sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

O PIB EFETIVO ESTÁ ABAIXO DO POTENCIAL?

O PIB EFETIVO ESTÁ ABAIXO DO POTENCIAL?

PIB potencial, efetivo, naicu e hiato do produto são conceitos econômicos, como outros, utilizados pelos economistas nas análises econômicas, principalmente a do processo inflacionário. Abaixo alguns conceitos que facilitarão o entendimento do texto:

NAICU (Non-Accelerating Inflation Capacity of Utilization); Taxa de utilização da capacidade instalada que não acelera a inflação.

NUCI; NÍVEL DE UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA.

PIB POTENCIAL; CAPACIDADE DE CRESCIMENTO DA ECONOMIA.

HIATO DO PRODUTO; diferença entre o PIB potencial e o efetivo.

HIATO INFLACIONÁRIO; demanda agregada maior do que a oferta agregada em situação de pleno emprego dos fatores.

HIATO DEFLACIONÁRIO; oferta agregada maior do que a demanda agregada em situação de desemprego.

TAXA DE JURO NEUTRO, NATURAL OU DE EQUILÍBRIO (in) é a que não influencia as atividades e não provoca inflação. A economia roda com equilíbrio e harmonia entre a oferta e a demanda e cresce com sustentação (dentro do limite do PIB potencial). 

TAXA BÁSICA (ib) é a de curto prazo fixada pelo BC (controlável) para remunerar as sobras de moeda no mercado (pode reduzir a liquidez). Estando as expectativas prevendo inflação superior à meta o BC deve fixar a taxa básica em percentual superior à neutra. Ela influenciará a queda nas expectativas da inflação e dos juros de mercado de longo prazo (o custo de captação do TN cai).

TAXA DE MERCADO (im) é a negociada pelos aplicadores (poupadores) e tomadores (bancos). A curva de juros (as diversas taxas para os vários prazos) é formada neste mercado (onde vendedores e compradores de títulos públicos fazem seus negócios. A BM&F publica uma tabela.). A taxa neutra (nominal) em condições de normalidade é sempre o ponto mais negociado desta curva, com prazo mínimo (ou acima) de um ano.
A taxa de mercado pode estar acima ou abaixo da natural (neutra) por excesso ou falta de liquidez no mercado. O BC pode fazer a taxa de mercado ficar abaixo da neutra fixando uma taxa básica que não estimula os poupadores a aplicarem seus recursos com ele. Enfim permite (ou induz) que a quantidade de moeda em circulação esteja acima do necessário (sobra liquidez no mercado). Os detentores de renda (do trabalho, lucros, juros e aluguéis) ou de poupanças, com expectativas de perda para a inflação, fogem da moeda (moeda mais juros) como reserva de valor para outros ativos (ouro, dólar, imóveis, títulos com índices de correção). Os juros reais sobem.

Alguns economistas considerados racionais (ortodoxos) escreveram que O PIB EFETIVO ESTÁ ABAIXO DO POTENCIAL. A NAICU (Non-Accelerating Inflation Capacity of Utilization) está em um nível que não acelera a inflação.
Analisando as tabelas abaixo verificamos que os bens semiduráveis, os não duráveis e os monitorados estão muito acima da meta de inflação. A Selic está abaixo do DI 360 (e este crescendo). Se em agosto o BC tivesse elevado a Selic para 14,75% (o DI 360 estava em 14,38%) com muita certeza os juros de LP de mercado teriam parado de subir e provavelmente cedido um pouco. Hoje a necessidade de aumento da Selic já é maior, o DI 360 passou para 15,84%.  (a necessidade de Selic para reverter a tendência da inflação passou para 16% ou 16,25%). Se o BC passar uma mensagem firme de que subirá a Selic ate reverter a inflação para descendente a necessidade de aumentar a Selic pode reduzir.
O IPCA preços livres, comercializáveis, não comercializáveis e monitorados todos muito acima da meta (na tabela em vermelho). O IGPM, IPAM, IPCM, IPA produtos industriais e agrícolas muito acima da meta. O índice de difusão dos preços (itens de preços pesquisados subindo) acima de 70% (acima de 45% já é o início de um processo inflacionário). O risco da generalização da contaminação dos preços e voltarmos à indexação (inflação inercial) é grande. Vale a pena correr o risco? Existe uma máxima que diz: sem demanda que a sustente não tem inflação que perdure. MAG 01/2016.
As tabelas podem ser vistas com mais dados no site: 
http://www.magconsultoria.uaivip.com.br/INDICES_1.htm


