DEFLAÇÃO X RECESSÃO (queda da demanda).
No Brasil a nossa
experiência recente foi de inflação, hiperinflação e estagflação até a
implantação do Plano Real (que evoluiu para o tripé, superávit primário, meta
de inflação e câmbio flutuante), que estabilizou a inflação em patamares baixos
(apesar de não os ideais). Poucos se lembram de que na crise de 29/30 o Brasil
viveu uma recessão e deflação (os prejuízos e sofrimentos foram muito grandes).
Os preços mundiais caíram (inclusive o café, nosso principal produto de
exportação) e influenciaram a economia brasileira (foi uma crise importada).
DEFLAÇÕES: as deflações
podem ocorrer por queda de demanda ou excesso de oferta (a oferta cresce em
velocidade maior do que a demanda). Este texto pretende resumidamente estudar
as relações de causa e efeito entre: demanda, oferta, nível de preços e juros.
A CRISE de 29/30, originada
nos USA, ocorreu por aumentos de preços de ativos que não moeda (bolsa
principalmente), muito acima do que seria razoável, formando uma ilusão geral
de riqueza, que na verdade era apenas virtual. Quando começaram a entender que
os preços destes ativos eram artificiais, não tinham sustentação racional, as
baixas começaram e aconteceram em uma velocidade impressionante. As autoridades
monetárias americanas, responsáveis por ter permitido a formação das bolhas,
nada fizeram, 5.000 bancos quebraram e a crise virou sistêmica atingindo o
mundo todo. A quantidade de moeda em circulação caiu em 1/3, segundo Milton
Friedman, e as autoridades monetárias nada fizeram para impedir, o que seria
possível e reduziria os sofrimentos para suportáveis. Os preços caíram no mundo
inteiro. Foi uma depressão com deflação (alguns preços caíram 50%).
CONSUMO: RELAÇÕES COM
RENDA, JUROS E INFLAÇÃO:
1) KEYNES: para Keynes o consumo subiria de acordo com a renda. Maior a renda maior o consumo total, mas menor em relação à renda.
2) IRVING FISHER: para Fisher o consumo dependia da expectativa de renda e de vida.
3) MILTON FRIEDMAN: para Friedman o consumo dependia da renda permanente (a renda que os agentes têm segurança de que receberão).
4) MODIGLIANI: para Modigliani o consumo é função da riqueza e da renda em relação à expectativa de vida.
5) CLÁSSICOS: para os clássicos a taxa de juro mais alta desestimula o consumo e estimula a poupança. Keynes refutou este pensamento. Para ele se a taxa de juro sobe, o investimento cai (para ele poupança e investimento são iguais em uma economia fechada e em um dado momento). Como consumo é igual à renda menos investimento, maior a taxa de juro, menor o aumento da capacidade de produção (investimentos), o PIB e o consumo.
6) MELHORIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: a melhoria na distribuição de renda (redução da concentração da renda) aumenta o consumo no curto e no médio prazo (ou enquanto houver espaço para ela ocorrer). O aumento do consumo induz o aumento dos investimentos (é o crescimento da renda total = PIB).
1) KEYNES: para Keynes o consumo subiria de acordo com a renda. Maior a renda maior o consumo total, mas menor em relação à renda.
2) IRVING FISHER: para Fisher o consumo dependia da expectativa de renda e de vida.
3) MILTON FRIEDMAN: para Friedman o consumo dependia da renda permanente (a renda que os agentes têm segurança de que receberão).
4) MODIGLIANI: para Modigliani o consumo é função da riqueza e da renda em relação à expectativa de vida.
5) CLÁSSICOS: para os clássicos a taxa de juro mais alta desestimula o consumo e estimula a poupança. Keynes refutou este pensamento. Para ele se a taxa de juro sobe, o investimento cai (para ele poupança e investimento são iguais em uma economia fechada e em um dado momento). Como consumo é igual à renda menos investimento, maior a taxa de juro, menor o aumento da capacidade de produção (investimentos), o PIB e o consumo.
6) MELHORIA NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA: a melhoria na distribuição de renda (redução da concentração da renda) aumenta o consumo no curto e no médio prazo (ou enquanto houver espaço para ela ocorrer). O aumento do consumo induz o aumento dos investimentos (é o crescimento da renda total = PIB).
Hoje sabemos que os Bancos Centrais não podem
permitir a queda dos meios de pagamentos ampliados e dos empréstimos ao setor
privado (operações de crédito do sistema financeiro). É possível e adotado por
todos os BCs do mundo desenvolvido. Milton Friedman aconselhou que a quantidade
de moeda deve crescer de maneira uniforme, sem grandes variações, entre 3 e 5%
a.a. O crescimento da quantidade de moeda, sabemos hoje, deve crescer em torno
de 3% a.a acima do PIB potencial.
