LINHAS DE PENSAMENTO ECONÔMICO (desenvolvimento econômico), 05/2015:
ADAM SIMITH. O estudo da economia iniciou com a formação das nações. O estudo moderno da economia, podemos dizer, iniciou-se com Adam Smith (Adam Smith Institute), tendo como expoente a publicação do livro A Riqueza das Nações em 1776. Quando li, gostei e nunca mais me esqueci do trecho onde discorre sobre os gastos dos governos, dividindo-os em produtivos e improdutivos. Criticava os gastos improdutivos das cortes e das armadas. Dizia que se os gastos improdutivos atingissem um percentual dos gastos totais a riqueza (PIB) das nações reduziria ao invés de crescer. FOI UM DEFENSOR DO LIBERALISMO ECONÔMICO E POLÍTICO. Para o pensamento liberal o poder deve ser das leis e não das autoridades (o rei não poderia legislar aumentando impostos etc.). O poder discricionário deve ser limitado pelas leis. Os liberais são contra as leis que aumentam o poder discricionário das autoridades.
JOHN MAYNARD KEYNES. Economista e competente professor inglês de economia da escola clássica. Com a crise econômica de 29/30 (de efeitos mundiais, semelhante a uma guerra), mudou seu pensamento e publicou o livro Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda em 1936, base (além de inúmeros papers publicados) da escola de pensamento econômico keynesiana. O livro motivou estudos e o desenvolvimento do estudo da MACROECONOMIA (é um livro complexo, de leitura que exige conhecimentos acima do básico em economia para seu entendimento correto). Foi escrito sob o efeito da crise de 29/30 e da redução do poder econômico da Inglaterra e de sua moeda (Libra), que estava sendo substituída como Reserva de Valor mundial pelo dólar americano. Resumindo: tem como ideias básicas o modelo de desenvolvimento baseado em baixas taxas de juros (em quaisquer condições), elevados gastos públicos (produtivos ou improdutivos) e o Pleno Emprego. Este modelo foi seguido nas décadas de 50 e 60, tendo desencadeado as hiperinflações na década de 70, e ao final, as ESTAGFLAÇÕES (inflação e desenvolvimento nulo). Os artificialismos utilizados para prolongar as irresponsabilidades insustentáveis no tempo (preços reprimidos, inclusive câmbio, aversão aos lucros, desmotivam os investimentos, entre outras demagogias eleitorais) que sempre são utilizados, são custosos e influenciam negativamente a vida de toda a população (perda de riqueza). É o que acontece hoje no Brasil.
MILTON FRIEDMAN. (e o renascimento do monetarismo). Monetarismo é a linha de pensamento econômico que defende a estabilidade do poder de compra da moeda como condição necessária, mas não o suficiente, para que ocorra o crescimento econômico sustentável (é contra a inflação). MF também estudou as causas da crise de 29/30 e concluiu diferentemente de Keynes. Para ele a amplificação da crise teve origem na queda da quantidade de moeda em circulação (a liquidez caiu em 1/3). Se a autoridade monetária não tivesse permitido que tal acontecesse (e é possível e viável) os sofrimentos teriam sido muito menores. Os ajustes das barbeiragens anteriores teriam que acontecer (semelhante ao Brasil de hoje). Para MF a quantidade de moeda deve crescer a um ritmo constante e fixo (sem sobressaltos), algo entre 3 e 5%. Hoje sabemos que a liquidez pode e deve crescer até o limite do crescimento potencial do PIB. Se a liquidez crescer, digamos a 20% a.a, em 5 anos ela terá crescido 148,8% (exponencial 1,2 elevado a 5). Se o PIB crescer a 3% a.a teremos uma desarmonia entre quantidade de moeda e produto, os efeitos serão a hiperinflação e a estagflação se não contidas as irresponsabilidades monetárias. No cp a irresponsabilidade monetária provoca um crescimento não sustentável no tempo. Quando os agentes econômicos param de confiar na moeda como reserva de valor, buscam refúgios em outros ativos que a substituam, ocasião em que se formam as famosas bolhas dos preços desses ativos (o furo das bolhas representa perda de riqueza – não apenas de ricos - e crise). Os liberais monetaristas são a favor de regras do jogo pré-estabelecidas que defendam a concorrência (condição necessária aos ganhos de produtividade e harmonia nos preços relativos). A presença do estado na economia deve ser a menor possível, a maior quando necessária. Um ambiente de negócios amigável (boas leis e judiciário rápido e honesto), motivador de investimentos (risco do capital), deve ser buscado. A burocratização desnecessária e excessiva, a redução do poder de negociação entre as pessoas (inclusive capital x trabalho), a intromissão do estado onde não é necessário (só aumenta custos), dificultam e desmotivam investimentos. Impossível uma legislação conseguir prever todas as especifidades dos segmentos produtivos (relações entre as partes). Ela pode ser restritiva ou motivadora. A nossa CLT, legislação sindical, tributária e previdenciária são desmotivadoras e impeditivas do desenvolvimento econômico do Brasil (em relação a outros países).
