POLÍTICA MONETÁRIA PRATICADA ATRAVÉS DA TAXA BÁSICA
DE JURO.
Inicialmente alguns conceitos
necessários:
1) POLÍTICA MONETÁRIA:
a) a politica monetária e a fiscal influenciam-se;
b) sozinha
não resolve problemas microeconômicos, estruturais ou setoriais;
c) a estabilidade
monetária é condição necessária, mas não suficiente, ao desenvolvimento e ao
crescimento econômico;
d) o regime de taxa de
câmbio flutuante é necessário para que a política monetária não provoque
desequilíbrios no balanço de pagamentos. Taxa de câmbio administrada e mantida
artificialmente alta ou baixa provoca desequilíbrios graves na economia.
2) INFLAÇÃO:
a) CONCEITO: Aumento generalizado e contínuo
dos preços dos bens e dos serviços (o nível geral dos preços).
b)
INÉRCIA INFLACIONÁRIA: A inflação presente e
futura é efeito (função) da causa indexação passada. Aumentos dos preços
provocados por contratos com cláusulas de correção por índices de preços,
por decisões judiciais, por memória inflacionária e por aumentos de salários
(consumidores consideram normais os aumentos dos preços). A correção monetária
(indexação) alimenta a inflação indefinidamente (vira uma espiral
inflacionária).
c)
CONTAMINAÇÃO, PREÇOS RELATIVOS: Aumento do
preço de um produto com influência sobre os custos de outras mercadorias e
serviços (petróleo, insumos, produtos oligopolizados), pode CONTAMINAR o nível
geral de preços (ao invés de apenas os preços relativos) se a política
monetária não for eficaz (expectativa dos agentes econômicos formadores de
preços).
d)
AMBIENTES: A eficiência ou deficiência
estrutural (física, legislação, judiciário) pode fazer os preços serem maiores
em um ambiente do que em outro.
3) TAXA DE JURO NATURAL, DE MERCADO E BÁSICO:
a) TAXA NATURAL (in, de equilíbrio, neutra): a taxa de juro
natural é a ideal (virtual), a que não provoca inflação nem desequilíbrios no
mercado;
b) TAXA BÁSICA (ib): é a taxa (de curto prazo)
pela qual a autoridade monetária (Banco Central) remunera as sobras de moedas
no mercado (através dos bancos), estimulando ou desestimulando a monetização da
economia. Teoricamente a taxa básica de juro (de curto prazo) deveria oscilar
em torno da taxa de equilíbrio (+ - 0,25%). Evidentemente, se houver ameaça
inflacionária, o BC coloca, temporariamente, a taxa básica acima desse nível de
equilíbrio para fazer com que essa ameaça seja debelada. O inverso vale quando
há ameaça de deflação e de recessão (ou desaceleração indesejada);
c) TAXA DE JURO DE MERCADO (im): é a estabelecida pelo mercado
(oferta e demanda de liquidez). São as diversas taxas que em um dado momento e
para vários prazos formam a curva juro (imlp). Com inflação estável e abaixo de 3% a curva de juros fica ascendente, mas saem excessos (os juros mais longos ficam
maiores do que os mais curtos, é a preferência pela liquidez). Em um ambiente
econômico-financeiro de mercado, sem crise de confiança (principalmente com
expectativas racionais), sem influências negativas (insegurança política ou outras)
a taxa de longo prazo é a melhor medida (diretriz) para definir-se a taxa de
equilíbrio (estamos falando em conceitos dinâmicos). A taxa de equilíbrio
(neutra) é o ponto mais negociado da curva de juro de mercado (imlp). A taxa de
juro de longo prazo é a variável pela qual os agentes que têm valores em jogo
precificam a inflação futura e a remuneração pelo capital financeiro (é o preço
aceito pelos dois lados). É importante
estudar a tendência da curva de juro, a imlp (se ascendente ou descendente) e a
sua evolução no tempo (se ascendente ou descendente). A inclinação da curva de
juros de mercado mais vertical indica que os agentes estão prevendo inflação
ascendente e que a im está acima da in e que a taxa básica está fixada baixa
(expansionista). Quanto menos vertical a curva (juros longos caindo), tendendo
para plana, indica que a taxa básica está próxima do correto (sem inflação
ascendente). Com inflação ascendente a taxa básica (ib) deve ser fixada acima da
taxa de equilíbrio a in (no Brasil o DI 360). A curva de juro de longo prazo (imlp)
é a base para a tomada de decisão na fixação da ib. A imlp é maior em
países com déficit nominal e má qualidade na gestão dos gastos públicos
(poupança e investimentos públicos pequenos em relação ao PIB). A credibilidade
e a confiança passadas pela autoridade monetária (e governo) também influencia
a curva de juros. Uma oposição política forte e com propostas demagógicas e
populistas influencia a credibilidade e a curva de juros de mercado (os juros
longos sobem);
d) PONTO NEUTRO OU DE EQUILÍBRIO: a definição prática mais aceitável para o ponto de
equilíbrio (ou neutro) é a taxa de juro mais negociada acima de 360 dias (no
Brasil o DI 360, nos USA o T-Note de 2 ou de 5 anos). A taxa de juro de
equilíbrio de longo prazo depende de vários fatores, entre os quais a situação
fiscal (mais ou menos déficit) e o endividamento público, a credibilidade do BC
(segurança), a taxa de investimento, o grau de abertura da economia, a
eficiência do sistema financeiro, etc. É a taxa onde as forças da oferta e da
demanda se encontram e se equilibram, atingindo o máximo produto e utilização
dos fatores de produção (inclusive o trabalho) sem provocar inflação (nas
crises, o efeito manada, distorce a curva). Essa taxa, teoricamente, é aquela
em que a economia atinge a sua mínima taxa de desemprego sem inflação.
