terça-feira, 6 de outubro de 2015

A CONTAMINAÇÃO DOS PREÇOS PELO CÂMBIO SE COMBATE COM JURO BÁSICO? ESTAMOS SOB O EFEITO DA DOMINÂNCIA FISCAL?


A CONTAMINAÇÃO DOS PREÇOS PELO CÂMBIO SE COMBATE COM JURO BÁSICO? ESTAMOS SOB O EFEITO DA DOMINÂNCIA FISCAL?

O BC havia conseguido reverter o processo inflacionário (IPCA) de ascendente para descendente com a subida da taxa básica (efeito dos aumentos). A curva de juro de mercado estava com sua parte longa (os juros de lp) também na descendente. Era uma vitória já contabilizada contra a inflação. Mas economia (principalmente a monetária) sofre os efeitos de fatos novos. No caso a queda do superávit primário orçado, na verdade a reversão de positivo para negativo, a insegurança passada por declarações dos ministros da área econômica de que sem a aprovação de aumentos de novos impostos, inclusive da CPMF, seria impossível equilibrar o orçamento. Isto e a instabilidade política, a possibilidade de impeachment, as notícias diárias de cada vez mais corrupções e corruptos, o descrédito do PT e a prisão de seus líderes, a fuga da base aliada, a desconfiança de que a presidente e o PT ainda acreditavam em solução “desenvolvimentista”, levaram a agência de crédito Moodys a rebaixar a nota do país, retirando o grau de investimento.

GRAU DE INVESTIMENTO: a Moodys é a agência de crédito mais conceituada do  mundo (a mais rigorosa). A resistência por parte do legislativo (do setor produtivo, dos sindicatos e da imprensa, cada um só olhando para seus interesses imediatos) à redução de gastos públicos improdutivos e insustentáveis assusta qualquer analista pragmático.  Poucos enxergam que sendo ruim para o país o é também para eles.

De imediato os juros externos para o país subiram, o fluxo financeiro passaria a ser cada vez mais negativo, as linhas de crédito ficariam cada vez mais difíceis. O efeito imediato foi a desvalorização do real (por aversão ao risco cambial procuraram refúgio no dólar). A desvalorização do real veio mais rápida do que o BC e os mais pessimistas pensaram. O processo inflacionário que já estava sendo controlado (o IPCA caiu para 0,22%, o IGPM para 0,28%) passou a sofrer os efeitos da mudança no câmbio. De início o IGPM (que tem um peso de 60% dos preços no atacado) subiu para 0,95% (os preços no atacado em um segundo momento se transferem para os preços aos consumidores). 

O RISCO: o retorno do processo inflacionário ascendente através da contaminação do índice geral dos preços. A DÚVIDA: a Selic deve ou não ser aumentada? Adianta subir a Selic? Está ocorrendo DOMINÂNCIA FISCAL (o aumento da Selic aumenta o déficit nominal)?

MINHA OPINIÃO: 
a) para que os aumentos dos preços por efeito do câmbio não se generalizem, contaminem o índice geral e reverta o processo inflacionário para ascendente a Selic deve subir. Para que ela não suba os índices de preços têm que vir dentro da meta (0,36748% a.m), o que não deverá acontecer apesar da recessão ainda não ter produzido todos os efeitos; 

b) dominância Fiscal: não estamos sob os efeitos da dominância fiscal, o BC tem razão neste ponto. A maior parte da dívida pública é corrigida por taxas fixas pré e pré corrigidas por IPCA ou IGPM. A parte corrigida por Selic está em torno de 20% do total. A dominância fiscal ocorreria se a dívida fosse toda, ou a maior parte em Selic. Como o aumento adequado da Selic reduz as expectativas de inflação e as taxas de juros de mercado de longo prazo, reduz também o custo da dívida pública.   MAG 06/10/2015.


SOBRE DOMINÂNCIA FISCAL LEIAM: 

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