domingo, 9 de agosto de 2015

GASTOS PÚBLICOS: EFEITOS DE AUMENTOS.


GASTOS PÚBLICOS: EFEITOS DE AUMENTOS.

CONSIDERANDO A CONJUNTURA DOMÉSTICA COM OS DADOS A BAIXO:

      a)      saldo negativo na conta externa Transações Correntes excessivamente alto;
      b)      saldo Fiscal nominal negativo (em ascensão);
      c)       taxa básica real de juros ex-post (líquida de IRF e de inflação) negativa (passando para positiva com os aumentos da Selic);
      d)      fluxo cambial financeiro e final negativos;
      e)      BC com swaps cambiais de mais de US$ 100 bi, e prejuízo de R$ 57 mi., acumulado até julho;
      f)       a moeda pátria desvalorizando acima de todas as previsões;      
      g)      PIB = C + I + G + E – M;
      h)      Inflação acima da meta (mensal e anual). Itens de preços pesquisados 65% subindo.

PERGUNTA-SE: quais os efeitos de um incremento no G, que aumente o déficit primário e (ou não) o nominal, na conjuntura? Que variáveis serão afetadas e como? E o PIB?

FINANCIADO COM EMISSÃO DE MOEDA:

Ocorrerá um aumento da demanda (e da quantidade de moeda) que poderá ser atendida por aumento da produção interna ou de importações. Dependerá da taxa de utilização da capacidade instalada que não acelera a inflação e de pontos de estrangulamento (energia elétrica, por exemplo). O processo inflacionário poderá agravar-se. O fluxo cambial deverá aumentar o saldo negativo. As importações poderão subir para atender o aumento da demanda doméstica e as exportações reduzirem (preferência por atender o mercado interno). O saldo em Transações Correntes aumentará o negativo. O real desvalorizará mais ainda.  A tendência será: após o agravamento do processo inflacionário, o retorno da hiperinflação, o agravamento do quadro recessivo e das contas externas.  A Selic terá que ser aumentada para minorar o quadro inflacionário. A LP a crise será muito mais difícil de debelar.

FINANCIADO COM CAPTAÇÕES NO MERCADO.

As taxas de juros de mercado subirão pelo aumento das captações do TN. O aumento dos gastos do governo (G), será equivalente ao reduzido da iniciativa privada (C + I). Como o governo gasta mal, será prejudicial à economia. A dívida mobiliária interna pública aumentará (e o custo de captação do TN). Para que as taxas de juros de mercado de LP tenham tendência declinante, a Selic terá que subir. 

MAG 08/2015

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

CÂMBIO, PARA ONDE VAMOS?


CÂMBIO, PARA ONDE VAMOS?

Câmbio é resultado de causas internas e externas (abaixo um resumo bastante completo):

CAUSAS INTERNAS:
a) Saldos dos Balanços Comercial, Serviços e Rendas, Transações Correntes, Conta Capital e Financeira, Dívida Externa, Reservas, Fluxo Cambial Comercial, Financeiro e Total;
b) Exposição do BC em Swaps Cambiais;
c) Posição de Câmbio dos Bancos;
d) Histórico das variações Cambiais.
e) Política Monetária adequada ou frouxa;
f) Política Fiscal sustentável em relação à divida interna ou não (saldos primário e nominal);
g) Dívida Pública interna (líquida e bruta).

CAUSAS EXTERNAS: 
a) Política Monetária do Fed e do BCE (taxas básicas de juros). O aumento da taxa básica do Fed deverá provocar influxo de divisas;
b) Preços das commodities exportadas e importadas pelo Brasil;
d) Liquidez mundial;
e) PIB dos USA, Zona do EURO, China e Japão;
f) Conjuntura dos países do Mercosul e da América Latina;
e) Aversão a riscos.

No quadro abaixo podemos constatar:
a) o saldo do Balanço Comercial passou rapidamente de negativo para positivo (resultado da política monetária responsável que o BC passou a adotar);
b) o saldo negativo das contas de Serviços e Rendas está reduzindo;
c) o saldo negativo da conta Transações Correntes está reduzindo;
d) a conta Capital e Financeira continua positiva;
e) a dívida externa pública baixa, a maior parte é entre empresas (normalmente Matriz e Filial), em relação às Reservas;
f) O Fluxo cambial Comercial está positivo (acompanhando o Bal. Comercial) e o Financeiro passou a ficar fortemente negativo (aversão à perdas com desvalorização cambial, reforçadas por saldo fiscal primário possivelmente negativo e instabilidade política);
g) o BC, corretamente, parou de fazer novas operações de swaps cambiais (na verdade está reduzindo aos poucos), mas terá que absorver o prejuízo das mesmas, que é contabilizado como custo financeiro (afeta o saldo fiscal nominal);
h) a posição de câmbio dos bancos está vendida, o que pode significar que não estão dispostos a apostar contra o real (devem ser operações de proteção);
i) o dólar valorizou 13,39% em 2014 e 27,78% em 2015 até julho.

RESUMO: o real deixará de desvalorizar se as expectativas da inflação cederem mais fortemente (na minha opinião a inflação vai ceder) e a taxa de juro real ex-ante ficar mais atrativa do que a possível valorização do dólar. Se o saldo do Balanço Comercial surpreender mais positivamente do que já está. Se a alta do juro básico do Fed não ocorrer ou ocorrer muito baixa e sem viés de alta. Se alguma notícia positiva ocorrer quanto ao saldo fiscal (algum acordo político). Se a política monetária responsável for mantida. Se o BC não arriscar-se em operações artificiais de defesa do real.

  CONTAS EXTERNAS

TÍTULOS
2014 01/15 02/15 03/15 04/15 05/15 06/15 07/15 2015
1) BAL. COMERCIAL
-6248 -3172 -2842 457 491 2761 4527 2379 4599
1 A) BAL. SERV. E RENDAS -88940 -7577 -4195 -5967 -7262 -6084 -7176 -40346
2) TRANS. CORRENTES
-104835 -10654 -6879 -5736 -6091 -3366 -2547 -38282
3) Conta Capital e Financ. 
100129 10835 7570 5183 6794 3204 2299 36566
4) DIV. EXTERNA bi.
554,7 558,2 557,8 555,5 562,3 559 555 555
5) RESERVAS Caixa milhões
363551 361767 362547 362744 364473 366647 368668 362252 362252
5.1) RESERVAS Liquidez 374051 372167 372147 371044 372973 371697 372168 370752 370752
6) FLUXO CAMB. Total saldo
-9287 3903 -1142 2003 13107 -2077 -4694 -3935 7165
6.1) Fluxo Comercial saldo
4137 -215 567 -71 3112 3483 2935 4441 14252
6.2) Fluxo Financeiro saldo
-13424 4118 -1710 2074 9995 -5560 -7629 -8376 -7088
9) Swaps BC R$
284959 304108 320003 358225 342371 356600 336938 367169 367169
9.1) Resultado R$ -17239 10781 -27292 -34512 31829 -22065 8125 -23906 -57042
9.2) Swaps BC US$ 109588 118125 112756 114918 112825 112870 110819 108182 108182
10) Posição Câmbio Bancos
V28261 V24424 V25868 V23830 V10528 V12846 V17464 V21689 V21689
11) VAR. Cambial US$
13,39 0,23 8,11 11,46 -6,68 6,19 2,40 9,39 27,78

DÍVIDA EXTERNA

Título 2009 2010 2011 2012 2013 2014 06/2015
9- Dívida Ext . 282,3 350,44 402,4 441,8 485 554,7 554,9
   9.1- Pública 77,1 83,60 62,3 67,3 70,8 75,3 75,8
   9.2- Privada 125,4 172,07 235,1 249,6 241,2 272,4 269,4
   9.3- Entre Empresas 79,8 94,77 105,0 124,9 173 207 209,7
mageconomia 08/2015.

domingo, 2 de agosto de 2015

A SELIC E SEUS EFEITOS SOBRE A INFLAÇÃO E O CUSTO DA DÍVIDA DO TN.

A SELIC E SEUS EFEITOS SOBRE A INFLAÇÃO E O CUSTO DA DÍVIDA DO TN.

Diferente do que muitos escrevem, inclusive economistas, a Selic (taxa básica do BC) abaixo da adequada aumenta o custo da dívida. A Selic é uma taxa de juros de cp, controlada pelo COPOM (comitê de política monetária) – BC (Banco Central), podendo ser mudada de acordo com a tendência da inflação. É a ferramenta mais eficiente no combate à inflação. O TN vende títulos corrigidos pela taxa Selic por ser de seu interesse e também a de menor custo do mercado.
COMPOSIÇÃO % DA DPMFI (DÍV. PÚBL. MOB. FED. INT.).
Datas
12/2010
08/2015
Títulos
Valor
%
Valor
%
Pre-fixados
608,3
37,9
1103,9
43,26
SELIC
521,71
32,5
571,75
22,40
ÍNDICES
451,30
28,1
859,22
31,99
V. Cambial
9,17
0,57
17,05
0,67
TR
13,40
0,84
0
0
TOTAL TN
1603,94
100
2551,97
100
Carteira BC
703,2
43,8
1139,6
44,65
Total Geral
2304,1
143
3691,6
144,6

EFEITOS DA POLÍTICA MONETÁRIA NA DÍVIDA PÚBLICA MOBILIÁRIA FEDERAL INTERNA (DPMFI).
1)   POLÍTICA MON. FROUXA -  Selic artificial, abaixo da adequada, aumenta expectativas de inflação:
a) aumenta as taxas de juros pré-fixadas de longo prazo (a curva de juros de mercado fica positivamente mais inclinada) e o custo das renovações e das novas captações;
b) reduz o prazo das renovações e das novas captações (insegurança);
c) o TN não consegue fazer novas captações Selic (só com deságios desaconselháveis);
d) o custo de carregamento do estoque da dívida corrigida por índices (IPCA, IGPM) aumenta. O risco de inflação inercial volta.
2)   POLÍTICA MONETÁRIA CORRETA – Selic adequada. As expectativas de inflação caem. Condição para crescimento sustentado:
a) as taxas de juros pré-fixadas de longo prazo caem (a curva reduz a inclinação ascendente para descendente), reduzindo o custo das renovações e das novas captações, facilitando o alongamento da dívida;
b) o alongamento da dívida  reduz os valores mensais a serem refinanciados (facilitando as captações pelo TN) facilitando negociações para redução de taxas;
c) os índices e as expectativas de inflação caem, consequentemente a Selic, reduzindo o custo (sustentado) de carregamento do estoque da dívida.  
MAG 08/2015. 
 Mais em:





COM SELIC ABAIXO DA ADEQUADA A CURVA DE JUROS DO MERCADO FICA ASCENDENTE. JUROS FUTUROS MAIORES DO QUE A SELIC.

COM A SELIC ADEQUADA A CURVA DE JUROS FICA DESCENDENTE NA PARTE LONGA. OS JUROS FUTUROS FICAM MENORES DO QUE A SELIC.



Se algum acontecimento influencia negativamente as expectativas de inflação, os juros futuros iniciam movimento de alta. Veja a curva sofrendo a influência da notícia da queda do superávit primário. A curva em vermelho, do último dia, subindo a parte mais longa.





HAYEK FALANDO SOBRE O MONETARISMO DE MILTON FRIEDMAN: DISCIPLINANDO AS AUTORIDADES MONETÁRIAS.

HAYEK FALANDO SOBRE O MONETARISMO DE MILTON FRIEDMAN:
DISCIPLINANDO AS AUTORIDADES MONETÁRIAS.

Seria bom poder dividir com meu amigo Milton Friedman a confiança que tem no fato de que se poderiam evitar abusos de poder, por parte das autoridades monetárias para fins políticos, se se destituíssem estas autoridades de todo e qualquer poder discricionário, prescrevendo a soma de dinheiro que elas poderiam e deveriam, a cada ano, acrescentar ao meio circulante.  Talvez ele considerasse isto viável porque, para efeitos estatísticos, ele acostumou-se a distinguir com precisão a linha divisória entre o que é e o que não é considerado dinheiro.  Essa distinção, no entanto, não existe no mundo real. 
Para garantir que tudo o que é quase-dinheiro possa ser convertido em dinheiro propriamente dito — o que se faz necessário para evitar pânico ou graves crises de liquidez —, estou certo de que é preciso que as autoridades monetárias tenham um certo grau de arbítrio.  Concordo com Friedman, no entanto, quando diz que temos de tentar voltar a um sistema mais ou menos automático, se quisermos regular a quantidade de dinheiro dos tempos normais. 

Comento: o liberalismo de Hayek e o de Friedman são iguais, a divergência é o monetarismo. Prevaleceu o princípio de Friedman, a aceitação de BCs e o monopólio estatal na emissão da moeda. O poder discricionário da autoridade monetária passou a ser limitado pela meta de inflação e pelo câmbio flutuante.
  
HAYEK FALANDO SOBRE A INFLAÇÃO E O DESEMPREGO.
DESEMPREGO: CONSEQUÊNCIA INEVITÁVEL DA INFLAÇÃO.

O primeiro dever de qualquer economista que mereça este nome parece-me ser o de acentuar, em todas as oportunidades, o fato de que o desemprego de hoje é a consequência direta e inevitável das chamadas políticas de pleno emprego que, nos últimos vinte e cinco anos, vêm sendo seguidas.  Muita gente ainda acredita equivocadamente que um aumento da demanda agregada eliminará, por algum tempo, o desemprego.  Esta solução para o desemprego, muito embora, no mais das vezes, seja bastante eficiente a curto prazo, longe de ter efeitos positivos, vai gerar, mais tarde, um desemprego muito maior.  E só a compreensão deste fato pode impedir o público de exercer uma pressão irresistível para retomar a inflação assim que o desemprego for aumentando consideravelmente. 
Não há possibilidade de escolha entre inflação e desemprego.
A inflação tem, obviamente, muitos outros efeitos nocivos, muito mais graves e dolorosos, aliás, do que podem supor as pessoas que não vivenciaram um processo inflacionário severo.  Mas o efeito, mais devastador, e ao mesmo tempo o menos compreendido, é que a inflação, a longo prazo, inevitavelmente leva ao desemprego em grande escala. 09/2012 (parte da publicação).

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

UMA DAS MAIORES CRIAÇÕES DA HUMANIDADE A MOEDA. A EVOLUÇÃO PARA A MOEDA ESCRITURAL (FIDUCIÁRIA ESTATAL).

ABAIXO PARTE DA POSTAGEM: A MOEDA - RESUMO HISTÓRICO.
4) MOEDA-PAPEL: os certificados emitidos pelas casas de custódia passaram a ser considerados como uma moeda-papel. Os donos das casas de custódia, com o tempo, verificaram que um saldo de estoque de moedas (ouro e prata) sempre ficava ocioso (apesar da movimentação de novos depósitos e saques).
5) PAPEL MOEDA, MOEDA FIDUCIÁRIA: os depósitos de ouro que ficavam ociosos em estoque nas Casas de Custódia permitiram que estas emitissem certificados não lastreados ou parcialmente lastreados, sendo que sua circulação e aceitação dependiam da CONFIANÇA da casa emissora do certificado, dando início ao que seria no futuro o papel moeda com emissão monopolizada pelos governos. Como vemos os primeiros certificados eram 100% lastreados em metal.
6) PAPEL MOEDA MONOPÓLIO DOS GOVERNOS; com o tempo os governos se viram obrigados a controlar e fiscalizar as casas de custódia (primeiros bancos).  O monopólio de emissão de moedas pelos governos foi uma evolução natural. A evolução na tecnologia na fabricação do papel moeda (início do século XIX), evitando falsificações, foi fator importante e preponderante no abandono da moeda metálica ouro para o papel moeda padrão ouro. No início as moedas emitidas pelos governos eram parcialmente conversíveis. A última moeda importante parcialmente conversível foi o dólar americano, que abandonou o padrão ouro em 1971.
7) MOEDA ESCRITURAL, CONTÁBIL OU BANCÁRIA: com a evolução e o desenvolvimento do sistema financeiro, do crescimento dos depósitos e dos empréstimos, foi sendo aumentada a circulação e a quantidade da moeda escritural, movimentada por meio de cheques e de ordens de pagamentos (hoje transações eletrônicas). Verificou-se que os depósitos criam condições de empréstimos, que criam novos depósitos, que criam novos empréstimos, sucessivamente. Os governos verificaram a necessidade de regulamentar o sistema bancário, com normas prudenciais, limites de criação de moeda escritural (capital x empréstimos) e a atividade passou a ser concedida ou autorizada e regulamentada pelos governos.

8) O BANCO CENTRAL (A AUTORIDADE MONETÁRIA): o monopólio da emissão de moeda, a necessidade de controle e fiscalização dos bancos e do meio circulante fez surgir, como evolução natural, o que hoje entendemos por Banco Central (século XIX). Podemos considerar o Banco da Inglaterra como o primeiro banco central do mundo. Foi uma evolução natural, depositário das reservas do sistema bancário, compensação das operações dos outros bancos, emprestador de última instância (redesconto). Na América Latina, o Banco do Uruguai, foi o que podemos considerar como primeiro Banco Central da região (1896). A separação do Banco Central com a execução orçamentária de receita e despesa dos governos (orçamento fiscal) é uma conquista que veio aos poucos e está ainda em implantação em muitos países. A autonomia ou independência do BC é assunto que ainda provoca contraditórios, mas é uma necessidade e evolução natural. As funções modernas dos bancos centrais são: a) emissão de moeda e controle do meio circulante; b) redesconto (empréstimos a instituições financeiras); d) regular a oferta da moeda através da taxa básica de juros (compra de títulos do governo) e do compulsório (medida também prudencial); e) banco do governo (caixa do tesouro nacional) e dos bancos; f) regulamentar, supervisionar e fiscalizar o sistema financeiro nacional, inclusive conceder autorização para o funcionamento de bancos; g) administrar o sistema de pagamentos e o meio circulante; h) administrar as reservas (em moedas, títulos e ouro); i) executar a política cambial, incluindo o movimento de capitais. Resumindo, podemos definir a missão do Banco Central como: Assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro. 03/2011 (parte da publicação). 07/2014.