POLÍTICAS ECONÔMICAS: MONETARISMO LIBERAL X KEYNESIANA X “DESENVOLVIMENTISMO”. DIFERENÇAS. VARIÁVEIS CONTROLÁVEIS E INFLUENCIÁVEIS.
A política econômica é praticada através das variáveis CONTROLÁVEIS
(aquelas sobre as quais a autoridade tem o poder de manipulação).
Pode ser dividida em: a) Política Fiscal (orçamento e execução); b) Política
Monetária (os BCs, a moeda, o crédito e o sistema financeiro); c) Política Cambial
(BCs).
a) Política Fiscal: orçamento e sua execução. Receita pública
(sistema tributário). Gastos Públicos (correntes e investimentos, meios e fins,
produtivos e improdutivos). Saldo Primário (antes dos juros) e Nominal (final)
das contas do governo. Gerenciamento e custo da dívida pública interna e
externa.
b) Política Monetária. Monitoramento: das taxas de juros de
Mercado, Natural, Básica e suas relações. Dos meios de Pagamentos Ampliados (M0,
M1, M2, M3, M4). Das operações de Crédito do Sistema Financeiro. Da dívida
pública em poder do público, do BC e o seu custo. Da elevação dos índices de
preços (estratificados). Da relação cambial com a moeda reserva padrão mundial
(hoje o dólar) e com principais importadores.
c) Política Cambial (externa). Monitoramento: do Balanço de Pagamentos
(Comercial, Serviços, Rendas, Conta Capital e Financeira, Saldo em Transações
Correntes); dos Fluxos Cambiais (Comercial, Financeiro); das Reservas Cambiais;
da Dívida Externa (pública, privada e entre empresas); das intervenções do BC
nas contas externas (no câmbio); da atuação dos bancos e empresas no Câmbio; da
relação cambial com a moeda reserva padrão mundial (hoje o dólar) e com principais
importadores. Definição do sistema cambial: flutuante ou administrado. Depois
que os USA eliminou a relação dólar x ouro, o único sistema cambial aceitável passou
a ser o flutuante. Querer administrar câmbio sem ter poder sobre a moeda
reserva mundial é o caminho para crise cambial.
A autoridade econômica tem poder (diretamente ou através do legislativo)
sobre as variáveis consideradas CONTROLÁVEIS.
1) Na política fiscal: sobre gastos públicos,
sobre tributos;
2) Na política monetária: sobre a taxa básica de
juro, sobre a emissão de moeda, sobre depósitos compulsórios, sobre o sistema
financeiro (estabelecimento de limites prudenciais);
3)
Na política
cambial: sobre a compra e a venda de divisas, sobre o estabelecimento de normas
e limites para a entrada de capitais (as saídas devem sempre ser livres, pois
se proibidas desestimularão as entradas), sobre o gerenciamento das reservas
cambiais, sobre o imposto de importações e de exportações, sobre o IOF.
A autoridade econômica não tem o poder direto sobre as variáveis
consideradas INFLUENCIÁVEIS, mas tem através dos efeitos provocados pela
manipulação das controláveis.
Exemplos: tem o poder direto sobre a taxa básica (uma taxa de curto prazo
manipulável) que influencia a liquidez, as atividades, as expectativas dos
agentes quanto à inflação e sobre os juros de mercado de longo prazo (estes
caem quando a taxa básica sobe adequadamente). Em um processo inflacionário
(inflação ascendente) a velocidade de crescimento da demanda fica sempre à frente
à da oferta. A taxa básica harmoniza (equilibra) a oferta e a demanda (adequando
as atividades ao possível).
MONETARISMO LIBERAL X KEYNESIANO X “DESENVOLVIMENTISMO”: DIFERENÇAS
ENTRE AS POLÍTICAS ECONÔMICAS.
MONETARISMO LIBERAL:
afirma ser a estabilidade monetária (a manutenção do poder de compra da moeda)
condição necessária, mas não o suficiente, para o desenvolvimento econômico.
Defende limites para a dívida pública, para a criação de moeda (conceito amplo)
que deve ser constante e no máximo 3% acima da inflação, tendo por limite o PIB
potencial. A inflação deve ser combatida através de superávits fiscais
primários e da manipulação da taxa básica. O câmbio deve ser flutuante, o BC
deve atuar apenas para evitar volatilidades artificiais. Privilegia os gastos
produtivos sobre os improdutivos, os fins sobre os meios. Defende a menor
presença estatal possível, a iniciativa privada e o estado tendo a função fundamental
de regular as relações entre os agentes, defendendo a concorrência e os
consumidores.
KEYNESIANO: defende os
gastos públicos (produtivos ou improdutivos) como fator estimulador do
crescimento econômico, bem como taxas de juros sempre baixas para estimular a
propensão ao consumo e por extensão aos investimentos. O câmbio deve ser
flutuante. Apesar de ser contra a inflação o modelo acelera a demanda em
velocidade superior à oferta e provoca um processo inflacionário que evolui
para hiperinflação, estagflação, que se combatido com atraso ou inadequadamente
pode provocar recessão com deflação (início das depressões). No processo de desconfiança da moeda os
agentes refugiam-se em outros ativos (bolsa, imóveis, dólar, ouro, etc.) que
não a moeda pátria, formando bolhas nos preços dos mesmos (os preços sobem
acima da inflação), provocando uma sensação de riqueza (virtual). Na hora dos ajustes
a bolha fura desvalorizando os ativos e provocando uma sensação de perdas das
riquezas virtuais. As atividades caem e se as autoridades econômicas permitirem
a crise evolui de liquidez, para de crédito e de confiança se não combatida adequadamente
pela política monetária (controle da liquidez e do crédito). Defendem a
presença estatal na economia. Na prática tabelaram preços e administram câmbio
para segurar a inflação. A ingerência no câmbio leva também à crise cambial.
DESENVOLVIMENTISMO: em
geral seguem o keynesianismo. Defendem a política keynesiana de gastos públicos,
juros baixos, preços administrados e a presença do estado na economia. Muitos defendem
(ou defendiam) o câmbio administrado para estimular a indústria e as
exportações. Defendem o controle de preços e câmbio administrado. A prática
demonstrou que sempre seguram a desvalorização do câmbio para combater a
inflação. A prática também demonstrou ser impossível conviver com déficits
fiscais, juros baixos e câmbio valorizado artificialmente. A crise cambial
explode.
Alguns passaram a defender superávits primários e até nominais e câmbio administrado
desvalorizado (para estimular a indústria), o inverso da linha
desenvolvimentista original. É uma política contrária ao pensamento keynesiano e
também defendida pelos liberais monetaristas. Os superávits fiscais reduzem a
dívida pública, as taxas de juros de mercado e valorizam o câmbio (o inverso do
que pretendem). A diferença com os monetaristas parece ser o câmbio administrado
(flutuante para os monetaristas) e a taxa básica (a adequada para os
monetaristas) sempre mais baixa. É o início do caminho para a política econômica
aceita e seguida pelo mundo desenvolvido e responsável, a liberal monetarista.
MAG 09/2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário