INFLAÇÃO E TAXA
BÁSICA (Selic): RELAÇÃO.
UMA REPETIÇÃO
NECESSÁRIA.
AMBIENTE: da mesma maneira que
em engenharia é necessário estudar o ambiente (solo, ventos, sol), em economia
também o é (ambiente e conjuntura). Algumas condições:
a) se o país é
emissor ou não de moeda reserva mundial;
b) o percentual da
carga tributária e da dívida pública em relação ao PIB. Carga tributária e
dívida pública baixas facilitam o combate ao processo inflacionário;
c) a política fiscal
(superávit ou déficit primário). Superávit primário aumenta a credibilidade
(juros menores) e a previsibilidade;
d) a dívida externa
(relação com PIB, com as reservas e com o saldo em transações correntes);
e) o saldo em
transações correntes;
f) o saldo do balanço
comercial;
g) a taxa de câmbio
(administrada ou flutuante – de mercado);
h) se a tendência da
inflação é ascendente ou descendente.
COMO A TAXA BÁSICA SE
TRANSMITE (OS EFEITOS):
A taxa
básica é nominal, de curtíssimo prazo e controlada pelo BC.
Uma
taxa básica nominal ALTA, mas NEGATIVA (líquida de IR e abaixo da inflação) OU ABAIXO DA ADEQUADA é
semelhante a uma dose alta de antibiótico, mas abaixo da adequada.
A taxa
básica positiva atua de duas maneiras principais inicialmente: permitindo que
os consumidores postecipem o consumo (reduz pressão da demanda) e reduzindo a
liquidez. As aplicações no BC reduzem a quantidade de moeda. É por este efeito
que afirmo que a utilização da taxa básica é uma modernização da TQM (teria
quantitativa da moeda). É mais fácil manipular a taxa básica do que controlar a
quantidade de moeda.
A
TAXA BÁSICA E AS CURVAS DE JUROS NOMINAIS DE MERCADO.
“Ao
longo dos anos 90, fiquei muito impressionado com a facilidade com que passamos
a influenciar, com a política monetária, a taxa de juros de longo prazo. Ficou
mais fácil cumprir a missão.” Alan Greenspan.
COM
INFLAÇÃO ASCENDENTE:
a)
a curva de juros nominal de mercado fica ascendente (inclinação positiva). Significa
que se o TN for captar à taxa prefixada terá que pagar o juro da curva
referente ao mês do vencimento (quanto mais longo o prazo maior o juro);
b)
se o BC fixar uma Selic abaixo da adequada (neutra), as expectativas de
inflação aumentam e a curva de juros fica mais ascendente (a inclinação
positiva aumenta) e para vender títulos indexados a ela (como forma de correção
monetária), o TN só o conseguirá com deságios sobre o valor de face dos títulos
(um título de R$ 1.000,00 o TN só conseguirá vender por valor abaixo de
R$1.000,00). Se o hiato do produto (relação PIB efetivo/ PIB potencial) estiver
perto de um, a velocidade de crescimento da demanda e da oferta se desarmoniza
(a oferta interna não consegue atender a demanda) e provoca déficits externos
(comercial e saldo negativo em transações correntes). Se o processo não for
revertido (com aumento da taxa básica) acontece crise cambial;
c)
se o BC fixar a Selic adequada (0,5% ou mais, dependendo da conjuntura e
credibilidade do governo, acima da taxa neutra) a curva de juros inverte a
tendência de ascendente para descendente (quanto maior o prazo menor fica o
juro). A curva fica com inclinação negativa. Significa que as expectativas de
inflação estão descendentes. O custo de captação do TN cai. A Selic pode cair
responsavelmente;
d)
se a Selic for fixada muito acima da adequada o TN conseguirá vender os títulos
corrigidos por Selic com ágio (acima do valor de face). Neste caso o BC deve cair
a Selic;
e)
a política monetária gradualista (pequenos aumentos mensais) demora uns 9 meses
para conseguir efeitos. Neste período a inflação e os juros sobem. Quando as
expectativas de inflação caem - inverte a tendência para queda - a Selic pode
cair (a curva de juros nominais de mercado muda a tendência de ascendente para
descendente). Cai a inflação e os juros, origem da confusão dos analistas leigos
e dos economistas desatualizados em economia monetária, confundem causa e
efeito;
Estas
conclusões se firmaram na década de 90 (século XX).
Os
economistas formados antes desta época e que não se atualizaram (e escolas em
que os professores não se atualizaram) não conseguem entender a relação taxa básica x taxa de juro neutra
ou de equilíbrio x expectativa de inflação x curva de juros nominais de mercado.
