sábado, 24 de dezembro de 2011

SELIC - ENTENDIMENTO ERRADO

VALOR 21/12/2011; página F10, do caderno Especial Cenários.
Declaração de um diretor de uma das principais escolas de economia do país em entrevista ao Valor:
“Seria particularmente importante acabar com essa maluquice que nós temos de o BC praticar nas operações de curto prazo a Selic, a mesma taxa dos títulos públicos. Esse é um avanço que não foi feito. É uma herança da época da inflação alta que precisa ser removida. Isso significa, entre outras coisas, desindexar o sistema financeiro, que está totalmente indexado à Selic.”    
A VERDADE:
a) o entrevistado confundiu-se ou tem entendimento errado sobre o assunto (economia monetária);
b) o BC não pratica a mesma taxa dos títulos públicos, é o TN que, por interesse e livre escolha, utiliza a Selic como forma de indexação de parte de seus títulos (o BC não tem responsabilidade sobre isto);
c) se o TN não utilizar a Selic como forma de indexação terá que optar entre o IGPM ou o IPCA (isto sim é que é retornar à indexação). A outra opção seria pagar as taxas pré-fixadas aceitas pelo mercado (consideradas altas pelo TN);
d) ao contrário do que dizem os leigos e desinformados a Selic tem sido o menor custo de financiamento para o TN;
e) o sistema financeiro não está todo indexado à Selic, em torno de 30% dos títulos do TN é que são indexados à Selic;
f) todos os BCs do mundo utilizam a taxa básica (no Brasil denominada Selic) como forma de reduzir a monetização da economia (liquidez, quantidade moeda, créditos) quando a inflação supera a meta (e o BC considera a conjuntura prospectiva inflacionária). A taxa básica varia de acordo com a inflação e a conjuntura prospectiva: sobe se a inflação prevista supera a meta e desce se a previsão for de queda das atividades e dos preços. Simples assim. A leitura da conjuntura prospectiva é que fica mais difícil nas épocas de crise (a previsibilidade cai).

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