A QUEDA DO PIB EM 2015 E 2016 (uma análise).
INTRODUÇÃO: O sistema
padronizado de contas nacionais, podemos dizer, foi originado nas ideias de Keynes
(Teoria Geral) e outros, iniciado e organizado por Simon Kusnetz, aperfeiçoado
por Richard Stone (e melhorado com o tempo). É um padrão (como todo padrão
um reducionismo) que permitiu a evolução e o entendimento do estudo da teoria
econômica, mas deve ser entendido para que se façam análises racionais e
corretas (não é uma aritmética simples como possa parecer). Os conceitos
básicos são: PIB (produto interno bruto) e PNB (produto nacional bruto). PIB =
C + I = consumo + investimentos (a forma mais reduzida) = C + I + G + E – M (estendendo
a fórmula incluindo G , gastos do governo, E, exportações, M, importações). PNB
= PIB + recebimentos do exterior – remessas para o exterior = PIB + ou – renda líquida
de fatores do exterior. As importações (M) entram na fórmula do PIB com sinal
negativo (reduzindo), mas antes elas entraram aumentando C e I (como matérias
primas, maquinários ou produtos para consumo final). As exportações entram
somando no PIB, mas são produtos que saem do país (neste sentido reduzem PIB).
CONTAS EXTERNAS 2014 e 2015
(até nov.), 2016 P É PREVISÃO:
CONTAS
|
2014
|
11/2015
|
2016P
|
1- BAL. COMERCIAL
|
-6529
|
11663
|
30,0
|
1.1- Exportações
|
224098
|
173302
|
190
|
1.2- Importações
|
230627
|
161639
|
160
|
2- BAL. SERV. E RENDAS
|
-100623
|
-70388
|
-73,9
|
2.1) RENDAS
|
-52170
|
-35885
|
-40,5
|
2.1.1- Juros
|
-21340
|
-19370
|
-20,9
|
2.1.2 - Divid. e Lucros
|
-31187
|
-16831
|
-20,0
|
2.1.3 - Salários
|
357
|
315
|
0,4
|
2.2) SERVIÇOS
|
-48107
|
-34503
|
33,4
|
2.2.1 - Viagens
|
-18724
|
-10860
|
-9
|
2.2.2 - Transportes
|
-8697
|
-5461
|
-6
|
2.2.3 - Aluguel Equip.
|
-22629
|
-19383
|
-21
|
2.2.4 - Outros
|
1943
|
1202
|
1,5
|
3- TRANSF. UNILAT.
|
2729
|
2319
|
2,9
|
4- TRANS. CORRENTES
|
-104076
|
-56406
|
-41,0
|
5- CONTA CAPITAL e FINAN.
|
100129
|
54036
|
40,6
|
6- BAL. PGTO. Saldo
|
-4706
|
-2370
|
-0,4
|
6.1) PIB cresc. %
|
0,1
|
-3,0
|
-2,0
|
7- AJUSTES LIQUIDEZ
|
2963
|
-2705
|
|
8- RESERVAS - CAIXA
|
363551
|
357016
|
|
8 - RESERVAS - LIQUIDEZ
|
374051
|
368976
|
Dados mais completos em: http://www.magconsultoria.uaivip.com.br/SETOREXTERNO.htm
Na tabela acima vemos que em 2014 o saldo em Transações Correntes foi negativo em US$ 104 bilhões, valor que seria insustentável no tempo, pois o país não conseguiria financiar-se no exterior. O que fez o Brasil passar de superavitário nas contas externas (até 2007) para um déficit insustentável que desarmonizou a economia do país? A introdução da política “heterodoxa desenvolvimentista”, populista (demagogia eleitoral), resumindo: aumento da liquidez (meios de pagamentos ampliados) muito acima do sustentável (PIB potencial), redução do saldo fiscal primário para até negativo em 2014, taxa básica abaixo da adequada (a necessária para a nova conjuntura populista), preços reprimidos de energia e petróleo, o abandono da política cambial flutuante com a adoção dos swaps cambiais com aumentos mensais até chegar ao arriscado (deu um prejuízo de R$120 bilhões ao país). Todos sabem que câmbio valorizado artificialmente tem tempo de duração e leva os países à insolvência externa. Considero o câmbio valorizado artificialmente o pior que podem fazer em uma política econômica populista (neste sentido a culpa maior da crise foi do BC). O falso aumento do poder de compra dos brasileiros (valorização artificial do real) desarmonizou a velocidade da oferta e da demanda (a demanda passou a ser atendida com importações, oferta externa). Uma conjuntura insustentável feita para ganhar uma eleição desonestamente (o país tem que fazer uma legislação que impeça que tais demagogias eleitorais se repitam), reconhecida até por quem o fez, ao contratar um economista competente e sério que desse credibilidade ao governo (Joaquim Levy). Foi sabotado pelo próprio partido da presidente (não quiseram assumir o custo das correções das barbeiragens e desonestidades que os elegeu). Levy não conseguiu o apoio que pensou que teria na base do governo e em parte da oposição (foi bombardeado por desonestos e por leigos em economia).
O PIB que crescia artificialmente
(o aumento artificial do poder de compra do real e preços reprimidos) caminhou
para a estagnação com inflação reprimida (2012). Em 2015 estourou a crise. Os
ajustes teriam que corrigir: taxa básica (Selic), liberar preços e câmbio e
tentar fazer um saldo primário em 2015 comprometendo-se em aumentá-lo a cada
ano. Daria certo: os juros de mercado de LP (a parte longa da curva de juros)
inverteram a tendência de ascendentes para descendentes. As agências de crédito
não iriam abaixar a nota de crédito do país para risco alto (impede a entrada
de investimentos e capitais para o país e faz subir as taxas de juros). Quando Joaquim
Levy teve que anunciar que o pequeno superávit primário prometido não seria
conseguido tudo piorou: os juros de mercado de LP subiram (a parte longa da
curva passou a ascendente) e as agências reduziram a nota de crédito do país (o
que era difícil piorou).
A QUEDA DO PIB: a redução da
demanda por queda do poder de compra da moeda (por extensão de todos os brasileiros),
a queda da renda pela redução da demanda. Em relação ao dólar a queda da renda
foi em torno de 45%. As commodities exportadas pelo país tiveram uma grande queda
em seus preços (o minério de ferro caiu mais de 50%). A queda do preço do petróleo
beneficiou com relação às importações, mas inviabilizou a produção econômica do
pré-sal (que daria uma renda grande ao país). As exportações caíram US$ 36
bilhões (queda de demanda externa), as importações e serviços produtivos caíram
US$ 60 bi. (queda de demanda), tudo influenciando nas atividades. Estas quedas
representam R$ 365 bi. ou 6,4% do PIB (R$ 5,687 trilhões). Como a economia
estava rodando acima do PIB potencial, é duvidoso afirmar que sua queda fez o
PIB efetivo ficar abaixo (o gargalo da eletricidade aconteceria se o PIB não
caísse). A inflação continua ascendente, o índice de difusão dos preços acima
de 70% (alto risco de contaminação), o saldo em transações correntes ainda
negativo. MAG 12/2015.
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