IPCA (ESTRATIFICADO) X SELIC  X DI 360. (META do IPCA 4,5% a.a, 0,36748% a.m).
MÊS
ANO
BENS
SERVIÇOS
23,35%
MONITORADOS
31,01%
IPCA
Meta 4,5%a.a
0,36748% a.m
SELIC
DI 360
POL. MONET.
EXPANS.
CONTRAC.
NEUTRA
DURÁVEIS
peso 9,81%
SEMI DUR.
9,37%
NÃO DUR.
26,46%
MÊS
12
meses
MÊS
12
meses
MÊS
12
meses
MÊS
12
meses
MÊS
12
meses
MÊS
12
meses
DEZ./2013
0,51
3,63
0,54
4,75
0,87
7,57
1,16
8,75
0,91
1,54
0,92
5,91
10,0
10,57
EXPANS.
DEZ./2014
0,08
3,01
0,68
3,82
0,79
6,88
1,20
8,33
0,43
5,32
0,78
6,41
11,75
12,96
ESPANS.
AGO./2015
0,18
3,45
0,26
4,67
-0,03
9,58
0,32
8,24
0,32
15,75
0,22
7,06
14,25
14,38
EXPANS.
SET.
0,30
3,59
0,50
4,55
0,06
9,01
0,67
8,13
0,92
16,35
0,54
9,49
14,25
15,55
EXPANS.
OUT.
-0,27
2,88
0,65
4,70
1,00
9,65
0,62
8,34
1,39
17,52
0,82
9,93
14,25
15,39
EXPANS.
NOV./2015
-0,07
3,16
0,58
4,90
2,30
11,33
0,46
8,34
1,09
17,95
1,01
10,48
14,25
15,71
EXPANS.


IPCA - PREÇOS LIVRES, COMERC., NÃO COMERC., MONITORADOS
MÊS / ANO
PREÇOS LIVRES
 GERAL
 peso 68,99
PREÇOS LIVRES peso 68,99

MONITORADOS
 peso 31,01

Comercializáveis
 peso 32,81
Não Comercial.
 peso 36,18
Mensal
12
meses
Mensal
12
meses
Mensal
12
meses
Mensal
12
meses
DEZ./2013
0,92
7,29
0,68
6,01
1,13
8,43
0,91
1,54
DEZ./2014
0,88
6,72
0,62
5,95
1,11
7,43
0,43
5,32
JAN./2015
0,87
7,01
0,31
5,57
1,35
8,29
2,50
7,55
FEV.
0,88
7,12
0,59
5,92
1,12
8,17
2,37
9,66
MAR.
0,70
6,59
0,57
5,68
0,81
7,40
3,36
13,37
ABR.
0,69
6,64
0,63
5,64
0,74
7,53
0,78
13,38
MAI.
0,59
6,82
0,79
5,71
0,42
7,79
1,22
14,09
JUN.
0,69
7,09
0,68
6,05
0,69
7,98
1,12
15,08
JUL.
0,45
7,67
0,50
6,29
0,40
8,86
1,17
15,97
AGO.
0,19
7,70
0,42
6,62
-0,01
8,60
0,32
15,75
SET.
0,42
7,48
0,46
6,41
0,38
8,38
0,92
16,35
OUT.
0,64
7,71
0,99
7,06
0,34
8,23
1,39
17,52
NOV.
0,98
8,28
1,14
7,97
0,85
8,51
1,09
17,95




