MECANISMOS
DE TRANSMISSÃO DA POLÍTICA MONETÁRIA. Texto do BC.
Os mecanismos de transmissão
da política monetária são os canais por meio dos quais mudanças na taxa Selic
(que é o principal instrumento de política monetária à disposição do Banco
Central (BC) afetam o comportamento de outras variáveis econômicas,
principalmente preços e produto.
A política monetária afeta
os preços da economia por meio:
1) da
decisão entre consumo e investimento das famílias e empresas;
2) da
taxa de câmbio;
3) do
preço dos ativos;
4) do
crédito;
5) das
expectativas.
O canal de transmissão das
taxas de juros para as decisões de consumo e investimento é o canal mais
conhecido da política monetária. Quando a taxa Selic sobe, as taxas de juros
reais também tendem a subir. A elevação da taxa real de juros, por sua vez, pode
levar à diminuição de investimentos pelas empresas e à diminuição de consumo
por parte das famílias – o que, por sua vez, tende a reduzir a demanda por bens
e serviços da economia, contribuindo para a redução da inflação.
Outro canal importante de
transmissão da política monetária é o da taxa de câmbio, principalmente em
economias abertas. Quando a taxa de juros sobe, a moeda doméstica tende a se
valorizar (o dólar fica mais barato frente ao Real), diminuindo o nível de
preços dos bens comercializáveis internacionalmente quando expressos em moeda
nacional. A taxa de câmbio afeta a inflação por dois mecanismos. O primeiro é a
diminuição dos preços de bens de consumo importados e de insumos utilizados na
produção de bens. O outro efeito ocorre por meio da demanda agregada. O dólar
mais barato desincentiva as exportações e estimula as importações. Com isso, a
demanda por bens domésticos cai, reduzindo a pressão sobre o nível de preços.
A política monetária atua
também por meio de variações na riqueza dos agentes econômicos em virtude de
alterações da taxa de juros. Por exemplo, um aumento nas taxas de juros, ao
desestimular a atividade econômica e o lucro das empresas, tende a diminuir o
preço das ações. Essa redução do valor da riqueza financeira das famílias e
empresas pode desestimular o consumo e os planos de investimento.
O quarto canal de
transmissão da política monetária é o canal do crédito. Ao aumentar a taxa de
juros, o banco central estimula que as taxas cobradas por empréstimos bancários
também subam, diminuindo o volume de empréstimos a pessoas e empresas,
desestimulando o consumo e o investimento.
Por fim, outro canal
importante é o das expectativas. Ao alterar a taxa de juros, a ação do banco
central pode mudar as expectativas quanto à evolução da economia. Por exemplo,
ao elevar a Selic para conter pressões inflacionárias, o banco central sinaliza
um nível de atividade mais contido não apenas no presente, mas também para o
futuro. Com isso, famílias e empresas passam a acreditar que a inflação, no
futuro, estará mais baixa. Como resultado, os preços definidos hoje já tendem a
aumentar menos pois os agentes sabem que as condições econômicas futuras não
mais darão suporte a aumentos maiores de preços. Assim, choques de custos na
economia tendem a se propagar de forma mais limitada na economia, reduzindo
seus efeitos inflacionários. Essa propagação é chamada, na literatura
econômica, de efeitos secundários ou de segunda ordem. É fundamental um elevado
nível de credibilidade do banco central para que esse canal opere de forma
adequada. No caso de baixa credibilidade, ocorre o oposto: choques tendem a se
amplificar, gerando uma inflação maior.
Pessoas que se planejam,
poupam e investem participam do esforço de reduzir a taxa de juros estrutural
da economia. Mais educação financeira permite menor custo do crédito, combate
ao superendividamento e menos inadimplência. Texto
do Banco Central.