sábado, 22 de junho de 2019

JUROS REAIS EX-ANTE E EX-POST, TABELAS (SELIC, CDI).


JUROS REAIS EX-ANTE E EX-POST, TABELAS (SELIC, CDI).

No Brasil a diferença entre os juros reais ex-ante e ex-post é imensa. Ao fazer a opção entre poupar ou gastar (consumo ou investimento) os agentes fazem a previsão da inflação esperada e comparam com os juros oferecidos pelo mercado (juros considerados baixos ou negativos estimulam a demanda). O juro real ex-ante é a diferença entre o juro oferecido pelo mercado (líquido de IRF) e a inflação esperada. Após decorrido o prazo da aplicação o agente compara a taxa pactuada com a inflação real, a diferença é o juro real ex-postUma inflação ocorrida maior do que a esperada estimula a demanda (os agentes fogem da moeda mais juros como reserva de valor.). Conforme Fisher (e bom senso do mais simples agente).
No Brasil existe um papo furado de taxa de juro real de 7%. Não é o que acontece nos juros reais ex-post (mensais ou anuais). A tabela abaixo comprova: 07/2011; repetido em 06/2015. MAG 06/2019.



RENDIMENTOS DE ATIVOS R$
ATVOS
01/19 02/19 03/19 04/19 05/19 06/19 07/19 08/19 09/19 10/19 11/19 12/19 2019
SELIC (-20% IR)
0,54 0,49 0,47 0,52 0,54 0,47 3,07 (2,456
CDI (-20% IR)
0,54 0,49 0,47 0,52 0,54 0,376 3,07 (2,456
CDI 110% 0,594 0,539 0,517 0,572 0,594 0,517 3,377
CDI 110% - 15% IRF 0,505 0,451 0,439 0,486 0,505 0,439 2,87
POUPANÇA
0,37 0,37 0,370 0,37 0,37 0,37 2,25
IBOVESPA
10,82 -1,86 -0,18 0,98 0,70 4,06 14,88
DÓLAR PTAX
-5,75 2,37 4,23 1,25 -0,12 -2,75 -3,23
Dólar paral. (tur.)SP
0,13 0,09 2,17 -0,74
Euro BC
-5,55 1,55 2,78 1,00 -0,59 -0,80 -3,92
OURO BM&F B3
-2,03 1,94 1,58 0,93 1,36 6,79 10,84
IPCA
0,32 0,43 0,75 0,57 0,13 0,01 2,23
CDI - 20% IRF - IPCA 0,112 -0,038 -0,374 -0,154 0,302 0,201 0,226
IGPM
0,01 0,88 1,26 0,92 0,45 0,80 4,38
CDI - 20% IRF - IGPM 0,422 -0,488 -0,884 -0,504 0,018 -0,424 -1,924



RENDIMENTOS DE ATIVOS R$
ATVOS
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
SELIC (-20% IR)
8,49 (6,79)
8,22 (6,576)
10,90 (8,768)
13,27 (10,6)
14 (11,2)
9,94 (7,952)
6,43 (5,144)
CDI (-20% IR)
8,40 (6,72)
8,06 (6,448)
10,81 (8,648)
13,24 (10,6)
14 (11,2)
9,93 (7,944)
6,42 (5,136)
POUPANÇA
6,48
6,37
7,08
8,07
7,57
6,57
4,62
IBOVESPA
7,40
-15,50
-2,91
-13,31
38,94
26,86
15,03
DÓLAR PTAX
8,94
14,64
13,39
48,75
-16,54
1,50
17,13
Dólar paralelo SP
7,39
15,60
13,49
54,53
-17,24
-1,31
17,28
Euro BC
11,05
19,70
0,02
33,47
-19,10
14,97
16,92
OURO BM&F
15,26
-17,35
12,04
33,63
-12,32
13,89
16,93
IPCA
5,84
5,91
6,41
10,67
6,29
2,95
3,75
CDI - 20% IRF - IPCA
0,88
0,538
2,2348
-0,048
4,91
5,514
1,386
IGPM
7,82
5,51
3,69
10,54
7,17
-0,52
7,54
CDI - 20% IRF - IGPM
-1,10
0,938
4,9548
0,052
4,03
8,464
-2,404













segunda-feira, 17 de junho de 2019

REGRAS PARA APOSENTADORIA, UMA DISTORÇÃO ENTRE CAPITALIZAÇÃO E REPARTIÇÃO.


REGRAS PARA APOSENTADORIA, UMA DISTORÇÃO ENTRE CAPITALIZAÇÃO E REPARTIÇÃO.

Vamos supor dois casos hipotéticos nos regimes de repartição e de capitalização:

      a)       NO REGIME DE RAPARTIÇÃO:

a1) o trabalhador contribui nos 15 (ou 20) primeiros anos iniciais de sua vida laboral sobre o teto máximo (ou acima através do empregador). Por qualquer motivo (doença ou desemprego) deixa de contribuir nos últimos 20 anos antes da idade para aposentar. Sua aposentadoria será ZERO;

a2) o trabalhador contribui nos últimos 15 anos (ou 20) antes da idade limite para se aposentar. Terá uma aposentadoria proporcional.

      b)      NO REGIME DE CAPITALIZAÇÃO:

b1) faz contribuições semelhantes ao caso a1 acima. Terá juros durante o período de contribuição e nos anos que ficar sem contribuir até a idade permitida para se aposentar. A aposentadoria será a permitida pelo valor capitalizado (contribuições mais juros);

b2) faz contribuições semelhantes ao caso a2 acima. Terá juros durante o período de contribuição. A aposentadoria será a permitida pelo valor capitalizado (contribuições mais juros). A APOSENTADORIA SERÁ MENOR DO QUE O CASO b1, POIS AS CONTRIBUIÇÕES FORAM FEITAS NOS ÚLTIMOS ANOS (e no caso b1 nos primeiros anos e renderam mais juros).

Esta é a demonstração de apenas um caso de injustiça entre os sistemas de capitalização e de repartição. Além do sistema de capitalização ser mais fácil de fiscalizar. No sistema de repartição sempre existirão casos de corrupção (desvios inclusive de decisões judiciais).         

terça-feira, 11 de junho de 2019

A TAXA BÁSICA E SEUS POSSÍVEIS EFEITOS.


A TAXA BÁSICA E SEUS POSSÍVEIS EFEITOS.

Se a taxa básica nominal (ibn) for fixada acima da neutra (os efeitos dependerão de quanto acima da neutra) e a real for positiva, ex-ante (previstas) e ex-post (as passadas, efetivamente realizadas) pelo critério ib – IRF - ipca ou igpm, teremos:

      a)    o TN conseguirá vender seus títulos Selic com ágio (custo menor, um título de 100 será vendido por 100 + ágio);
     b)    a expectativa de inflação cairá, ficará descendente (causa dos títulos serem vendidos com ágio);
     c)    os juros nominais de mercado de longo prazo passarão a ter tendência descendente (a parte longa da curva de juros fica negativa) reduzindo o custo de captação de LP para o TN (taxas fixas);
     d)    a moeda pátria poderá valorizar (dependerá da confiança – credibilidade das autoridades monetária e institucionais - e da liquidez externa) aumentando o poder de compra dos agentes (famílias). Os ativos internos demandados pelo exterior ficarão mais valorizados em dólar (por causa da valorização do real);
     e)    os ativos internos que não a moeda pátria (ações, imóveis, etc.) não demandados pelo exterior poderão desvalorizar (a preferência pela liquidez da moeda e pelos juros internos positivos);
     f)     Se a ib nominal (ibn) for fixada acima da neutra (mesmo que alta), mas a real (ibr) for negativa (as ex-post, efetivamente realizadas, passado, ou a ex-ante, prevista), os efeitos poderão ser o inverso.  

Se a taxa básica nominal (ibn) for fixada abaixo da neutra, mesmo que alta, mas positiva (taxa real, ibr) teremos:

     a)    os títulos do TN poderão ser demandados apenas com deságios (100 - deságio);
     b)    a expectativa de inflação ficará ascendente (causa dos títulos serem vendidos com deságio);
     c)    os juros nominais de mercado de LP passarão a ter tendência ascendente (a parte longa da curva ficará positiva) subindo o custo de captação de LP para o TN (taxas fixas);
     d)    a moeda pátria poderá desvalorizar pressionando os preços internos dos produtos e serviços importados e exportados (processo inflacionário), reduzindo o poder de compra dos agentes (famílias); 
     e)    os ativos internos que não a moeda pátria (ações, imóveis, etc.) poderão valorizar (por causa dos juros internos baixos. A fuga da moeda);
     f)     Se a ib nominal (ibn) for fixada abaixo da neutra e a real (ibr) for negativa (as ex-post, efetivamente realizadas, passado, ou a ex-ante, prevista), os efeitos poderão ser agravados.  
      
      OBSERVAÇÃO SOBRE A RENDA DOS JUROS SELIC: se o BC subir muito a taxa básica (para combater a perda de credibilidade) ele estará transferindo e aumentando a renda dos poupadores que continuarão buscando moedas estrangeiras para aplicações (desvalorizando a moeda nacional e pressionando a inflação). O efeito do aumento da renda dos poupadores sobre a demanda se compensa com as expectativas de redução da inflação e dos juros de mercado de LP (a demanda pode ser postergada) e com o aumento do custo dos financiamentos ao consumo (sobe no primeiro momento e contrai a demanda). Os investimentos estrangeiros fogem por falta de garantia para o capital investido (investem moeda forte e recebem moeda fraca perdendo com a desvalorização). Nestes cenários a diferença entre câmbio oficial e negro (livre) é muito alta. O Brasil ainda não chegou neste ponto, mas se a reforma da previdência não for aprovada chegará.  Se  o BC (autoridade monetária) e autoridades institucionais passarem segurança (se passarem credibilidade) os efeitos serão diferentes (talvez o inverso). 

      Regra geral: se o passado da política monetária for de Selic real (ibr) negativa, se as autoridades monetárias (e institucionais) não passarem confiança (credibilidade) a taxa neutra ficará mais alta (o inverso é verdadeiro). Conjuntura prospectiva (cenário) que passe insegurança (tipo a política fiscal atual com saldos primários negativamente crescentes) exige taxa básica real positiva (ibr). O BC tem poder sobre a taxa básica nominal, mas não sobre os possíveis efeitos (apenas poderá influenciar). Declarações de autoridades que passem insegurança faz as taxas de juros nominais de mercado subirem (e a neutra também). Não tem pensamento mágico, tem relação causa e efeito e análise racional. Não existe causa ou efeito único, apenas principais. Os efeitos terão sempre mais de uma causa (a análise deverá listar as principais), e as causas terão sempre mais de um efeito (a análise deverá listar as principais).  MAG 06/2019. 

domingo, 9 de junho de 2019

PIB, PNB, CONCEITOS, VARIÁVEIS E AGENTES ECONÔMICOS.


PIB, PNB, CONCEITOS, VARIÁVEIS E AGENTES ECONÔMICOS.

O PIB (produto interno bruto) = consumo + investimento (privado e público produtivos e improdutivos) + gastos do governo (produtivos e improdutivos) + exportações – importações = C + I + G + E – M. A fórmula reduzida é C + I.
Fazem parte do PIB produtos benéficos (pão, medicamentos) e maléficos (fumo, bebidas, armas), necessários (alimentos) e desnecessários (pirâmides do Egito, catedrais).
Os liberais e monetaristas condenam os gastos desnecessários e improdutivos como um mal para a economia (existem os improdutivos necessários), os keynesianos defendem os gastos sejam eles quais forem.

PNB (produto nacional bruto): é o PIB ajustado + recebimentos procedentes de rendas do exterior e - remessas ao exterior.

PNB (produto nacional bruto) = PIB + - RLFE (renda líquida de fatores do exterior = recebimentos do exterior – remessas para o exterior).
PNB = RNB = DNB (despesa nacional bruta).

PNB (produto nacional bruto): é o total dos valores adicionados pelos diversos setores da economia ao processo produtivo. Valor Adicionado: conceito que mede a contribuição de cada setor ao processo produtivo (sem duplicações). O PNB mede a capacidade de criação de valor da economia. É a soma de: bens econômicos (tangíveis e intangíveis) produzidos para o mercado + retenção de mercadorias pelos produtores para o consumo + valor do aluguel das casas habitadas pelos proprietários + salários in natura (aluguéis, mercadorias, etc.).

PNB = RNB (renda nacional bruta) = total das remunerações pagas aos fatores de produção (salários + juros + lucros + aluguéis). PNB = RNB = DNB (despesa nacional bruta) = valor total das despesas em bens para uso final (mercadorias e serviços para o consumo e investimentos).
Não se inclui no cálculo do PNB: serviços domésticos da dona de casa, pagamentos de renda que não resultem de atividades produtivas (aposentadorias, juros da dívida pública) e atividades ilegais (não socialmente úteis, como contrabando, etc.).

RNB = renda nacional bruta = renda do trabalho (salários + autônomos + empresas de pessoas de venda trabalho) + lucros + juros + aluguéis = S + L + J + A.
Os lucros são os obtidos por todos os sócios de empresas (pequenos e grandes) e em negócios pessoais. Os juros são os obtidos por todas as pessoas que poupam e fazem aplicação, inclusive fundos de pensão, FGTS e trabalhadores.   