IGPM - IPAM - IPCM -
IPA DI até 12/2008. Em 2009 IPA M (Ind. e Agric.)
DATA
IGPM
IPAM
IPCM
IPA DI até 12/08. Após M
Mês
12
meses
Mês
12
meses
Mês
12
meses
Prod. Ind.
Prod. Agric.
Mês
12 meses
Mês
12
meses
2013
0,60
5,51
0,63
5,12
0,69
5,51
0,58
7,82
0,75
-1,49
2014
0,62
3,69
0,63
2,13
0,76
6,76
0,40
1,59
1,23
3,56
JAN./2015
0,76
3,98
0,56
2,38
1,35
7,27
0,26
1,09
1,35
5,90
FEV.
0,27
3,86
-0,09
2,02
1,14
7,74
-0,10
0,40
-0,06
6,49
MAR.
0,98
3,16
0,92
0,75
1,42
8,39
0,33
-0,03
2,47
2,79
ABR.
1,17
3,55
1,41
1,36
0,75
8,31
1,46
1,10
1,27
2,05
MAI.
0,41
4,11
0,30
2,33
0,68
8,31
1,01
2,77
-1,51
1,20
JUN.
0,67
5,59
0,41
4,26
0,83
6,32
0,66
4,03
-0,23
4,88
JUL.
0,69
6,97
0,73
6,20
0,60
9,33
0,52
5,12
1,27
9,12
AGO.
0,28
7,55
0,20
6,89
0,24
9,57
0,28
5,70
0,00
10,15
SET.
0,95
8,35
1,30
8,14
0,32
9,46
1,01
6,62
2,08
12,32
OUT.
1,89
10,09
2,63
10,72
0,64
8,26
2,16
8,93
3,83
15,58
NOV.
1,52
10,69
1,93
10,77
0,90
10,06
1,68
10,08
2,60
15,15
DEZ./2015
0,49
10,54
0,39
11,20
0,92
10,24
-0,04
9,59
1,49
15,45






























































quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

A QUEDA DO PIB EM 2015 E 2016 (uma análise).


A QUEDA DO PIB EM 2015 E 2016 (uma análise).

INTRODUÇÃO: O sistema padronizado de contas nacionais, podemos dizer, foi originado nas ideias de Keynes (Teoria Geral) e outros, iniciado e organizado por Simon Kusnetz, aperfeiçoado por Richard Stone (e melhorado com o tempo). É um padrão (como todo padrão um reducionismo) que permitiu a evolução e o entendimento do estudo da teoria econômica, mas deve ser entendido para que se façam análises racionais e corretas (não é uma aritmética simples como possa parecer). Os conceitos básicos são: PIB (produto interno bruto) e PNB (produto nacional bruto). PIB = C + I = consumo + investimentos (a forma mais reduzida) = C + I + G + E – M (estendendo a fórmula incluindo G , gastos do governo, E, exportações, M, importações). PNB = PIB + recebimentos do exterior – remessas para o exterior = PIB + ou – renda líquida de fatores do exterior. As importações (M) entram na fórmula do PIB com sinal negativo (reduzindo), mas antes elas entraram aumentando C e I (como matérias primas, maquinários ou produtos para consumo final). As exportações entram somando no PIB, mas são produtos que saem do país (neste sentido reduzem PIB).

CONTAS EXTERNAS 2014 e 2015 (até nov.), 2016 P É PREVISÃO:
CONTAS
2014
11/2015
2016P
1- BAL. COMERCIAL
-6529
11663
30,0
 1.1- Exportações
224098
173302
190
 1.2- Importações
230627
161639
160
2- BAL. SERV. E RENDAS
-100623
-70388
-73,9
 2.1) RENDAS
-52170
-35885
-40,5
  2.1.1- Juros
-21340
-19370
-20,9
  2.1.2 - Divid. e Lucros
-31187
-16831
-20,0
  2.1.3 - Salários
357
315
0,4
  2.2) SERVIÇOS
-48107
-34503
33,4
  2.2.1 - Viagens
-18724
-10860
-9
  2.2.2 - Transportes
-8697
-5461
-6
  2.2.3 - Aluguel Equip.
-22629
-19383
-21
  2.2.4 - Outros
1943
1202
1,5
3- TRANSF. UNILAT.
2729
2319
2,9
4- TRANS. CORRENTES
-104076
-56406
-41,0
5- CONTA CAPITAL e FINAN.
100129
54036
40,6
6- BAL. PGTO. Saldo
-4706
-2370
-0,4
6.1) PIB cresc. %
0,1
-3,0
-2,0
7- AJUSTES  LIQUIDEZ
2963
-2705

