segunda-feira, 19 de outubro de 2015

RESERVAS, DÍVIDA EXTERNA, FLUXO CAMBIAL, CUSTOS.

RESERVAS, DÍVIDA EXTERNA, FLUXO CAMBIAL, CUSTOS.

As reservas cambiais depositadas no BC são aplicadas no mercado financeiro mundial, em títulos de alta segurança e liquidez, podendo ter parte aplicada em ouro e os excessos não necessários no cp (um ano), aplicadas em fundo de investimento próprio (fundo soberano, com normas prudenciais rígidas). Elas são formadas pelo saldo positivo do fluxo cambial comprados pelo BC ao mercado (bancos, exportadores). O BC fica com os dólares e paga em reais. Se o saldo cambial positivo for grande e constante acontece excesso de liquidez, neste caso o BC tem que fazer operações de venda de títulos para enxugar o excesso de reais (esterilizações). O BC recebe pelas reservas juros do mercado externo e a variação cambial (positiva ou negativa). Os juros recebidos pelo BC por suas reservas devem ser comparados com os juros pagos pela dívida externa (conta em dólar). A conta interna deve considerar a diferença entre a variação cambial positiva ou negativa das reservas e os juros pagos pelos títulos vendidos internamente pelo BC para enxugar o excesso de liquidez. 

As operações de swaps cambiais são apenas contratuais, denominadas derivativos cambiais (ou hedge cambial), uma aposta entre o BC e os bancos dealers (líderes) de câmbio. Os bancos recebem a variação cambial, o BC recebe Selic. O vencimento se dá em uma data futura em que se faz o encontro de contas: o BC paga a variação cambial e recebe a Selic. Tais operações têm por limite um percentual das reservas e a finalidade de evitar volatilidades cambiais artificiais. Não devem ser feitas para retardar desvalorizações cambiais.   

As reservas devem ser contrapartida para pagar: juros, lucros, dividendos, dívidas, reversão de investimentos, importações, etc.
Aumentam as reservas: o fluxo cambial positivo comercial e financeiro (investimentos, empréstimos, recebimentos de exportações, etc.).

CUSTO DAS RESERVAS EM US$
Mês /Ano
Reservas
Juros recebidos
Juros
09/2015
361370
Pelas aplicações
 Dívida e swaps




Juros Recebidos: das aplicações das reservas no exterior.
Juros pagos pelos títulos vendidos para esterilização (dolarizados) e da dívida externa.

CUSTO DOS SWAPS CAMBIAIS (em reais)
Mês/ Ano
SWAPS
R$
Resultado
R$
Juros
Recebidos
Juros
Pagos
2014
284.959
-17.329


09/10/2015
385.254
-90.280


Juros Recebidos: a Selic.  Juros Pagos: a variação cambial.

DÍVIDA EXTERNA

2009
2010
2011
2012
2013
2014
08/2015
1 - Dívida Ext .
282,3
350,44
402,4
441,8
485
554,7
555,9
1.1 Pública
77,1
83,60
62,3
67,3
70,8
75,3
72
1.2 Privada
125,4
172,07
235,1
249,6
241,2
272,4
274
1.3 Entre Empresas
79,8
94,77
105,0
124,9
173
207
209,9


14-out-2015
IV.30 - Banco Central do Brasil




                Operações cambiais




R$ milhões
Período

Swap Cambial1/
Reservas Internacionais
Resultado das
Resultado
Saldos para







Operações
do BCB, exceto
transferências


Valor
Resultado
Resultado
Rentabilidade4/
Resultado
Cambiais
operações
BCB/Tesouro7/


