domingo, 21 de dezembro de 2014

CAUSAS E EFEITOS (O SABER E A IGNORÂNCIA).


CAUSAS E EFEITOS (O SABER E A IGNORÂNCIA).

Ainda sobre causas e efeitos, o saber e a ignorância. A confusão entre o que é causa e o que é efeito definem o saber e a ignorância em teoria econômica (e em quase todas as ciências). Como a economia é dinâmica, sempre um processo em movimento, acontecem muitas análises que confundem causa com efeito. As causas e os efeitos podem ser definidos em (considerando o objetivo deste estudo):

      a)    Principais e Secundários;
      b)     Controláveis, Influenciáveis e de Mercado;     
      c)    Internas e Externas;
      d)    Naturais.  

Podem também ser definidas em:

     a)    Exógenas. São as que influenciam outras variáveis, mas não são influenciadas por elas. Exemplo: A emissão de moeda e os gastos do governo dependem da ação da autoridade econômica;
     b) Endógenas. São as que influenciam e são influenciadas. Exemplo: consumo, POB, etc.
     c)    Dependentes. Dependem de outras variáveis;
     d)    Independentes. Não dependem de outras variáveis.

Como a economia é um processo em movimento as causa e os efeitos estão sempre acontecendo e influenciando as expectativas, que são ao mesmo tempo efeito da conjuntura passada e presente e causa (variável influenciável) da conjuntura prospectiva. Alarmar os agentes econômicos é mais fácil do que torná-los otimistas e racionais. Expectativas racionais de mercado influenciam possíveis cenários econômicos, previsíveis pela teoria econômica, mas que sofrem influências emocionais. Confiança nas instituições e nas autoridades aumentam a segurança e a previsibilidade facilitando as previsões e influenciando positivamente as expectativas.

A taxa básica de juro (Selic no Brasil) é uma variável controlável e principal. A sua fixação é feita pela autoridade monetária (uma causa) objetivando adequar a inflação à meta estabelecida (também controlável) através da redução (ou aumento) dos meios de pagamentos ampliados (efeito), que influenciam as atividades econômicas (efeito) adequando-as à possibilidade do momento.
A taxa de juro de mercado (as passadas e a atual, a evolução da curva de juro) é uma causa (às vezes a principal) para ajudar a fixar a taxa básica e um efeito (variável influenciável) da fixação da taxa básica passada.

O efeito do aumento da taxa básica (variável interna controlável e principal) se verificará entre outras coisas na curva de juros de mercado (variável interna influenciável), aumentando a parte curta da curva e reduzindo a parte longa, por efeito do controle e da redução das expectativas de inflação. Outro efeito do aumento da taxa básica é a melhoria das contas externas por efeito de redução da demanda doméstica (reduz importações e sobram produtos para exportar). O inverso também acontece: uma taxa básica inadequadamente baixa aumenta as expectativas de inflação, os juros longos de mercado, a demanda, as importações e reduz a motivação para exportar (existe demanda interna excedente). A crise cambial com saldos negativos em transações correntes também é um efeito. No câmbio o efeito de uma taxa básica inadequadamente baixa é a provável redução da entrada de capitais e a desvalorização cambial (com suas influências na inflação e no balanço comercial). Normalmente a insegurança passada ao mercado por uma política monetária expansionista e errada (quase sempre demagogia política) afeta imediatamente o câmbio desvalorizando-o antes de afetar os preços (inflar o processo inflacionário).

Se o BC fizer operações de venda de dólar à vista e swaps (venda futura de dólar x real) para evitar a desvalorização cambial ele estará colocando em risco despesas para o orçamento da união sem nenhuma contrapartida em materiais ou serviços (apenas uma perda em jogo financeiro). Tais operações são aceitas como normais apenas para ajudar a suportar uma redução momentânea da liquidez (algum fluxo anormal ao exterior ou algum problema de liquidez). Um pagamento de uma grande importação, alguma insegurança momentânea sem fundamentação econômica que a suporte, mas nunca para sustentar artificialmente o valor do real (política eleitoral de taxa básica inadequada, atrasar a desvalorização para após a eleição, etc.). O BC tinha US$ 2 bilhões em operações de swaps cambiais em 2012, em 2013 passou para US$ 75,105 bilhões, em 19/12/2014 passou para US$ 108,588 bilhões, tentando segurar a desvalorização do real. Isto é uma política cambial definida para segurar o valor do real, completamente diferente de operações eventuais para suprir a falta momentânea de liquidez. Sustentar uma taxa de câmbio artificial só é possível por um tempo, sempre estoura dando prejuízo ao estado.

