quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A RECEITA KEYNESIANA (DESENVOLVIMENTISTA) DE CRESCIMENTO

A RECEITA KEYNESIANA (DESENVOLVIMENTISTA) DE CRESCIMENTO.

Os economistas brasileiros (e leigos) que se denominam (alguns se denominavam) keynesianos (ou desenvolvimentistas), a maioria oriundos ou docentes da UNICAMP e das escolas federais, receitavam gastos públicos e juros baixos como modelo de desenvolvimento. Alguns defendiam desvalorizar o câmbio (a moeda pátria), sem definir se artificialmente abaixo da estabelecida pelo mercado. Keynes era favorável ao câmbio flutuante ainda na fase do dólar padrão ouro. Ser contra câmbio flutuante na fase de moedas puramente escriturais é inaceitável até para leigos. Também não esclareciam o que entendiam por juro baixo. Se era o provocado por aumento da liquidez ou através do estabelecimento da taxa básica abaixo da neutra (a de mercado de longo prazo). Todos com entendimento primário em economia monetária sabem que uma taxa básica fixada abaixo da neutra, com conjuntura inflacionária, terá como efeito o agravamento do processo (a demanda crescerá em velocidade maior do que a oferta e as contas externas serão afetadas negativamente. Crise cambial). Se a receita alongar-se os agentes fugirão da moeda pátria para outros ativos (dólares, ouro, ações, imóveis, etc.) formando as famosas bolhas (véspera da crise e de perdas de riquezas virtuais). Não eram claros na utilização da terminologia em política monetária. Entendia-se que a receita era: a) déficits públicos (primários e nominais); b) taxa de juros sempre mais baixa; c) câmbio sempre desvalorizado. Na verdade abusaram dos preços reprimidos, inclusive câmbio, através de operações de swaps cambiais desaconselháveis, com o único propósito de retardar a desvalorização do real (e da inflação). Passaram também uma mensagem de aversão ao lucro desmotivando investimentos (o propósito era atrasar a inflação com preços reprimidos). Hoje alguns se definem a favor de superávits fiscais, juros baixos (não definem qual nem como) e câmbio desvalorizado (não definem se artificialmente). Na verdade sabemos que superávits fiscais (primários e mais ainda os nominais) são variáveis que influenciam a queda das expectativas de inflação, a baixa dos juros longos de mercado (o que eles negavam) e por extensão a necessidade de taxa básica (o crescimento sustentado é resultado). A moeda tem tendência a deixar de desvalorizar-se ou a valorizar-se (dependendo do ambiente internacional). Receitavam também a maior presença do estado na economia, o controle de preços, de lucros, do câmbio. Foi esta receita que deixou a herança do quadro atual que vivemos (o que eles denominaram de NME – Nova matriz Econômica). Alguns passaram a defender o que sempre criticaram: o superávit primário (alguns até o nominal). Outros receitam mais do mesmo, dizem que a dosagem foi pequena (o fim do mundo). Os liberais monetaristas sempre afirmaram e receitaram: responsabilidade fiscal e monetária. A estabilidade da moeda é condição necessária, mas não o suficiente, ao desenvolvimento sustentado. Nas economias com juro de mercado alto, o superávit primário tem que ser política de estado. O câmbio deve ser flutuante. A inflação máxima deve ser de 3% e combatida com taxa básica adequada e necessária. A moeda (em seu conceito amplo) deve ter um crescimento estável, sem surpresas, tendo por limite o PIB potencial. No máximo 3% acima da inflação prevista (se a conjuntura não for de inflação ascendente).  MAG 09/2015.

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