Nocional2/
Caixa3/
Competência3/
Líquido5/

cambiais6/














a

b
c = a + b
d
e = c + d








2008

-27 749
4 801
5 328
155 681
121 290
126 618
13 345
139 963
2009

-
3 199
2 281
-119 637
-150 000
-147 719
5 609
-142 110
2010

-
-
-
-13 283
-48 530
-48 530
15 730
-32 800
2011

3016
 706
 694
93 605
43 346
44 041
23 471
67 512
2012

-4 204
1 098
1 124
76 539
21 185
22 309
24 615
46 924
2013

-175 422
-1 315
-2 382
95 535
34 068
31 685
31 956
58 623









2014


-17 329
-10 681
108 165
24 630
13 950
30 927
44 877

Jan

-192 110
-3 920
-3 102
29 621
20 994
17 892
4 377
22 269

Fev

-194 223
8 336
7 308
-30 839
-32 964
-25 657
-1 857
-27 514

Mar

-197 618
6 206
7 233
-26 943
-29 009
-21 776
-1 115
-22 891

Abr

-198 701
3 964
4 309
-7 432
-11 699
-7 390
1 334
-6 055

Mai

-203 800
2 202
 507
2 181
-3 796
-3 288
2 109
-1 179

Jun

-198 483
3 387
4 020
-11 040
-15 025
-11 005
 423
-10 582

Jul

-211 455
-2 583
-3 238
20 840
12 483
9 245
2 251
11 497

Ago

-209 068
2 479
4 022
-10 443
-14 385
-10 362
 907
-9 455

Set

-236 828
-18 393
-17 460
70 935
55 716
38 256
9 393
47 649

Out

-253 547
6 762
- 255
-2 067
-9 395
-9 650
2 624
-7 026

Nov

-276 079
-8 724
-8 842
42 133
30 831
21 990
5 442
27 432

Dez

-284 959
-17 045
-5 184
31 219
20 877
15 694
5 038
20 732









2015


-90 280
-89 258
397 572
249 772
160 514
64 236
224 750

Jan

-304 108
10 781
-2 125
-3 376
-11 677
-13 802
3 938
-9 864

Fev

-320 003
-27 292
-17 305
79 906
62 460
45 155
11 459
56 614

Mar

-358 225
-34 512
-35 311
118 343
88 751
53 440
20 616
74 055

Abr

-342 371
31 829
23 566
-74 133
-70 651
-47 085
-7 140
-54 225

Mai

-356 600
-22 065
-17 850
63 868
44 602
26 752
10 034
36 786

Jun

-336 938
8 125
11 999
-26 955
-30 052
-18 052
-3 722
-21 775

Jul

-369 068
-23 906
-29 645
103 135
74 609
44 964
17 088
62 052

Ago

-380 057
-17 226
-18 054
92 330
69 811
51 757
10 031
61 788

Set*

-406 629
-38 599
-28 523
124 726
95 118
66 595
10 449
77 044

Out*

-385 254
22 585
23 990
-80 272
-73 198
-49 208
-8 517
-57 725











* Dados preliminares. Em outubro, informações até o dia 09.
1/ Operações realizadas por leilões no mercado aberto e registradas na BM&F.
2/ Valor de referência da posição devedora assumida pelo BCB.
3/ O resultado das operações de swap cambial por competência inclui ganhos e perdas ocorridos no mês, independentemente da data de sua liquidação financeira.
       A liquidação financeira desse resultado  (Caixa) ocorre no dia útil seguinte (D+1).
4/ Engloba ganhos/perdas com a correção cambial, a marcação a mercado e os juros.
5/ Corresponde à Rentabilidade das Reservas menos o custo de captação, representado pela taxa média de captação do passivo total do BCB multiplicada pelo montante das Reservas.
6/ Resultado apurado nas demonstrações financeiras do BCB.
7/ Resultado apurado nas demonstrações financeiras do BCB mais resultados das operações cambiais. Os períodos para transferências dos resultados positivos
       para a Conta Única do Tesouro Nacional ou de emissão de títulos do Tesouro Nacional para cobertura de resultados negativos são regulamentados pela Medida Provisória
       nº 2.179-36, de 24 de agosto de 2001, e pela Lei n.º 11.803, de 5 de novembro de 2008. Em 2013 foi constituída Reserva de Resultado no valor de R$ 5.018 milhões.
       Em setembro foi transferido ao Tesouro Nacional o resultado do BCB (R$36.023,3 milhões) e o resultado de equalização cambial (R$47.508.5 milhões),
       ambos referentes ao 1º semestre de 2015.
(+) resultado favorável ao BCB  (-) resultado desfavorável ao BCB



domingo, 11 de outubro de 2015

POLÍTICA FISCAL – A MUDANÇA DE LADO DE ALGUNS DESENVOLVIMENTISTAS. POLÍTICA MONETÁRIA E CAMBIAL.

POLÍTICA  FISCAL – A MUDANÇA DE LADO DE ALGUNS DESENVOLVIMENTISTAS. POLÍTICA MONETÁRIA E CAMBIAL.

