DEMANDA POR CRÉDITO, TAXA BÁSICA DE JURO, JURO DE MERCADO DE CP E DE
LP.
Existe uma relação de causa e
efeito entre a taxa básica de juro e os juros de mercado de CP e de LP. A taxa
básica por ser de CP quando aumentada para um nível acima da neutra (natural ou
de equilíbrio) tem os seguintes efeitos: influencia as expectativas de
inflação, reduzindo-a, sobe os juros de mercado de CP e abaixa os de LP (se a
previsão de inflação cai, caem também os juros de LP). Se fixada abaixo da
neutra, sobe a expectativa de inflação e os juros de mercado de LP. Um BC
acreditado faz com que a necessidade de taxa básica para influenciar as expectativas
de inflação seja menor (as comunicações do BC, se acreditadas, ajudam a
influenciar positivamente as expectativas de inflação antes de atingir a taxa
neutra). No caso atual o BC deixou transparecer que iria subir a Selic (taxa
básica de juro), o mercado como sempre faz se antecipou e subiu as taxas de
juros de mercado de CP (se a Selic é uma taxa de CP e o BC anuncia que irá
subi-la claro que o mercado também sobe). A taxa de juro de mercado de LP cai
se a expectativa de inflação cair. Na conjuntura atual a Selic teria que subir
para 15,25% (no mínimo) para ter um forte efeito sobre a expectativa de
inflação e os juros de mercado de LP. Com um BC acreditado bastaria que ele
anunciasse que iria subir a taxa básica até o necessário para que os efeitos se
iniciassem imediatamente e com o primeiro aumento de 0,5% (antes de atingir os
15,25%) a queda dos juros de mercado de LP seriam substanciais. Como este BC
não é acreditado pelo mercado (participou da campanha eleitoral com as onerosas
operações de swaps cambiais), os aumentos da taxa básica precisam ser maiores
para conseguir os efeitos sobre a inflação e os juros de LP.
Se os empresários estão
inseguros a previsibilidade baixa e os investimentos caem (estão quase parados).
O medo do desemprego desestimula o endividamento pelas famílias. A demanda de
duráveis cai (os preços acompanham). Os preços dos outros produtos acompanharão
os aumentos dos salários e aposentadorias. Apesar da redução da demanda por
crédito os juros não caíram nem cairão. Por que? Expectativa de aumento da
inflação. MAG 01/2016.
Wicksell ensinou que um processo inflacionário se constata quando
a taxa natural de juros (neutra, de equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A
causa dos processos inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao
natural (neutro ou de equilíbrio).
Fisher complementa o raciocínio introduzindo o conceito
de comparação entre os juros de mercado (nominal, ex-ante, fruto das
expectativas de inflação, efetivamente planejado.), com o juro acontecido
(real, ex-post, efetivamente realizado.). Se as expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o
pior dos mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a
expectativa de que os preços continuarão a subir.
A CRISE AMERICANA (SUBPRIME). Publicado em 23/12/2007.
No site http://www.magconsultoria.uaivip.com.br/artigos.htm#15)
A CRISE AMERICANA - CORRELAÇÃO COM A POLÍTICA MONETÁRIA.
O FEDERAL RESERVE (autoridade
monetária americana) fixou a taxa básica, Fed Funds, excessivamente
expansionista (diferença Fed Fund x T Note 5) por tempo demasiado (2002 a 2005).
Apesar disto a inflação doméstica não subiu, pois o mundo absorveu o excesso de
dólares (não aconteceu excesso de monetização interna). O aumento do consumo
foi satisfeito por aumentos das importações (os preços não subiram). Mas o
excesso de dólares no mundo provocou a inflação de demanda mundial das
commodities (a China e outros tigres asiáticos seguraram a inflação de
industrializados por algum tempo), que está sendo importada pelos USA somente
agora. Como não era possível importar moradias e as taxas de juros estavam
muito baixas, os preços dos imóveis subiram acima da inflação (a bolha se
formou aí). Quando o FED subiu a taxa básica elevando-a até 5,25%, em excesso e por tempo
demasiado, 06/2006 a 08/2007, a
bolha furou rapidamente (o que já estava acontecendo, sabido por poucos, há uns
dois anos). Aparentemente a básica deveria ter ido apenas até 4% e por tempo
menor. Os efeitos se fizeram sentir nos preços dos imóveis que subiram muito mais
do que a inflação (a taxa básica baixa, 2002
a 2005, provocou fuga da moeda que não conseguia cumprir sua função de
reserva de valor, a bolha se formou em imóveis e outros ativos). Some-se a isto
o efeito do aumento das taxas de juros nas prestações dos imóveis (a renda dos
americanos não subiu). É uma crise de solvência que vai alastrar-se mais ainda e
transformar-se em crise de liquidez (isto foi distribuído para o mundo todo,
afetando mais os mais ricos e os que aceitaram riscos maiores). Apesar da
inflação mundial começar a ser importada somente agora pelos USA o FED foi
obrigado a reduzir a taxa de redesconto e a básica para evitar um risco
sistêmico (mesmo assim ela ainda está acima da imlp). O BC Europeu foi obrigado
a socorrer seus bancos (afetados pela crise de liquidez). A crise poderá ter um
curso suave, mas longo (redução do crescimento), ou mais grave (recessão). O
Brasil será afetado pela redução da demanda mundial, que será afetada pela
redução da americana. A Selic terá que ser fixada pelo menos 0,15% acima da
imlp (portanto terá que subir) para que evitemos uma crise semelhante. O Real
poderá sofrer um pequeno ajuste (adequar-se à nova realidade). Obs:
Greenspan ficou no Fed de 1987 ao início de 2006, quando assumiu
Ben Bernanke. MAG 23/12/2007.
