quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A VIRADA DA CURVA DE JURO


A VIRADA DA CURVA DE JURO

Em 14/07/2015 publiquei a postagem abaixo (A VITÓRIA DO BC CONTRA O PROCESSO INFLACIONÁRIO). Como o MF e o Ministério do Planejamento não conseguiram cumprir as promessas de política fiscal (saldo primário) e o BC paralisou os necessários aumentos da Selic, o quadro reverteu. A curva de juro mudou a parte longa para ascendente. Um retrocesso para a economia. 

CURVA DE JUROS DE JURO DE 01/10/2015 ASCENDENTE NA PARTE LONGA.
A VITÓRIA DO BC CONTRA O PROCESSO INFLACIONÁRIO. 14/04/2015.

O BC JÁ VENCEU A LUTA CONTRA O PROCESSO INFLACIONÁRIO, NECESSITA APENAS DE MAIS UM AUMENTO DE 0,5% POR SEGURANÇA. VEJAM OS EFEITOS DA SELIC NAS EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO E DOS JUROS DE LONGO PRAZO. AS CONTAS EXTERNAS TAMBÉM JÁ ESTÃO SE AJUSTANDO.   
A curva de juros abaixo demonstra com clareza os efeitos positivos da política monetária do BC nas expectativas da evolução do processo inflacionário de ascendente para descendente. A curva além de descendente na parte longa também com evolução histórica cadente. Também o Balanço Comercial positivo acima das expectativas mais otimistas. Isto com toda a dificuldade que o governo está encontrando para adequar os gastos a um nível que proporcione o superávit primário projetado (ainda muito baixo em relação ao necessário). Sabemos que o ideal é limitado pelo possível em todas as áreas da vida. Mas o legislativo está fazendo muito pouco a respeito, não elimina privilégios e quando o faz deixa sempre abertura para entendimento divergente pelo judiciário (que também não tem patriotismo na eliminação dos privilégios). Neste sentido podemos responsabilizar o legislativo e o judiciário pela pobreza do Brasil (impedem a eliminação dos gastos improdutivos que sempre privilegiam minorias). Quem autoriza gastos é o legislativo. O executivo está propondo as reduções e pagando o preço com a queda da popularidade. As críticas são corretas, mas aprovar gastos insustentáveis, não aprovar os cortes propostos, é lamber no mesmo coxo da demagogia. O Brasil não pode ficar sujeito a disputas políticas que prejudicam o país. Que aprovem punições severas por mentiras eleitorais, até com perda de mandato, aprovar o errado e deixar de aprovar o correto não é digno.
ABAIXAR A SELIC REDUZ O CUSTO PARA O TN? NÃO. Com uma Selic abaixo da taxa de mercado o TN só conseguirá vender títulos atrelados a ela com deságios crescentes (é um aumento de juro). A credibilidade no BC acaba e se instala o pior dos mundos. Os juros de mercado de LP sobem exponencialmente (a curva de juros fica ascendente), sempre querendo ganhar da expectativa de inflação. O custo de captação para o TN sobe (os negócios de LP reduzem-se por insegurança cada vez maior). Apenas o custo da parte do estoque da dívida corrigida por Selic seria reduzido, mas ao custo da desmoralização do BC e da ferramenta mais potente e eficiente de combate e no controle do processo inflacionário.  
A Política Monetária (executada pelo BC) deve ser harmônica com a Política Fiscal (executada pelo executivo), pois uma complementa a outra. 

Abaixo curvas de juros do dia 13/07/2015, de uma semana e de um mês atrás. Vejam a queda dos juros futuros.  

CURVA DE JURO DE 13/07/2015: JUROS LONGOS DESCENDENTES.  





sábado, 7 de novembro de 2015

AS CAUSAS DA RECESSÃO ATUAL.

AS CAUSAS DA RECESSÃO ATUAL.

Definir a causa primeira e principal de um fenômeno (acontecimento, conjuntura passada, presente, futura) econômico é essencial. Sabemos que todo fenômeno econômico é complexo e tem várias causas. Todo efeito passa a ser uma causa de acontecimentos futuros, mas confundir causa e efeito é imperdoável em análise econômica. A recessão atual já foi considerada pelo BCB (em declarações) e pelo governo (ao convidar Levy) como efeito de erro da política apelidada “nova matriz econômica”. Em 1998 publiquei o resumo abaixo em que explicava o ambiente econômico onde o crescimento e o desenvolvimento econômico ocorrem melhor. Este texto é uma tentativa de resumir as principais causas da atual recessão econômica.
Um bom resumo seria: a aversão ao lucro e a desconfiança passada pela equipe econômica e presidente na estabilidade das regras do jogo amedrontou investimentos.

Se a correta política monetária e fiscal são condições necessárias, mas não o suficiente, para o crescimento econômico, podemos responsabilizá-las como causas principais. Pela máxima, errando na taxa básica errou em tudo, podemos também defini-la como uma das causas principais. A análise errada do BCB da conjuntura prospectiva ao fixar a Selic abaixo da correta por tempo elevado, cedendo à pressão política de “desenvolvimentistas” que dominavam o governo também.  
A qualidade (eficiência e eficácia) dos gastos públicos é fundamental para o crescimento econômico (contestado por Keynes que advogava furar e tampar buracos).

A manifesta rejeição à vitoriosa política econômica implantada por Armínio Fraga (governo FHC) denominada de tripé, superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante, também passou insegurança a novos investimentos. A inflação segura através de preços reprimidos, inclusive câmbio (através de operações mensais continuadas e crescentes de swaps cambiais), passou um ambiente de insegurança. É sabido por todos (pragmáticos e economistas racionais) que câmbio administrado se controla apenas por um período, não tem sustentação no tempo.

A falsa riqueza (uma bolha) passada através do câmbio administrado, preços reprimidos, juros básico abaixo do adequado, liquidez crescendo há mais de  10 anos acima do PIB potencial real, colocou a economia rodando em um nível superior ao sustentável no tempo. A demanda crescia em velocidade superior à oferta, ocasionando déficits nas contas externas, Comercial, Serviços, Transações Correntes, insustentáveis no tempo.
Se a economia rodava em um nível superior ao sustentável (a bolha), claro que o ajuste ocasionaria a queda do PIB (recessão, furo da bolha). A riqueza virtual acabou, a bolha furou. Era quebrar ou adequar-se ao sustentável, à realidade. Os erros de política econômica (ou eleitoral) foram imensos e os custos (e sofrimentos) também o serão.

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO  ECONÔMICO  (AMBIENTES). 10/1998.

O crescimento e o desenvolvimento econômico ocorrem melhor  em AMBIENTES onde:
a) POUPANÇAS E OS INVESTIMENTOS são respeitados e estimulados;  
b) TAXA DE JURO (BÁSICA) seja a menor possível, sem desestabilizar a MOEDA e preservando sua função de RESERVA DE VALOR;
c) GASTOS IMPRODUTIVOS DO GOVERNO são o menor possível (privilegiar as atividades fins em relação às  atividades meio);
d) JUDICIÁRIO é eficiente  (tem credibilidade por parte dos agentes econômicos) e eficaz (ágil e correto);
e) SISTEMA DE  ENSINO atende a toda a população;
f) SISTEMA PREVIDENCIÁRIO estimula a formação de poupança e não permite privilégios;
g) CONTAS PÚBLICAS - exista transparência com publicações de balancetes mensais analíticos;
h) LEGISLATIVO seja eleito democraticamente;
i) EMPREENDEDORES sejam estimulados;
j) A RELAÇÃO CAPITAL X TRABALHO coexista em ambiente de respeito a direitos pactuados;
k) A PRODUTIVIDADE é  estimulada;
l) FATOR DE PRODUÇÃO TECNOLOGIA - existam estímulos para os investimentos que objetivem ganhos  de  PRODUTIVIDADE E INOVAÇÃO;  
m)  DISTRIBUIÇÃO DE RENDA  - exista legislação que promova e proteja uma justa DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.
Um bom resumo seria: o respeito à propriedade privada; aos contratos juridicamente perfeitos; à estabilidade das regras do jogo (que devem ser o mais simples possível).
10/1998.





quarta-feira, 28 de outubro de 2015

INFLAÇÃO COM RECESSÃO E TAXA BÁSICA ALTA? NO BRASIL SIM.

INFLAÇÃO COM RECESSÃO E TAXA BÁSICA ALTA? NO BRASIL SIM.

