis absolutistas) e perdoaram seus crimes e os da oposição.
Foram incompetentes e a corrupção não era fiscalizada. Atrasaram o desenvolvimento do país em informática e o institucional. A única coisa que fizeram foi impedir um possível (mas não provável) golpe comunista. No governo Garrastazu Medici ocorreu o milagre econômico (efeito da política keynesiana). No governo Geisel (que negou-se a fazer uma política econômica, fiscal e monetária responsáveis, restritivas) iniciou-se o processo inflacionário que teve como efeito 15 anos de estagflação (hiperinflação com estagnação econômica).   

GOVERNO SARNEY (1985 a 1990): herança da ditadura. Tancredo Neves (oposição aceita pelos militares) eleito falece antes de assumir e Sarney, vice, assume. A corrupção generalizou e a inflação vira hiperinflação. Planos econômicos rudimentares com tabelamentos de preços são tentados e fracassados. O governo conseguiu estabilizar a democracia apesar das dificuldades. O legislativo teve poder constituinte e aprovou uma nova constituição com algumas modernizações e muitos absurdos (a mais corrigida e complementada de todas as constituições). O ponto fraco foi permitir a legislação em causa própria e o domínio do orçamento por corporações de funcionários públicos e de empresas que só sobrevivem através de privilégios do governo. Os privilégios construíram uma realidade com péssima distribuição da riqueza, má qualidade de vida e inviabilizaram o país. Diga-se que o regime militar com poder total também não fez nada para limitar os privilégios.  

COLLOR (1990 a 1992) e o IMPEACHMENT: a constituição permitiu o pluripartidarismo e o PDS (partido dos defensores do regime militar implodiu) dividiu-se com o PFL (partido da frente liberal), o MDB dividiu-se com a criação do PSDB (intelectuais de esquerda de SP que viraram liberais quando no poder), o PT foi criado para dividir a força de Brizola (o líder de segunda categoria que iria subir com a eliminação dos líderes naturais cassados pela revolução), assim como a tomada do PTB dele (teve que criar um novo partido, o PDT). Apesar dos vários anos na Europa não evoluiu em nada o pensamento e o saber (foi e voltou ignorante). Na eleição imperou a rejeição ao poder político estabelecido representado pelos partidos originários do regime militar (situação e oposição). Os eleitores de direita rejeitaram os partidos antigos e aceitaram a capa da revista VEJA elegendo o Caçador de Marajás, Collor. A esquerda ficou com Lula (criação do regime militar) contra Brizola (ficou em segundo nos votos da esquerda). Collor venceu e decepcionou (era de fato inexperiente e despreparado para o poder). Muitos nomes negaram convites para dirigir a economia (foi um erro). Lula declarou que sua sorte foi ter perdido a eleição, pois não estava preparado para governar e achava que estava (o desastre do governo Collor ensinou-o). Quando foi eleito já tinha a maturidade necessária para saber que não sabia e procurou bons nomes para a economia (o principal foi Henrique Meirelles, deputado do PSDB, que assumiu o BC). Nesta eleição Mário Covas (com fama de esquerda) e o PSDB ainda estavam contaminados pelo estigma da esquerda. A tardia declaração de Covas de que faria um Choque de Capitalismo não conseguiu ser acreditada pelo eleitorado da direita (a esquerda já estava ocupada por Brizola e Lula-PT). Demoraram a ver o óbvio, não eram e não representavam a esquerda já ocupada por Brizola e Lula. Color e sua jovem equipe fez muitas coisas boas e ruins: acabou com o anonimato em operações financeiras, liberalizou o comércio exterior, acabou com a ignorância do nacionalismo na informática, eliminou a tentativa de fazer uma bomba atômica (que iria influenciar toda a AS), iniciou as tentativas de desestatizações, mas continuou com a corrupção (diferente do MDB que era descentralizada, centralizando-a). Um dos motivos de sua queda, além da incapacidade, foi este (ganhou com um discurso, derrotando o poder político estabelecido, chamando-o de corrupto e estava fazendo pior).    

