CRESCIMENTO
ECONÔMICO: RELAÇÕES COM CONSUMO, INVESTIMENTO, RENDA E JUROS.
Já é sabido que não
há taxa de juros, mesmo que negativa (+ i - % inflação = - i), capaz de fazer
crescimento sustentado e reanimar uma economia. A taxa de juro é apenas uma variável das mais
importantes, necessária, mas não o suficiente. Existe a inércia inflacionária
(conhecida pelos brasileiros) e a de preços (tipo uma inflação retardada,
diferente da reprimida). A inflação afeta o câmbio antes de afetar os
preços internos (inflação e câmbio são efeitos, são gêmeos, um afeta o outro). Não existe inflação que perdure sem expansão
monetária e demanda que a sustente.
EXPANSÃO MONETÁRIA: nos países que não
emitem moeda conversível (reserva) a expansão monetária acima do PIB potencial
é causa de inflação. Nunca aconteceu um processo inflacionário sem expansão
monetária e demanda que o sustentasse. A expansão monetária é causa de inflação
dependendo de cada país (e da conjuntura dos mesmos). O que aprendemos de novo
é que a expansão monetária sozinha não provoca crescimento nem inflação em país
que emite moeda reserva mundial (basta que a aceitação da moeda se expanda para
outros países).
POLÍTICA MONETÁRIA E CRESCIMENTO
SUSTENTADO:
A experiência demonstrou que a
política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a
parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda)
do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos
(aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de
outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das
atividades econômicas. A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com
certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A
contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão,
como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da
política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos
problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua
importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.
COMENTÁRIO SOBRE CRESCIMENTO ECONÔMICO:
Uma adequada Distribuição de Rendas,
a existência de Fatores de Produção (recursos naturais, capital,
trabalho, tecnologia), a Segurança Institucional do capital investido,
uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação,
vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas,
judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem
segurança), um Sistema Financeiro compatível que proporcione Segurança
para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do Consumo e
dos Investimentos, um sistema previdenciário que estimule a formação de
poupanças e que não permita privilégios, contas públicas transparentes com
publicações de balancetes mensais analíticos, gastos públicos improdutivos
(atividades meio) sejam o menor possível, são fatores importantes e que devem
ser analisados.
CRESCIMENTO ECONÔMICO CAUSAS:
a) existindo capacidade instalada ociosa,
estoques, fatores de produção não utilizados ou evolução tecnológica que
permita aumento de produção (produtividade), o aumento da liquidez pode
provocar aumento do PIB sem ocorrer inflação. Os monetaristas (e liberais)
aconselham que a moeda deve ter um crescimento conhecido e ter por limite de crescimento
o PIB POTENCIAL conhecido;
b) a melhoria da Distribuição da Renda
aumenta o Consumo (nível de atividades) e motiva investimentos, mas pode causar
inflação se não ocorrer aumento de produção (ou de importação);
c) taxas de juros de mercado menor que
a natural, ou taxa básica menor do que a de equilíbrio ou neutra eleva a
demanda sem causar inflação se existir capacidade de produção não utilizada
(fatores de produção livres);
d) emissão de moedas para fazer face a
gastos produtivos e necessários, aumenta a capacidade de produção;
e) entrada de divisas estrangeiras com
conversão para moeda local aumenta a liquidez (pode causar inflação);
f) aumento da procura global com
aumento da oferta global;
g) aumento de exportações;
h) FATORES DE PRODUÇÃO (pleno emprego)
- Não existindo pleno emprego dos fatores de produção (trabalho, capital,
recursos naturais, tecnologia), o aumento dos GASTOS DO GOVERNO (G) e dos Meios
de Pagamentos, direcionados a Investimentos eficazes e de maturação de médio
prazo, podem ser uma medida benéfica e de estímulo à economia (estimula a
procura global, os investimentos e a produção).
i) EFEITO ENRIQUECIMENTO -
Expectativas positivas e segurança quanto ao futuro podem aumentar o consumo e
investimentos (pode provocar aumentos de preços caso inexista aumento de
produção). A percepção de aumento de renda pessoal, provocada por valorizações
de ativos, etc., provoca sensação de segurança e aumento de consumo;
j) EFEITO EMPOBRECIMENTO -
Expectativas negativas, provocadas por desvalorizações de ativos (poupanças,
bolsas, imóveis, etc., provoca percepção de empobrecimento), e por taxas de
juros reais negativas (queda da renda de poupadores, de fundos de pensões,
etc.), provocam insegurança quanto ao futuro e podem induzir a redução de
consumo, de investimentos e queda de preços (paradoxo);
k) DESARMONIA ENTRE AS POLÍTICAS
FISCAL E MONETÁRIA (incluso a cambial) - Déficits públicos acima do aceitável (política
fiscal) puxam as taxas de juros de mercado para cima e exigem maior taxa básica
por parte da política monetária (um puxa para um lado, o outro, para outro),
influenciando negativamente as expectativas;
l) INSEGURANÇA NA MOEDA PÁTRIA: a
perda de segurança no poder de compra da moeda (juros negativos provocam perdas
nas poupanças e nos fundos para garantir aposentadorias e renda mensal) provoca
redução de consumo para aplicações em outros ativos (que não a moeda pátria
mais juros), podendo provocar bolhas nos preços de outros ativos. O furo da
bolha provoca crise e perdas. A redução do consumo reduz a pressão
inflacionária (paradoxo). Não tem sustentação a LP e provoca crise cambial e
desvalorização da moeda pátria e inflação a seguir (no segundo momento);
m) gastos improdutivos (necessários e
desnecessários) em percentual alto em relação à receita ou aos gastos
produtivos necessários reduz o PIB. O inverso é verdadeiro.
