sábado, 6 de fevereiro de 2016

INFLAÇÃO COM RECESSÃO E DESEMPREGO?


INFLAÇÃO COM RECESSÃO E DESEMPREGO?
Conceitos antecedentes:

Para MODIGLIANI o consumo é função da riqueza e da renda em relação à expectativa de vida. A melhor definição para consumo. Pode-se complementar com o nível de renda alto da população (necessidades já satisfeitas), cultura austera e com alta aversão ao risco. População com subconsumo (necessidades não satisfeitas e sistema previdenciário que passa segurança).

A MOEDA FIDUCIÁRIA: uma das maiores criação da civilização humana no campo econômico. 
Permite formação de mercados de poupanças,  empréstimos e investimentos a longo prazo, em consequência o desenvolvimento sustentado. Permite ao mercado precificar o valor dos bens e serviços, facilitando negócios e o desenvolvimento. Facilita negociações permitindo que se formem mercados (preços) e em consequência ocorra o desenvolvimento.

PIB (produto interno bruto) = RNB (renda nacional bruta) = DNB (despesa nacional bruta).
PIB = CONSUMO + INVESTIMENTOS + GASTOS DO GOVERNO + EXPORTAÇÕES  - IMPORTAÇÕES = C + I + G + E - M
RNB = RENDA DO TRABALHO + LUCROS + JUROS  + ALUGUEIS = RT + L + J + A

Se a taxa de juro (básica ou de mercado) for superior às expectativas de lucros os investimentos caem e os preços dos ativos que não moeda também. É insustentável. Ocorre recessão.  

Se a taxa de juro (básica ou de mercado) for negativa (inferior à inflação) a demanda (consumo e investimentos) e a inflação sobem. A insegurança com a desvalorização de suas poupanças pode causar aversão ao risco e a fuga para ativos que não a moeda pátria (pode ocorrer queda de demanda: paradoxo). Ocorre fuga da moeda como reserva de valor (a formação da bolha de ativos). Os agentes refugiam-se em outros ativos que não a moeda pátria (ações, dólar, imóveis, ouro). Ocorre crise após o estouro da bolha e a perda da riqueza virtual (a sensação de perda de riqueza reduz a demanda). A curva de juro de mercado fica ascendente (a parte curta e longa), mas pode ter um movimento para baixo (a curva desloca-se para baixo. Queda dos juros). Os juros caem, mas a curva continua ascendente (a liquidez aumenta em relação às atividades. A recessão).   

Se a taxa de juro for positiva, mas abaixo das expectativas de lucros a economia tem a tendência de rodar em nível sustentado.  
COM A ECONOMIA EM EXPANSÃO (conjuntura prospectiva de crescimento) e expectativas de lucros, os investimentos e o consumo crescendo acima da liquidez (meios de pagamentos), os juros de mercado sobem (a oferta de crédito fica menor do que a demanda). Não ocorrendo inflação acima da meta a taxa básica deve ficar abaixo da taxa neutra (a que permite que a economia cresça sem inflação, equilibra o PIB potencial com o efetivo).  
COM A ECONOMIA EM RECESSÃO (ou desacelerando rapidamente com aumento de desemprego) e inflação acima da meta (ascendente) a demanda por crédito pode cair (as taxas de juros de mercado acompanham) por aversão ao risco (desemprego e expectativas negativas). Deve ser pesquisado se está ocorrendo empoçamento de liquidez (oferta de crédito cair por aversão ao risco). A aversão ao risco pode ocorrer dos dois lados: dos tomadores e dos emprestadores.  Em uma economia que não emite moeda reserva mundial não adianta fixar taxa básica negativa. O que se conseguirá será a fuga da moeda como reserva de valor (e seus benefícios), a formação da bolha de ativo e agravamento do processo inflacionário. O furo da bolha é sempre um processo negativo com sofrimentos.

A CONJUNTURA BRASILEIRA ATUAL:
    a)    Déficit fiscal (primário inclusive) sem condição de ser revertido sem aumento de carga tributária (já muito alta);
     b)    Perda de poder de compra (renda caindo em relação à inflação) da população;
     c)    Dívida pública ascendente;
     d)    Alta taxa de desemprego;
     e)    Inflação muito alta, acima da meta e ascendente;
     f)     Juro básico alto, mas negativo para o poupador (CDI – IRF – IPCA ou IGPM);
     g)    Aversão ao risco para tomar empréstimos (e para emprestar);
     h)    BC mantendo o dólar com US$ 108 bilhões de operações de swaps cambiais;
     i)      Receita tributária caindo;
     j)      Salário mínimo e aposentadorias corrigidas acima de 11% com PIB negativo;
     k)    Fluxo cambial financeiro ainda negativo. O comercial positivo.

CONSIDERANDO A CONJUNTURA ATUAL o que o governo brasileiro deveria fazer? O melhor que o governo pode fazer é mudar a expectativa de inflação para descendente. Ganhar a confiança dos agentes através da queda da inflação. E trabalhar a política fiscal.
E OS AFROUXAMENTOS MONETÁRIOS DOS USA, DO EURO E DO JAPÃO?
Os japoneses não aumentaram o consumo nem recebendo bônus extra do governo. Agora o governo tenta afrouxamento monetário e taxa básica negativa. O que pretendem? Desvalorizar sua moeda frente ao dólar (não perder exportações).
O Fed (Banco Central dos USA que de fato é o BC do mundo) adotou afrouxamento monetário e taxa básica de 0,25%. Conseguiu valorizar as moedas das outras nações (aumentou o poder de compra delas), fez o crescimento acelerado da China (que em troca forneceu produtos a preços baixos e evitou a inflação doméstica dos USA) e a bolha das commodities (que agora furou). A taxa de desemprego caiu para abaixo de 5% e evitou uma recessão.
O BCE fez menos um pouco (conseguiu desvalorizar o EURO).
O BC do JAPÃO para evitar a valorização de sua moeda está fazendo o mesmo e agora adotou taxa básica negativa (cobra para guardar o dinheiro).
A Suíça passou a adotar taxa básica negativa para evitar um fluxo de capitais acima do normal (sua moeda estava virando um refúgio ao dólar e formando uma bolha). 

MAG 02/2016

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