A CRISE BRASILEIRA DE 2015: em 2007 o governo
Lula iniciou uma distensão, abandono gradual do tripé, que foi se avolumando
até que em 2013 o governo, através do BC, teve que fazer operações de swaps
cambiais para evitar a desvalorização do real (antes o problema era a valorização),
reprimir preços de combustíveis e energia elétrica, e aumentou a dívida pública
bruta (aumentando o estoque de títulos do TN no BC, operações proibidas). Passou
a imagem de que o governo tinha aversão ao lucro, amedrontando e desmotivando
investidores. A política monetária que deveria corrigir os desmandos da
política fiscal, subindo a taxa básica, não o fez adequadamente. A política
cambial deixou de ser flutuante para ser administrada através de operações de
swaps cambiais crescentes, chegando a atingir US$ 112 bilhões, para evitar a
desvalorização do real. O real ficou
artificialmente valorizado passando uma falsa sensação de riqueza aos
brasileiros. Todos os desarranjos trouxeram uma desarmonia (desequilíbrio)
entre a demanda e a capacidade doméstica de oferta (a demanda passou a crescer em
velocidade superior à oferta), sendo esta sustentada com déficits na Conta Externa
de Transações Correntes (em 2014 o déficit atingiu US$ 114 bi.), insustentáveis
no tempo, iria levar o país a uma crise cambial de grandes proporções (uma
quebra). A economia estava rodando em nível acima do
sustentável. A surpresa foi o tamanho dos desajustes. Corretamente DR dá
uma guinada e abandona a política econômica que seus economistas denominaram de
“nova matriz econômica” e indica
para assumir o Ministério da Fazenda um competente e conceituado economista da
linha liberal monetarista, Joaquim Levy. Os preços começam a ser liberados e a
inflação aumenta reduzindo o poder de compra das classes baixa e média (o
comércio sofre as influências, os aluguéis caem). A demanda reduz e os preços
que não estavam represados começam a cair (inclusive aluguéis comerciais). Ao mesmo tempo o BC inicia a correção da taxa
básica de juros para evitar a contaminação da correção dos preços antes
represados aos outros e o risco da volta da inércia inflacionária. O
aumento da taxa básica reduz mais ainda a demanda, mas a inflação resiste. O
risco é o BC ter que ceder à grita contra os aumentos da Selic, inclusive de
bancos (a inadimplência cresceu). A FIESP sempre foi contra a política
monetária responsável. O próprio PT voltou-se contra a política do governo.
Infelizmente a ignorância sobre os efeitos da taxa básica ainda é muito grande.
Muitos que se dizem entendidos não diferenciam taxa básica (Selic) dos juros de
mercado. Muitos não sabem os efeitos da
taxa básica na curva dos juros de mercado, na parte curta e na longa da curva.
Não sabem que a taxa básica acima da neutra reduz os juros de lp e faz a parte
longa da curva ficar descendente (o custo de captação do TN cai ao invés de
aumentar como dizem). A maioria escreve e não faz a conta SELIC – IRF – IPCA ou
IGPM, para ver a taxa real de juro. A taxa de juro ex-post decepciona e fica
negativa. Escrevem que a taxa de juros está em 6% reais (não explicam se é a
ex-ante, apenas uma previsão, ou a ex-post) quando na verdade ela ainda está
negativa. Aconselham política monetária adequada para inflação descendente
quando o processo inflacionário está ascendente e com alto risco de retorno da
inércia inflacionária.
Existe diferença entre recessão com inflação e
recessão com deflação. O caso atual brasileiro é com inflação ascendente e
risco de retorno do processo inercial grave. 06/2015.
RENDIMENTOS DE
ATIVOS R$
|
|||||||||
ATVOS
|
2012
|
2013
|
2014
|
01/15
|
02/15
|
03/15
|
04/15
|
05/15
|
2015
|
SELIC (-20% IR)
|
8,49 (6,79)
|
8,22 (6,576)
|
10,90 (8,768)
|
0,94
|
0,82
|
1,04
|
0,95
|
0,99
|
4,83 (3,864)
|
IBOVESPA
|
7,40
|
-15,50
|
-2,91
|
-6,41
|
9,97
|
-0,84
|
9,93
|
-6,17
|
5,51
|
DÓLAR PTAX
|
8,94
|
14,64
|
13,39
|
0,23
|
8,11
|
11,46
|
-6,68
|
6,19
|
19,67
|
Dólar paralelo SP
|
7,39
|
15,60
|
13,49
|
0,00
|
6,99
|
11,11
|
-5,59
|
4,98
|
17,83
|
Euro
|
11,05
|
19,70
|
0,02
|
-6,73
|
7,24
|
6,76
|
-3,02
|
4,56
|
8,28
|
OURO BM&F
|
15,26
|
-17,35
|
12,04
|
7,50
|
2,02
|
10,43
|
-5,94
|
5,54
|
20,22
|
IPCA
|
5,84
|
5,91
|
6,41
|
1,24
|
1,22
|
1,32
|
0,71
|
0,74
|
5,34
|
CDI - 20% IRF - IPCA
|
0,88
|
0,538
|
2,2348
|
-0,496
|
-0,564
|
-0,488
|
0,05
|
0,044
|
-1,492
|
GPM
|
7,82
|
5,51
|
3,69
|
0,76
|
0,27
|
0,98
|
1,17
|
0,54
|
3,64
|
CDI - 20% IRF - IGPM
|
-1,10
|
0,938
|
4,9548
|
-0,016
|
0,386
|
-0,148
|
-0,41
|
0,044
|
0,208
|
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