Outro aparente erro da política monetária do BC é a comunicação inadequada. Passa a mensagem de que a meta é a redução da taxa básica e não a da inflação.

A política fiscal abandonou o compromisso com o superávit primário e passou insegurança ao mercado com operações que dificultavam e falseavam o entendimento da contabilidade (apelidada de contabilidade criativa ou artificial). MAG 12/2014.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ESTUDO COMPARADO DOS SISTEMAS ECONÔMICOS. Capitalismo de mercado x Comunismo, Capitalismo de estado.

Capitalismo de mercado x Comunismo, Capitalismo de estado.

Artigo escrito em maio/1996 para explicar que o pensamento liberal nasceu objetivando limitar o poder discricionário das autoridades (monarquia absolutista, uma forma de centralização do poder) através de NORMAS (que é o princípio fundamental do liberalismo). No liberalismo o poder deve ser da norma e não da autoridade.
A definição de pensamento liberal era agredida diariamente nos jornais e por acadêmicos desonestos ou ignorantes (os alunos que estudaram em apostilas aprenderam errado).

Todos os sistemas econômicos são CAPITALISTAS, inclusive o COMUNISMO. A diferença é a propriedade do Capital, no capitalismo ela é privada, no comunismo ela é do estado. 

1) CAPITALISMO: Economia de mercado. O liberalismo é a forma mais evoluída do capitalismo (a menor presença estatal possível, a maior quando necessária). O Capitalismo de estado é uma variante que facilita a corrupção e agrega muito dos pontos negativos do comunismo. Na verdade todos os sistemas econômicos são CAPITALISTAS, inclusive o COMUNISMO. A diferença é a propriedade do Capital, no capitalismo ela é privada, no comunismo ela é do estado.  
O capitalismo é um regime econômico onde são permitidos o Lucro e a Propriedade Privada como forma de estímulo à produção e ao crescimento econômico. Para que a propriedade privada e o lucro aconteçam é necessário que a economia seja livre (para ser livre ela precisa das regras do jogo fixadas antecipadamente). Por isso o Capitalismo é também chamado de economia Liberal ou de Mercado. O liberalismo fundamenta-se na existência de NORMAS que regulem as regras do jogo (um dos princípios) e que limitem o poder discricionário dos governos ou dos mais fortes (governo ou monopólios). O governo intervém para buscar o Bem Comum e evitar desequilíbrios entre os agentes econômicos (através de leis e órgãos reguladores), defendendo os consumidores e a concorrência. A poupança nacional é individual e gerida individualmente. As empresas, para conseguir lucro e a sobrevivência procuram produzir de acordo com as necessidades e os desejos dos consumidores. Os preços são livres. Utiliza os talentos existentes na população para produzir e dirigir. Em tese utiliza todos os cérebros existentes no país. Os proprietários, buscando o lucro, buscam também os melhores dirigentes e ganhos constantes de produtividade (desenvolvimento e melhoria contínua são o caminho da sobrevivência). 

2) COMUNISMO: Economia planificada e com direção centralizada. Por seus princípios básicos o comunismo não permite o liberalismo, seu funcionamento exige um regime totalitário e autoritário (partido único inclusive). Regime econômico onde não são permitidos o Lucro e a Propriedade Privada. Para que isto aconteça é necessário que o governo atue em lugar dos agentes econômicos, planificando e centralizando a direção. Por este motivo, é chamada de Economia Planificada, Centralizada, Dirigida. A poupança nacional é gerida pelo governo. A produção procura ganhos de escala e tem pouco compromisso com as necessidades e vontades dos consumidores. Os preços são controlados. A planificação centralizada da economia induz a um regime político autoritário e com eliminação das liberdades individuais. Utiliza os funcionários públicos para dirigir e planificar. Nem sempre são os melhores talentos (na prática formam uma burocracia elitizada e privilegiada). Não priorizando o lucro, não priorizam ganhos de produtividade.  A produção, sendo planificada e centralizada, não procura atender os desejos dos clientes (consumidores), produzindo-se, em consequência, produtos desatualizados. Os comunistas procuram ganhar em economia de escala e produzir a custos menores, mas, na prática, os custos menores são para produtos de qualidade muito inferior. O comunismo procura melhorar a distribuição da renda, mas o produto não crescendo não há o que distribuir (a pobreza generaliza-se). A prática mostrou acontecer faltas de produtos e filas para compras, além de elite dirigente corrupta.