A prática das políticas econômicas ocorre através das:

POLÍTICA FISCAL:
Execução do orçamento público. O orçamento é aprovado pelo poder legislativo e executado pelo poder executivo. Podemos dividir os gastos públicos em investimentos e correntes, podemos subdividir em produtivos e improdutivos, e estes em necessários e desnecessários. Os investimentos produtivos e necessários têm seu tempo de maturação (a entrega de uma estrada, de uma usina de energia, etc.) e relação custo benefício. Uma ponte de custo 1000 com trânsito de 1000 veículos, outra de custo 300 com trânsito de 150 veículos (outras análises devem também ser consideradas). Uma usina de energia hidroelétrica, com formação de lago através de barragem, leva mais tempo para ser construída do que uma térmica, mas seu custo relativo de construção é menor (custo x produção), bem como a energia produzida é mais barata. Compete aos investidores fazerem as escolhas analisando os pontos positivos e negativos. Durante a construção a demanda (os gastos) aumenta e a oferta não (ela ocorre em um segundo momento). Os investimentos desnecessários são os não produtivos (excessos). Os gastos correntes produtivos e necessários são os que ajudam e permitem o processo produtivo. Os gastos correntes improdutivos e necessários são os de atividades meios, a burocracia de governo, os escritórios, as forças armadas, a receita. A receita federal apesar de necessária é improdutiva (só existe para permitir a ocorrência de gastos produtivos e os improdutivos necessários). As despesas com juros ocorrem quando o governo antecipa gastos com investimentos financiando-os ou faz política demagógica eleitoral (déficits primários e nominais excessivos). O saldo orçamentário antes dos gastos com juros é chamado de primário, após de nominal. Os economistas da linha clássica, ortodoxa, liberal defendem uma relação entre os saldos orçamentários e a dívida pública, sustentável (que não provoque inflação). Os da linha desenvolvimentista, heterodoxa (keynesiana) defendem que gastos públicos são benéficos e aumentam as atividades. 
Adam Smith, economista clássico, liberal, em sua obra A Riqueza das Nações, escreveu que se os gastos públicos improdutivos atingirem uma proporção inadequada em relação aos produtivos, provocarão queda da riqueza (PIB). Criticava os gastos da corte e da armada.   
Keynes defendeu que os gastos públicos sempre aumentariam a demanda e estas motivariam os investimentos. Defendeu até furar buracos e mandar tampá-los. Escreveu que a construção das pirâmides foi uma das causas da riqueza do Egito e as catedrais da idade média dos países da Europa. Para ele os gastos, produtivos ou improdutivos, aumentariam a demanda e estas incentivariam os investimentos.  Na prática vimos que a demanda anda sempre na frente da oferta e no processo vem a inflação, a hiperinflação e a estagflação. A sua teoria que chamou de geral (Teoria Geral) é muito particular, só aceitável em casos de recessão com deflação (mesmo assim com gastos necessários e não permanentes).
A MUDANÇA DE LADO DE ALGUNS DESNVOLVIMENTISTAS: alguns seguidores de Keynes (no Brasil), heterodoxos ou “desenvolvimentistas”, após os efeitos dos evidentes erros da política econômica da equipe de economistas keynesianos de DR (também “desenvolvimentista”), que colocaram o Brasil em uma crise profunda, passaram a criticar os déficits públicos, mas continuam a não aceitar o câmbio flutuante, a defender câmbio desvalorizado (administrado?) e juro baixo (deve ser taxa básica abaixo da adequada).
Superávits fiscais transmitem segurança e previsibilidade à economia e têm como efeitos a redução das expectativas inflacionárias, dos juros de mercado (e da necessidade de aumento de taxa básica) e valoriza a moeda pátria (o câmbio). Parece que não aceitam a valorização do câmbio e que são contra a utilização da taxa básica adequada (de acordo com a política fiscal).  