A ECONOMIA MONETÁRIA DEVE SER ENTENDIDA CONSIDERANDO:
MILTON FRIEDMAN, A
CRISE DE 1930 E A QUANTIDADE DE MOEDA.
A BOLHA (de preços de ativos), O FURO, A QUANTIDADE DE MOEDA E SEUS EFEITOS: as bolhas ocorrem por políticas monetárias e/ou fiscais inadequadas (na verdade irresponsáveis, quase sempre por demagogia ou ignorância), que desvalorizam a moeda, provocando a fuga dela como reserva de valor, para outros ativos que não moeda. Este processo ocorre lentamente no início e mais veloz perto do fim (nas vésperas do furo da bolha). Durante o período de formação da bolha acontece um sentimento de enriquecimento sem trabalho, que dá uma sensação de segurança que facilita gastos, a valorização dos ativos faz aumentar a sua liquidez (transformando-se em quase moeda). Então podemos dividir a quantidade de moeda conforme especificado a seguir:
I) Do lado MONETÁRIO, por ordem de liquidez,
podemos listar:
1) MOEDA;
1.1) Moeda corrente;
1.2) Dep. a vista;
2) MOEDA PÁTRIA MAIS JUROS;
2.1) aplicações financeiras com cláusulas de
recompra;
2.2) Cad. de poupanças e títulos vincendos (de cp e
de lp) com 30 dias;
2.3) aplicações financeiras de médio e lp, com
facilidade de negociação no mercado;
3) ATIVOS QUE NÃO A MOEDA PÁTRIA (possíveis de
venda). NOVA ÓTICA;
3.1) moedas reservas mundiais;
3.2) Ações da Bovespa e Ouro;
3.3) Imóveis residenciais, comerciais e industriais
(maquinários);
3.4) Quadros, joias;
A nova ótica (exigida para análise) é a inclusão do item 3, ativos que não a moeda pátria, com alta liquidez e valorização. Isto passa um sentimento de segurança e de riqueza que alimenta a economia.
O FURO DA BOLHA: acontece naturalmente quando os
preços dos ativos alcançam valores artificialmente irreais ocorrendo uma queda
na demanda dos mesmos, os preços param de subir e até mesmo começam a ter
pequenas quedas. A seguir, a liquidez dos ativos cai abruptamente e os preços
acompanham. Acontece também quando a autoridade monetária verificando a formação
das bolhas aumenta a taxa básica, invertendo a política monetária (o processo
de queda dos preços e da liquidez é semelhante).
O item 3) ATIVOS QUE NÃO A MOEDA PÁTRIA (possíveis
de venda) perde liquidez e seus preços caem, instaurando uma sensação de
empobrecimento. A perda de riqueza é semelhante às desvalorizações dos ativos.
A queda da quantidade de moeda é semelhante à desvalorização dos ativos e à
perda de liquidez dos mesmos. Isto não é percebido pelas estatísticas normais
da teoria monetária (é a nova ótica).
