quinta-feira, 1 de março de 2012

PNB e PIB - O QUE ENTRA E O QUE NÃO ENTRA NO CÁLCULO. DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL - OPÇÃO POR REDUÇÃO DO PIB (POBREZA).


PNB e PIB - O QUE ENTRA E O QUE NÃO ENTRA NO CÁLCULO.
DESVALORIZAÇÃO CAMBIAL - OPÇÃO POR REDUÇÃO DO PIB (POBREZA).

PNB (produto nacional bruto): é o total dos valores adicionados pelos diversos setores da economia ao processo produtivo. Valor Adicionado: conceito que mede a contribuição de cada setor ao processo produtivo (sem duplicações). O PNB mede a capacidade de criação de valor da economia. É a soma de: bens econômicos (tangíveis e intangíveis) produzidos para o mercado + retenção de mercadorias pelos produtores para o consumo + valor do aluguel das casas habitadas pelos proprietários + salários in natura (aluguéis, mercadorias, etc.). PNB = RNB (renda nacional bruta) = total das remunerações pagas aos fatores de produção (salários + juros + lucros + aluguéis). PNB = RNB = DNB (despesa nacional bruta) = valor total das despesas em bens para uso final (mercadorias e serviços para o consumo e investimentos).
Não se inclui no cálculo do PNB: serviços domésticos da dona de casa, pagamentos de renda que não resultem de atividades produtivas (aposentadorias, juros da dívida pública,) e atividades ilegais (não socialmente úteis, como contrabando, etc.).
Fazem parte do PIB produtos benéficos (pão, medicamentos) e maléficos (fumo, bebidas, armas), necessários (alimentos) e desnecessários (pirâmides do Egito).
Os liberais e monetaristas condenam os gastos desnecessários como um mal para a economia, os keynesianos defendem os gastos sejam eles quais forem.
PIB (produto interno bruto): é o PNB ajustado para somar os recebimentos procedentes de rendas do exterior e deduzir as remessas ao exterior.

RLFE (renda líquida de fatores do exterior) = recebimentos menos remessas de rendas para o exterior (Rec. - Rem.).

PNB = PIB + - RLFE = PIB + Rec. – Rem., portanto PIB = PNB – Rec. + Rem.

PNB = C + I +G + E – M + Rec. – Rem. e PIB = C + I + G + E - M

Pelas definições acima vimos que não entra no cálculo do PNB e do PIB a propriedade de ativos, internos ou externos, entram apenas os bens econômicos produzidos para o mercado. Então não entra no PNB a propriedade de bens intelectuais (os ativos protegidos por registros), o capital de empresas no exterior, o capital emprestado ao exterior, a propriedade de qualquer ativo no exterior. Apesar de não entrar no cálculo do PNB, seus rendimentos (lucros, aluguéis, juros, royalties) entram. Semelhante aos aluguéis das casas residenciais. O ativo casa não entra mas é representado pelo valor do aluguel que é semelhante a uma renda (renda = produto). Melhores as residências maiores os aluguéis e o PIB. Da mesma maneira a propriedade de ativos no exterior é representada no PNB pelas suas rendas (lucros, juros, royalties, etc.).

EFEITO DA DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA (para privilegiar exportadores): acomoda a necessidade (e a motivação) da busca de melhoria contínua de qualidade e gestão; transfere recursos da parte eficiente (a competitiva) da economia para proteger os incompetentes e privilegiar os competitivos que exportam (a maioria empresas. com capitais estrangeiros); é opção por redução de poder de compra da população, da demanda e do PIB (empregos inclusive); é opção por parque industrial atrasado e não competitivo.   
Outro efeito muito importante e não divulgado da desvalorização cambial é o barateamento dos ativos nacionais (empresas, imóveis, etc.) e sua conseqüente transferência de titularidade para estrangeiros. Os ativos sendo de propriedade de estrangeiros têm como contrapartida a remessa de lucros (o maior saldo negativo da conta transações correntes do balanço de pagamentos brasileiro).

EXCESSO DE RESERVAS PARA EVITAR VALORIZAÇÃO CAMBIAL: se originada de compras feitas pelo BC para dar liquidez ao mercado é correto. Se porém é originada de excessos de compras de moedas para evitar valorização cambial é errado. O excesso de reserva se aplicado com rendimento de juros menores do que a inflação é como se estivéssemos fazendo uma doação ao país emissor da moeda reserva mundial (pobres doando para ricos). É pobre financiando rico.
No momento atual o Brasil tem excesso de reserva e aplica em títulos de liquidez mais alta (e juros menores). Como temos necessidade de captar poupança externa em torno de US$65 bi. em 2012, é aceitável e recomendado que o excesso da reserva seja aplicado financiando empresas (e bancos) brasileiras que fazem captação no exterior (através do BNDES e BB que têm expertise em financiamentos).
Se aplicarmos em títulos americanos estaremos financiando o Fed (com juros baixos) a monetizar o mundo, cobrando juros baixos dos bancos, que reemprestam a empresas brasileiras (e ao TN) cobrando juros altos.  