4) MOEDA X OUTROS
ATIVOS (FORMAÇÃO DE BOLHAS):
A escolha dos agentes econômicos (consumidores, investidores e poupadores)
entre a Moeda e outros Ativos financeiros ou não é fundamental (isto é aceito
por todos, keynesianos e clássicos). Se a Moeda pátria não é aceita como
Reserva de Valor (Moeda mais Juros) os agentes fogem para outros ativos (bolsa,
imóveis, moedas estrangeiras, ouro, etc.), podendo formar bolhas (véspera da
crise). Não existe nada pior para uma economia do que a desmoralização de sua
moeda (bom senso). A combinação taxa básica expansionista e negativa (menor do
que a inflação) é a receita para formação de bolhas (é o que podemos definir
como política monetária expansionista e imprudente, o pior dos mundos).
5)
WICKSELL - FISHER: Wicksell disse que um processo
inflacionário se constata quando a taxa natural de juros (neutra, de
equilíbrio) inicia uma tendência de alta. A causa dos processos inflacionários
são os juros de mercado baixos em relação ao natural (neutro ou de equilíbrio).
Fisher complementa o raciocínio introduzindo o
conceito de comparação entre os juros de mercado (nominal, ex-ante, fruto das
expectativas de inflação, efetivamente planejado.), com o juro acontecido
(real, ex-post, efetivamente realizado). Se as
expectativas de inflação são maiores do que os juros de mercado é o pior dos
mundos para o processo inflacionário. Para ele a inflação alimenta a
expectativa de que os preços continuarão a subir.
6)
JURO FIXO X SELIC X ÍNDICES: o detentor de poupança ao fazer uma aplicação financeira tem de escolher
entre: a) juro fixo nominal; b) juro nominal mais um índice de correção; c) um
percentual do CDI ou da Selic diária. Ao fazer a escolha o poupador (consciente
ou inconscientemente) está comparando o juro obtido (efetivamente pactuado) com
a inflação prevista (planejada) e com a evolução das taxas de juros. Um título
corrigido por CDI, Selic ou índice (IPCA ou IGPM), é como comprar um seguro
contra a inflação futura e movimentos (evolução) das taxas de juros. Um título
com taxa pré-fixada corre o risco das taxas de mercado subirem, neste caso o
valor de mercado do mesmo ficará abaixo do nominal - de face - (o inverso é
verdadeiro, queda nas taxas fixas fazem o valor de mercado do título ficar
acima do de face, o nominal).
7) QUADRO RESUMO DAS
RELAÇÕES in x im e ib x im.
A in é uma taxa de juro de equilíbrio ideal, mas
VIRTUAL. A im é uma de juro real. O BC, para equilibrar o mercado, entra
fixando a taxa básica (ib) o mais próximo possível da natural (in). A melhor
medida para a taxa básica é a de lp mais negociada acima de 360 dias. É o ponto
definido pelas forças do mercado como o mais aceito pelos agentes econômicos.
No Brasil considera-se o DI 360 ou a mais negociada acima deste ponto. Nos USA
o T-Note de 2 anos, ou o ponto mais negociado acima deste ponto. Como os
títulos americanos são considerados (ainda) refúgio para as reservas mundiais
(inclusive privadas), deve-se analisar as taxas LIBOR e a Prime (a
distância para os T-Note).
RELAÇÃO TAXA NATURAL (in) X TAXA DE MERCADO
(im):
im é menor do que in, teremos: expansão monetária
e inflação.
im é maior do que in, teremos: contração
monetária e redução da inflação.
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RELAÇÃO TAXA BÁSICA (ib) X TAXA DE MERCADO:
ib é maior do que im, teremos: contração
monetária e redução da inflação.
ib é menor do que im, teremos: expansão monetária
e inflação.
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im < in : - Poupança; + C; + Lucros; + I; +
Salários; + NUFP; + INFLAÇÃO.
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im > in : + Poupança; - C; - Lucros; - I; -
Salários; - NUFP; - INFLAÇÃO.
|
NUFP
(nível de utilização dos fatores de produção).
Este
texto baseou-se na teoria do juro e da moeda de Wicksell (Johan Gustaf Knut
Wicksell, 1851, 1926), a mais bela construção teórica em economia monetária,
pela simplicidade e bom senso (todos, após ele, nadaram em seus
estudos). MAG resumo de
publicação de 01/2007.
LEIAM
A POSTAGEM
de
28/08/2015.
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