ITAMAR FRANCO, VICE DE COLLOR ASSUME (1993 / 1994): assume após o impeachment de Collor. Governa com apoio do PSDB e de vários outros partidos. Com FHC no Ministério da Fazenda (e uma estudiosa equipe de jovens economistas) implantou a URV (unidade real de valor) etapa que antecedeu o vitorioso Plano Real (estabilidade do poder de compra da moeda). Fez algumas desestatizações enfrentando ferrenha oposição.

FHC - PSDB (1995 a 2002): sendo o MF (Ministro da Fazenda) do vitorioso Plano Real, conseguiu se eleger com relativa facilidade. Assumiu com a experiência no governo Itamar Franco e com a equipe econômica que planejou o plano real. Corrigiu a falha do plano real que era o medo de deixar o câmbio flutuar, com o competente Armínio Fraga no Banco Central e seu tripé econômico: meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário. Tripé que foi mantido por Lula em seus governos e abandonado por Dilma Rousseff. Fez a Lei de Responsabilidade Fiscal, desestatizou várias empresas e os bancos estaduais (utilizados pelos governadores para emitir moeda, uma aberração que foi eliminada para o bem da política monetária).  Em seu segundo governo não conseguiu controlar os gastos públicos. Uma insatisfação geral era sentida com o Poder Político Estabelecido.

LULA PT (2003 a 2006 e 2007 a 2010): inteligentemente colocou no BC Henrique Meirelles conceituado executivo de alto nível de banco estrangeiro, eleito deputado federal por Goiás pelo PSDB. Colocou no MF Antônio Palocci que entendeu a necessidade de se fazer uma política fiscal com superávits primários (o governo foi um sucesso ajudado pelos bons ventos das commodities exportadas pelo país). Pegou a crise americana de 2008 que afetou o mundo todo. Em seu governo a confirmação das reservas de petróleo do pré-sal deu início ao aumento e generalização da corrupção na estatal Petrobras. Conseguiu eleger Dilma Rousseff presidente. 

DILMA ROUSSEFF (2011 a 2014 e 2015 a 12/05/2016, impeachment): abandonou a Responsabilidade Fiscal e o rigor do Tripé, superávit primário, câmbio flutuante e meta de inflação (o mercado perdeu a confiança na seriedade do governo e do BC). Instalou uma tapeação na contabilidade pública, apelidada de contabilidade criativa pelos críticos (motivo de seu impeachment). A corrupção aumentou e institucionalizou-se. Chamou seu plano de “nova matriz econômica,” na verdade outra tapeação para gastar sem responsabilidade. Ganhou a eleição mentindo na campanha (A REELEIÇÃO FOI CHAMADA DE ESTELIONATO ELEITORAL) e assim que tomou posse procurou outro economista do PSDB, conceituado no mercado (J. Levy), que tentou dar credibilidade e confiança à política do governo: chantageado inclusive pelo PT e oposição fracassou e foi demitido. A corrupção na Petrobras foi chamada de Petrolão (surpreendeu até aos mais pragmáticos pelos altos valores).  

MICHEL TEMER 2016 a 2018: iniciou apoiado pelo legislativo e compromissado em fazer as reformas necessárias ao país. As gravações feitas pelo empresário da JBS em conversas com Temer e com Aécio enfraqueceram o governo. A parte entregue a Henrique Meirelles ficou blindada como prometido. Semelhante a Lula cumpriu a promessa e respeitou as áreas econômicas entregues a HM. O BC conseguiu reverter o processo inflacionário e controlar a inflação. A recessão de 10% que já havia eliminado mais de 3 milhões de empregos com carteira assinada, foi revertida e em 2018 até junho mais de 500.000 carteiras já haviam sido assinadas. O real valorizou e reduziu a perda de poder de compra que já havia ocorrido. Foi um bom governo, mas moralmente indefensável (não conseguiu livrar-se  do passado).

