sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

CAUSAS (por ação ou natural), TEMPO E EFEITOS. VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS. ARTIFICIALISMO NO CÂMBIO E NA POLÍTICA MONETÁRIA.

CAUSAS (por ação ou natural), TEMPO E EFEITOS.
VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS. ARTIFICIALISMO NO CÂMBIO E NA POLÍTICA MONETÁRIA.
A economia é uma ciência dinâmica, sempre um processo em andamento, complexa, o entendimento exige conhecimentos acumulados, sempre tem exceções, os efeitos no curto prazo podem ser diferentes do longo prazo e no primeiro momento diferentes do segundo. Leis ou postulados econômicos são enunciados de tendências. A lógica da teoria econômica é o estudo do equilíbrio e das tendências (e movimentos) das variáveis econômicas (a dinâmica, o processo em constante movimento). A ideia de equilíbrio presume o desequilíbrio. O estudo da evolução da conjuntura econômica (passada, presente e prospectiva) deve definir e analisar as causas e o tempo de início e do desenrolar dos efeitos. As causas podem ser internas e externas, os efeitos virando causa (um processo contínuo), mas isto não permite que se confunda a causa primeira e os efeitos iniciais (o principal erro de leigos e de análises apressadas). Muitos analistas confundem causa com efeito (principalmente experts em outras ciências e leigos em economia).  O estudo da economia (a ação e os efeitos) dos países que emitem moedas aceitas como reservas e meio de pagamentos mundial deve ter o entendimento considerando este fato.

Podemos dividir, pragmaticamente, os planos econômicos em:  

      a)    Política Fiscal (orçamento e sua execução). A relação carga tributária PIB, gastos correntes produtivos e improdutivos (meios e fins), investimentos públicos produtivos e improdutivos, saldo primário e nominal, dívida pública (TN);
       b)    Política Monetária. A liquidez (depósitos compulsórios), o crédito, a curva de juros de mercado, a taxa básica de juros, o IOF, a compra e venda de títulos do TN, a regulamentação bancária, inclusive a prudencial;
       c)    Política Cambial. O sistema cambial, flutuante ou administrado. Compra e venda de moeda pelo BC, operações de futuros (swaps), IOF, prazos mínimos para empréstimos externos e outras formas de fluxo. A taxa de câmbio pode ser a de mercado ou artificial, resultado de ações administrativas dos BCs.

As variáveis econômicas podem ser Controláveis:  
a)    Diretamente. A taxa básica, uma ação, uma causa;
b)    Indiretamente. A taxa de juros de mercado de curto e de longo prazo, efeitos.
Podem também ser divididas em:
         a)    Exógenas. São as que influenciam outras variáveis, mas não são influenciadas por elas. Exemplo: A emissão de moeda e os gastos do governo dependem da ação da autoridade econômica;
        b)    Endógenas. São as que influenciam e são influenciadas. Exemplo: consumo, produto, etc.
CÂMBIO ADMINISTRADO OU FLUTUANTE?
O câmbio de equilíbrio é aquele que for bom para a maioria.  Nunca será bom para todos. Se for ruim para os consumidores não é bom para a economia. Não existe liberalismo sem livre concorrência (com regras do jogo que a protejam), assim como não existem consistentes ganhos de produtividade, competitividade e avanços tecnológicos, com reservas de mercados ou privilégios, qualquer que seja ele (inclusive proteção cambial, mesmo que escondido atrás de artificialismos).
CÂMBIO FLUTUANTE COMO SOLUÇÃO DO MERCADO LIVRE (Milton Friedman).
“A instabilidade das taxas de câmbio é um sintoma da instabilidade da estrutura econômica subjacente. A eliminação de tais sintomas pelo congelamento administrativo das taxas cambiais não corrige nenhuma das dificuldades subjacentes e só torna o ajustamento a elas ainda mais penoso.”
O CÂMBIO ADMINISTRADO é o resultado da vontade de um burocrata de governo. Pode ser fixado acima ou abaixo do de equilíbrio (o resultante das forças de mercado, o flutuante), será sempre um valor artificial, prejudicando uns e favorecendo outros. É vulnerável à corrupção.
Taxa de Câmbio Real x Taxa Nominal: a taxa de câmbio, independente do regime adotado, sempre tenderá para a real, pois esta independe do regime cambial adotado. A taxa de câmbio administrada sempre tenderá para a real (flutuante).