USA
- SALDO FISCAL, Fed Funds e T Note de 5 anos (1º dia mês).
Ano
|
Em % do PIB
|
Fed Funds
|
T Note
5 Years
|
PRES.
|
||||
Rec.
|
Desp.
|
Saldo
|
Jan.
|
Dez.
|
Jan.
|
Dez.
|
||
2000
|
20,8
|
18,4
|
2,4
|
5,43
|
6,4
|
6,58
|
5,17
|
CLINTON
|
2001
|
19,5
|
18,2
|
1,3
|
5,98
|
1,82
|
4,86
|
4,39
|
CLINTON
|
2002
|
17,5
|
19,0
|
-1,5
|
1,73
|
1,24
|
4,34
|
3,03
|
BUSH
|
2003
|
16,2
|
19,7
|
-3,4
|
1,24
|
0,98
|
3,05
|
3,27
|
BUSH
|
2004
|
16,1
|
19,6
|
-3,5
|
1,0
|
2,16
|
3,12
|
3,60
|
BUSH
|
2005
|
17,3
|
19,9
|
-2,6
|
2,28
|
4,16
|
3,71
|
4,39
|
BUSH
|
2006
|
18,0
|
19,9
|
-1,9
|
4,29
|
5,24
|
4,35
|
4,53
|
BUSH
|
2007
|
18,5
|
19,6
|
-1,1
|
5,25
|
4,24
|
4,75
|
3,49
|
BUSH
|
2008
|
17,5
|
20,7
|
-3,2
|
2,98
|
0,25
|
2,98
|
1,52
|
BUSH
|
2009
|
14,9
|
25,0
|
-10,1
|
0,25
|
0,25
|
1,60
|
2,34
|
BUSH
|
2010
|
14,9
|
23,8
|
-8,9
|
0,25
|
0,25
|
2,48
|
2,03
|
OBAMA
|
2011
|
0,25
|
2,02
|
OBAMA
|
COMMODITIES - PREÇOS
US$.
DATAS
|
Fed
funds
|
OURO
|
PETR.
Brent.
|
Milho
|
Café
|
Soja
|
Suco
Laran.
|
Açucar
|
Trigo
|
2002
|
1,25%
|
348,2
|
28,66
|
235,75
|
60,2
|
569,5
|
91,75
|
7,61
|
325,0
|
2003
|
1,00
|
416,1
|
30,17
|
246,0
|
64,95
|
789,0
|
60,75
|
5,67
|
377,0
|
2004
|
2,25
|
438,4
|
40,46
|
204,75
|
103,75
|
547,75
|
86,1
|
9,04
|
307,5
|
2005
|
4,25
|
518,9
|
58,98
|
215,75
|
107,1
|
602,0
|
125,2
|
14,68
|
339,3
|
2006
|
5,25
|
638,0
|
60,86
|
390
|
126
|
683,5
|
201,3
|
11,75
|
501,0
|
2007
|
4,25
|
838,0
|
93,85
|
455,5
|
136,2
|
1199
|
143,6
|
10,82
|
885,0
|
2008
|
0,25
|
884,3
|
45,59
|
407,0
|
112,05
|
972,25
|
68,55
|
11,81
|
610,8
|
2009
|
0,25
|
1096,2
|
77,93
|
414,5
|
135,95
|
1039,8
|
124,0
|
26,95
|
541,5
|
2010
|
0,25
|
1421,4
|
94,75
|
629,0
|
240,5
|
1393,8
|
172,35
|
32,12
|
794,3
|
2011
|
0,25
|
1566,8
|
107,38
|
646,5
|
226,85
|
1198,5
|
169,0
|
23,30
|
652,75
|
2012
|
0,25
|
1675,8
|
111,11
|
698,25
|
143,80
|
1418,7
|
116,05
|
19,51
|
778,0
|
2013
|
0,25
|
1202,3
|
110,80
|
422,00
|
110,70
|
1312,5
|
136,45
|
16,41
|
605,25
|
2014
|
0,25
|
1184,10
|
57,33
|
397,00
|
166,60
|
1019,25
|
140,25
|
14,52
|
589,75
|
2015
|
0,25
|
1065,20
|
37,28
|
358,75
|
126,70
|
871,25
|
140,00
|
15,24
|
470,00
|
% ano
|
x
|
-10,46
|
-34,97
|
-9,63
|
-23,95
|
-14,52
|
-0,04
|
4,96
|
-20,31
|
% 12 meses
|
x
|
-10,46
|
-34,97
|
-9,63
|
-23,95
|
-14,52
|
-0,04
|
4,96
|
-20,31
|
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