J. M.  Keynes: "os regimes autoritários contemporâneos parecem resolver o problema do desemprego à custa da eficiência e da liberdade."

QUADROS SINTÉTICOS COM DIFERENÇAS PRINCIPAIS.
VARIÁVEIS ECONÔMICAS
LIBERAIS (economia de mercado) e CONSERVADORES
COMUNISTAS (esquerda, socialistas, economia planificada, centralizada)
LUCRO
SIM
NÃO
PROPRIEDADE
SIM
NÃO
HERANÇA
SIM (tributação mínima)
NÃO (tributação máxima)
PREÇOS
MERCADO
Controlados
PRODUÇÃO
MERCADO
Planificada
COMÉRCIO
LIVRE
Planificado
ESTATAIS
MÍNIMO
MÁXIMO
TRIBUTAÇÃO
MÍNIMA
MÁXIMA
ESTADO: OPERAR E REGULAR
SÓ Regular (funciona sem norma não normatize)
REGULAR E OPERAR

VARIÁVEIS POLÍTICAS
LIBERAIS (direita, economia de mercado) e CONSERVADORES
COMUNISTAS (esquerda, socialistas, economia planificada, centralizada)
DIREITO DE IR E VIR
Sim
Não
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Sim
Não
LIBERDADE DE IMPRENSA
Sim
Não
LIBERDADE POLÍTICA
Sim
Não
PARTIDO POLÍTICO
Livre
Único.


VARIÁVEIS CULTURAIS
(COSTUMES).

CONSERVADORES
LIBERAIS
ESQUERDA
RELIGIÃO COSTUMES
Religiosos tradicionais
Religiosos, Laicos e progressistas. Abertos ao novo
Laicos
ABORTO
Contra e criminaliza
Contra, mas não criminaliza
Contra, mas não criminaliza
INSTITUIÇÕES
Tradicionais, democratas conservadores
Aberto ao novo, defendem a liberdade e democracia
Governo centralizado, ditadura
GOVERNO
Forte e centralizado, mas democrata
Descentralizado, com mais poderes a estados e municípios.
Forte, centralizado




3) CAPITALISMO (características e fundamentos):

Qualidade - De acordo com o mercado e a vontade dos consumidores.
Sobrevivência - A luta pelo mercado e pela sobrevivência induz a um processo de busca de melhoria contínua. O fator de produção evolução tecnológica provoca ganhos de produtividade e o desenvolvimento contínuo.
Preservação - O direito de herança induz à Preservação (poupança).
Problemas - Distribuição de Renda, Monopólios, Oligopólios, Controles de Mercado, Desemprego, Juros.

4) COMUNISMO (características e fundamentos):

Qualidade - De acordo com planejadores (funcionários públicos gestores). Não obedece a vontade dos consumidores. A evolução tecnológica e o desenvolvimento são mais lentos.
Sobrevivência - Determinada pelos gestores públicos. Não se submetem ao julgamento do mercado (consumidores) e do lucro (eficácia). Empresas deficitárias generalizam-se.
Preservação - Não existindo o direito de herança, elimina-se o maior indutor da preservação (poupança), que é o amor pelos filhos.
Problemas – Qualidade, Produtividade, Não crescimento econômico, Autoritarismo e Totalitarismo. Faltas de produtos, filas para compras e corrupção por parte da elite dirigente.

