PENSAMENTO
MÁGICO KEYNESIANO X EQUILÍBRIO - O SEMPRE VIRTUOSO CAMINHO DO MEIO.
O pensamento keynesiano de
que a demanda cria sua própria oferta (equivalente à demanda) e o investimento a
poupança, é o que defino como pensamento mágico. Infelizmente incorre no erro,
comprovado pelas inúmeras experiências fracassadas no mundo, de desconsiderar a
velocidade de crescimento assimétrico das variáveis estudadas. Com taxas de
juros abaixo do ponto de equilíbrio e conjuntura prospectiva (expectativas)
positiva é a receita perfeita para criar um ambiente com processo inflacionário
ascendente e, se não combatido adequadamente, a seguir vem a temível
estagflação (cria-se o inverso do desejado).
No momento atual vivemos a assimetria
entre as variáveis demanda e oferta, criando um ambiente inflacionário, mesmo
com a taxa básica (selic) acima do DI 360. O ambiente de insegurança resultante
das crises dos USA e agora do Euro, criou um clima de aversão ao risco e busca
de preservação do capital (acima da rentabilidade). A insegurança quanto à
preservação do capital investido em títulos dos países sob suspeita do mercado
provocaram falta de liquidez e alta das taxas de juros para os mesmos (queda do
valor dos títulos). Por outro lado os títulos dos países considerados seguros
(os USA por emitirem o dólar, a Alemanha por outros fatores) tiveram a procura
por seus títulos aumentada fazendo as taxas de juros ficarem até negativa (valorização
dos títulos). Os investimentos em atividades produtivas por causa das
expectativas de um período de queda das atividades mundiais também ficaram mais
seletivos. Os empreendedores (investidores) procuram países que têm
instituições que reduzam o grau de incerteza, com regras do jogo claras e
respeitadas, regulação transparente e estável, um mercado de capitais
desenvolvido e autoridades governamentais (monetárias e econômicas) que não
passem insegurança. Mudanças desnecessárias nas regras do jogo provocam
instabilidade e insegurança afugentando investimentos.
As taxas de juros nominais de
mercado no Brasil (e as reais ex-post) acompanharam o mundo e também entraram
num processo descendente, permitindo a queda da selic (caiu 4% e ainda está acima
do DI 360). Como a queda da taxa de juro não fez a oferta subir para atender a
demanda, o acumulado de inflação até julho superou a meta (todos os tipos de
índices, inclusive os de atacado e aos produtores. Inflação a ser repassada aos
consumidores nos próximos meses). Para agravar ainda mais a situação muitos
preços estão represados (discricionária e demagogicamente por autoridade e por
efeito do mercado) e afetarão os preços no futuro. A taxa básica de juro ficou
negativa nos meses de abril, maio, junho e julho, confirmando que:
a) taxa básica fixada acima da neutra, com expectativas positivas, reduz a inflação;
b) abaixo piora o processo inflacionário;
c) taxa básica negativa com expectativas negativas provoca bolha dos ativos que não moeda ao invés de crescimento. Trás sensação de perda de poder de compra e de riqueza, a insegurança prevalece e desmotiva riscos com investimentos (é o tiro pela culatra);
d) a taxa básica adequada é uma condição para o crescimento econômico sustentado, mas, sozinha, não o suficiente.
a) taxa básica fixada acima da neutra, com expectativas positivas, reduz a inflação;
b) abaixo piora o processo inflacionário;
c) taxa básica negativa com expectativas negativas provoca bolha dos ativos que não moeda ao invés de crescimento. Trás sensação de perda de poder de compra e de riqueza, a insegurança prevalece e desmotiva riscos com investimentos (é o tiro pela culatra);
d) a taxa básica adequada é uma condição para o crescimento econômico sustentado, mas, sozinha, não o suficiente.
COMPARAÇÃO
SELIC X DI 360 X IGPM X IPCA
Índices mensais anualizados
|
|||||
2012
|
IGPM
|
DI 360
|
SELIC
|
IPCA
|
i real
|
jan.12
|
3,04
|
9,55
|
C10,5
|
6,93
|
5,69
|
Fev.
|
-0,77
|
9,41
|
C10,5
|
5,53
|
8,11
|
Mar.
|
5,28
|
8,96
|
C9,75
|
2,55
|
2,65
|
Abr.
|
10,69
|
8,33
|
C9,0
|
7,96
|
-3,54
|
Mai.
|
12,95
|
7,93
|
C8,5
|
4,41
|
-5,36
|
Jun.
|
8,21
|
7,57
|
C8,5
|
0,96
|
-1,79
|
Jul.
|
17,32
|
7,46
|
C8,0
|
5,2838
|
-11,42
|
i real = CDI 360 – 20% IRF –
IGPM. Em vermelho acima da meta de inflação. Em amarelo i real ex-post
negativo.
ACUMULADOS 2012: ÍNDICES E META DE
INFLAÇÃO
|
|||||||||||||
2012
ACUM.
ATÉ
|
META
|
IPC
|
IGP
|
INCC
10
|
IPP
|
IPA DI
|
|||||||
IPCA
|
IPC 10
|
IPC M
|
IPC DI
|
IGP 10
|
IGP M
|
IGP DI
|
IPA M
|
Prod. ind.
|
Prod. agrop.
|
||||
ABR.
|
1,4780
|
1,87
|
2,288
|
2,29
|
2,288
|
1,089
|
1,47
|
1,95
|
1,05
|
2,003
|
1,64
|
1,22
|
3,37
|
MAI.
|
1,8509
|
2,24
|
2,81
|
2,79
|
2,72
|
2,11
|
2,51
|
2,89
|
2,24
|
2,88
|
3,32
|
2,22
|
4,07
|
JUN.
|
2,2252
|
2,32
|
3,15
|
2,96
|
2,83
|
2,86
|
3,19
|
3,59
|
2,99
|
4,60
|
4,53
|
3,10
|
5,10
|
JUL.
|
2,6283
|
2,76
|
3,34
|
3,22
|
3,06
|
3,84
|
4,57
|
5,16
|
4,85
|
5,48
|
x
|
4,11
|
10,68
|
RESUMINDO: a atual política
econômica percebida pelo mercado como liderada pelo MF GM e por economistas
keynesianos (“desenvolvimentistas”), não passa credibilidade para os investidores
(trás insegurança). Taxa básica inadequadamente baixa causa inflação, amedronta
e provoca bolhas nos preços dos ativos que não moeda ao invés de motivar os
investimentos produtivos. Uma das condições para o crescimento sustentado é a
segurança que a moeda estável (o poder de compra preservado trás segurança e
confiança) trás para todos (consumidores e investidores). A valorização dos
ativos que não moeda muito acima dos preços aos consumidores, provocada por taxa
básica negativa é a prova de que o mercado está fugindo da moeda (é o início da
formação de bolha que todos sabemos terminar em furo e crise). Demagogia (pensamento mágico)
não provoca crescimento, sim bolhas e crises. O IOF de 6% para captações
de empréstimos externos demonstrou o amadorismo dos dirigentes econômicos. As
empresas que estavam com seus investimentos a meio caminho e necessitando de
fazer empréstimos, repentinamente viram seus custos aumentados em 6%. Muitas
empresas faziam empréstimos de curto e médio prazo por serem mais fáceis e
terem as taxas de juros menores (ficavam refinanciando). De repente tudo ficou
mais difícil. O governo dificultou os investimentos produtivos. Na média são
feitos com 70% de capital de terceiros.
O excesso de demanda que
estava sendo atendido por importações que dificultavam os aumentos dos preços e
estavam obrigando ao parque industrial, viciado em protecionismos, a lutar por
ganhos de produtividade, adequar métodos de produção e produtos, motivando e
provocando ganhos permanentes de produtividade na luta pela sobrevivência, foi
artificialmente dificultado (com desvalorização artificial da taxa de câmbio).
Uma quase revolução industrial brasileira, infelizmente paralisada para atender
a grupos de interesses que aprenderam a sobreviver com proteções artificiais à custa
dos consumidores brasileiros. Na verdade o governo rendeu-se aos interesses dos
lucros de quem não precisa de proteção cambial, com a falsa desculpa de defender
segmentos industriais sem condições de competitividade. Na verdade são
segmentos que ficaram parados no tempo, com baixa representatividade na
economia, com alta utilização de mão de obra com baixos salários e preços aos
consumidores mais altos do que deveriam ser. É o absurdo de condenarem a todos
os brasileiros a pagarem mais por todos os produtos para defender lucros de minorias
e empresas atrasadas e sem condições de competitividade no presente e no
futuro. O câmbio artificialmente desvalorizado inclusive dificulta a importação
de tecnologias e maquinários.
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