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

BALANÇO DE PAGAMENTOS - ANÁLISE SINTÉTICA



BALANÇO DE PAGAMENTOS -  ANÁLISE SINTÉTICA

CONTA 2011 % S. T. C. 01/2012 % S. T. C. OBS.
1) BAL. COMERC. 27796 52,83 -1292 -18,23
2) SERVIÇOS -37906 -72,05 -3397 -47,93
2.1) VIAGENS -14459 -27,48 -1335 -18,84 Serviços e turismo
2.2) TRANSP. -8335 -15,88 -646 -9,11 Importações e exportações.
2.3) ALUG. EQUIP. -16669 -31,68 -1621 -22,87 Produção interna.
2.4) OUTROS 1558 2,96 205 2,89
3) RENDAS -47319 -89,99 -2575 -36,34
3.1) SALÁRIOS 567 1,077 34 0,48
3.2) JUROS -9719 -18,47 -1627 -22,96 Poderiam ser reduzidos.
3.3) LUCROS DIV. -38166 -72,54 -981 -13,84 A desvalorização cambial reduz preços dos 
ativos brasileiros e aumenta remessas para o exterior.
4) TRANSF. UNIL. 2816 5,35 178 2,52
5) S. TRANS. CORR. -52612 100 -7086 100
6) C. CAPITAL 111868 212,62 7384 104,2 BNDES poderia utilizar reservas.

7) SALDO BAL. PAG. 59256 126,28 298 4,20
8) RESERVAS 352012 669,07 355075 5011 O excesso pode ser utilizado através do BNDES.
9) DIV. EXTERNA 402400 764,84 408240 5761 Maior do que a necessidade.
10) VAR. DÓLAR % 12,58 X -7,29 X Maior do que a selic em 2011.  
11) CDI % 11,60 X 11,218 X Menor do que a valorização do dólar.
12) IPCA % 6,50 X 0,56 X
COMENTÁRIOS: a) para uma necessidade de importação de divisas de US$53 bi em 2011, o Brasil captou US$112 bi. (mesmo tendo uma reserva de quase US$300 bi.); b) o BC (ou CMN) poderia ter limitado através de normas as importações de capitais (prazos mínimos, etc.). O IOF aumenta o custo das empresas de importar capital (e o país necessita de importar acima de US$60 bi. em 2012); c) o BC poderia reduzir a necessidade de importações de capitais através da aplicação de parte das reservas (o excesso) no BNDES (que reemprestaria para as empresas, nível AA, que fazem captações no exterior); d) o maior custo do país são as remessas de dividendos e lucros; e) Desvalorizações artificiais do Real reduz preços de nossos ativos e facilita transferência de titularidade de nossas empresas. A contrapartida é a remessa de dividendos (é o mesmo que vender a qualidade de vida de nosso povo a troco de uma moeda em desvalorização); e) o dólar valorizou em 2011 12,58%, percentual acima da selic, o que desqualifica (desmente) o argumento reducionista de motivação para importações de capitais.  

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

TAXA DE JURO NEUTRA E A CURVA DE JUROS.


TAXA DE JURO NEUTRA E A CURVA DE JUROS
A taxa de juro neutra (de equilíbrio ou natural) é a que mantém a economia (nível de atividades, oferta e demanda) em um nível onde o crescimento é sustentável e não provoca inflação. A curva de juros de mercado é a obtida dos dados das negociações na bolsa (oferta e demanda por moeda). Devemos analisar a curva observando: a inclinação da curva no dia (positiva ou negativa, mais ou menos inclinada); a tendência através dos dias (ascendente ou descendente); o volume negociado; se o maior volume está acima ou abaixo de um ano; o ponto mais negociado da curva (é o mais aproximado da taxa neutra nominal. No Brasil é o DI 360). Se o volume negociado acima de um ano estiver muito baixo significa insegurança dos agentes com relação a inflação futura (não se arriscam).
Em 24/02/2012 a taxa dos contratos de março/2012 estava em 10,25%, o ponto mais negociado com vencimento em jan./2014 = 9,63% (taxa neutra nominal). Isto significa que a taxa neutra real bruta (sem desconto de IRRF), prevendo um IPCA de 5%, está em: 109,63 / 105 = 4,4095% (taxa neutra nominal bruta, sem desconto de IRRF). Já a taxa neutra real efetiva (com desconto do IRRF e do IPCA) será: 9,63% menos 20% de IRRF = 7,704%; 107,704  / 105 = 2,5752% (taxa neutra real efetiva). É esta a taxa que os agentes consideram na hora de decidir entre poupar em moeda mais juros, investir em ativos que não moeda ou antecipar consumo (objetos de desejo). No processo inflacionário progressivo todos fogem da moeda e a hiperinflação toma conta. Já vivenciamos isto no Brasil com os modelos econômicos heterodoxos, desenvolvimentistas e keynesianos (irresponsabilidade fiscal e monetária = déficits fiscais, dívida mobiliária e monetização sem controle).
Com cenário (nível de atividades) expansionista (risco de inflação) o BC deve fixar a taxa básica (selic) acima da neutra. Com cenário contracionista o BC deve fixar a taxa básica 0,25% abaixo da neutra.
Em 24/02 o DI 30 estava em 9,97%, o DI 360 em 9,46%, o ponto mais negociado (jan./2014) em 9,63% e a taxa mais longa em 10,44%. O volume em torno de 50% com vencimento acima de um ano.  A selic ainda está em torno de 1% acima da taxa de mercado de um ano (é uma taxa básica contracionista).