8- RESERVAS - CAIXA
363551
357016

8 - RESERVAS - LIQUIDEZ
374051
368976



Na tabela acima vemos que em 2014 o saldo em Transações Correntes foi negativo em US$ 104 bilhões, valor que seria insustentável no tempo, pois o país não conseguiria financiar-se no exterior. O que fez o Brasil passar de superavitário nas contas externas (até 2007) para um déficit insustentável que desarmonizou a economia do país? A introdução da política “heterodoxa desenvolvimentista”, populista (demagogia eleitoral), resumindo: aumento da liquidez (meios de pagamentos ampliados) muito acima do sustentável (PIB potencial), redução do saldo fiscal primário para até negativo em 2014, taxa básica abaixo da adequada (a necessária para a nova conjuntura populista), preços reprimidos de energia e petróleo, o abandono da política cambial flutuante com a adoção dos swaps cambiais com aumentos mensais até chegar ao arriscado (deu um prejuízo de R$120 bilhões ao país). Todos sabem que câmbio valorizado artificialmente tem tempo de duração e leva os países à insolvência externa. Considero o câmbio valorizado artificialmente o pior que podem fazer em uma política econômica populista (neste sentido a culpa maior da crise foi do BC). O falso aumento do poder de compra dos brasileiros (valorização artificial do real) desarmonizou a velocidade da oferta e da demanda (a demanda passou a ser atendida com importações, oferta externa). Uma conjuntura insustentável feita para ganhar uma eleição desonestamente (o país tem que fazer uma legislação que impeça que tais demagogias eleitorais se repitam), reconhecida até por quem o fez, ao contratar um economista competente e sério que desse credibilidade ao governo (Joaquim Levy). Foi sabotado pelo próprio partido da presidente (não quiseram assumir o custo das correções das barbeiragens e desonestidades que os elegeu). Levy não conseguiu o apoio que pensou que teria na base do governo e em parte da oposição (foi bombardeado por desonestos e por leigos em economia).
O PIB que crescia artificialmente (o aumento artificial do poder de compra do real e preços reprimidos) caminhou para a estagnação com inflação reprimida (2012). Em 2015 estourou a crise. Os ajustes teriam que corrigir: taxa básica (Selic), liberar preços e câmbio e tentar fazer um saldo primário em 2015 comprometendo-se em aumentá-lo a cada ano. Daria certo: os juros de mercado de LP (a parte longa da curva de juros) inverteram a tendência de ascendentes para descendentes. As agências de crédito não iriam abaixar a nota de crédito do país para risco alto (impede a entrada de investimentos e capitais para o país e faz subir as taxas de juros). Quando Joaquim Levy teve que anunciar que o pequeno superávit primário prometido não seria conseguido tudo piorou: os juros de mercado de LP subiram (a parte longa da curva passou a ascendente) e as agências reduziram a nota de crédito do país (o que era difícil piorou).

A QUEDA DO PIB: a redução da demanda por queda do poder de compra da moeda (por extensão de todos os brasileiros), a queda da renda pela redução da demanda. Em relação ao dólar a queda da renda foi em torno de 45%. As commodities exportadas pelo país tiveram uma grande queda em seus preços (o minério de ferro caiu mais de 50%). A queda do preço do petróleo beneficiou com relação às importações, mas inviabilizou a produção econômica do pré-sal (que daria uma renda grande ao país). As exportações caíram US$ 36 bilhões (queda de demanda externa), as importações e serviços produtivos caíram US$ 60 bi. (queda de demanda), tudo influenciando nas atividades. Estas quedas representam R$ 365 bi. ou 6,4% do PIB (R$ 5,687 trilhões). Como a economia estava rodando acima do PIB potencial, é duvidoso afirmar que sua queda fez o PIB efetivo ficar abaixo (o gargalo da eletricidade aconteceria se o PIB não caísse). A inflação continua ascendente, o índice de difusão dos preços acima de 70% (alto risco de contaminação), o saldo em transações correntes ainda negativo.  MAG 12/2015.