A RECEITA KEYNESIANA
(DESENVOLVIMENTISTA) DE CRESCIMENTO.
Os economistas brasileiros
(e leigos) que se denominam (alguns se denominavam) keynesianos (ou
desenvolvimentistas), a maioria oriundos ou docentes da UNICAMP e das escolas
federais, receitavam gastos públicos e juros baixos como modelo de desenvolvimento.
Alguns defendiam desvalorizar o câmbio (a moeda pátria), sem definir se
artificialmente abaixo da estabelecida pelo mercado. Keynes era favorável ao
câmbio flutuante ainda na fase do dólar padrão ouro. Ser contra câmbio
flutuante na fase de moedas puramente escriturais é inaceitável até para
leigos. Também não esclareciam o que entendiam por juro baixo. Se era o
provocado por aumento da liquidez ou através do estabelecimento da taxa básica
abaixo da neutra (a de mercado de longo prazo). Todos com entendimento primário
em economia monetária sabem que uma taxa básica fixada abaixo da neutra, com
conjuntura inflacionária, terá como efeito o agravamento do processo (a demanda
crescerá em velocidade maior do que a oferta e as contas externas serão
afetadas negativamente. Crise cambial). Se a receita alongar-se os agentes
fugirão da moeda pátria para outros ativos (dólares, ouro, ações, imóveis,
etc.) formando as famosas bolhas (véspera da crise e de perdas de riquezas
virtuais). Não eram claros na utilização da terminologia em política monetária.
Entendia-se que a receita era: a) déficits públicos (primários e nominais); b)
taxa de juros sempre mais baixa; c) câmbio sempre desvalorizado. Na verdade
abusaram dos preços reprimidos, inclusive câmbio, através de operações de swaps
cambiais desaconselháveis, com o único propósito de retardar a desvalorização
do real (e da inflação). Passaram também uma mensagem de aversão ao lucro
desmotivando investimentos (o propósito era atrasar a inflação com preços reprimidos).
Hoje alguns se definem a favor de superávits fiscais, juros baixos (não definem
qual nem como) e câmbio desvalorizado (não definem se artificialmente). Na
verdade sabemos que superávits fiscais (primários e mais ainda os nominais) são
variáveis que influenciam a queda das expectativas de inflação, a baixa dos
juros longos de mercado (o que eles negavam) e por extensão a necessidade de
taxa básica (o crescimento sustentado é resultado). A moeda tem tendência a
deixar de desvalorizar-se ou a valorizar-se (dependendo do ambiente
internacional). Receitavam também a maior presença do estado na economia, o
controle de preços, de lucros, do câmbio. Foi esta receita que deixou a herança
do quadro atual que vivemos (o que eles denominaram de NME – Nova matriz Econômica).
Alguns passaram a defender o que sempre criticaram: o superávit primário
(alguns até o nominal). Outros receitam mais do mesmo, dizem que a dosagem foi
pequena (o fim do mundo). Os liberais monetaristas sempre afirmaram e
receitaram: responsabilidade fiscal e monetária. A estabilidade da moeda é
condição necessária, mas não o suficiente, ao desenvolvimento sustentado. Nas
economias com juro de mercado alto, o superávit primário tem que ser política
de estado. O câmbio deve ser flutuante. A inflação máxima deve ser de 3% e
combatida com taxa básica adequada e necessária. A moeda (em seu conceito
amplo) deve ter um crescimento estável, sem surpresas, tendo por limite o PIB potencial.
No máximo 3% acima da inflação prevista (se a conjuntura não for de inflação
ascendente). MAG 09/2015.
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