TABELA DE EVOLUÇÃO DA SELIC, DI 360 e IPCA.
Mês

SELIC
2009
DI 360
2009
E,
C.
N.
IPCA
2009
SELIC
2010
DI 360
2010
E,
C.
N.
IPCA
2010
SELIC
2011
DI
360
 2011
E,
C.
N.
IPCA
 2011
SELIC
2012
DI
360
2012
E,
C.
N.
IPCA
 2012,
JAN.
12,75
11,16
C
5,91
8,75
10,46
E
9,38
11,25
12,44
E
10,43
10,5
9,55
C
6,93
FEV.
12,75
10,62
C
6,80
8,75
10,75
E
9,77
11,25
12,62
E
10,03
10,5
x
x
x
MAR.
11,25
9,79
C
2,42
8,75
10,85
E
5,91
11,75
12,29
E
9,903




ABR.
10,25
9,88
C
5,91
8,75
11,66
E
6,04
12,00
12,58
E
9,641




MAI.
10,25
9,34
C
5,78
9,5
11,54
E
5,22
12,00
12,45
E
5,788




JUN.
9,25
9,23
N
4,40
10,25
11,86
E
0,0
12,25
12,65
E
1,815




JUL.
8,75
9,21
E
2,92
10,75
11,16
E
0,12
12,50
12,58
E
1,937




AGO.
8,75
9,2
E
1,81
10,75
11,10
E
0,48
12,0
11,22
C
4,531




SET.
8,75
9,65
E
2,92
10,75
11,28
E
5,53
12,0
10,39
C
6,549




OUT.
8,75
9,93
E
3,41
10,75
11,21
E
9,38
11,5
10,30
C
5,284




NOV.
8,75
10,12
E
5,03
10,75
11,94
E
10,4
11,50
9,66
C
6,422




DEZ.
8,75
10,46
E
4,53
10,75
12,03
E
7,83
11,0
10,04
C
6,168




sábado, 25 de fevereiro de 2012

AGREGADOS FINANCEIROS - VARIAÇÃO PERCENTUAL SOBRE ANO ANTERIOR


AGREGADOS FINANCEIROS - VARIAÇÃO PERCENTUAL SOBRE ANO ANTERIOR
ANO OP. CRÉD.
SIST. FIN.
MEIOS
PAG.
DEP.
VISTA
PAPEL M.
P. PÚBL.
DÍV. MOB.
T. N.
i real
IGPM
VAR.
CAMB.
IPCA PIB
2008 31,94 -3,45 12,11 12,31 15,667 9,6 31,9 5,9 5,1
2009 15,22 11,99 10,2 14,5 10,562 -3,5 -25,4 4,31 -0,6
2010 20,57 12,64 15,7 15,3 14,69 -0,1 -4,3 5,91 7,5
2011 19,02 1,00 -4,3 8,0 11,167 4,18 12,58 6,50 2,6
OBS: i real IGPM = CDI - 20% IRRF - IGPM. Em 2009 com taxa de juro negativa em -3,5% (var. cambial negativa em -25,4%), o IPCA cresceu 4,31% e o PIB caiu -0,6% (mesmo com as operações de crédito subindo 15,22%). Efeito da crise dos USA. Ativos que não moeda subiram muito acima da inflação (imóveis, ouro, petróleo). 
Em 2011, com i real de 4,18%,  meios de pagamento subindo apenas 1%,  dep. à vista caindo -4,3% , a V. C. subindo 12,58%, o IPCA subiu 6,5%. Os efeitos sobre a inflação ocorrerão no primeiro semestre de 2012 (queda).
A dívida mobiliária do TN está subindo mais do que o IPCA (todos os anos). O maior custo advém dos títulos corrigidos por IPCA e IGPM.
CUSTO MÉDIO DA DPF (Fonte TN).
Custo médio mensal Custo Médio 12 meses
Dez./09 Dez. /10 DEZ./11 Dez./09 Dez./10 DEZ./11
LFT Selic 8,66 10,66 11,90 9,96 9,78 11,62
LTN pré (i venc.) 11,23 11,33 12,35 11,72 11,06 11,96
NTN B IPCA 12,17 14,64 13,76 12,34 13,59 13,76
NTN C IGPM 6,58 18,40 18,68 7,82 22,17 15,40
NTN F pré (i sem.) 12,66 12,52 12,58 12,64 12,49 12,52
DPF externa -0,72 -13,45  463,69 -13,01 6,42 20,29
SELIC INADEQUADAMENTE BAIXA AUMENTA O CUSTO DA DÍVIDA PÚBLICA (VIDE CUSTOS IGPM).