Ficam confusos (os que não entendem de mercado financeiro não conhecem nem a
curva de juros). A análise da curva de juro nominal de mercado deve considerar
os movimentos da curva, positivo ou negativo, para cima ou para baixo e ao
longo da mesma. Se desconhecem a teoria monetária moderna não conseguem
entender a política e fazer análises racionais e consistentes.
A
TAXA BÁSICA ZERO, AS OPERAÇÕES DE QE (QUANTITAVE EASING) DO Fed (federal
reserve, BC dos EUA) E A INFLAÇÃO PERTO DE ZERO NOS EUA (emissor da moeda
reserva e meio de pagamento mundial):
Os EUA
estavam enfrentando a crise denominado de subprime – 2008 – que explodiu com a
quebra dos bancos Bear Stearns e Lehman
Brothers (seguida por inúmeros outros, a maioria salva pelos BCs dos países). A
herança foi uma conjuntura complexa: crise de solvência (atraso de pagamentos),
liquidez (redução) e crédito (aversão ao risco retraiu bancos). O Fed (federal
reserve, autoridade monetária americana) evitou uma recessão profunda (que se
não combatida adequadamente caminharia para depressão) fixando a taxa básica
cada vez mais baixa (era o único que tinha liquidez), até chegar a zero, para
evitar a queda da quantidade de moeda (liquidez) como ensinou Milton Friedman,
ao analisar a crise de 29/30 (quando a quantidade de moeda caiu em um terço). Como
a crise foi mais profunda do que pensavam não aconteceu inflação e o desemprego
aumentou. Para combater a crise utilizaram além da taxa básica zero o aumento
da liquidez através das operações de QE – quantitative easing (compra de
títulos de LP com juro baixo). Combateram o juro de CP com a taxa básica zero e
o de LP com a compra dos títulos de LP a juro baixo (afetaram a curva na parte
curta e longa).
A ORIGEM: os Fed Funds (taxa
básica dos EUA) excessivamente expansionista (diferença Fed Fund. x T Note 5)
por tempo demasiado (2002 a 2005). Apesar disto a inflação doméstica não subiu,
pois o mundo absorveu o excesso de dólares (não aconteceu excesso de
monetização interna, mas o aumento das reservas dos países exportadores de
commodities, da China e dos tigres asiáticos). O aumento do consumo foi
satisfeito por aumentos das importações (os preços não subiram). Mas o excesso
de dólares no mundo provocou a inflação de demanda mundial das commodities (a
China e outros tigres asiáticos seguraram a inflação de industrializados). Como
não era possível importar moradias e as taxas de juros estavam muito baixas, os
preços dos imóveis subiram acima da inflação (a bolha se formou aí). Quando o
FED subiu a taxa básica elevando-a até 5,25%, em excesso e por tempo demasiado, 06/2006 a 08/2007, a bolha furou rapidamente (o que
já estava acontecendo, sabido por poucos, há uns dois anos). Aparentemente a
básica deveria ter ido apenas até 4% e por tempo menor. Os efeitos se fizeram
sentir nos preços dos imóveis que subiram muito mais do que a inflação (a taxa
básica baixa, 2002 a 2005,
provocou fuga da moeda que não conseguia cumprir sua função de reserva de
valor, a bolha se formou em imóveis e outros ativos). Some-se a isto o efeito
do aumento das taxas de juros nas prestações dos imóveis (a renda dos
americanos não subiu). Isto foi distribuído para o mundo todo, afetando mais os
mais ricos e os que aceitaram riscos maiores. O BC Europeu foi obrigado a
socorrer seus bancos (afetados pela crise de liquidez). Obs: Greenspan ficou no
Fed de 1987 ao início de 2006, quando assumiu Ben Bernanke.
Baseado em texto de MAG
23/12/2007 e outras publicações do blog.
AS
CURVA DE JUROS DE:
a)
do dia 11/02/2017 (descendente);
b)
de 18/01/2016 (ascendente);
c)
no dia 21/12/2016 juro com vencimento em
2017 e 2021 ainda altos;
d)
no dia 0/02/2017 juro com vencimento em 2018 e 2021 curva já descendente.
Curva de juro de 09/02/2017 já descendente.
Curva de juro de 18/01/2016 ainda ascendente.
CURVAS DE JUROS DO DIA 09/02/2017 COM VENCIMENTO EM 2018 E 2021 (descendentes).
CURVAS DE JURO DO DIA 21/12/2016 COM VENCIMENTOS EM 2017 E 2021.
MAG 02/2017.