PENSAMENTO
MÁGICO E DEMAGOGIA NA ANÁLISE ECONÔMICA.
A análise econômica racional,
baseada em dados e fatos, deve verificar as causas e os efeitos do fenômeno ou
assunto estudado. O estudo da economia é complexo, são inúmeras variáveis,
agentes e ambientes (doméstico, externo). A idéia de equilíbrio
presume o desequilíbrio. As leis
econômicas são dinâmicas, sempre um processo em movimento, são CAUSAIS E
TEMPORAIS, estudam fenômenos que se sucedem no tempo (e as antecipações). São
também CONDICIONAIS, como todas as leis científicas (requisitos são
condições necessárias). São complexas, o entendimento exige conhecimentos
acumulados, quase sempre tem exceções. Os efeitos no curto prazo podem ser
diferentes do longo prazo (os juros de cp podem subir e os de lp caírem) e
no primeiro momento ser diferente dos seguintes. Leis ou postulados econômicos são enunciados de tendências. Dos principais erros cometidos são de considerar apenas uma causa ou
efeito em suas análises. Sabemos que em economia sempre temos mais de uma causa
e mais de um efeito. Podemos definir uma causa ou efeito como principal, mas
nunca parar por aí. Podemos também definir uma variável como necessária para
que aconteça um efeito mas nunca, sozinha, suficiente. Um exemplo é a taxa
básica de juro: no combate à inflação a taxa adequada é necessária (errando
nela errou em tudo), mas sozinha, insuficiente. É necessária uma política
fiscal e cambial adequadas e harmoniosas. A experiência também comprovou que a
política monetária é mais eficaz no combate à inflação, do que, sozinha, para
motivar e conseguir o crescimento sustentado (aumentos consistentes das
atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis
fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas.
A queda da taxa de juro
(sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma
variável necessária. A contestação de que a política monetária pode
criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O
reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como
único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da
atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política
macroeconômica.
O
pensamento mágico (demagogia ou ignorância): falsear, distorcer dados e fatos
para adequá- los às teorias é um método, infelizmente, muito utilizado nas
defesas de dogmas ou crenças. Definir pensamentos contrários de acordo com seus
interesses é uma desonestidade acadêmica e intelectual também largamente
utilizada. Pensamentos de autores são descritos em livros, artigos de jornais e
revistas, às vezes, de maneira totalmente diversa do defendido originalmente. Articulistas de jornais escreviam que os
neoliberais eram contra toda forma de regulamentação, agredindo de maneira
desavergonhada o principal princípio do pensamento liberal: a defesa de normas
para limitar o poder discricionário dos governantes, do mais forte sobre o mais
fraco e regras do jogo pré-estabelecidas para defender a concorrência. É demagogia
barata escrever que os liberais (ou neo) são contra auditorias e normas
prudenciais. Alan Greenspan que dirigiu
o Fed por 17 anos e antes disso foi por 18 anos responsável pelo órgão regulador
dos USA, escreveu: “Uma
área em que é preferível mais envolvimento do governo, em minha opinião, é o da
erradicação de fraudes, que são a pior praga de qualquer sistema de mercado.”
Como escrever que este homem defendeu a
desregulamentação. O que ele escreveu foi o a seguir: Três regras práticas sobre regulamentações:
1)
Regulamentações aprovadas durante as
crises devem sempre passar, posteriormente, pelo processo de sintonia fina.
2) Ás vezes, vários reguladores são melhores do que um. O
regulador solitário torna-se avesso ao risco, tentando proteger-se de todos os
resultados negativos imagináveis, tornando difícil e onerosa a observância de
suas normas.
3)
Os regulamentos sobrevivem à própria
razão de ser e devem ser renovados periodicamente.
Enfim condenou o excesso de
normas e as que com o tempo se tornam desnecessárias (atualizações periódicas
para acompanhar a evolução dos tempos). Aconselhou mais envolvimento do governo
na área prudencial e de auditoria. Como escrever que uma atividade concedida ou autorizada (um privilégio),
pode ser contra o que originou sua existência (o sistema bancário), as normas.
Esta turma de pensamento
mágico (nacional-desenvolvimentistas) é a favor do poder discricionário na
condução da política monetária e fiscal. Contra são os liberais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário