domingo, 31 de janeiro de 2016

MÁXIMAS DE ECONOMIA MONETÁRIA PARA LEIGOS.

MÁXIMAS DE ECONOMIA MONETÁRIA PARA LEIGOS.

“Se os juros reais ex-post (acontecidos) são negativos e menores do que os ex-ante (previstos) acontece a perda de poder de compra da moeda mais juros (os poupadores aplicadores passam a ter renda negativa). A taxa de juro perde o poder de ancorar as expectativas inflacionárias.”

“A expansão monetária acima da capacidade de crescimento da economia (PIB potencial) é causa de inflação. Os aumentos dos preços são consequência.”

“A estabilidade monetária (do poder de compra da moeda) é condição necessária, mas não o suficiente, para o crescimento econômico sustentado.”

“A taxa básica adequada surte efeitos sobre as expectativas de inflação e os juros pré de mercado de longo prazo, reduzindo-os (a parte longa da curva de juros fica descendente).”

“Câmbio administrado e artificial é causa de crise de balanço de pagamentos.”

“Superávit fiscal (primário e nominal) tem como efeito queda da dívida pública, da taxa de juro de mercado, das expectativas de inflação e da necessidade de taxa básica.”

POPULISMO E IGNORÂNCIAS SOBRE A RELAÇÃO INFLAÇÃO X TAXA BÁSICA DE JUROS.

Inflação ajuda no crescimento. A VERDADE: apenas após um período de ajustes esta demagogia surte efeito, mesmo assim tem tempo de duração e após vem a crise.

Desvalorização cambial administrada e artificial ajuda as exportações e o parque industrial.  A VERDADE: é um subsídio que tem que ser sustentado por tributos (contribuintes e consumidores), aumenta os preços internos e reduz a demanda. Ajuda apenas no curto prazo (no primeiro momento). A longo prazo é insustentável e desmotiva a melhoria contínua do parque industrial. O parque industrial fica acomodado, não busca ganhos de competitividade, fica sempre pedindo mais subsídios.

WICKSELL – FISHER - GREENSPAN.

Wicksell escreveu que um processo inflacionário se constata quando a taxa natural de juros (neutra, de equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao natural.

Fisher complementa o raciocínio introduzindo o conceito de comparação entre os juros de mercado (nominal, ex-ante, fruto das expectativas de inflação, efetivamente planejado), com o juro acontecido (real, ex-post, efetivamente realizado). Se as expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o pior dos mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a expectativa de que os preços continuarão a subir.

Alan Greenspan:  “Ao longo dos anos 90 fiquei muito impressionado com a facilidade com que passamos a influenciar, com a política monetária, a taxa de juros de longo prazo. Ficou mais fácil cumprir a missão.”

FUNÇÕES DA MOEDA (uma das maiores criações da humanidade).

A política monetária  (gerenciamento da moeda)  deve ter como missão respeitar as funções da moeda:
a) RESERVA DE VALOR:  permite formação de mercados de poupanças,  empréstimos e investimentos (a longo prazo), em consequência o desenvolvimento sustentado.
b) UNIDADE DE MEDIDA: permite ao mercado precificar o valor dos bens e serviços, facilitando negócios e o desenvolvimento.  
c) MEIO DE PAGAMENTO (instrumento de troca): facilita negociações permitindo que se formem mercados e em consequência ocorra o desenvolvimento.

A RELAÇÃO JUROS (reais, nominais), ATIVIDADES e INFLAÇÃO.

A política monetária, em resumo, estuda a conjuntura passada, presente e suas ações sobre a conjuntura prospectiva. O BC procura manter o poder de compra da moeda e evitar volatilidades excessivas atuando sobre as variáveis controláveis sobre as quais tem poder:
1) Administração das taxas de juros (básica x de mercado de CP e de LP);
2) Depósitos compulsórios;
3) Compra ou venda de títulos públicos (aumentar ou reduzir a liquidez);
4) Compra ou venda de moedas inclusive atuação em mercados futuros (câmbio);
5) I. O. F. = Imposto sobre Operações Financeiras.

Diferente do que muitos pensam a ação do BC é limitada à fixação da Taxa Básica de Juros (Selic no Brasil, sua principal e mais potente ferramenta) e seus efeitos sobre as expectativas de inflação e os seus reflexos sobre os juros de mercado de CP e de LP. A taxa básica atua inicialmente sobre os juros que poupadores (todos os que recebem renda mensal e que têm poupança, trabalhadores representam a maior parte) recebem por suas aplicações. Influencia também os juros para os consumidores e investidores, os de CP, os de LP e a motivação para gastar ou poupar (postergar demanda). Juros abaixo da taxa neutra ou negativos desestimulam a poupança, antecipam a demanda (bens de consumo ou ativos para substituir a moeda como reserva de valor).

A taxa básica acima da neutra estimula a postergação de gastos, reduz atividades, expectativas de inflação e os juros de mercado de LP (reduz o custo de captação para novos investimentos e para o TN).    
A taxa básica abaixo da neutra só deve ser fixada se as expectativas de inflação estiverem dentro da meta.  

Se o BC aumentar a liquidez (monetizar a economia) com expectativas de inflação acima da meta o processo inflacionário irá se agravar. Como ensinou Fisher: a inflação alimenta a expectativa de que os preços continuarão a subir. As taxas de juros de CP caem e no primeiro momento as de LP também poderão ceder (dependendo do volume), mas no segundo o processo inflacionário irá se agravar. É o tal de populismo demagógico.

RECESSÃO (atividades caindo), INFLAÇÃO ASCENDENTE (a curva de juros ascendentes na parte longa) E JUROS DE MERCADO CAINDO: esta conjuntura acontece com autoridades que não consigam passar credibilidade para a política econômica (fiscal, cambial e monetária). Este quadro normalmente acontece após ou durante uma política econômica populista (desenvolvimentista). Com a queda das atividades e a insegurança cambial, fiscal e monetária, a demanda por crédito reduz e com a manutenção dos aumentos de liquidez os juros de mercado podem cair. A curva de juro se desloca para baixo, mas a tendência continua ascendente. É semelhante ao que Wicksell escreveu: A causa dos processos inflacionários são os juros de mercado baixos em relação ao natural (neutro ou de equilíbrio). É o que iniciou no Brasil a uns dias. A curva de juros se deslocou para baixo, mas a tendência continuou muito ascendente. MAG 02/2016. 



Um comentário:

  1. A crise está piorando. A curva de juros é um retrato das expectativas. A análise deve ser feita sobre a tendência da curva, o movimento ao longo da mesma (ascendente, descendente) que demonstra as expectativas de inflação, e o movimento dela, para cima ou para baixo (o deslocamento da curva). O deslocamento para baixo indica queda de atividades, agravamento da recessão.

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