A queda da quantidade de moeda é semelhante à
desvalorização dos ativos e à perda de liquidez dos mesmos. Isto não é
percebido pelas estatísticas normais da teoria monetária (é a nova ótica).
Milton Friedman já havia descrito a queda da quantidade de moeda que ocorreu na
crise de 30 (a queda foi de um terço). A Oferta Monetária caiu 28% e os
depósitos bancários 40%. Já a moeda corrente subiu 40%. Receitou que os BCs
atuassem para que a queda não ocorresse, oferecendo liquidez ao mercado através
do redesconto e impedindo quebra de bancos, o que faria reduzir em muito os
sofrimentos. A redução do sofrimento não seria total, pois o retorno da
economia ao nível sustentável (menor do que o da formação da bolha) acabaria
com os excessos (a riqueza virtual sem trabalho). O quadro abaixo é um
resumo do descrito por M. Friedman sobre a crise de 30, comparado com dados do
Brasil (crise de 2008).
OFERTA MONETÁRIA X BASE MONETÁRIA
USA AGO./1929 X MAR./1933; BRASIL
SET./2008 X JUN./2009.
HISTÓRICO |
USA |
x |
BRASIL |
||||
AGO./1929 |
MAR./1933 |
VAR. % |
SET./2008 |
JUN./2009 |
Var. % |
||
OFERTA MONET. (OM) |
26,5 |
19,0 |
-28,3 |
x |
215338 |
224493 |
4,25 |
Moeda Corrente (MC) |
3,9 |
5,5 |
41 |
x |
98211 |
103474 |
5,35 |
Dep. a Vista (DV) |
22,6 |
13,5 |
-40,2 |
x |
117127 |
121458 |
3,69 |
BASE MONET. (BM) = M0 |
7,1 |
8,4 |
18,3 |
x |
136936 |
139185 |
1,64 |
Moeda Corrente |
3,9 |
5,5 |
41 |
x |
98211 |
103474 |
5,35 |
Reservas (R) |
3,2 |
2,9 |
-9,37 |
x |
38725 |
35711 |
-7,78 |
MULT. MONET. (OM/BM) |
3,7 |
2,3 |
x |
x |
1,57 |
1,613 |
x |
Reservas/Dep. |
0,14 |
0,21 |
x |
x |
0,33 |
0,294 |
x |
Moeda Corr./ Dep. |
0,17 |
0,41 |
x |
x |
0,838 |
0,852 |
x |
FONTEUSA,
MACROECONOMIA, N. GREGORY MANKIW (ADAPTADO DE MILTON FRIEDMAN, A MONETARY
HISTORY OF THE USA). BRASIL, BCB.
OBS.: A CORRETA ATUAÇÃO DO BCB IMPEDIU QUE A OFERTA
MONETÁRIA CAÍSSE, AMENIZANDO OS EFEITOS DA CRISE AMERICANA (SET./2009) NO
BRASIL (DIFERENTE DA ATUAÇÃO DA AUTORIDADE MONETÁRIA AMERICANA NA CRISE DE
1930).
Carlos Rezende Lopes :- Admiráveis explicações capazes de nos fazer entender o momento que o mundo está vivendo.
ResponderExcluirElogio vindo de pessoa tão qualificada é motivo de orgulho.
ResponderExcluirÉ aceito que a história da macroeconomia moderna começa em 1936 com a publicação do livro, “Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda”, de J. M. Keynes.
ResponderExcluirO modelo keynesiano de desenvolvimento, uma linda construção teórica, na prática leva à estagflação. Indiscutível que o futuro da humanidade está na sua capacidade de desenvolvimento tecnológico e nos ganhos de produtividade, produzir mais com menos fatores (mais tempo disponível para o lazer, inclusive o criativo). Na prática vimos que o PLENO EMPREGO (nas democracias-liberais) defendido por Keynes provoca a corrida salários x preços (as greves). Isto leva sempre a mais inflação (e no fim à estagflação, pois os investimentos param, por causa da insegurança).