 MOEDA DESVALORIZADA (artificialmente):
 Movimento de Capitais –
  a) facilita a entrada de capitais (os ativos, bolsa, imóveis, empresas e mercadorias     do país ficam baratos);
  b) incentiva operações de crédito em moeda estrangeira para investimentos;
  c) obriga autoridade monetária a comprar a moeda estrangeira (para evitar a desvalorização dela), monetizando a economia (obrigando o BC a fazer operações de política monetária, retirar moeda pátria do mercado para evitar a inflação), aumentando as reservas (financiamento de país possuidor de moeda reserva). O aumento das reservas transmite segurança e valoriza a moeda pátria;
  d) se a taxa de juro de equilíbrio interna (a que não provoca inflação) for maior que a externa mais o spread cobrado para o país poderá motivar entradas de divisas;
Exportações e Importações - 
   a) favorece as exportações (artificialmente);
   b) encarece produtos importados e exportados cotados em dólar (dificulta o controle da inflação), inclusive custo de energia, tecnologia e maquinários;
   c) exportadores de produtos com cotação em dólar aumentam seus lucros artificialmente;
  d) incentiva segmentos sem vantagens comparativas, com baixo nível de eficiência e de produtividade em relação ao exterior a aventurarem-se a exportar (é um peso para o resto da economia, pois consomem fatores de produção que poderiam ser utilizados por setores competitivos tornando-os mais competitivos ainda);
  e) alguns segmentos podem ganhar competitividade com o tempo;
  f) provoca superávits no balanço comercial.
Crescimento: pode provocar um período de crescimento que não se sustentará com o tempo (todas as medidas artificiais têm seu tempo de duração). Piora a qualidade de vida (reduz poder de compra do povo).
MOEDA VALORIZADA (artificialmente):
  Movimento de Capitais –
3.1) MOEDA DESVALORIZADA (artificialmente):
 Movimento de Capitais –
   a) facilita a entrada de capitais (os ativos, bolsa, imóveis, empresas e mercadorias do país ficam baratos);
   b) incentiva operações de crédito em moeda estrangeira para investimentos;
   c) obriga autoridade monetária a comprar moeda estrangeira, monetizando a economia (obrigando operações de política monetária), aumentando as reservas (financiamento de país possuidor de moeda reserva);
   d) se a taxa de juro de equilíbrio interna (a que não provoca inflação) for maior que a taxa externa mais o spread cobrado do país, não motivará saída de capitais e poderá motivar entradas;
Exportações e Importações - 
   a) favorece as exportações (artificialmente);
   b) encarece produtos importados e exportados cotados em dólar (dificulta o controle da inflação), inclusive custo de energia, tecnologia e maquinários;
   c) exportadores de produtos com cotação em dólar aumentam seus lucros artificialmente;
  d) incentiva segmentos sem vantagens comparativas, com baixo nível de eficiência e de produtividade em relação ao exterior a aventurarem-se a exportar (é um peso para o resto da economia, pois consomem fatores de produção que poderiam ser utilizados por setores competitivos tornando-os mais competitivos ainda);   
  e) alguns segmentos podem ganhar competitividade com o tempo;
  f) provoca superávits no balanço comercial.
Crescimento: pode provocar um período de crescimento que não se sustentará com o tempo (todas as medidas artificiais têm seu tempo de duração). Piora a qualidade de vida (reduz poder de compra do povo).
3.2) MOEDA VALORIZADA (artificialmente):
  Movimento de Capitais –
    a) afasta a entrada e estimula a saída de capitais (os ativos do país ficam valorizados);
    b) a crença de não sustentabilidade abala confiança na estabilidade cambial;
    c) estimula investimentos no exterior.
 Exportações e Importações –
    a) dificulta exportações e estimula importações;    
    b) reduz preços (artificialmente) de produtos importados (facilita compra de tecnologia e maquinários) e facilita o combate à inflação;
   c) exportadores recebem menos Reais para as exportações dos produtos cotados em dólar (reduz preços internos e lucros dos exportadores);
   d) dificulta industrialização do país (produtos importados ficam com preços competitivos).
   e) provoca déficits no balanço comercial.
Crescimento: melhora a qualidade de vida do povo (artificialmente). É insustentável a médio ou longo prazo.

O REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO:
   a) A eficácia da política monetária depende em grande medida da sua CREDIBILIDADE;
 b) Uma COMUNICAÇÃO  eficaz e o compromisso com a TRANSPARÊNCIA são fundamentais;
 c) A coordenação das EXPECTATIVAS exige explicações racionais e consistentes por parte do BC;
 d) O BC determina a taxa de juros de curtíssimo prazo (TAXA SELIC), mas a transmissão da política monetária se dá por meio das taxas de mercado em diferentes horizontes, que não são controladas pela autoridade monetária;
 e) é possível ocorrer um descasamento entre a taxa selic e as taxas de mercado, se os agentes anteciparem mudanças da política monetária, ou em períodos de incerteza ou ainda em períodos em que a política monetária perde CREDIBILIDADE.

A RESPEITO DE POLÍTICA MONETÁRIA:
 1) Sozinha não resolve problemas microeconômicos, estruturais ou setoriais. A ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA (mas não o suficiente) AO DESENVOLVIMENTO E AO CRESCIMENTO ECONÔMICO;
  2) A moeda neutra permite que o equilíbrio nas relações tenha como efeito uma taxa de crescimento consistente e sustentável;
  3) A emissão de moeda não provoca crescimento sustentado (provoca bolhas e crises);
 4) A política monetária deve contribuir para um ambiente de ESTABILIDADE  e de PREVISIBILIDADE, permitindo o alongamento do planejamento e das operações (das famílias e das empresas);
   5) A estabilidade e a previsibilidade são condições para redução das taxas de juros reais e consequentemente do crescimento do PIB;
  6) A TAXA BÁSICA DE JURO É O PRINCIPAL INSTRUMENTO DA POLÍTICA MONETÁRIA (errando nela errou em tudo);
 7) A DETERMINAÇÃO DA TAXA BÁSICA IDEAL DEVE OBEDECER A AÇÃO IMPESSOAL DOS MERCADOS (um grande número de agentes, com interesses, gera resultados superiores aos alcançados pelo poder discricionário dos planejamentos centralizados). O PONTO DA CURVA DE JURO DE MERCADO MAIS NEGOCIADO É O MAIS PRÓXIMO DA TAXA NEUTRA (OU DE EQUILÍBRIO);
  8) O REGIME DE TAXA DE CÂMBIO FLUTUANTE É NECESSÁRIO PARA QUE A POLÍTICA MONETÁRIA NÃO PROVOQUE DESEQUILÍBRIOS NO BALANÇO DE PAGAMENTOS.  08/2008.
TEMPO ENTRE CAUSAS E EFEITOS: existe sempre um tempo entre a ação gerencial (a causa) da autoridade econômica (ou outra) e o início dos efeitos, que podem ser crescentes (iniciar lentamente). As causas podem também ser internas, naturais ou externas.
A taxa básica deve ser fixada acima ou abaixo da de equilíbrio dependendo da conjuntura atual e da prospectiva.
MAGECONOMIA. 12/2014. Artigos já publicados.
  

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