SELIC, QUANTIDADE DE MOEDA, CURVA DE JUROS E PIB.
É aceito por todos que uma taxa básica (selic) maior do que a de
equilíbrio (neutra ou natural) retira moeda do mercado, reduz as atividades e
por efeito a inflação. Quem entende de mercado sabe que a taxa neutra é o ponto
mais negociado da curva de juros (com vencimento acima de 1 ano). No Brasil
sempre próxima do DI 360, nos USA entre os T – Note de 5 e de 2 anos. Com cenário
expansionista a taxa básica deve ser fixada acima da neutra, com contracionista
0,25% abaixo. A pergunta que se faz é se a taxa básica abaixo da neutra consegue,
sozinha, aumentar o nível das atividades, mudar o cenário de contracionista
para expansionista e fazer crescimento sustentável do PIB. A resposta é não. Precisamos também distinguir os efeitos do
aumento da quantidade moeda para países que não emitem moeda reserva (Brasil)
daqueles que emitem (USA). O aumento da quantidade de moeda nos USA pode ser
absorvido tanto interna como externamente. Neste caso reduz as taxas de juros
de mercado e não provoca inflação. A moeda é entesourada no exterior,
semelhante a ser retirada do mercado pelo BC através de taxa básica (é a
vantagem de emitir moeda reserva mundial). Mas apesar de não provocar inflação
interna nos primeiros momentos, o aumento da monetização feito pelo USA
provocou o aumento dos preços das commodities mundiais (no segundo momento
provocará inflação interna se a taxa básica não for aumentada). Os USA têm que
pagar o enorme déficit do balanço comercial com superávits na conta de
transações correntes (serviços e rendas) ou na conta Capital (investimentos,
empréstimos). A outra opção é emitir (já que não pagam juros). O país não
emissor de moeda reserva mundial se aumentar a quantidade de moeda acima do
necessário terá como efeitos, no primeiro momento, a queda das taxas de juros
de mercado, no segundo a inflação.
Milton Friedman, pai do monetarismo moderno, ensinou que as autoridades
monetárias não devem deixar a quantidade de moeda cair (uma das causas das
crises). Recomendou que a oferta monetária deve ter um crescimento previsível, transparente,
constante e sem oscilações (não ter variações significativas). Afirma que a insegurança
provocada pela oscilação na oferta monetária é uma das causas das crises.
A CURVA DE JUROS DA BM&FBOVESPA: o volume negociado aumentou
significativamente nos últimos dias concentrando-se em prazos inferiores a um
ano (85%), significando insegurança quanto ao futuro (muito ruim para a economia).
O efeito imediato é a queda artificial das taxas de juros, no segundo momento
teremos inflação e fuga para ativos que não moeda (formando bolhas), ou títulos
corrigidos por índices de preços (um retorno à indexação?). Não se faz
crescimento sustentado com mágica de aumento da oferta monetária (isto é
demagogia eleitoral). Os USA como emitem moeda reserva estão aumentando a
oferta monetária acima do aconselhável como contrapartida à política cambial
chinesa. Se não aceitam o câmbio flutuante e, teimosamente, querem vender o
trabalho de seus filhos a troco de uma moeda em desvalorização, a contrapartida
é o aumento da oferta monetária (os USA não têm outra saída.). Os chineses
estão trocando o trabalho e a qualidade de vida de seu povo (a perda do poder
de compra com câmbio artificialmente desvalorizado) por entesourar reservas em
moeda que se desvaloriza (e recebendo juros negativos). Insustentável a longo
prazo. Os USA estão sendo financiados a juros negativos (com a desvalorização
do dólar). Não precisam nem se dar ao trabalho de fabricar moeda (e ter o
custo) já que hoje tudo é feito por transações eletrônicas.
Será triste constatarmos que o BC está por trás do aumento desnecessário
e condenável da oferta monetária. Será a desmoralização de um órgão (e equipe) que
construiu sua credibilidade ao longo dos anos com sacrifícios e esforços.
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