sexta-feira, 26 de junho de 2015

DEFLAÇÃO: PROBLEMAS DE LIQUIDEZ (o empoçamento da liquidez).

DEFLAÇÃO: PROBLEMAS DE LIQUIDEZ (o empoçamento da liquidez).

EXPLICAÇÃO ANTECEDENTE: a liquidez imediata pode ser representada por dinheiro em caixa, depósitos à vista e ativos financeiros ou não com liquidez imediata ou com até 30 dias (ouro, bolsa, caderneta de poupança, títulos com liquidez imediata).
Os meios de pagamentos ampliados que influenciam as atividades são os à disposição da iniciativa privada e do TN, fora do BC. Então uma compra de título do TN não retira moeda do mercado e não afeta as atividades, apenas é gasto pelo TN ao invés de pelas empresas ou pessoas físicas. As atividades são afetadas quando o dinheiro é aplicado no BC, aí ele sai do mercado. É este o motivo do BC ter que pagar uma Selic adequada quando quiser retirar moeda do mercado. Saliente-se que a Selic é uma taxa de cp que pode ser manipulada pelo BC a qualquer momento. Em um processo inflacionário o BC aumenta a Selic para influenciar as expectativas de inflação para descendente no lp, motivo dos juros longos de mercado caírem. O custo de captação do TN cai no lp, diferente do que os leigos pensam e escrevem.
Antes das crises sempre ocorrem valorizações de ativos que não moeda acima do que poderia ser considerado racional. Formam-se riquezas virtuais muito rapidamente e um sentimento de enriquecimento que estimula a demanda, inclusive dando liquidez a vários ativos que não moeda (a economia roda acima do nível sustentável).  No momento em que alguns mais racionais verificam serem insustentáveis tais preços de ativos, começam a desfazer-se dos mesmos, iniciando a corrida das desvalorizações com velocidade muito superior às valorizações acontecidas. É a crise instalada, o que chamam de furo da bolha de ativos que não moeda, com perda das riquezas virtuais e sentimento de empobrecimento que afeta a demanda, a liquidez, a solvência e o crédito. Os BCs agem impedindo a queda dos meios de pagamentos e do crédito. Atuam também tentando impedir o empoçamento da liquidez. Os bancos ficam com receio das insolvências e não emprestam, podendo generalizar-se pelo mercado.
A DEFLAÇÃO E O RISCO DE EMPOÇAMENTO DA LIQUIDEZ (entesouramento): com deflação é conveniente ficar com a moeda em caixa, pois os preços caem e o poder de compra aumenta. Existindo o medo de quebra dos bancos os depósitos caem e os empréstimos também (instala-se a recessão caminhando para depressão). Com a deflação as taxas longas de juros de mercado cedem e o valor de mercado dos títulos corre o risco de cair em relação ao valor de face dos mesmos (taxas prefixadas) se a inflação ou a taxa de juros subir (existe uma fuga de tais títulos). As aplicações financeiras caem e os empréstimos também. Foi assim que aconteceu a crise de 29/30. Hoje existem os títulos atrelados a um índice de inflação. Se o TN perde credibilidade ele é obrigado a financiar-se no curto prazo podendo chegar ao overnight (aplicações de 1 dia).
Nas recessões e deflações os BCs reduzem as taxas básicas (até zero) e de redesconto (muito importante). Tem que monitorar as operações de crédito do sistema financeiro (não pode deixar cair). 06/2015.

 POLÍTICA MONETÁRIA – EFICÁCIA (INFLAÇÃO E CRESCIMENTO). 01/2007.  
1) A experiência demonstrou que a política monetária é mais eficaz no combate à inflação (claro que a parceria com a política cambial e fiscal adequadas torna-a mais eficaz ainda) do que (sozinha) para motivar e conseguir crescimentos (aumentos consistentes das atividades econômicas). O crescimento depende de outras variáveis fundamentais que constituem também a relação das causas das atividades econômicas (Anatole Murad desenvolveu um estudo interessante sobre o assunto). A queda da taxa de juro (sozinha) não provoca, com certeza, o aumento dos investimentos, é apenas uma variável necessária. A contestação de que a política monetária pode criar um ambiente de expansão, como único fator, é unanimemente aceito. O reconhecimento das limitações da política monetária, de que ela não pode como único fator resolver os complexos problemas e interesses individuais da atividade econômica, não tira sua importância no quadro mais vasto da política macroeconômica.  
      2) Uma adequada distribuição de rendas, a existência de fatores de produção (recursos naturais, capital, trabalho, tecnologia), a segurança institucional do capital investido, uma normatização (marco regulatório) adequada que passe segurança e motivação, vantagens ou desvantagens comparativas naturais e artificiais (leis adequadas, judiciário eficaz – rápido e justo - legislativo ou executivo que passem segurança), um sistema financeiro compatível que proporcione segurança para as poupanças e que alimente as necessidades de financiamentos do consumo e dos investimentos, um sistema previdenciário que estimule a formação de poupanças e que não permita privilégios, contas públicas transparentes com publicações de balancetes mensais analíticos, gastos públicos improdutivos (atividades meio) sejam o menor possível, são fatores importantes e que devem ser analisados. 01/2007

  

quinta-feira, 25 de junho de 2015

DEFLAÇÃO X RECESSÃO (queda da demanda).


DEFLAÇÃO X RECESSÃO (queda da demanda).

No Brasil a nossa experiência recente foi de inflação, hiperinflação e estagflação até a implantação do Plano Real (que evoluiu para o tripé, superávit primário, meta de inflação e câmbio flutuante), que estabilizou a inflação em patamares baixos (apesar de não os ideais). Poucos se lembram de que na crise de 29/30 o Brasil viveu uma recessão e deflação (os prejuízos e sofrimentos foram muito grandes). Os preços mundiais caíram (inclusive o café, nosso principal produto de exportação) e influenciaram a economia brasileira (foi uma crise importada).

DEFLAÇÕES: as deflações podem ocorrer por queda de demanda ou excesso de oferta (a oferta cresce em velocidade maior do que a demanda). Este texto pretende resumidamente estudar as relações de causa e efeito entre: demanda, oferta, nível de preços e juros.
A CRISE de 29/30, originada nos USA, ocorreu por aumentos de preços de ativos que não moeda (bolsa principalmente), muito acima do que seria razoável, formando uma ilusão geral de riqueza, que na verdade era apenas virtual. Quando começaram a entender que os preços destes ativos eram artificiais, não tinham sustentação racional, as baixas começaram e aconteceram em uma velocidade impressionante. As autoridades monetárias americanas, responsáveis por ter permitido a formação das bolhas, nada fizeram, 5.000 bancos quebraram e a crise virou sistêmica atingindo o mundo todo. A quantidade de moeda em circulação caiu em 1/3, segundo Milton Friedman, e as autoridades monetárias nada fizeram para impedir, o que seria possível e reduziria os sofrimentos para suportáveis. Os preços caíram no mundo inteiro. Foi uma depressão com deflação (alguns preços caíram 50%).    

CONSUMO: RELAÇÕES COM RENDA, JUROS E INFLAÇÃO:
1) KEYNES: para Keynes o consumo subiria de acordo com a renda. Maior a renda maior o consumo total, mas menor em relação à renda.
2) IRVING FISHER: para Fisher o consumo dependia da expectativa de renda e de vida.
3) MILTON FRIEDMAN: para Friedman o consumo dependia da renda permanente (a renda que os agentes têm segurança de que receberão).
4) MODIGLIANI: para Modigliani o consumo é função da riqueza e da renda em relação à expectativa de vida.
5) CLÁSSICOS: para os clássicos a taxa de juro mais alta desestimula o consumo e estimula a poupança. Keynes refutou este pensamento. Para ele se a taxa de juro sobe, o investimento cai (para ele poupança e investimento são iguais em uma economia fechada e em um dado momento). Como consumo é igual à renda menos investimento, maior a taxa de juro, menor o aumento da capacidade de produção (investimentos), o PIB e o consumo. 
6) MELHORIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: a melhoria na distribuição de renda (redução da concentração da renda) aumenta o consumo no curto e no médio prazo (ou enquanto houver espaço para ela ocorrer). O aumento do consumo induz o aumento dos investimentos (é o crescimento da renda total = PIB).


Hoje sabemos que os Bancos Centrais não podem permitir a queda dos meios de pagamentos ampliados e dos empréstimos ao setor privado (operações de crédito do sistema financeiro). É possível e adotado por todos os BCs do mundo desenvolvido. Milton Friedman aconselhou que a quantidade de moeda deve crescer de maneira uniforme, sem grandes variações, entre 3 e 5% a.a. O crescimento da quantidade de moeda, sabemos hoje, deve crescer em torno de 3% a.a acima do PIB potencial.  

A CRISE BRASILEIRA DE 2015: em 2007 o governo Lula iniciou uma distensão, abandono gradual do tripé, que foi se avolumando até que em 2013 o governo, através do BC, teve que fazer operações de swaps cambiais para evitar a desvalorização do real (antes o problema era a valorização), reprimir preços de combustíveis e energia elétrica, e aumentou a dívida pública bruta (aumentando o estoque de títulos do TN no BC, operações proibidas). Passou a imagem de que o governo tinha aversão ao lucro, amedrontando e desmotivando investidores. A política monetária que deveria corrigir os desmandos da política fiscal, subindo a taxa básica, não o fez adequadamente. A política cambial deixou de ser flutuante para ser administrada através de operações de swaps cambiais crescentes, chegando a atingir US$ 112 bilhões, para evitar a desvalorização do real. O real ficou artificialmente valorizado passando uma falsa sensação de riqueza aos brasileiros. Todos os desarranjos trouxeram uma desarmonia (desequilíbrio) entre a demanda e a capacidade doméstica de oferta (a demanda passou a crescer em velocidade superior à oferta), sendo esta sustentada com déficits na Conta Externa de Transações Correntes (em 2014 o déficit atingiu US$ 114 bi.), insustentáveis no tempo, iria levar o país a uma crise cambial de grandes proporções (uma quebra).  A economia estava rodando em nível acima do sustentável. A surpresa foi o tamanho dos desajustes. Corretamente DR dá uma guinada e abandona a política econômica que seus economistas denominaram de “nova matriz econômica” e indica para assumir o Ministério da Fazenda um competente e conceituado economista da linha liberal monetarista, Joaquim Levy. Os preços começam a ser liberados e a inflação aumenta reduzindo o poder de compra das classes baixa e média (o comércio sofre as influências, os aluguéis caem). A demanda reduz e os preços que não estavam represados começam a cair (inclusive aluguéis comerciais). Ao mesmo tempo o BC inicia a correção da taxa básica de juros para evitar a contaminação da correção dos preços antes represados aos outros e o risco da volta da inércia inflacionária. O aumento da taxa básica reduz mais ainda a demanda, mas a inflação resiste. O risco é o BC ter que ceder à grita contra os aumentos da Selic, inclusive de bancos (a inadimplência cresceu). A FIESP sempre foi contra a política monetária responsável. O próprio PT voltou-se contra a política do governo. Infelizmente a ignorância sobre os efeitos da taxa básica ainda é muito grande. Muitos que se dizem entendidos não diferenciam taxa básica (Selic) dos juros de mercado. Muitos não sabem os efeitos da taxa básica na curva dos juros de mercado, na parte curta e na longa da curva. Não sabem que a taxa básica acima da neutra reduz os juros de lp e faz a parte longa da curva ficar descendente (o custo de captação do TN cai ao invés de aumentar como dizem). A maioria escreve e não faz a conta SELIC – IRF – IPCA ou IGPM, para ver a taxa real de juro. A taxa de juro ex-post decepciona e fica negativa. Escrevem que a taxa de juros está em 6% reais (não explicam se é a ex-ante, apenas uma previsão, ou a ex-post) quando na verdade ela ainda está negativa. Aconselham política monetária adequada para inflação descendente quando o processo inflacionário está ascendente e com alto risco de retorno da inércia inflacionária.
Existe diferença entre recessão com inflação e recessão com deflação. O caso atual brasileiro é com inflação ascendente e risco de retorno do processo inercial grave. 06/2015.
RENDIMENTOS DE ATIVOS R$
ATVOS
2012
2013
2014
01/15
02/15
03/15
04/15
05/15
2015
SELIC (-20% IR)
8,49 (6,79)
8,22 (6,576)
10,90 (8,768)
0,94
0,82
1,04
0,95
0,99
4,83 (3,864)
IBOVESPA
7,40
-15,50
-2,91
-6,41
9,97
-0,84
9,93
-6,17
5,51
DÓLAR PTAX
8,94
14,64
13,39
0,23
8,11
11,46
-6,68
6,19
19,67
Dólar paralelo SP
7,39
15,60
13,49
0,00
6,99
11,11
-5,59
4,98
17,83
Euro
11,05
19,70
0,02
-6,73
7,24
6,76
-3,02
4,56
8,28
OURO BM&F
15,26
-17,35
12,04
7,50
2,02
10,43
-5,94
5,54
20,22
IPCA
5,84
5,91
6,41
1,24
1,22
1,32
0,71
0,74
5,34
CDI - 20% IRF - IPCA
0,88
0,538
2,2348
-0,496
-0,564
-0,488
0,05
0,044
-1,492
GPM
7,82
5,51
3,69
0,76
0,27
0,98
1,17
0,54
3,64
CDI - 20% IRF - IGPM
-1,10
0,938
4,9548
-0,016
0,386
-0,148
-0,41
0,044
0,208




JUROS REAIS EX-ANTE E EX-POST, TABELAS (SELIC, CDI). AS MENTIRAS.

JUROS REAIS EX-ANTE E EX-POST, TABELAS (SELIC, CDI). AS MENTIRAS.

No Brasil a diferença entre os juros reais ex-ante e ex-post é imensa. Ao fazer a opção entre poupar ou gastar (consumo ou investimento) os agentes fazem a previsão da inflação esperada e comparam com os juros oferecidos pelo mercado (juros considerados baixos ou negativos estimulam a demanda). O juro real ex-ante é a diferença entre o juro oferecido pelo mercado (líquido de IRF) e a inflação esperada. Após decorrido o prazo da aplicação o agente compara a taxa pactuada com a inflação real, a diferença é o juro real ex-postUma inflação ocorrida maior do que a esperada estimula a demanda (os agentes fogem da moeda mais juros como reserva de valor.). Conforme Fisher (e bom senso do mais simples agente).
No Brasil existe um papo furado de taxa de juro real de 7%. Não é o que acontece nos juros reais ex-post (mensais ou anuais). A tabela abaixo comprova. 06/2015

RENDIMENTOS DE ATIVOS R$
ATVOS
2012
2013
2014
01/15
02/15
03/15
04/15
05/15
2015
SELIC (-20% IR)
8,49 (6,79)
8,22 (6,576)
10,90 (8,768)
0,94
0,82
1,04
0,95
0,99
4,83 (3,864)
CDI (-20% IR)
8,40 (6,72)
8,06 (6,448)
10,81 (8,648)
0,93
0,82
1,04
0,95
0,98
4,81 (3,848)
POUPANÇA (antiga)
6,48
6,37
7,08
0,59
0,52
0,63
0,61
0,62
2,99
IBOVESPA
7,40
-15,50
-2,91
-6,41
9,97
-0,84
9,93
-6,17
5,51
DÓLAR PTAX
8,94
14,64
13,39
0,23
8,11
11,46
-6,68
6,19
19,67
Dólar paralelo SP
7,39
15,60
13,49
0,00
6,99
11,11
-5,59
4,98
17,83
Euro
11,05
19,70
0,02
-6,73
7,24
6,76
-3,02
4,56
8,28
OURO BM&F
15,26
-17,35
12,04
7,50
2,02
10,43
-5,94
5,54
20,22
IPCA
5,84
5,91
6,41
1,24
1,22
1,32
0,71
0,74
5,34
CDI - 20% IRF - IPCA
0,88
0,538
2,2348
-0,496
-0,564
-0,488
0,05
0,044
-1,492
GPM
7,82
5,51
3,69
0,76
0,27
0,98
1,17
0,54
3,64
CDI - 20% IRF - IGPM
-1,10
0,938
4,9548
-0,016
0,386
-0,148
-0,41
0,044
0,208