ELEIÇÃO 2018: as corrupções descobertas pela operação Lava Jato, MPF e PF indignaram os eleitores de direita. O PSDB perdeu seu candidato Aécio Neves gravado pela JBS em conversas comprometedoras. Geraldo Alckmin, governador do estado de São Paulo, experiente, competente, também estava sendo investigado por corrupção, apesar de não haver provas de sua atuação direta, mas o nome de seu cunhado foi citado. Os governos de José Serra muito comprometidos. O MPF poucos dias antes da votação pediu prisões preventivas de gestores ligados aos governos do PSDB de SP, Goiás e Paraná. Isto foi um tiro no pé da candidatura Alckmin (liquidou-a). O partido terá que ser refundado. E os eleitores do PT? Assumiram as corrupções de seus líderes e continuam fiéis, mas perdeu os votos dos eleitores de centro.     

OS VOTOS DE BOLSONARO FORAM:
A) DESCONTENTAMENTO CONTRA A CORRUPÇÃO DO PODER POLÍTICO ESTABELECIDO;
B) CONTRA VIOLÊNCIA URBANA, PRO SEGURANÇA (saudades da segurança e ordem dos regimes militares);
C) CONTRA MÁ QUALIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS;
D) ANTI PT E LULISMO; 
E) PRO LAVA JATO E MORO.


TEXTO COMPLEMENTAR.

2018 - A REJEIÇÃO PELOS ELEITORES DA DIREITA COM O PODER POLÍTICO ESTABELECIDO (com a imagem contaminada por investigação por corrupção):
1) O PSDB teimou em lançar um candidato competente, experiente, mas citado e investigado pelo MPF. O momento pedia um candidato sem a contaminação com investigações (prevaleceu a versão e não os fatos);
2) A insegurança policial tendo como oposição a lembrança da segurança do tempo do regime militar (Bolsonaro sempre defendeu a segurança do regime militar). São outros tempos (a solução é muito mais complexa), mas a maioria exige mais rigor e poder aos policiais;
3) A crise econômica provocada pelo governo Dilma (a nova matriz econômica) que originou a maior recessão que o país já passou e seus efeitos (o timing entra causa e efeitos favoreceu demagogias). De uma queda nos empregos com carteira de mais de 3 milhões provocada pelas demagogias e barbeiragens da equipe econômica de DR, o governo Temer (a equipe econômica de HM) conseguiu reverter para mais de 500 mil carteiras assinadas até ago./2018;
4) A gravação feita pela JBS com Temer e Aécio acabou de expor a contaminação da corrupção ao mais alto nível político (atingiu os eleitores do PSDB, mas não atingiu os do PT que fecharam os olhos para as corrupções). O MPF e a Lava Jato pedindo prisões da elite do PSDB do Paraná, Goiás e SP, em setembro, enterrou as pretensões de Alckmin (era esperado);
5) A esquerda absorveu a corrupção de seus líderes e vota ideologicamente. A direita trocou o PSDB por Bolsonaro. Nos estados está prevalecendo a vitória do poder político estabelecido no NE. A esquerda continua com os votos do NE, dos eleitores com renda mais baixa e com os menos escolarizados (do Brasil);
6) FATO NOVO: Bolsonaro abandonou a visão econômica nacional-desenvolvimentista do regime militar e de DR, adotando o modelo liberal defendido por seu competente economista. Demonstrou ter a maleabilidade necessária para articular e negociar com o poder legislativo (são muitos anos de experiência no legislativo). Tem um discurso que agrada ao momento de insegurança policial e econômica do país (o mercado absorveu suas falas e de seu economista);
7) SEGUNDO TURNO: será a disputa entre esquerda demagoga e atrasada com a direita (qual?). Começa do zero: que vença a direita para o bem do Brasil e dos brasileiros. Os juros caem (inclusive os externos), o real valoriza (na verdade reduz a queda), os ativos valorizam (inclusive a bolsa). A inflação? Terá que ser combatida com a taxa básica adequada (Selic). As reformas? Terão que ser feitas ou teremos inflação e nossa moeda deixará de ter a função de reserva de valor (tipo Argentina). Antes de melhorar deverá piorar.





Nenhum comentário:

Postar um comentário