segunda-feira, 13 de agosto de 2012

PENSAMENTO MÁGICO KEYNESIANO X EQUILÍBRIO - O SEMPRE VIRTUOSO CAMINHO DO MEIO.


PENSAMENTO MÁGICO KEYNESIANO X EQUILÍBRIO - O SEMPRE VIRTUOSO CAMINHO DO MEIO.

O pensamento keynesiano de que a demanda cria sua própria oferta (equivalente à demanda) e o investimento a poupança, é o que defino como pensamento mágico. Infelizmente incorre no erro, comprovado pelas inúmeras experiências fracassadas no mundo, de desconsiderar a velocidade de crescimento assimétrico das variáveis estudadas. Com taxas de juros abaixo do ponto de equilíbrio e conjuntura prospectiva (expectativas) positiva é a receita perfeita para criar um ambiente com processo inflacionário ascendente e, se não combatido adequadamente, a seguir vem a temível estagflação (cria-se o inverso do desejado).

No momento atual vivemos a assimetria entre as variáveis demanda e oferta, criando um ambiente inflacionário, mesmo com a taxa básica (selic) acima do DI 360. O ambiente de insegurança resultante das crises dos USA e agora do Euro, criou um clima de aversão ao risco e busca de preservação do capital (acima da rentabilidade). A insegurança quanto à preservação do capital investido em títulos dos países sob suspeita do mercado provocaram falta de liquidez e alta das taxas de juros para os mesmos (queda do valor dos títulos). Por outro lado os títulos dos países considerados seguros (os USA por emitirem o dólar, a Alemanha por outros fatores) tiveram a procura por seus títulos aumentada fazendo as taxas de juros ficarem até negativa (valorização dos títulos). Os investimentos em atividades produtivas por causa das expectativas de um período de queda das atividades mundiais também ficaram mais seletivos. Os empreendedores (investidores) procuram países que têm instituições que reduzam o grau de incerteza, com regras do jogo claras e respeitadas, regulação transparente e estável, um mercado de capitais desenvolvido e autoridades governamentais (monetárias e econômicas) que não passem insegurança. Mudanças desnecessárias nas regras do jogo provocam instabilidade e insegurança afugentando investimentos.       

As taxas de juros nominais de mercado no Brasil (e as reais ex-post) acompanharam o mundo e também entraram num processo descendente, permitindo a queda da selic (caiu 4% e ainda está acima do DI 360). Como a queda da taxa de juro não fez a oferta subir para atender a demanda, o acumulado de inflação até julho superou a meta (todos os tipos de índices, inclusive os de atacado e aos produtores. Inflação a ser repassada aos consumidores nos próximos meses). Para agravar ainda mais a situação muitos preços estão represados (discricionária e demagogicamente por autoridade e por efeito do mercado) e afetarão os preços no futuro. A taxa básica de juro ficou negativa nos meses de abril, maio, junho e julho, confirmando que: 
a) taxa básica fixada acima da neutra, com expectativas positivas, reduz a inflação; 
b) abaixo piora o processo inflacionário; 
c) taxa básica negativa com expectativas negativas provoca bolha dos ativos que não moeda ao invés de crescimento. Trás sensação de perda de poder de compra e de riqueza, a insegurança prevalece e desmotiva riscos com investimentos (é o tiro pela culatra); 
d) a taxa básica adequada é uma condição para o crescimento econômico sustentado, mas, sozinha, não o suficiente.  

COMPARAÇÃO SELIC X DI 360 X IGPM X IPCA
Índices mensais anualizados
2012
IGPM
DI 360
SELIC
IPCA
i real
jan.12
3,04
9,55
C10,5
6,93
5,69
Fev.
-0,77
9,41
C10,5
5,53
8,11
Mar.
5,28
8,96
C9,75
2,55
2,65
Abr.
10,69
8,33
C9,0
7,96
-3,54
Mai.
12,95
7,93
C8,5
4,41
-5,36
Jun.
8,21
7,57
C8,5
0,96
-1,79
Jul.
 17,32
 7,46
 C8,0
5,2838
-11,42
i real = CDI 360 – 20% IRF – IGPM. Em vermelho acima da meta de inflação. Em amarelo i real ex-post negativo. 
ACUMULADOS 2012: ÍNDICES E META DE INFLAÇÃO
2012
ACUM.
ATÉ
META
IPC
IGP
INCC
10
IPP
IPA DI
IPCA
IPC 10
IPC M
IPC DI
IGP 10
IGP M
IGP DI
IPA M
Prod. ind.
Prod. agrop.
ABR.
1,4780
1,87
2,288
2,29
2,288
1,089
1,47
1,95
1,05
2,003
1,64
1,22
3,37
MAI.
1,8509
2,24
2,81
2,79
2,72
2,11
2,51
2,89
2,24
2,88
3,32
2,22
4,07
JUN.
2,2252
2,32
3,15
2,96
2,83
2,86
3,19
3,59
2,99
4,60 
4,53
3,10
5,10
JUL.
2,6283
2,76
3,34
3,22
3,06
3,84
4,57
5,16
4,85
5,48
x
4,11
10,68

RESUMINDO: a atual política econômica percebida pelo mercado como liderada pelo MF GM e por economistas keynesianos (“desenvolvimentistas”), não passa credibilidade para os investidores (trás insegurança). Taxa básica inadequadamente baixa causa inflação, amedronta e provoca bolhas nos preços dos ativos que não moeda ao invés de motivar os investimentos produtivos. Uma das condições para o crescimento sustentado é a segurança que a moeda estável (o poder de compra preservado trás segurança e confiança) trás para todos (consumidores e investidores). A valorização dos ativos que não moeda muito acima dos preços aos consumidores, provocada por taxa básica negativa é a prova de que o mercado está fugindo da moeda (é o início da formação de bolha que todos sabemos terminar em furo e crise). Demagogia (pensamento mágico) não provoca crescimento, sim bolhas e crises. O IOF de 6% para captações de empréstimos externos demonstrou o amadorismo dos dirigentes econômicos. As empresas que estavam com seus investimentos a meio caminho e necessitando de fazer empréstimos, repentinamente viram seus custos aumentados em 6%. Muitas empresas faziam empréstimos de curto e médio prazo por serem mais fáceis e terem as taxas de juros menores (ficavam refinanciando). De repente tudo ficou mais difícil. O governo dificultou os investimentos produtivos. Na média são feitos com 70% de capital de terceiros.

O excesso de demanda que estava sendo atendido por importações que dificultavam os aumentos dos preços e estavam obrigando ao parque industrial, viciado em protecionismos, a lutar por ganhos de produtividade, adequar métodos de produção e produtos, motivando e provocando ganhos permanentes de produtividade na luta pela sobrevivência, foi artificialmente dificultado (com desvalorização artificial da taxa de câmbio). Uma quase revolução industrial brasileira, infelizmente paralisada para atender a grupos de interesses que aprenderam a sobreviver com proteções artificiais à custa dos consumidores brasileiros. Na verdade o governo rendeu-se aos interesses dos lucros de quem não precisa de proteção cambial, com a falsa desculpa de defender segmentos industriais sem condições de competitividade. Na verdade são segmentos que ficaram parados no tempo, com baixa representatividade na economia, com alta utilização de mão de obra com baixos salários e preços aos consumidores mais altos do que deveriam ser. É o absurdo de condenarem a todos os brasileiros a pagarem mais por todos os produtos para defender lucros de minorias e empresas atrasadas e sem condições de competitividade no presente e no futuro. O câmbio artificialmente desvalorizado inclusive dificulta a importação de tecnologias e maquinários. 

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