EXPLICANDO PARA ECONOMISTAS (keynesianos) QUE
AINDA NÃO ENTENDEM AS RELAÇÕES ENTRE POLÍTICA FISCAL (SALDO PRIMÁRIO E NOMINAL)
X POLÍTICA MONETÁRIA (SELIC) X TAXA DE JUROS NOMINAIS DE MERCADO DE LONGO PRAZO
X CÂMBIO X CUSTO DE CAPTAÇÕES DO TN (DÍVIDA PÚBLICA).
SELIC. A taxa básica fixada pelo BC (COPOM) tem como objetivo harmonizar a velocidade de crescimento da demanda à oferta, evitar agravamento do processo inflacionário (inflação ascendente), a desvalorização da moeda pátria e os aumentos das taxas nominais de juros de mercado de longo prazo (no segundo momento as taxas de longo prazo caem, a curva de juro passa a ser descendente na parte longa).
POLÍTICA FISCAL. O saldo primário (receita - gastos
públicos antes dos juros) deve ser positivo se a dívida pública estiver em
valor considerado alto em relação à capacidade de arrecadação do TN. Saldo
nominal (saldo após juros) pode ser negativo, mas não deve ser maior que a
inflação. Existe uma relação entre o saldo primário, a dívida pública e a taxa básica
necessária.
RELAÇÃO TAXA BÁSICA X SALDO PRIMÁRIO X TAXAS DE JUROS
NOMINAIS DE MERCADO DE LONGO PRAZO X
CÂMBIO. Se for fixada uma taxa básica abaixo da adequada o processo
inflacionário se agravará e ficará ascendente (as expectativas de inflação
ficarão altas), as taxas de juros nominais de mercado de longo prazo ficarão
ascendentes (a curva de juros) e a moeda pátria se desvalorizará.
RELAÇÃO TAXA BÁSICA X CAPTAÇÕES DO TN: se a taxa básica for
fixada abaixo da adequada os juros de longo prazo subirão (e os custos de
captação do TN). Para o TN captar em taxa Selic terá que vender seus títulos
com deságio sobre o valor de face ( = taxa de juros maior que Selic). Então ao
contrário do que leigos pensam taxa básica abaixo da adequada não reduz o custo
de carregamento da dívida (ficará cada vez mais ascendente). Não existe mágica. Se
o governo mantiver um saldo primário positivo em uns 3%, as expectativas de
inflação não agravarão (se conseguir credibilidade sobre a manutenção da
política fiscal), as taxas de juros cairão e a moeda pátria não terá
desvalorização.
INFLAÇÃO ATUAL: velocidade de crescimento da demanda
superior à da oferta e ao PIB potencial. Insegurança passada ao mercado (oferta
x demanda, compradores e vendedores) percebido pelas falas do presidente contra
taxa básica (política monetária) e responsabilidade fiscal (política fiscal).
TAXA BÁSICA, EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO, CÂMBIO, PREÇOS
REPRIMIDOS, POLÍTICA FISCAL E DEFLAÇÃO.
Taxa básica abaixo da adequada
tem como efeito desarmonizar a velocidade de crescimento da oferta com a
demanda. A demanda supera a oferta e as expectativas de inflação e os juros
nominais de mercado de longo prazo sobem (a curva passa a ser ascendente). A
moeda pátria desvaloriza e pressiona a inflação. Se existir preços reprimidos
por tabelamentos e ou demanda insuficiente, a pressão inflacionária é maior
ainda. Os preços se equilibram em um nível mais alto com taxa básica adequada
(evitar deflação). E o que é pior que inflação? Deflação. A solução é ajustar a
política fiscal em um nível sustentável (que evite pressão inflacionária e
deflação).
PNB (produto nacional bruto) = RNB (renda nacional bruta) = RENDA DO TRABALHO (assalariado com e sem carteira, autônomos e MEI) + LUCROS + JUROS + ALUGUÉIS.
A RENDA (PIB) E SUA INFLUÊNCIA NA ECONOMIA:
A DEMANDA D = C + I + G + E = PIB + M = OFERTA.
O CONSUMO = D - (I + G + E) = OF – (I + G + E) = PIB + M –
(I + G + E) = PIB - (I + G + E - M)
Conforme o sistema padronizado de contas nacionais
originado em Keynes (Teoria Geral), iniciado e organizado por Simon Kusnetz,
aperfeiçoado por Richard Stone. A ideia de equilíbrio presume o
desequilíbrio).
Sabemos que: o consumo é função da riqueza acumulada e da
garantia de renda futura em relação à expectativa de vida.
Se os agentes econômicos (todas as pessoas) perderem a
confiança na garantia do poder de
compra de suas Poupanças (parte da renda não consumida) devido aos juros
recebidos serem menores do que a inflação teremos os possíveis efeitos:
a) parte dos agentes (todos os poupadores inclusive os
trabalhadores) fazerem aplicações de suas poupanças em ativos que não a moeda
pátria. A fuga poderá acontecer para o dólar, o EURO, ações, imóveis ou outros
ativos. Tais ativos poderão ter uma valorização acima da que seria natural. Uma
valorização virtual que dará um sentimento de riqueza também virtual. Quando o
juro básico (no Brasil Selic) subir as valorizações virtuais revertem e muitos
agentes perderão o sentimento de riqueza (que também era virtual). O sentimento
de perda, se elevado, poderá levar a um sentimento de pobreza, motivo dos BCs
subirem os juros gradualmente (evitam tratamento de choque);
b) os juros dos títulos (do TN ou dos bancos), no primeiro
momento, sobem, tendo como efeito imediato a desvalorização do valor presente
dos títulos antigos emitidos com taxas menores (uma forma um sentimento de
perda). No segundo momento com a queda das expectativas da inflação (a reversão
do processo inflacionário) os juros de médio e de longo prazos caem;
d) em teoria econômica não existe a palavra rentista
(político ou economista que utiliza o termo é ignorante ou faz demagogia). A
palavra que existe para definir o agente econômico é Poupador, e a variável
econômica é Poupança;
e) então concluímos que uma taxa básica fixada abaixo da
adequada dará causa, no segundo momento, a um mau maior do que o bem virtual e
sem sustentação que foi causa no primeiro momento (os juros nominais de longo
prazo e o câmbio sobem);
f) a economia sustentável deve sempre rodar com harmonia
entre a oferta (potencial) e a demanda. A taxa básica de juro é a ferramenta
mais potente (não a única) que a autoridade monetária tem para equilibrar a
Política Monetária com a Fiscal e efeitos externos.
MAG 29/01/2022.
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