O estudo da conjuntura deve considerar várias informações como: saldos fiscais (primário e nominal), receita (percentual do PIB), dívida líquida e bruta (% do PIB), crescimento da quantidade de moeda, preços reprimidos, inclusive câmbio, nível de renda da população, demanda reprimida (subconsumo), saldos externos, etc.
A atual conjuntura (herança do primeiro governo DR) acumulou os problemas:
1) déficits fiscais altos, primário e nominal;
2) percentual alto da relação receita x PIB;
3) dívida financiada com altos juros de mercado;
4) quantidade de moeda crescendo acima do PIB potencial acontecendo há vários anos;
5) infraestrutura deficiente (gastos improdutivos altos em relação aos produtivos);
6) preços básicos da economia reprimidos, inclusive câmbio;
7) demanda reprimida por renda baixa da população e endividamento alto;
8) saldo do balanço comercial, rendas, serviços e transações correntes com negativos insustentáveis (iriam quebrar o país).
Outras variáveis poderiam também ser consideradas.
A relação recessão com deflação é mais difícil de reverter do que inflação com recessão. Se a carga tributária fosse menor em relação ao PIB a solução seria mais fácil, bastaria aumentar tributos (a relação receita PIB). Como a solução dos problemas tem que passar pela correção dos artificialismos adotados pelo governo como preços e câmbio reprimidos (inflação) o BC tem que manter uma taxa básica alta para impedir a contaminação do nível geral dos preços (e o retorno generalizado da indexação). Sabemos que os efeitos da taxa básica afetam os juros das aplicações financeiras (daí o nome taxa básica) e os ao consumo e investimentos.
Wicksell disse que um processo inflacionário se constata quando a taxa natural de juros (neutra, de equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao natural (neutro ou de equilíbrio).
Fisher complementa o raciocínio introduzindo o conceito de comparação entre os juros de mercado (nominal, ex-ante, fruto das expectativas de inflação, efetivamente planejado.), com o juro acontecido (real, ex-post, efetivamente realizado.). Se as expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o pior dos mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a expectativa de que os preços continuarão a subir.
Se os juros reais ex-post (acontecidos) são negativos e menores do que os ex-ante (previstos) acontece a perda de poder de compra da moeda mais juros (as poupanças passam a ter renda negativa). A taxa de juro perde o poder de ancorar as expectativas inflacionárias.
A taxa básica adequada melhora as expectativas de inflação, portanto podemos afirmar que reduz as taxas de juros de mercado de longo prazo (reduz o custo de captação).
Como a estabilidade do poder de compra da moeda é condição necessária, mas não o suficiente, para o crescimento econômico sustentado, podemos afirmar que taxa básica inadequadamente baixa reduz o crescimento sustentado do PIB (até zero ou recessão).
RENDIMENTOS CDI – IRF – IPCA e - IGPM
TÍTULOS
2012
2013
2014
01/15
02/15
03/15
04/15
05/15
06/15
07/15
08/15
09/15
2015
IPCA
5,84
5,91
6,41
1,24
1,22
1,32
0,71
0,74
0,79
0,62
0,22
0,54
7,64
CDI - 20% IRF - IPCA
0,88
0,538
2,235
-0,496
-0,564
-0,488
0,05
0,044
0,066
0,324
0,668
-0,108
0,008
IGPM
7,82
5,51
3,69
0,76
0,27
0,98
1,17
0,54
0,67
0,69
0,28
0,95
6,34
CDI - 20% IRF - IGPM
-1,10
0,938
4,955
-0,016
0,386
-0,148
-0,41
0,044
0,186
0,254
0,608
-0,062
1,308

A SOLUÇÃO: CORTAR GASTOS DOA A QUEM DOER.
MAG 10/2015.


domingo, 25 de outubro de 2015

KEYNESIANOS (heterodoxos, desenvolvimetistas) X MONETARISTAS (ortodoxos) X NOVOS DESENVOLVIMENTISTAS (heterodoxos).

KEYNESIANOS (heterodoxos, desenvolvimentistas) X MONETARISTAS (ortodoxos) X NOVOS DESENVOLVIMENTISTAS (heterodoxos).
O quadro abaixo é um resumo.
ASSUNTO
KEYN.
MON.
NOVOS DESENV.
1 – Poder discricionário (arbítrio) na condução da política monetária ou meta de inflação como limite.
Arbítrio
Meta
Arbítrio
2 – Regras: a pol. monetária deve ser conduzida por regras?
Não
Sim
Não
3 – Expectativas racionais dos agentes econômicos?
Não
Sim
Não
4 – Transparência obrigatória nas informações da autoridade monetária
Não
Sim
?
5 – Quantidade de moeda: crescimento sem oscilações e constante, tendo como limite o PIB potencial (fatores de produção).
Não
Sim
Não
6 – Causa das crises: oscilações e excessos na oferta monetária
Não
Sim
Não
7 – Taxa natural de desemprego (6%)
Não
Sim
?
8 – Pleno emprego
Sim
Não
?
9 – Câmbio flutuante
Sim
Sim
Não
10 – PIB potencial. Nível de utilização dos fatores de produção. Limite
Não
Sim
?
11 – Taxa básica: em torno da neutra (de equilíbrio)
Não
Sim
Não
12 -  Taxa básica principal ferramenta para reverter processo inflação
Não
Sim
Não
13 – Meta de inflação
Não
Sim
Não
14 – Gastos improdutivos (pirâmides do Egito)
Sim
Não
Não
15 – Déficits públicos e aumento de dívida: causa de crise
Não
Sim
Sim
16 – Aumento da quantidade de moeda acima do PIB potencial causa inflação e após (no processo) a estagflação
Não
Sim
Não
17 – Tabelamentos de preços de produtos e serviços
Sim
Não
Não
18 – Presença do governo limitada à Regular, Monitorar, Julgar e Defender a Concorrência e os Consumidores.
Não
Sim
Não
19 -  Presença do governo o mais ampla (inclusive operacional e na produção)
Sim
Não
Sim
Os Novos Desenvolvimentistas abandonaram a defesa de gastos públicos improdutivos como causa de crescimento, passaram a defender superávits fiscais, mas ainda defendem taxa básica de juros baixa (?) e câmbio competitivo (industrial), administrado.  MAG 10/2015