5) PROBLEMAS DO CAPITALISMO

a) Distribuição de Renda - Existe ainda, no capitalismo brasileiro, um segmento da economia onde a gerência não é individual, mas coletiva. É a gerência das poupanças dos trabalhadores destinadas às aposentadorias. São geridas pelos governos (Brasil, Europa, modelo Comunista) ou por fundos de pensão (gerência coletiva, sem fiscalização adequada e sem a utilização das competências e dos interesses individuais), onde o modelo gerencial aproxima-se mais do coletivismo do que do individualismo. Enfim, se os trabalhadores são obrigados a entregar suas poupanças para serem geridas por governos, por sindicatos ou por gerência coletiva, podemos dizer que grupos de interesses menos competentes e atuantes assumem a gerência beneficiando-se em detrimento de outros, que são prejudicados no Falso Sistema Capitalista, sendo obrigados a renunciar ao maior benefício do modelo econômico que é a liberdade de gerenciar suas poupanças. A má gerência dos governos e dos fundos de pensão dilapida a poupança dos trabalhadores (FGTS, FAT, INSS). Não tendo compromisso com os trabalhadores, não procuram a melhor rentabilidade e segurança para aplicar suas poupanças, optando sempre por projetos políticos (de viabilidade duvidosa), que pagam comissões ou vantagens. A consequência é a falta de compromisso com a segurança e a rentabilidade. Não prioriza as aplicações das poupanças para os empreendedores mais eficientes com projetos de melhores  viabilidades (mais  seguros e rentáveis). A poupança não sendo aplicada nos projetos mais rentáveis, não consegue o máximo crescimento econômico (sustentado) e o aumento da renda per capita.

b) Monopólios - Oligopólios - Controles de Mercado

Sendo o Capitalismo o regime econômico de livre mercado, ele traz dentro de si o germe de sua destruição (o excesso de liberdade), que permite a grupos de interesses dominarem segmentos da economia, eliminando a concorrência (não existindo concorrência, não existe livre mercado, nem capitalismo liberal). Estes grupos de interesses são os oligopólios ou monopólios. Existem segmentos da economia que são monopólios ou oligopólios naturais (rede de esgoto, rede elétrica, usinas hidroelétricas, etc.) e outros onde o livre mercado leva à concorrência excessiva ou predatória (os mais fortes eliminam os mais fracos e dominam o mercado). Da mesma maneira que a legislação oficializou a ideia de Bem Comum, hoje aceita por todos, ela deve procurar, permanente e continuadamente, evitar que o livre mercado e a concorrência sejam eliminados através do domínio de segmentos de mercado por grupos de interesses (o preço da liberdade, do livre mercado e da livre concorrência, é a eterna vigilância e a ação corretiva imediata). Para isto, devem ser feitas Leis de Proteção aos Consumidores e à Liberdade de Mercado (Livre Concorrência). Medidas econômicas de proteção à livre concorrência e aos consumidores devem ser tomadas, como facilitar as importações, financiar novos produtores e importadores, ou outras,  até que o equilíbrio volte a acontecer.

c) Emprego - Juros

Os agentes econômicos são os Trabalhadores, os Empresários (investidores) e os Capitalistas (poupadores). Apesar de parceiros no interesse final da economia, seus interesses particulares podem ser contrários. A luta contínua por ganhos de produtividade, pelas empresas, reduz a quantidade de empregos ofertados, reduzindo, em consequência, o Consumo (C) e a  procura (D) pelos produtos  das empresas. Os Trabalhadores por serem o maior contingente da economia, detêm a maior parte da Renda e da Poupança nacional. Os Empresários (investidores) buscam recursos com os Bancos (intermediários entre poupadores e investidores), procurando pagar a menor taxa de juros. Os Poupadores (os trabalhadores detêm a maior parte da Poupança Nacional) buscam a maior taxa de juros para suas Poupanças. Como as taxas de juros altas reduzem o Consumo ( C ), reduzem também o nível de  emprego e os novos Investimentos (I). Para mediar este problema, os governos procuram controlar as taxas de juros através dos Bancos Centrais e de seus Bancos de Desenvolvimento, ofertando recursos para Investimentos a juros baixos. Entretanto, para combater a inflação provocada por déficits do governo (corruptos, fracos, inconsequentes), aumenta-se a taxa de juros a níveis que induzam a redução da procura global (em consequência, ocorre desemprego).

