sábado, 31 de agosto de 2013

CÂMBIO – A VOLATILIDADE DO MOMENTO

CÂMBIO – A VOLATILIDADE DO MOMENTO
POLÍTICA MONETÁRIA X FISCAL X CAMBIAL (RELAÇÕES)

A política cambial de um país faz parte da política econômica (fiscal, monetária e cambial). Neste texto vamos considerar a política cambial de um país não emissor de moeda reserva mundial (dólar, Euro).
A política cambial pode adotar vários sistemas de câmbio:
a) Flutuante: o BC atua doando ou retirando excessos ou insuficiências de liquidez. O BC não fica inerte. É o sistema mais indicado após os USA terem abandonado a conversibilidade do dólar em ouro à taxa fixa;
b) Administrado: o BC administra o câmbio perseguindo uma meta ou uma banda, só viável e aconselhável com governo com muita credibilidade;
c) Fixo o BC compra e vende a uma taxa fixa. Este sistema deixou de ser viável após os USA terem abandonado a conversão do dólar em ouro à taxa fixa;
e) Múltipla: o BC fixa várias taxas para finalidades diferentes (para compra de dólar, de trigo, de medicamentos, etc.). É um sistema desaconselhável.
O Brasil adotou o sistema de câmbio flutuante com metas de inflação e superávit primário (o tripé).
Variáveis que influenciam o câmbio de um país emissor de moeda não conversível:
a) Externas: a liquidez da moeda reserva mundial; a política monetária, a taxa básica e a de mercado e a inflação dos USA; uma crise geopolítica militar; uma crise financeira de um país semelhante; preços das commodities exportadas e importadas, crise de petróleo, etc.
b) Internas: uma política econômica responsável, a fiscal em harmonia com a monetária, a cambial explícita e transmitindo segurança e previsibilidade para o mercado. A estratégia geral conhecida por todos (o BC atuando oferecendo ou retirando excessos ou faltas de liquidez), a tática é o BC atuando no dia a dia (não tem necessidade de ser anunciada).
Fundamentos econômicos estatísticos: Divida externa; preços de produtos exportáveis (termos de troca); Balanço Comercial; Saldo em Transações Correntes; Conta Capital e Financeira (investimentos diretos, empréstimos intercompanhias, empréstimos de cp e de lp); as Reservas; o Fluxo Cambial Comercial e Financeiro, a Política Fiscal, Monetária e Cambial, a Inflação, o PIB Potencial.
      EXPECTATIVAS DE VALORIZAÇÃO CAMBIAL (do Real) pode aumentar a oferta de venda de dólares futuros desvalorizando-o mais ainda e por extensão desvalorizar o à vista. O BC pode dificultar e limitar as operações domésticas futuras (mas não alcança operações no exterior). Pode dificultar a entrada de capitais de curto prazo (limites, IOF, etc.). Comprar o excesso de liquidez de dólares à vista e futuros (swaps); 
      EXPECTATIVAS DE DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL (do real) pode aumentar a demanda por dólar futuro podendo valorizá-lo mais ainda e por extensão o à vista. O  BC tem a obrigação PRUDENCIAL  de normatizar e monitorar as operações futuras e de derivativos dos bancos evitando riscos superiores à capacidade dos mesmos (suportar e honrar perdas). Pode oferecer dólares futuros (swaps) e vender à vista para atender a demanda (pagamentos comerciais e de dívidas).  AS OPERAÇÕES COM  MOEDAS TÊM POR LIMITE A EXISTÊNCIA DAS MESMAS, AS OPERAÇÕES FUTURAS E DERIVATIVOS DEVEM TER SEUS LIMITES FIXADOS PELO BC, POIS SÃO VIRTUAIS E NÃO TÊM LIMITE (evitar jogatinas irresponsáveis e insolvências).

