quinta-feira, 4 de março de 2021

INFLAÇÃO REPRESADA, REPRIMIDA. CAUSAS E EFEITOS.

 

INFLAÇÃO REPRESADA, REPRIMIDA. CAUSAS E EFEITOS.

Diferenciando a definição das duas palavras:

a)   INFLAÇÃO REPRESADA: é a de mercado não tabelada pelos governos. É a inflação ocorrida por efeito de taxa básica (ou outra variável controlável ou não) abaixo da adequada (e da taxa neutra) ou negativa que atinge primeiro o câmbio e a seguir os preços dolarizados das commodities internacionais (e preços de fabricação e no atacado), e não repassados aos preços aos consumidores no primeiro momento por demanda insuficiente (também represada. Pandemia, por exemplo). São repassados quando a demanda normaliza e os PREÇOS RELATIVOS SÃO READEQUADOS. Se a moeda local valorizar, os preços no atacado recuam e a inflação não atingirá os preços aos consumidores. A causa principal da desvalorização cambial da moeda é a política monetária com taxa básica negativa ou muito abaixo da neutra (de equilíbrio). Provoca a fuga da moeda local por parte dos agentes internos para outros ativos (internos e externos) e redução dos investimentos externos (evitar perdas com desvalorizações da moeda local). Podem-se formar bolhas em ativos que não a moeda pátria;

b) INFLAÇÃO REPRIMIDA; é a tabelada pelos governos.

A inflação é um processo de aumento generalizado e contínuo dos preços, quase sempre ascendente. Ocorre por diversos fatores (variáveis), mas sintetizando existem dois proeminentes:

1)    a DEMANDA crescendo em velocidade superior à da OFERTA (as causas que provocam este efeito são diversas);
 
2)    a EXPANSÃO MONETÁRIA (a LIQUIDEZ em seu aspecto amplo) superior à capacidade de crescimento do PIB (o PIB potencial);
 
COMENTÁRIOS:

Deve-se analisar a expansão monetária relacionada ao número de países que aceita a moeda como meio de pagamento e reserva de valor (e o PIB potencial dos mesmos). Um exemplo: o dólar americano é considerado como meio de pagamento e reserva de valor por inúmeros países (inclusive a China). A comparação (moeda x PIB potencial) deve ser feita com a conjuntura dos países que aceitam e poupam na moeda (inclusive com a política de comércio externo dos mesmos).
 
A inflação afeta o câmbio antes de afetar os preços internos. Inflação e câmbio são efeitos, são gêmeos, um afeta o outro. Inércia de preços faz o câmbio valorizar primeiro.
 
Não há taxa de juros, mesmo que negativa (i menor que inflação), capaz de fazer crescimento sustentado e reanimar uma economia. A taxa de juro é apenas uma variável das mais importantes, mas existe a inércia inflacionária (conhecida pelos brasileiros) e a de preços (tipo uma inflação retardada, diferente da reprimida por tabelamento de preços por governos).
 
O consumo, parte da demanda (PIB = C + I) é função da riqueza acumulada e da expectativa de garantia de renda futura em relação à expectativa de vida.
 
A Selic negativa reduz o PIB (e o per capta) em dólar, empobrece a maioria dos agentes, mas protege parte da indústria e os exportadores (favorece as contas externas). Os juros nominais de mercado de longo prazo sobem (a parte longa da curva fica mais ascendente). Os bancos e o TN passam a pagar CDI e Selic mais juros para captar. Corre-se o risco do mercado substituir o CDI pelo IPCA + juros em suas captações e negócios de longo prazo. O risco é a moeda passar a ser substituída pelo IPCA (ou dólar se for autorizada a abertura de contas) perdendo a função de reserva de valor (tipo Argentina) para o dólar ou para a correção monetária (um retorno ao passado). 03/2020.

PUBLICAÇÕEA ANTERIORES:

https://mageconomia.blogspot.com/2020/05/reverter-politica-monetaria-enquanto-e.html 

https://mageconomia.blogspot.com/2020/07/a-expectativa-de-renda-futura-e.html 

https://mageconomia.blogspot.com/2020/10/o-alto-risco-de-selic-negativa.html 


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