CÂMBIO – A
VOLATILIDADE DO MOMENTO
POLÍTICA MONETÁRIA X
FISCAL X CAMBIAL (RELAÇÕES)
A
política cambial de um país faz parte da política econômica (fiscal, monetária
e cambial). Neste texto vamos considerar a política cambial de um país não
emissor de moeda reserva mundial (dólar, Euro).
A
política cambial pode adotar vários sistemas de câmbio:
a)
Flutuante:
o BC atua doando ou retirando excessos ou insuficiências de liquidez. O BC não
fica inerte. É o sistema mais indicado após os USA terem abandonado a conversibilidade
do dólar em ouro à taxa fixa;
b)
Administrado:
o BC administra o câmbio perseguindo uma meta ou uma banda, só viável e
aconselhável com governo com muita credibilidade;
c)
Fixo
o BC compra e vende a uma taxa fixa. Este sistema deixou de ser viável após os
USA terem abandonado a conversão do dólar em ouro à taxa fixa;
e)
Múltipla:
o BC fixa várias taxas para finalidades diferentes (para compra de dólar, de
trigo, de medicamentos, etc.). É um sistema desaconselhável.
O
Brasil adotou o sistema de câmbio flutuante com metas de inflação e superávit
primário (o tripé).
Variáveis
que influenciam o câmbio de um país emissor de moeda não conversível:
a)
Externas:
a liquidez da moeda reserva mundial; a política monetária, a taxa básica e a de
mercado e a inflação dos USA; uma crise geopolítica militar; uma crise
financeira de um país semelhante; preços das commodities exportadas e
importadas, crise de petróleo, etc.
b)
Internas:
uma política econômica responsável, a fiscal em harmonia com a monetária, a
cambial explícita e transmitindo segurança e previsibilidade para o mercado. A
estratégia geral conhecida por todos (o BC atuando oferecendo ou retirando
excessos ou faltas de liquidez), a tática é o BC atuando no dia a dia (não tem
necessidade de ser anunciada).
Fundamentos
econômicos estatísticos: Divida externa; preços de produtos exportáveis (termos
de troca); Balanço Comercial; Saldo em Transações Correntes; Conta Capital e
Financeira (investimentos diretos, empréstimos intercompanhias, empréstimos de
cp e de lp); as Reservas; o Fluxo Cambial Comercial e Financeiro, a Política Fiscal,
Monetária e Cambial, a Inflação, o PIB Potencial.
EXPECTATIVAS DE
VALORIZAÇÃO CAMBIAL (do Real) pode aumentar a oferta de venda de
dólares futuros desvalorizando-o mais ainda e por extensão desvalorizar o à
vista. O BC pode dificultar e limitar as operações domésticas futuras (mas não
alcança operações no exterior). Pode dificultar a entrada de capitais de curto
prazo (limites, IOF, etc.). Comprar o excesso de liquidez de dólares à vista e
futuros (swaps);
EXPECTATIVAS DE
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL (do real) pode aumentar a demanda por dólar
futuro podendo valorizá-lo mais ainda e por extensão o à vista. O BC tem
a obrigação PRUDENCIAL de normatizar e monitorar as operações futuras e
de derivativos dos bancos evitando riscos superiores à capacidade dos mesmos
(suportar e honrar perdas). Pode oferecer dólares futuros (swaps) e vender à
vista para atender a demanda (pagamentos comerciais e de dívidas). AS
OPERAÇÕES COM MOEDAS TÊM POR LIMITE A EXISTÊNCIA DAS MESMAS, AS OPERAÇÕES
FUTURAS E DERIVATIVOS DEVEM TER SEUS LIMITES FIXADOS PELO BC, POIS SÃO VIRTUAIS
E NÃO TÊM LIMITE (evitar jogatinas irresponsáveis e insolvências).
A
desvalorização atual do Real é baseada em fundamentos consistentes ou é fruto
de um movimento artificial sem sustentação (que está aproveitando a
marola)? Todos estavam esperando o Fed
(BC americano) anunciar o início da redução do QE (quantitative easing) e
sabiam que isto iria reduzir a liquidez mundial do dólar, subir os juros dos
títulos americanos e atrair capitais (mais para lá, menos para cá). O efeito no
Real seria um movimento de desvalorização. A novidade foi o tamanho do efeito
(e sua volatilidade ameaçadoramente imprevisível), resultado de uma política
econômica irresponsável (reduziu o superávit primário, introduziu uma
contabilidade criativa que deixou a todos inseguros, deixou transparecer que o
BC não tinha autoridade, reduziu a taxa básica demagogicamente, não atuou no câmbio
quando necessário). Soma-se a isto uma estatística do setor externo que veio
piorando rapidamente até chegar a um saldo negativo no Balanço Comercial e em
Transações Correntes insustentável no tempo. Os investimentos externos em
aumento de capital, sozinhos, já não financiam o saldo negativo. O saldo
negativo está sendo financiado pelos empréstimos entre empresas e os de lp. Mas
câmbio não é só passado, é também futuro (expectativas). Então temos um passado
com fundamentos econômicos e uma política do Fed que justificam a valorização
do dólar. Por outro lado vemos um BC aumentando sua autoridade e atuando no
caminho correto (aumento da taxa básica e atuação no câmbio). A crítica fica
pelo aumento tímido da taxa básica (deveria ser de 1%), a política fiscal
irresponsável e a atuação insuficiente no câmbio. O correto seria oferecer
dólares futuro (limitar risco cambial dos bancos) e vender à vista (isto retira
liquidez do mercado e ajuda a política monetária).