A desvalorização atual do Real é baseada em fundamentos consistentes ou é fruto de um movimento artificial sem sustentação (que está aproveitando a marola)?  Todos estavam esperando o Fed (BC americano) anunciar o início da redução do QE (quantitative easing) e sabiam que isto iria reduzir a liquidez mundial do dólar, subir os juros dos títulos americanos e atrair capitais (mais para lá, menos para cá). O efeito no Real seria um movimento de desvalorização. A novidade foi o tamanho do efeito (e sua volatilidade ameaçadoramente imprevisível), resultado de uma política econômica irresponsável (reduziu o superávit primário, introduziu uma contabilidade criativa que deixou a todos inseguros, deixou transparecer que o BC não tinha autoridade, reduziu a taxa básica demagogicamente, não atuou no câmbio quando necessário). Soma-se a isto uma estatística do setor externo que veio piorando rapidamente até chegar a um saldo negativo no Balanço Comercial e em Transações Correntes insustentável no tempo. Os investimentos externos em aumento de capital, sozinhos, já não financiam o saldo negativo. O saldo negativo está sendo financiado pelos empréstimos entre empresas e os de lp. Mas câmbio não é só passado, é também futuro (expectativas). Então temos um passado com fundamentos econômicos e uma política do Fed que justificam a valorização do dólar. Por outro lado vemos um BC aumentando sua autoridade e atuando no caminho correto (aumento da taxa básica e atuação no câmbio). A crítica fica pelo aumento tímido da taxa básica (deveria ser de 1%), a política fiscal irresponsável e a atuação insuficiente no câmbio. O correto seria oferecer dólares futuro (limitar risco cambial dos bancos) e vender à vista (isto retira liquidez do mercado e ajuda a política monetária).  
CONTAS EXTERNAS
DADOS DO COMÉRCIO EXTERIOR E INTERVENÇÕES DO BC NO CÂMBIO.
TÍTULOS
2008
2009
2010
2011
2012
08/13
09/2013 10/2013 2013
1) BAL. COMERCIAL
24746
25347
20267
29796
19431
1226
2147
-224 -1832
2) TRANS. CORRENTES
-28300
-24334
-47518
-52612
-54246
-5505 
-2629   -60416
3) CONTA CAPITAL
32986
70551
100102
111868
72762
2119 
1506   63917
4) DIV. EXTERNA bi.
267
282
350
402
442
 471
471   471
5) RESERVAS caixa mi.
198793
238520
288575
352073
373147
367002
368654
3645054 364505
6) FLUXO CAMB. Total
-983
28732
24354
65279
16753
-5850
-2058 -6200 -5361
6.1) Fluxo Comercial
47900
9924
-1650
43950
8373
1858
-5046 -1063 9104
6.2) Fluxo Financeiro
-48883
18808
26004
21329
8380
-3992
2988 -5137 -14465
7) INTERVENÇÕES BC
-5438
36527
41952
50107
5686
-4110
-1569 -5000 3080
7.1) Pronto
7585
24038
41417
47908
11152
0
0 0 0
7.2) Termo
0
0
0
2199
0
0
0 0 0
7.3) Linha c/ Recompra
-8338
8338
0
0
-5466
-4110
-1569 -5000 3080
7.4) Empréstimo
-4685
4151
535
0
0
0
0 0 0
8) OUTROS BC
18887
8211
8103
13331
8445
-854
3221 851 -1722
9) EXPOSIÇÃO BC US$
-27749
0
0
3016
-4204
-102708 
-116986   XXX
9 .1) Resultado (caixa) 4801 3199 x 706 1098 -2379 5941   5941
10) POS. CÂMB Bancos
C10130
C3391
V16784
V1583
V6069
V4190
V6511 V12289 V12289
11) VAR. CAMB. US$
31,93
-25,49
-4,307
12,579
8,94
3,58
-6,0 -1,23 7,79
OBS: a) Fluxo Cambial (linha 6) positivo = entrada de dólar no mercado; b) Intervenções do BC positivas (linha 7) = semelhante a compra de moeda pelo BC. Negativas, vendas. OUTROS (8) = variações de posições (títulos, moedas, etc.).
COMENTÁRIOS:
 a) a variação cambial é do dólar;
 b) a tabela não registra os movimentos de câmbio de derivativos dos bancos com o mercado privado e entre estes. A tabela é anual e não demonstra o movimento mensal;
 c) as ocorrências do mercado internacional não estão consideradas (por ex.: as operações de QE do Fed – BC dos USA, etc.);
 CÂMBIO É MUITO MAIS COMPLEXO DO QUE ESTA TABELA (mas a tabela é um registro da atuação de grande parte do mercado).

OUTROS COMENTÁRIOS:
  1) PREÇOS DE PRODUTOS EXPORTADOS:
     a) Quedas pioram a relação de trocas (redução de renda real, pode provocar depreciação cambial);
     b) Aumentos melhoram a relação de trocas (aumento da renda real, pode provocar apreciação cambial).

  2) EXPECTATIVA DE VALORIZAÇÃO CAMBIAL (do real): pode aumentar a oferta de venda de dólares futuros desvalorizando-os mais ainda e por extensão o à vista. O BC pode dificultar e limitar as operações domésticas futuras (mas não alcança operações no exterior). Pode dificultar a entrada de capitais de curto prazo (limites, IOF, etc.) e comprar o excesso de liquidez (de dólares) à vista e futuros (swaps);

 3) EXPECTATIVAS DE DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL (do real) pode aumentar a demanda por dólar   futuro podendo valorizá-lo mais ainda e por extensão o à vista. O  BC tem a obrigação PRUDENCIAL  de normatizar e monitorar as operações futuras e de derivativos dos bancos evitando riscos superiores à capacidade dos mesmos (suportar e honrar perdas). Pode oferecer dólares futuros (swaps) e vender à vista para atender a demanda (pagamentos comerciais e de dívidas). 
 4) AS OPERAÇÕES COM  MOEDAS TÊM POR LIMITE A EXISTÊNCIA DAS MESMAS, AS OPERAÇÕES FUTURAS E DERIVATIVOS DEVEM TER SEUS LIMITES FIXADOS PELO BC, POIS SÃO VIRTUAIS E NÃO TÊM LIMITE (evitar jogatinas irresponsáveis e insolvências).  MAG 03/2013.


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