CONSUMO: RELAÇÕES COM RENDA, JUROS E
INFLAÇÃO. 04/2012
1) KEYNES: para Keynes o consumo
subiria de acordo com a renda. Maior a renda maior o consumo total, mas menor
em relação à renda.
2) IRVING FISHER: para Fisher o
consumo dependia da expectativa de renda e de vida.
3) MILTON FRIEDMAN: para Friedman o
consumo dependia da renda permanente (a renda que os agentes têm segurança de
que receberão).
4) MODIGLIANI: para Modigliani o
consumo é função da riqueza e da renda em relação à expectativa de vida.
5) MELHORIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA:
a melhoria na distribuição de renda (redução da concentração da renda) aumenta
o consumo no curto e no médio prazo (ou enquanto houver espaço para ela
ocorrer). O aumento do consumo induz o aumento dos investimentos (é o
crescimento da renda total = PIB).
6) O CONSUMO, A TAXA BÁSICA DE JURO, A
LIQUIDEZ (QUANTIDADE DE MOEDA) E A INFLAÇÃO: os monetaristas defendem o
princípio de que o aumento da liquidez (moeda) em proporção maior do que o
crescimento potencial do PIB provoca um aumento da demanda (C + I) no CP, das
expectativas de inflação e da inflação no médio ou longo prazo. Recomendam que
a liquidez tenha um aumento constante, não superior à capacidade de crescimento
do PIB (PIB potencial). Desaconselham altos e baixos no crescimento da moeda,
pois isto traz insegurança aos agentes e reduz a previsibilidade e os
investimentos. A taxa básica é a ferramenta mais eficaz dos BCs na redução do
excesso de liquidez (moeda) do mercado, por consequência reduz também as
expectativas de inflação (no processo a taxa básica será reduzida no segundo
momento). Uma taxa básica abaixo da adequada permitirá um aumento das
expectativas de inflação e necessidade de uma taxa maior no futuro para
combater os aumentos dos preços. Se a autoridade monetária deixar que a
liquidez aumente seguidamente em relação ao PIB potencial o processo
inflacionário instala-se.
7) CRISES: em um processo de aumento
de liquidez agravado com taxa de juro real ex-post negativa (a taxa real
ex-post fica menor do que a ex-ante, a inflação projetada fica sempre menor do
que a ocorrida), instala-se o processo inflacionário e a fuga da moeda mais
juros para ativos que não moeda (imóveis, moedas estrangeiras, ações, ouro,
etc.). Esta conjuntura artificial (aumento desproporcional de liquidez e juros
negativos) caminha para o processo de insegurança e furo da bolha dos preços
dos ativos que não moeda, trazendo redução da Previsibilidade para o mercado,
instalando-se um cenário que começa com a Desaceleração do Crescimento do PIB
provocada pela redução da riqueza (desvalorizações de ativos), passando para a
recessão, podendo chegar à depressão se não combatido adequadamente. O combate
à crise que se instala resume-se em impedir a quebra dos bancos, a redução da
liquidez (não confundir com aumentos excessivos), complementada por política
fiscal (aumento de gastos públicos não constantes e melhoria de distribuição de
renda). MAG 04/2012.
O RISCO DA
EXAUSTÃO TECNOLÓGICA (depreciações aceleradas, perda de capacidade de
concorrência da produção): o hiato do
produto (diferença positiva entre PIB potencial e o efetivo) = capacidade de
produção instalada não utilizada, e a capacidade de produção podem perder as
condições de concorrer se acontecer uma modernização acentuada de software,
hardware ou de sistema de produção. Exemplos: os teares antigos exigiam 1 funcionário
por tear para funcionar, os modernos exigiam 1 para controlar 50 teares. Os
motores (e outros componentes) a diesel tinham que ser revisados a cada 150.000
km, os modernos passaram a durar 1 milhão de km. Na área de informática as
inovações destrutivas ocorrem a cada dois anos. Isto significa que uma crise
que dure alguns anos torna a capacidade de produção da economia sem condições
de concorrer.
A DESVALORIZAÇÃO
CAMBIAL: outro fator positivo por um lado e
negativo por outro é a desvalorização cambial. Por um lado, reduz o preço em dólar
da produção interna exportável e sobe o das importações. As commodities exportáveis prefixadas em dólar
apenas aumentam os lucros dos produtores internos (e pressionam os preços
internos), já as importadas aumentam os preços internos em real. A desvalorização
cambial sobe os preços de importações de fatores de produção (maquinários,
software, sistemas e partes reexportáveis). Pode fazer a indústria nacional
perder capacidade concorrência.
A MÁGICA DO CRESCIMENTO SUSTENTADO:
taxa básica adequada, câmbio flutuante, gastos improdutivos pequenos em relação
aos produtivos, regulamentação que não iniba o ambiente de negócios (que
facilite e motive), um sistema financeiro sólido e seguro, linhas de
financiamento de LP, facilidade de importações de tecnologias e de fatores de
produção (maquinários, sistemas e partes para reexportar).
FORMAÇÃO DE EXPECTATIVAS
POSITIVAS: instituições políticas (legislativo e executivo) que passem
segurança e previsibilidade, Banco Central e Ministério da Economia e Planejamento
que passem segurança e previsibilidade, mídia propositiva positiva (a mídia
negativa dificulta a formação de expectativas positivas). Segurança cambial para
investidores externos. O medo de perda cambial afasta investimentos. Tributação
adequada a concorrer com principais concorrentes externos na captação de
investimentos. 29/02/2020.