CONTAS EXTERNAS
DADOS DO COMÉRCIO EXTERIOR E INTERVENÇÕES DO BC NO
CÂMBIO.
TÍTULOS
|
2008
|
2009
|
2010
|
2011
|
2012
|
08/13
|
09/2013 | 10/2013 | 2013 |
1) BAL. COMERCIAL
|
24746
|
25347
|
20267
|
29796
|
19431
|
1226
|
2147
|
-224 | -1832 |
2) TRANS. CORRENTES
|
-28300
|
-24334
|
-47518
|
-52612
|
-54246
|
-5505
|
-2629 | -60416 | |
3) CONTA CAPITAL
|
32986
|
70551
|
100102
|
111868
|
72762
|
2119
|
1506 | 63917 | |
4) DIV. EXTERNA bi.
|
267
|
282
|
350
|
402
|
442
|
471
|
471 | 471 | |
5) RESERVAS caixa mi.
|
198793
|
238520
|
288575
|
352073
|
373147
|
367002
|
368654
|
3645054 | 364505 |
6) FLUXO CAMB. Total
|
-983
|
28732
|
24354
|
65279
|
16753
|
-5850
|
-2058 | -6200 | -5361 |
6.1) Fluxo Comercial
|
47900
|
9924
|
-1650
|
43950
|
8373
|
1858
|
-5046 | -1063 | 9104 |
6.2) Fluxo Financeiro
|
-48883
|
18808
|
26004
|
21329
|
8380
|
-3992
|
2988 | -5137 | -14465 |
7) INTERVENÇÕES BC
|
-5438
|
36527
|
41952
|
50107
|
5686
|
-4110
|
-1569 | -5000 | 3080 |
7.1) Pronto
|
7585
|
24038
|
41417
|
47908
|
11152
|
0
|
0 | 0 | 0 |
7.2) Termo
|
0
|
0
|
0
|
2199
|
0
|
0
|
0 | 0 | 0 |
7.3) Linha c/ Recompra
|
-8338
|
8338
|
0
|
0
|
-5466
|
-4110
|
-1569 | -5000 | 3080 |
7.4) Empréstimo
|
-4685
|
4151
|
535
|
0
|
0
|
0
|
0 | 0 | 0 |
8) OUTROS BC
|
18887
|
8211
|
8103
|
13331
|
8445
|
-854
|
3221 | 851 | -1722 |
9) EXPOSIÇÃO BC US$
|
-27749
|
0
|
0
|
3016
|
-4204
|
-102708
|
-116986 | XXX | |
9 .1) Resultado (caixa) | 4801 | 3199 | x | 706 | 1098 | -2379 | 5941 | 5941 | |
10) POS. CÂMB Bancos
|
C10130
|
C3391
|
V16784
|
V1583
|
V6069
|
V4190
|
V6511 | V12289 | V12289 |
11) VAR. CAMB. US$
|
31,93
|
-25,49
|
-4,307
|
12,579
|
8,94
|
3,58
|
-6,0 | -1,23 | 7,79 |
OBS: a) Fluxo Cambial (linha 6) positivo = entrada
de dólar no mercado; b) Intervenções do BC positivas (linha 7) = semelhante a
compra de moeda pelo BC. Negativas, vendas. OUTROS (8) = variações de posições
(títulos, moedas, etc.).
COMENTÁRIOS:
a) a variação cambial é do dólar;
b) a tabela não registra os movimentos de câmbio de derivativos
dos bancos com o mercado privado e entre estes. A tabela é anual e não
demonstra o movimento mensal;
c) as ocorrências do mercado internacional não estão
consideradas (por ex.: as operações de QE do Fed – BC dos USA, etc.);
CÂMBIO É MUITO MAIS COMPLEXO DO QUE ESTA TABELA (mas a tabela é
um registro da atuação de grande parte do mercado).
OUTROS COMENTÁRIOS:
1) PREÇOS DE PRODUTOS EXPORTADOS:
a) Quedas pioram a relação de trocas (redução
de renda real, pode provocar depreciação cambial);
b) Aumentos melhoram a relação de trocas
(aumento da renda real, pode provocar apreciação cambial).
2) EXPECTATIVA DE VALORIZAÇÃO CAMBIAL (do real):
pode aumentar a oferta de venda de dólares futuros desvalorizando-os mais
ainda e por extensão o à vista. O BC pode dificultar e limitar as operações
domésticas futuras (mas não alcança operações no exterior). Pode dificultar a
entrada de capitais de curto prazo (limites, IOF, etc.) e comprar o excesso
de liquidez (de dólares) à vista e futuros (swaps);
3) EXPECTATIVAS DE DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL (do real) pode
aumentar a demanda por dólar futuro podendo valorizá-lo mais
ainda e por extensão o à vista. O BC tem a obrigação PRUDENCIAL
de normatizar e monitorar as operações futuras e de derivativos dos bancos
evitando riscos superiores à capacidade dos mesmos (suportar e honrar
perdas). Pode oferecer dólares futuros (swaps) e vender à vista para atender
a demanda (pagamentos comerciais e de dívidas).
4) AS OPERAÇÕES COM MOEDAS TÊM POR LIMITE A EXISTÊNCIA DAS
MESMAS, AS OPERAÇÕES FUTURAS E DERIVATIVOS DEVEM TER SEUS LIMITES FIXADOS
PELO BC, POIS SÃO VIRTUAIS E NÃO TÊM LIMITE (evitar jogatinas irresponsáveis
e insolvências). MAG 03/2013.
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