6) PENSAMENTO LIBERAL

Substituir a ordem natural, espontânea e complexa dos mercados (infinitos interesses pessoais) pelas limitações do planejamento centralizado, dirigido por burocratas de governos (totalitários e autocráticos, onde a corrupção é facilitada), é o caminho do empobrecimento.  
O pensamento liberal defende e aceita um poder normativo (mais normas e menos poder discricionário de autoridades) e defensor da concorrência e dos interesses dos consumidores (não existe liberalismo sem concorrência). RESUMINDO: A MENOR PRESENÇA ESTATAL POSSÍVEL, A MAIOR QUANDO NECESSÁRIA. 

7) O Liberalismo é uma doutrina ou corrente de pensamento que defende a liberdade individual (os direitos individuais e civis), a livre iniciativa, o governo democrático (baseado no livre consentimento dos governados e estabelecido com base em eleições livres), a liberdade de expressão, a defesa da concorrência, instituições que obedeçam a lei igual para todos, a transparência, o direito de propriedade. O liberalismo nasceu combatendo o direito divino dos reis (e a hereditariedade), os privilégios da corte, dos militares e o sistema de religião oficial.

AUTORES LIBERAIS (alguns):

Adam Smith, A Riqueza das Nações (1776);
 Milton Friedman, Capitalismo e Liberdade (1962);
José Guilherme Merquior, A Natureza do Processo;
Roberto Campos, Lanterna na Popa;
Norberto Bobbio, Liberalismo e Democracia.
maio /1996.  Marco Aurélio Garcia.


sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CAUSAS (por ação ou natural), TEMPO E EFEITOS. VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS. ARTIFICIALISMO NO CÂMBIO E NA POLÍTICA MONETÁRIA.

CAUSAS (por ação ou natural), TEMPO E EFEITOS.
VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS. ARTIFICIALISMO NO CÂMBIO E NA POLÍTICA MONETÁRIA.
A economia é uma ciência dinâmica, sempre um processo em andamento, complexa, o entendimento exige conhecimentos acumulados, sempre tem exceções, os efeitos no curto prazo podem ser diferentes do longo prazo e no primeiro momento diferentes do segundo. Leis ou postulados econômicos são enunciados de tendências. A lógica da teoria econômica é o estudo do equilíbrio e das tendências (e movimentos) das variáveis econômicas (a dinâmica, o processo em constante movimento). A ideia de equilíbrio presume o desequilíbrio. O estudo da evolução da conjuntura econômica (passada, presente e prospectiva) deve definir e analisar as causas e o tempo de início e do desenrolar dos efeitos. As causas podem ser internas e externas, os efeitos virando causa (um processo contínuo), mas isto não permite que se confunda a causa primeira e os efeitos iniciais (o principal erro de leigos e de análises apressadas). Muitos analistas confundem causa com efeito (principalmente experts em outras ciências e leigos em economia).  O estudo da economia (a ação e os efeitos) dos países que emitem moedas aceitas como reservas e meio de pagamentos mundial deve ter o entendimento considerando este fato.

Podemos dividir, pragmaticamente, os planos econômicos em:  

      a)    Política Fiscal (orçamento e sua execução). A relação carga tributária PIB, gastos correntes produtivos e improdutivos (meios e fins), investimentos públicos produtivos e improdutivos, saldo primário e nominal, dívida pública (TN);
       b)    Política Monetária. A liquidez (depósitos compulsórios), o crédito, a curva de juros de mercado, a taxa básica de juros, o IOF, a compra e venda de títulos do TN, a regulamentação bancária, inclusive a prudencial;
       c)    Política Cambial. O sistema cambial, flutuante ou administrado. Compra e venda de moeda pelo BC, operações de futuros (swaps), IOF, prazos mínimos para empréstimos externos e outras formas de fluxo. A taxa de câmbio pode ser a de mercado ou artificial, resultado de ações administrativas dos BCs.