POLÍTICA MONETÁRIA:

A missão do BCB é definida como a seguir: Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente. A política monetária pode ser definida resumidamente assim.
FUNÇÕES CONSTITUCIONAIS do BCB: 
 a) Emissão de moeda;
 b) Empréstimos a instituições financeiras;
 c) Comprar e vender títulos do TN com o objetivo de regular a oferta da moeda ou a taxa de juros;
 d) Administrar as disponibilidades de caixa da união.
MISSÃO DO BCB:
Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro nacional através de:
 a) Formulação e gestão das políticas monetária e cambial, compatíveis com as diretrizes do governo federal;
 b) Regulamentação e supervisão do sistema financeiro nacional;
 c) Administração do sistema de pagamentos e do meio circulante.
POLÍTICA MONETÁRIA:  
 É função da política monetária assegurar o poder de compra da moeda. O Banco Central atua através de:
 1) Administração das taxas de juros ( básica x de mercado );
 2) Depósitos compulsórios;
 3) Compra ou venda de títulos públicos;
 4) Compra ou venda de moedas inclusive atuação em mercados futuros;
 5) I. O. F. = Imposto sobre Operações Financeiras.
REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:
a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes antecipam mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.
A TAXA BÁSICA DE JUROS (SELIC, taxa de curto prazo): é a variável controlável utilizada pelo BC para controlar as expectativas de inflação. É a mais potente ferramenta para reverter o processo inflacionário de ascendente para descendente e harmonizar a demanda com a oferta.
OS DESENVOLVIMENTISTAS ARRENPENDIDOS (ENVERGONHADOS) mudaram de lado quanto aos saldos fiscais, mas continuam a receitar taxa de juro abaixo da adequada. A taxa básica abaixo da adequada não consegue harmonizar demanda e oferta.  

POLÍTICA CAMBIAL:
O BCB pode administrar a política cambial utilizando os seguintes tipos de taxas de câmbio:
 1)  FIXA : Valor fixo pelo qual o Banco Central compromete-se a comprar ou vender moedas conversíveis. Facilita negócios enquanto os agentes econômicos confiarem na capacidade do governo de garantir a taxa do câmbio.  Na prática tem pouca durabilidade (NÃO TEM SUSTENTAÇÃO). As taxas precisarão ser adequadas à realidade constantemente. 
 2)  VARIÁVEL (FLUTUANTE) : O Banco Central permite que a taxa de câmbio oscile de acordo com as forças de mercado, só comprando e vendendo moeda por necessidade. Pode amedrontar investidores estrangeiros com perdas cambiais caso a política monetária não seja racional e contínua. Caso da crise atual provocada pela NME do governo DR. 
 3)  CONTROLADA (ADMINISTRADA): O Banco Central deixa a taxa de câmbio flutuar de acordo com as forças de mercado intervindo quando necessário (desequilíbrios ) ou quando a taxa de câmbio variar em desacordo com a vontade do burocrata do governo que estiver no comando (é costume  fixar uma banda cambial nunca obedecida) . Pode amedrontar investidores estrangeiros com perdas cambiais caso a política monetária não seja racional e contínua. A cambial administrada nunca é racional e contínua.
 4)  MÚLTIPLA (MISTA): O Banco Central fixa várias taxas de câmbio. Uma para compra de petróleo, outra para negócios financeiros, outra para importações e exportações, etc. É utilizada apenas para ocasiões muito específicas e especiais, devendo durar o mínimo tempo possível.
 COMENTÁRIOS:
 a) MOEDA SUPER-AVALIADA (câmbio valorizado)- Contribui para o combate à inflação (artificialmente), abala a confiança na estabilidade cambial (crença de  não sustentabilidade), afasta a entrada e estimula a saída de capital estrangeiro, dificulta exportações. 
 b) MOEDA  SUB-AVALIADA (câmbio desvalorizado) -  Favorece a abolição de controles, agrava a inflação, facilita a entrada de capitais, favorece as exportações. 
 c) MOVIMENTO DE CAPITAIS -  O ideal, se a economia suportar, é deixar livre. Aceita-se alguns controles, o menos possível, em situações de comprovada necessidade (dificuldades com o Balanço de Pagamentos).
 d) REGIME DE CÂMBIO IDEAL -  É a Taxa Flutuante (a que exige menos medidas artificiais e os consequentes desequilíbrios), quando suportada pela economia (Balanço de Pagamentos).

OS NOVOS DESENVOLVIMENTISTAS continuam receitando câmbio desvalorizado artificialmente (real frente ao dólar) para estimular as exportações das indústrias. O BC comprar dólares pagando mais do que o mercado precifica? Keynes era a favor de câmbio flutuante.    

MAG 10/2015.