DIFERENÇA ENTRE PIB (produção) E ESTOQUE DE RIQUEZAS (FATORES DE PRODUÇÃO).
Pelas definições acima vimos que não entra no cálculo do PNB e do PIB a propriedade de ativos (os fatores de produção), internos ou externos, entram apenas os bens econômicos produzidos para o mercado. Então não entra no PNB a propriedade de bens intelectuais (os ativos protegidos por registros), o capital de empresas no exterior, o capital emprestado ao exterior, a propriedade de qualquer ativo no exterior. Apesar de não entrar no cálculo do PNB, seus rendimentos (lucros, aluguéis, juros, royalties) entram. Semelhante aos aluguéis das casas residenciais. O ativo casa não entra, mas é representado pelo valor do aluguel que é semelhante a uma renda (renda = produto). Melhores as residências maiores os aluguéis e o PIB. Da mesma maneira a propriedade de ativos no exterior é representada no PNB pelas suas rendas (lucros, juros, royalties, etc.).

OS FATORES DE PRODUÇÃO (estoque de riquezas = Ativos) são: Trabalho, Capital, Recursos Naturais e Tecnologia.

OS AGENTES ECONÔMICOS são: trabalhadores assalariados e autônomos, empresários, acionistas, poupadores (investidores), proprietários de imóveis, de bens locáveis inclusive tecnologia.  Vemos que na macroeconomia não existe a demagogia da palavra rentista, mas sim os poupadores que retêm parte de sua renda para garantir o futuro. Quem são os poupadores: a maioria são os que recebem renda do trabalho (assalariados e autônomos) e poupam para garantir o futuro (aposentadorias, fundos de pensão) em aplicações financeiras (recebem juros), ações (recebem dividendos e valorizações), moedas estrangeiras, imóveis, ouro, etc.

VARIÁVEIS ECONÔMICAS E AGENTES.

FATORES DE
PRODUÇÃO
(ATIVOS)
PRODUTO (PIB)
PRODUÇÃO
RENDA
(S + L + J + A)
AGENTES ECONÔMICOS
Rec. Naturais
C = Consumo
Salários (rend. do trabalho)
Assalariados e Autônomos
Capital
I = Investimento
Lucros
Empresários, Acionistas, Investidores
Trabalho
G = gastos do governo
Juros
Poupadores
Tecnologia
E = Exportação
Alugueis
Proprietários

M = Importação



Rem. = Rem. para o ext.; Rec. = Receb. do ext  




EFEITO DA DESVALORIZAÇÃO DA MOEDA (para privilegiar exportadores): acomoda a necessidade (e a motivação) da busca de melhoria contínua de qualidade e gestão; transfere recursos da parte eficiente (a competitiva) da economia para proteger os incompetentes e privilegiar os competitivos que exportam (a maioria empresas com capitais estrangeiros); é opção por redução de poder de compra da população, da demanda e do PIB (empregos inclusive); é opção por parque industrial atrasado e não competitivo.   
Outro efeito muito importante e não divulgado da desvalorização (ou valorização com efeito inverso) cambial artificial é o barateamento dos ativos nacionais (empresas, imóveis, etc.) e sua consequente transferência de titularidade para estrangeiros. Os ativos sendo de propriedade de estrangeiros têm como contrapartida a remessa de lucros e juros (o maior saldo negativo da conta transações correntes do balanço de pagamentos brasileiro).

EXCESSO DE RESERVAS PARA EVITAR VALORIZAÇÃO CAMBIAL: se originada de compras de dólar feitas pelo BC para dar liquidez ao mercado é correto. Se, porém, é originada de excessos de compras de moedas para evitar valorização cambial é errado. O excesso de reserva se aplicado com rendimento de juros menores do que a inflação é como se estivéssemos fazendo uma doação ao país emissor da moeda reserva mundial (pobres doando para ricos). É pobre financiando rico.
No momento atual o Brasil tem excesso de reserva e aplica em títulos de liquidez mais alta (e juros menores). Como temos necessidade de captar poupança externa, é aceitável e recomendado que o excesso da reserva seja aplicado financiando empresas (e bancos) brasileiras que fazem captação no exterior (através do BNDES e BB que têm expertise em financiamentos).
Se aplicarmos em títulos americanos estaremos financiando o Fed (com juros baixos) a monetizar o mundo, cobrando juros baixos dos bancos, que reemprestam a empresas brasileiras (e ao TN) cobrando juros altos. MAG 01/03/2012.