As variáveis econômicas podem ser Controláveis:  
a)    Diretamente. A taxa básica, uma ação, uma causa;
b)    Indiretamente. A taxa de juros de mercado de curto e de longo prazo, efeitos.
Podem também ser divididas em:
         a)    Exógenas. São as que influenciam outras variáveis, mas não são influenciadas por elas. Exemplo: A emissão de moeda e os gastos do governo dependem da ação da autoridade econômica;
        b)    Endógenas. São as que influenciam e são influenciadas. Exemplo: consumo, produto, etc.
CÂMBIO ADMINISTRADO OU FLUTUANTE?
O câmbio de equilíbrio é aquele que for bom para a maioria.  Nunca será bom para todos. Se for ruim para os consumidores não é bom para a economia. Não existe liberalismo sem livre concorrência (com regras do jogo que a protejam), assim como não existem consistentes ganhos de produtividade, competitividade e avanços tecnológicos, com reservas de mercados ou privilégios, qualquer que seja ele (inclusive proteção cambial, mesmo que escondido atrás de artificialismos).
CÂMBIO FLUTUANTE COMO SOLUÇÃO DO MERCADO LIVRE (Milton Friedman).
“A instabilidade das taxas de câmbio é um sintoma da instabilidade da estrutura econômica subjacente. A eliminação de tais sintomas pelo congelamento administrativo das taxas cambiais não corrige nenhuma das dificuldades subjacentes e só torna o ajustamento a elas ainda mais penoso.”
O CÂMBIO ADMINISTRADO é o resultado da vontade de um burocrata de governo. Pode ser fixado acima ou abaixo do de equilíbrio (o resultante das forças de mercado, o flutuante), será sempre um valor artificial, prejudicando uns e favorecendo outros. É vulnerável à corrupção.
Taxa de Câmbio Real x Taxa Nominal: a taxa de câmbio, independente do regime adotado, sempre tenderá para a real, pois esta independe do regime cambial adotado. A taxa de câmbio administrada sempre tenderá para a real (flutuante).

 MOEDA DESVALORIZADA (artificialmente):
 Movimento de Capitais –
  a) facilita a entrada de capitais (os ativos, bolsa, imóveis, empresas e mercadorias     do país ficam baratos);
  b) incentiva operações de crédito em moeda estrangeira para investimentos;
  c) obriga autoridade monetária a comprar a moeda estrangeira (para evitar a desvalorização dela), monetizando a economia (obrigando o BC a fazer operações de política monetária, retirar moeda pátria do mercado para evitar a inflação), aumentando as reservas (financiamento de país possuidor de moeda reserva). O aumento das reservas transmite segurança e valoriza a moeda pátria;
  d) se a taxa de juro de equilíbrio interna (a que não provoca inflação) for maior que a externa mais o spread cobrado para o país poderá motivar entradas de divisas;
Exportações e Importações - 
   a) favorece as exportações (artificialmente);
   b) encarece produtos importados e exportados cotados em dólar (dificulta o controle da inflação), inclusive custo de energia, tecnologia e maquinários;
   c) exportadores de produtos com cotação em dólar aumentam seus lucros artificialmente;
  d) incentiva segmentos sem vantagens comparativas, com baixo nível de eficiência e de produtividade em relação ao exterior a aventurarem-se a exportar (é um peso para o resto da economia, pois consomem fatores de produção que poderiam ser utilizados por setores competitivos tornando-os mais competitivos ainda);
  e) alguns segmentos podem ganhar competitividade com o tempo;
  f) provoca superávits no balanço comercial.
Crescimento: pode provocar um período de crescimento que não se sustentará com o tempo (todas as medidas artificiais têm seu tempo de duração). Piora a qualidade de vida (reduz poder de compra do povo).
MOEDA VALORIZADA (artificialmente):
  Movimento de Capitais –
3.1) MOEDA DESVALORIZADA (artificialmente):
 Movimento de Capitais –
   a) facilita a entrada de capitais (os ativos, bolsa, imóveis, empresas e mercadorias do país ficam baratos);
   b) incentiva operações de crédito em moeda estrangeira para investimentos;
   c) obriga autoridade monetária a comprar moeda estrangeira, monetizando a economia (obrigando operações de política monetária), aumentando as reservas (financiamento de país possuidor de moeda reserva);
   d) se a taxa de juro de equilíbrio interna (a que não provoca inflação) for maior que a taxa externa mais o spread cobrado do país, não motivará saída de capitais e poderá motivar entradas;
Exportações e Importações - 
   a) favorece as exportações (artificialmente);
   b) encarece produtos importados e exportados cotados em dólar (dificulta o controle da inflação), inclusive custo de energia, tecnologia e maquinários;
   c) exportadores de produtos com cotação em dólar aumentam seus lucros artificialmente;
  d) incentiva segmentos sem vantagens comparativas, com baixo nível de eficiência e de produtividade em relação ao exterior a aventurarem-se a exportar (é um peso para o resto da economia, pois consomem fatores de produção que poderiam ser utilizados por setores competitivos tornando-os mais competitivos ainda);   
  e) alguns segmentos podem ganhar competitividade com o tempo;
  f) provoca superávits no balanço comercial.
Crescimento: pode provocar um período de crescimento que não se sustentará com o tempo (todas as medidas artificiais têm seu tempo de duração). Piora a qualidade de vida (reduz poder de compra do povo).
3.2) MOEDA VALORIZADA (artificialmente):
  Movimento de Capitais –
    a) afasta a entrada e estimula a saída de capitais (os ativos do país ficam valorizados);
    b) a crença de não sustentabilidade abala confiança na estabilidade cambial;
    c) estimula investimentos no exterior.
 Exportações e Importações –
    a) dificulta exportações e estimula importações;    
    b) reduz preços (artificialmente) de produtos importados (facilita compra de tecnologia e maquinários) e facilita o combate à inflação;
   c) exportadores recebem menos Reais para as exportações dos produtos cotados em dólar (reduz preços internos e lucros dos exportadores);
   d) dificulta industrialização do país (produtos importados ficam com preços competitivos).
   e) provoca déficits no balanço comercial.
Crescimento: melhora a qualidade de vida do povo (artificialmente). É insustentável a médio ou longo prazo.

O REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:
   a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
 b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
 c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
 d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
 e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes anteciparem mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.

A RESPEITO DE POLÍTICA MONETÁRIA:
 1) Sozinha não resolve problemas microeconômicos, estruturais ou setoriais. A ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA (mas não o suficiente) AO DESENVOLVIMENTO E AO CRESCIMENTO ECONÔMICO;
  2) A moeda neutra permite que o equilíbrio nas relações tenha como efeito uma taxa de crescimento consistente e sustentável;
  3) A emissão de moeda não provoca crescimento sustentado (provoca bolhas e crises);
 4) A política monetária deve contribuir para um ambiente de ESTABILIDADE  e de PREVISIBILIDADE, permitindo o alongamento do planejamento e das operações (das famílias e das empresas);
   5) A estabilidade e a previsibilidade são condições para redução das taxas de juros reais e consequentemente do crescimento do PIB;
  6) A TAXA BÁSICA DE JURO É O PRINCIPAL INSTRUMENTO DA POLÍTICA MONETÁRIA (errando nela errou em tudo);
 7) A DETERMINAÇÃO DA TAXA BÁSICA IDEAL DEVE OBEDECER A AÇÃO IMPESSOAL DOS MERCADOS (um grande número de agentes, com interesses, gera resultados superiores aos alcançados pelo poder discricionário dos planejamentos centralizados). O PONTO DA CURVA DE JURO DE MERCADO MAIS NEGOCIADO É O MAIS PRÓXIMO DA TAXA NEUTRA (OU DE EQUILÍBRIO);
  8) O REGIME DE TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE É NECESSÁRIO PARA QUE A POLÍTICA MONETÁRIA NÃO PROVOQUE DESEQUILÍBRIOS NO BALANÇO DE PAGAMENTOS.  08/2008.
TEMPO ENTRE CAUSAS E EFEITOS: existe sempre um tempo entre a ação gerencial (a causa) da autoridade econômica (ou outra) e o início dos efeitos, que podem ser crescentes (iniciar lentamente). As causas podem também ser internas, naturais ou externas.
A taxa básica deve ser fixada acima ou abaixo da de equilíbrio dependendo da conjuntura atual e da prospectiva.
MAGECONOMIA. 12/2014. Artigos já publicados.