MÁXIMAS DE ECONOMIA
MONETÁRIA PARA LEIGOS.
“Se
os juros reais ex-post (acontecidos) são negativos e menores do que os ex-ante
(previstos) acontece a perda de poder de compra da moeda mais juros (os
poupadores aplicadores passam a ter renda negativa). A taxa de juro perde o
poder de ancorar as expectativas inflacionárias.”
“A
expansão monetária acima da capacidade de crescimento da economia (PIB
potencial) é causa de inflação. Os aumentos dos preços são consequência.”
“A estabilidade
monetária (do poder de compra da moeda) é condição necessária, mas não o
suficiente, para o crescimento econômico sustentado.”
“A taxa básica
adequada surte efeitos sobre as expectativas de inflação e os juros pré de
mercado de longo prazo, reduzindo-os (a parte longa da curva de juros fica descendente).”
“Câmbio
administrado e artificial é causa de crise de balanço de pagamentos.”
“Superávit
fiscal (primário e nominal) tem como efeito queda da dívida pública, da taxa de
juro de mercado, das expectativas de inflação e da necessidade de taxa básica.”
POPULISMO E IGNORÂNCIAS SOBRE A RELAÇÃO INFLAÇÃO X TAXA BÁSICA
DE JUROS.
Inflação ajuda no crescimento. A VERDADE: apenas após um período de
ajustes esta demagogia surte efeito, mesmo assim tem tempo de duração e após
vem a crise.
Desvalorização cambial administrada e artificial ajuda as exportações e o parque industrial. A VERDADE:
é um subsídio que tem que ser sustentado por tributos (contribuintes e
consumidores), aumenta os preços internos e reduz a demanda. Ajuda apenas no
curto prazo (no primeiro momento). A longo prazo é insustentável e desmotiva a
melhoria contínua do parque industrial. O parque industrial fica acomodado, não
busca ganhos de competitividade, fica sempre pedindo mais subsídios.
WICKSELL – FISHER - GREENSPAN.
Wicksell escreveu que um
processo inflacionário se constata quando a taxa natural de juros (neutra, de
equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos inflacionários
são os juros de mercado baixos em relação ao natural.
Fisher
complementa o raciocínio introduzindo o conceito de comparação entre os juros
de mercado (nominal, ex-ante, fruto das expectativas de inflação, efetivamente
planejado), com o juro acontecido (real, ex-post, efetivamente realizado). Se as expectativas de inflação são maiores do que
os juros de mercado é o pior dos mundos para o processo inflacionário. Para ele
a inflação alimenta a expectativa de que os preços continuarão a subir.
Alan
Greenspan: “Ao
longo dos anos 90 fiquei muito impressionado com a facilidade com que passamos
a influenciar, com a política monetária, a taxa de juros de longo prazo. Ficou
mais fácil cumprir a missão.”
FUNÇÕES
DA MOEDA (uma das maiores criações da humanidade).
A política monetária (gerenciamento da moeda)
deve ter como missão respeitar as funções da moeda:
a) RESERVA DE VALOR: permite formação de
mercados de poupanças, empréstimos e investimentos (a longo prazo), em
consequência o desenvolvimento sustentado.
b) UNIDADE DE MEDIDA: permite ao mercado
precificar o valor dos bens e serviços, facilitando negócios e o
desenvolvimento.
c) MEIO DE PAGAMENTO (instrumento de troca): facilita
negociações permitindo que se formem mercados e em consequência ocorra
o desenvolvimento.
A RELAÇÃO
JUROS (reais, nominais), ATIVIDADES e INFLAÇÃO.
A política monetária, em resumo, estuda
a conjuntura passada, presente e suas ações sobre a conjuntura prospectiva. O BC
procura manter o poder de compra da moeda e evitar volatilidades excessivas atuando
sobre as variáveis controláveis sobre as quais tem poder:
1) Administração das taxas de juros (básica x de mercado
de CP e de LP);
2) Depósitos
compulsórios;
3) Compra ou venda
de títulos públicos (aumentar ou reduzir a liquidez);
4) Compra ou venda
de moedas inclusive atuação em mercados futuros (câmbio);
5) I. O. F. =
Imposto sobre Operações Financeiras.
Diferente do que muitos
pensam a ação do BC é limitada à fixação da Taxa Básica de Juros (Selic no Brasil,
sua principal e mais potente ferramenta) e seus efeitos sobre as expectativas
de inflação e os seus reflexos sobre os juros de mercado de CP e de LP. A taxa básica
atua inicialmente sobre os juros que poupadores (todos os que recebem renda
mensal e que têm poupança, trabalhadores representam a maior parte) recebem por
suas aplicações. Influencia também os juros para os consumidores e
investidores, os de CP, os de LP e a motivação para gastar ou poupar (postergar
demanda). Juros abaixo da taxa neutra ou negativos desestimulam a poupança, antecipam a demanda (bens de consumo ou ativos para substituir a moeda como reserva de valor).
A taxa básica
acima da neutra estimula a postergação de gastos, reduz atividades, expectativas
de inflação e os juros de mercado de LP (reduz o custo de captação para novos
investimentos e para o TN).
A taxa básica
abaixo da neutra só deve ser fixada se as expectativas de inflação estiverem
dentro da meta.
Se o BC aumentar a liquidez (monetizar a economia) com expectativas de inflação
acima da meta o processo inflacionário irá se agravar. Como ensinou Fisher: a inflação alimenta a expectativa de que os preços
continuarão a subir. As taxas de juros de CP caem e no primeiro momento as
de LP também poderão ceder (dependendo do volume), mas no segundo o processo inflacionário
irá se agravar. É o tal de populismo demagógico.
RECESSÃO (atividades caindo), INFLAÇÃO ASCENDENTE
(a curva de juros ascendentes na parte longa) E JUROS DE MERCADO CAINDO: esta conjuntura acontece com autoridades que não
consigam passar credibilidade para a política econômica (fiscal, cambial e
monetária). Este quadro normalmente acontece após ou durante uma política
econômica populista (desenvolvimentista). Com a queda das atividades e a insegurança
cambial, fiscal e monetária, a demanda por crédito reduz e com a manutenção dos
aumentos de liquidez os juros de mercado podem cair. A curva de juro se desloca
para baixo, mas a tendência continua ascendente. É semelhante ao que Wicksell
escreveu: A causa dos processos inflacionários são os juros de mercado
baixos em relação ao natural (neutro ou de equilíbrio). É o que iniciou
no Brasil a uns dias. A curva de juros se deslocou para baixo, mas a tendência
continuou muito ascendente. MAG 02/2016.
A crise está piorando. A curva de juros é um retrato das expectativas. A análise deve ser feita sobre a tendência da curva, o movimento ao longo da mesma (ascendente, descendente) que demonstra as expectativas de inflação, e o movimento dela, para cima ou para baixo (o deslocamento da curva). O deslocamento para baixo indica queda de atividades, agravamento da recessão.
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