segunda-feira, 18 de junho de 2012

ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO?


ESTABILIDADE MONETÁRIA É CONDIÇÃO NECESSÁRIA PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO?
Para os economistas monetaristas sim (necessária, mas não o suficiente). Pela análise das funções da moeda podemos ter um entendimento razoável. A moeda foi uma criação do mercado destinada a facilitar as negociações. Para isto é necessário que ela cumpra as funções de: 
a) Reserva de Valor (poupanças); 
b) Unidade de Medida (o metro, a unidade de medida que permite que os produtos e serviços sejam valorizados e negociados); 
c) Meio de Pagamento (a compra de produtos e serviços com uma unidade de medida que pode ser guardada com facilidade como reserva de valor). 

É a obediência às suas funções que fazem da Moeda uma das maiores criações da humanidade, a facilidade de negociações e de formação de mercados confiáveis. Deixando a moeda de obedecer a uma das funções ela perde seu poder, vejamos: deixando de obedecer à função de Reserva de Valor (a inflação reduz o poder desta função) ela deixa de prestar-se como Unidade de Medida para negócios a médio e longos prazos (vendas e financiamentos). Tem de ser substituída por outra medida de valor. Se pequena a inflação (perda de poder de compra da moeda) a taxa de juros nominal substitui a função de unidade de medida para negócios a médio e longo prazos. Sendo maior o processo inflacionário a insegurança (imprevisibilidade) exige que outra unidade de medida substitua a moeda. No caso os índices de inflação substituem a moeda como medida de valor (funciona como outra moeda). A experiência demonstrou que nestes casos o processo inflacionário caminha para a ESTAGFLAÇÃO. Inflação sem ou com baixo crescimento (é a falta do cumprimento da função de Reserva de Valor pela moeda que dificulta e reduz os negócios). A inflação fica ascendente criando o que se denominou de inércia inflacionária (memória inflacionária), processo extremamente difícil de ser revertido. Exige longo tempo com baixo crescimento para a eliminação da memória e da inércia inflacionária.
DEMAGOGIAS MONETÁRIAS: fácil entender que o excesso de monetização em um primeiro momento reduz as taxas de juros de mercado e aumenta as atividades. Fácil também entender que este artificialismo populista (tomado sempre em vésperas de eleições) desequilibra o crescimento harmonioso entre a oferta e a demanda (a velocidade da demanda fica superior ao da oferta). O mercado substitui este desequilíbrio com o aumento dos preços (a inflação). A inflação reduz o poder de compra de todos (mais dos salários), por extensão reduz o tamanho do mercado e o crescimento. Fácil entender que apesar de provocar um crescimento artificial no início, trás desequilíbrios que terão que ser corrigidos com esforço superior às benesses iniciais. Podemos concluir que o crescimento sustentado exige um ambiente com estabilidade monetária (necessário, mas sozinho não o suficiente). Por extensão podemos condenar a inflação como um empecilho ao processo de crescimento sustentado.   

2 comentários:

  1. Muito pertinente esse artigo,sobre a necessidade da estabilidade monetária no momento atual de discussões sobre a sustentabilidade ambiental da Nação...
    Oportuno que haja reflexão econômica visando esta almejada estabilidade, necessária à sustentabilidade e equilíbrio harmonioso na sociedade atual...
    Que os governantes responsáveis por nossa economia dêem valor à esse necessário tópico...
    Precisa-se mais ação dos economistas ativos no nosso governo...

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  2. Há 6 anos. 27/06/2015. Marco Aurélio Garcia.
    ADROALDO MOURA DA SILVA (economista) na belíssima apresentação da edição brasileira do livro TEORIA GERAL DE KEYNES (1985), NOVA CULTURAL: "Não se encontra no Teoria Geral a solução para a questão inflacionária." "Hoje sabemos que nem todo déficit público é saudável." "A teoria keynesiana privilegia as flutuações do nível de emprego e o controle da demanda efetiva. A teoria clássica privilegia a estabilidade de preços e o controle monetário."
    Antes de Keynes os gastos dos governos giravam entre 10% e 25% do PIB, após entre 25% e 60%. A primeira edição que li é de 1964, Editora Fundo de Cultura.

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