domingo, 21 de dezembro de 2014

CAUSAS E EFEITOS (O SABER E A IGNORÂNCIA).


CAUSAS E EFEITOS (O SABER E A IGNORÂNCIA).

Ainda sobre causas e efeitos, o saber e a ignorância. A confusão entre o que é causa e o que é efeito definem o saber e a ignorância em teoria econômica (e em quase todas as ciências). Como a economia é dinâmica, sempre um processo em movimento, acontecem muitas análises que confundem causa com efeito. As causas e os efeitos podem ser definidos em (considerando o objetivo deste estudo):

      a)    Principais e Secundários;
      b)     Controláveis, Influenciáveis e de Mercado;     
      c)    Internas e Externas;
      d)    Naturais.  

Podem também ser definidas em:

     a)    Exógenas. São as que influenciam outras variáveis, mas não são influenciadas por elas. Exemplo: A emissão de moeda e os gastos do governo dependem da ação da autoridade econômica;
     b) Endógenas. São as que influenciam e são influenciadas. Exemplo: consumo, POB, etc.
     c)    Dependentes. Dependem de outras variáveis;
     d)    Independentes. Não dependem de outras variáveis.

Como a economia é um processo em movimento as causa e os efeitos estão sempre acontecendo e influenciando as expectativas, que são ao mesmo tempo efeito da conjuntura passada e presente e causa (variável influenciável) da conjuntura prospectiva. Alarmar os agentes econômicos é mais fácil do que torná-los otimistas e racionais. Expectativas racionais de mercado influenciam possíveis cenários econômicos, previsíveis pela teoria econômica, mas que sofrem influências emocionais. Confiança nas instituições e nas autoridades aumentam a segurança e a previsibilidade facilitando as previsões e influenciando positivamente as expectativas.

A taxa básica de juro (Selic no Brasil) é uma variável controlável e principal. A sua fixação é feita pela autoridade monetária (uma causa) objetivando adequar a inflação à meta estabelecida (também controlável) através da redução (ou aumento) dos meios de pagamentos ampliados (efeito), que influenciam as atividades econômicas (efeito) adequando-as à possibilidade do momento.
A taxa de juro de mercado (as passadas e a atual, a evolução da curva de juro) é uma causa (às vezes a principal) para ajudar a fixar a taxa básica e um efeito (variável influenciável) da fixação da taxa básica passada.

O efeito do aumento da taxa básica (variável interna controlável e principal) se verificará entre outras coisas na curva de juros de mercado (variável interna influenciável), aumentando a parte curta da curva e reduzindo a parte longa, por efeito do controle e da redução das expectativas de inflação. Outro efeito do aumento da taxa básica é a melhoria das contas externas por efeito de redução da demanda doméstica (reduz importações e sobram produtos para exportar). O inverso também acontece: uma taxa básica inadequadamente baixa aumenta as expectativas de inflação, os juros longos de mercado, a demanda, as importações e reduz a motivação para exportar (existe demanda interna excedente). A crise cambial com saldos negativos em transações correntes também é um efeito. No câmbio o efeito de uma taxa básica inadequadamente baixa é a provável redução da entrada de capitais e a desvalorização cambial (com suas influências na inflação e no balanço comercial). Normalmente a insegurança passada ao mercado por uma política monetária expansionista e errada (quase sempre demagogia política) afeta imediatamente o câmbio desvalorizando-o antes de afetar os preços (inflar o processo inflacionário).

Se o BC fizer operações de venda de dólar à vista e swaps (venda futura de dólar x real) para evitar a desvalorização cambial ele estará colocando em risco despesas para o orçamento da união sem nenhuma contrapartida em materiais ou serviços (apenas uma perda em jogo financeiro). Tais operações são aceitas como normais apenas para ajudar a suportar uma redução momentânea da liquidez (algum fluxo anormal ao exterior ou algum problema de liquidez). Um pagamento de uma grande importação, alguma insegurança momentânea sem fundamentação econômica que a suporte, mas nunca para sustentar artificialmente o valor do real (política eleitoral de taxa básica inadequada, atrasar a desvalorização para após a eleição, etc.). O BC tinha US$ 2 bilhões em operações de swaps cambiais em 2012, em 2013 passou para US$ 75,105 bilhões, em 19/12/2014 passou para US$ 108,588 bilhões, tentando segurar a desvalorização do real. Isto é uma política cambial definida para segurar o valor do real, completamente diferente de operações eventuais para suprir a falta momentânea de liquidez. Sustentar uma taxa de câmbio artificial só é possível por um tempo, sempre estoura dando prejuízo ao estado.

Outro aparente erro da política monetária do BC é a comunicação inadequada. Passa a mensagem de que a meta é a redução da taxa básica e não a da inflação.

A política fiscal abandonou o compromisso com o superávit primário e passou insegurança ao mercado com operações que dificultavam e falseavam o entendimento da contabilidade (apelidada de contabilidade criativa ou artificial). MAG 12/2014.

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