CRISE: CAUSA, IRRESPONSABILIDADE FISCAL, EFEITO, EMPOBRECIMENTO.
Sendo a irresponsabilidade fiscal causa da crise, pode também ser uma indicação corretiva? Considerando que a dívida pública deve ter como limite máximo 60% do PIB e que um déficit de 5%, em 10 anos acumula 62,88%, superando o teto fixado e que à medida que a dívida cresce crescem também os custos com os juros (outros gastos devem ser reduzidos para manter o déficit em 5%). A pergunta é: atingindo a dívida o teto de 60% do PIB, o déficit público deve ser zerado, continuar em um percentual menor, como 3%, ou maior, como 8%, para estimular o crescimento? A prática tem demonstrado que dívida pública acima de 60% do PIB, se continuar crescente, encontra dificuldades para rolagem e as taxas de juros sobem, podendo resultar em não pagamento. O não pagamento provoca prejuízos aos aplicadores, como os fundos de aposentadorias (e aposentados), às empresas (e assalariados), aos bancos (e clientes) e às pessoas em geral, podendo provocar crise sistêmica, neste caso reduzindo o poder de compra de todos (empobrecimento). O déficit público facilita a manutenção de gastos improdutivos (a maioria desnecessários e privilégios), insustentáveis no tempo.
Países que emitem sua própria moeda (não conversíveis e não aceitas como reserva pelo mundo) solucionam o problema de excesso de dívida fazendo inflação (criação inflacionária de moeda). É uma forma de perda de poder de compra de todos, semelhante à ocorrida com a redução do déficit público. É mais fácil de administrar do que o desgaste de reduzir vantagens, privilégios moralmente insustentáveis (de apadrinhados e de grupos de interesses) e gastos improdutivos.
Os USA que emitem moeda conversível e reserva mundial podem conviver mais tempo com déficits público sem provocar inflação doméstica, já que sua moeda é entesourada também no exterior, não pressionando a demanda interna. O fato de o dólar ser aceito como meio de pagamento e reserva de valor pelo mundo permite que os USA tenham déficits externos quase infinitos, sustentando importações e a oferta. Entretanto os preços das commodities mundiais aumentam. Os ativos que não moeda (ações, imóveis, etc.) têm seus preços inflacionados acima do custo de vida, ocasionando as famosas bolhas (uma falsa sensação de riqueza) e as crises, quando ficam insustentáveis e estouram (queda dos preços dos ativos inflados). Os USA gozam do privilégio de nas crises, ao inverso dos países que não emitem moeda reserva, terem o custo dos juros para seus títulos reduzidos por efeito da aversão ao risco (seus títulos continuam um porto seguro em relação a outros ativos financeiros).
A CRISE DO EURO: diferente das federações com vários estados, mas um orçamento fiscal federal unificado e um único sentimento de nacionalidade (USA, Brasil), as nações que adotaram o Euro têm cada uma seu orçamento fiscal e gerenciamento da dívida pública e de seus bancos independente (são nações independentes). Não podem criar moeda inflacionária para financiar seus déficits. Sempre que uma nação for socorrida com alguma vantagem as outras são prejudicadas. A manutenção dos déficits e da falsa sensação de riqueza (valorizações de ativos) não pode ser corrigida com inflação, os privilégios têm que ser cortados diretamente. A idade limite de aposentadorias nos países do Euro vai de 55 a 67 anos. O povo do país que adota 67 anos (Alemanha) não pode aceitar pacificamente financiar e privilegiar o país que adota 55. O Rei da Espanha deu o exemplo cortando um percentual de sua remuneração. Países com instituições fracas não conseguem cortar déficits e privilégios.
RESUMINDO: manter déficit com criação inflacionária de moeda é fácil, mas leva à estagflação (inflação sem crescimento). Manter déficit sem criação inflacionária de moeda é impossível. A falsa riqueza obtida com os déficits ou com a criação inflacionária de moeda é insustentável no tempo. Todo ajuste referente a políticas fiscal ou monetária irresponsáveis ocasionarão algum sofrimento (a farra é insustentável no tempo.).
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